Perigosa União escrita por Izu Chan


Capítulo 4
Capítulo 4 - A busca


Notas iniciais do capítulo

Reescrito



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Capítulo 4

Não foi surpresa ver Takemaru praguejar para a tela do notebook. Desde o assassinato do juiz Taft ele procurava qualquer informação sobre os agentes envolvidos no caso sem obter sucesso. Sentado a mesa da cozinha, a cena poderia ser até cômica

-Oi. Algum sucesso?

-Não. É como se ele não existisse nos registros.

-A Tsubaki pode ter se enganado.

-Então vai ser o último erro da vida miserável dela. – a voz dele foi tão perigosa que um calafrio subiu involuntariamente pela minha espinha. Nunca gostei de Tsubaki, mas quase tive pena dela. Quase.

-Vou dar uma volta. – pego uma bolsa lateral e dirijo-me para a porta, quando Takemaru fala:

-Você tem um novo emprego – olho para ele incrédula

-Achei que você queria que eu me despedisse o mais rápido possível

-Mudança de planos. Vai ter que ficar aqui até fevereiro ou até eu descobrir quem está no caso, o que vier primeiro. – ele não havia desgrudado os olhos da tela e parecia mais ansioso do que o normal – O telefone está preso na geladeira

Vou até a geladeira e na porta, um ímã de pingüim segurava um papel rabiscado com as letras de Takemaru. Parecia que ele não havia dado a mínima quando escrevia o telefone e o endereço, provavelmente olhava algo no notebook.

-Eu vou ser babá?

-Você gosta de crianças – fala ele simplesmente, pude ver vários rostos passando simultaneamente pela tela do notebook, mas não consegui focar a atenção em nenhum em especial – Tem que ligar para negociar o seu salário, não sabia o quanto gostaria de ganhar.

-Tudo bem. Com quem eu falo?

-Arina. É a mãe do menino. Ela disse que resolvesse tudo hoje para que comece a trabalhar amanhã

-Certo. Irei ligar para ela mais tarde

Saio para respirar o ar frio. Tinha vontade de passear um pouco, mas era a única coisa que fazia desde que me demitiram. Mal havia atravessado a rua quando meu celular toca

-Alô?

-Estou me perguntando porque você me deu o número do seu trabalho quando foi demitida a alguns dias

-Mas quem... – paro de caminhar e olho ao redor – Onde você está Inu Taisho?

-Na minha casa, é claro.

-Em baixo de qual ponte? Eu posso aproveitar e te dar uns trocados

-Seria muita gentileza sua, mas não é necessário. Podemos almoçar juntos?

-Está me chamando para sair?

-Na verdade para almoçar, mas se você estiver em casa desocupada teria que sair. Então sim

Idiota. Foi a primeira coisa que me veio a mente, tanto por ele quanto por eu ainda não ter desligado o telefone e bloqueado número

-Não posso hoje, estarei ocupada.

-Que tal amanhã?

-Tenho outro compromisso

-Sua agenda deve estar lotada

-Completamente – não pude evitar rolar os olhos, ele era irritante demais – Mais alguma coisa?

-Quando posso falar com você de novo?

-Tenta no dia 32 as 26h, tenho certeza que estarei livre

-Tudo bem então – quase pude ver sua cara risonha a minha frente – Até depois

-Adeus! – desligo o telefone e jogo-o com raiva dentro da bolsa – Estúpido – resmungo voltando a caminhar

Apesar do frio eu adorava passear pelo Central Park e como não suportava estar no apartamento do Takemaru, passava maior parte do dia aqui. Por volta das 10h, remexi a bolsa procurando o telefone da Arina. Se fosse para resolver isso, era melhor que fosse rápido

-Alô? – pergunta uma voz quase musical do outro lado da linha

-Meu nome é Izayoi. Pediu para que ligasse para resolver sobre o trabalho como babá – a última palavra soou áspera; eu realmente adorava crianças, mas a única de quem pretendia cuidar era Shinzui, minha irmã caçula. Infelizmente, ela estava no Japão sob a guarda de algum capanga de Takemaru

-Isso. Acontece que vou embarcar em um voo para Milão em 20 minutos, e terei que ficar lá por algumas semanas. – quase sorri ao imaginar a reação do Takemaru quando soubesse que a mulher não pode me contratar – Poderia passar no apartamento e falar com meu ex-marido, ele vai acertar tudo com você

-Claro. Pode me dar o endereço?

-Hotel Four Seasons, quarto 360

-Obrigado. Estarei lá.

Uma podre de rica, aquele hotel é um dos mais caros. Tentei imaginar de onde conheceria o nome, mas não consegui lembrar. Devia ser a esposa de algum empresário famoso. Afinal, tinha que passar por lá

[...]

Inu Taisho entra no escritório para deixar uma pasta com as informações do caso. Nada combinava com nada, e tudo isso piorava em dez vezes a pressão dos superiores. Mal abre a porta quando vê um par de sapatos sobre sua mesa; mesmo sem ver o rosto, pois o homem estava de costas para ele sentado na cadeira frente a mesa, reconheceu os cabelos ruivos vibrantes do ajudante da médica legista

-Scham 88 – ele levanta um copo que estava pela metade com um líquido escuro – Adoro esse vinho. Se soubesse que você tinha, voltaria mais cedo.

-Como você entrou? – não pode deixar de ficar surpreso, o rapaz apenas gesticula para a janela – Estranho vê-lo em Nova York nessa época – fala andando até a mesa e senta-se frente ao rapaz – Onde estava? – não pode deixar de desconfiar do ruivo, apesar dos jeans e da camiseta que o faziam passar por adolescente, o rapaz era dois anos mais novo. Ele levanta os olhos verdes escuros para Inu Taisho com um sorriso simpático

-Novo México. Os Sts. Jonh inauguraram um hotel 5 estrelas e prefiro passar o natal numa praia tropical do que numa tempestade de neve.

-Espero que não tenha roubado nada

-Parei a dois anos e sabe disso.

-É eu sei. O que tem para me dizer?

-A droga é fabricada artesanalmente em algum laboratório. Corre o boato no submundo que tem vários efeitos como loucura ou dor, mas nada foi confirmado. Estranhamente, a droga também deixa pouquíssimos vestígios no corpo sendo absorvida quase completamente. Foi uma sorte a médica que descobriu o primeiro corpo ter sido a Olivia, ou vocês nem saberiam para onde ir

-Desde quando seu nome é Philip?

-Se eu entrasse nos Estados Unidos com meu nome verdadeiro seria preso assim que o avião aterrissasse – ele passa a ponta do indicador pela borda do copo – Estou tentando descobrir quem faz isso, mas sempre falta algum elo

-Alguém que conhece alguém que conhece alguém que pode ter alguma informação?

-Isso. Mas parece que mesmo tendo 200 alguém não seria o suficiente para descobrir onde está o criador. Ele é brilhante. Louco – corrigi ao ver o olhar de Inu Taisho – Mas não é possível negar que seja brilhante

-Eu vi o que falou sobre o vinho. Tinha razão, sempre falta uma garrafa de champagne, conhaque ou de vinho

-O gosto deve ser amargo e usam a bebida para esconder – sugeriu tomando um pequeno gole da bebida; adorava o sabor dos vinhos e apenas outros dois tinham um tão delicioso quanto este

-Pode ser ou talvez tenha algum efeito instantâneo que lembre o efeito da bebida – o ruivo murmurou um ‘pode ser’ e cruzou os tornozelos sobre a mesa – Da próxima vez que quiser falar algo sobre o caso...

-Vou estar no seu escritório, como sempre

-Eu ia sugerir que me avisasse quando viesse

-Posso pensar nisso – ele toma o último gole com um suspiro de tristeza – Ouviu isso?

Ele estava ouvindo sim. O ruído mínimo da porta abrindo não teria sido possível de ouvir se eles ainda estivessem conversando. Um passo leve dentro da casa, Inu Taisho já estava de pé o ruivo apenas fechou os olhos virando o ouvido na direção da porta

-Com licença – chama uma voz feminina

-Hum, uma garota. Se tivesse me avisado eu teria me arrumado melhor – fala o ruivo baixo, mas Inu Taisho pode ouvir e rolou os olhos, certas coisas nunca mudam. Encaminha-se a porta e quando abre não pode evitar um sorriso ao ver a cabeça de Izayoi na porta

-Izayoi? Achei que só a encontraria no dia 32 às 26h!

-Ah, não. Isso só pode ser piada! Você é o ex-marido da Arina? – ela abriu a porta completamente, usava um casado de frio fechado e uma calça escura, estava com as mãos na cintura obviamente indignada

-Você é a babá do Sesshoumaru? – pergunta sorrindo, se havia alguma força superior fazendo isso tinha que dar graças assim que possível

-Sou, mas não sabia que você seria meu chefe – ela torna-se mais altiva ao falar – Não me importo o que aconteceu ou o que pense, se me assediar avisarei a polícia

-Não se preocupe isso não irá acontecer

Ela entra ignorando qualquer limite da boa educação e para a dois passos de distância dele

-Ela disse que tenho que resolver algumas questões com você

-Claro. Entre – ele abre a porta para o escritório bem mobiliado, ela entra e senta-se na cadeira em que anteriormente estava Philip cruzando as pernas. Inu Taisho percorre o olhar por todo o escritório, mas não viu nem sinal do ruivo

-Que eu terei de fazer?

-Bem, você irá cuidar do Sesshoumaru durante o dia – fala andando até a mesa e senta numa cadeira ao lado da de Izayoi – No hotel servem... – o telefone toca interrompendo tanto o que falava quanto a bela vista do rosto quadrado envolto em longas melenas negras – Inu Taisho – fala ao atender

-Preciso que venha até aqui – fala Olivia

-O que houve?

-Novidades. E das quentes.

-Já estou indo – desliga o telefone e volta a olhar para Izayoi que o fitava com curiosidade – Tenho que sair agora. Importa-se de discutirmos isso amanhã pela manhã

-Não. A que horas devo estar aqui?

-Nove – ela levanta-se e sai. Inu Taisho espera até ouvir a porta do lado de fora fechar e olha a janela entreaberta. Olha para baixo e vê os cabelos ruivos de Philip no momento em que um táxi parava a sua frente – Miserável!

Quase como se ouvindo que a ofensa fora para ele, o rapaz levanta os olhos para o prédio e dá um pequeno aceno antes de entrar tranquilamente no táxi. Apesar de ser um dos ladrões mais famosos do mundo, não pode deixar de se impressionar por ele ter descido tantos andares tão rápido. Desce pelo elevador particular que levava a garagem, e quando saia pela rua pode ver Izayoi andando em direção ao Central Park. Seu primeiro impulso foi abaixar o vidro e perguntar se ela queria carona, mas não havia tempo.  Seguiu na direção contrária até o prédio do FBI, como de costume parou a duas quadras de lá. Olivia vem em sua direção, como se tivesse acabado de ver um conhecido

-Boa tarde Olivia – fala abaixando o vidro, ela inclina-se na janela impedindo que alguém os visse

-Olá Inu Taisho. Descobri o que todos tem em comum

-São ricos?

-O testamento – ela fala baixo, como num sussurro conspiratório – Se algum deles morresse ou coisa do tipo 50% das ações iria para um tal Centro de Apoio Juli Roma. Óbvio que é uma fachada, mas não conseguimos conectar muita coisa ainda. Por trás de cada negócio há outro e outro, indeterminadamente.

-Entendo. Vou ver com meu parceiro alguma maneira de descobrir quem fica com o dinheiro, depois será fácil pressionar e saber quantos estão envolvidos.

-Por falar nisso você não me contou ainda quem é seu parceiro

-Lembre-se, Liv querida, não poderá contar a ninguém – ele inclina o tronco em direção a ela

-Eu não contarei

-Então não precisa saber – ele pressiona um botão na porta e o vidro sobre, ela afasta-se a tempo e vê o carro disparar poucos segundos depois

-Deve ser alguém muito conhecido para todo esse sigilo – resmunga fazendo mentalmente uma lista de quem poderia estar envolvido, havia ao menos 20 – Eu ainda irei descobrir, esse caso vai ser muito longo


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