Perigosa União escrita por Izu Chan
Abro os olhos e estico o braço sentindo falta de algo. Olho para trás e vejo que não tinha mais ninguém na cama. Escuto um choramingo baixo e sento na cama. O choramingo vira um choro que começa a aumentar o tom. Vou até o canto do quarto onde tinha um berço. Os lençóis se remexiam um pouco, afasto-os e vejo meu filho piscar e olhar para mim
Ele tinha os cabelos branco-prateados e olhos dourados muito inocentes. Tudo nele me lembrava o Inutaisho. O rosto, a cor do cabelo e dos olhos, o nariz altivo, simplesmente tudo. O pego no braço e ele para de chorar e só choramingava baixo. Sento na poltrona e ajeito a camisola para que ele pudesse mamar. Os meses passaram rápido, já havia um ano ou perto disso que estava aqui
Ele para de mamar e segura uma mechinha de meus cabelos com as mãos, sentado no colo.
-Vamos procurar seu padrinho vamos? – pergunto olhando para ele e ele sorri
Levanto-me e desço as escadas. Não havia ninguém na sala então fui pra sala de jantar. O café da manha estava todo em cima da mesa, parecia mais um banquete de tanta coisa que tinha em cima, mas acho que isso foi o que sobrou. Ele também não estava lá.
Sento e pego um pão, Inuyasha estendeu a mão na direção do prato onde estava meu pão e dei a ele um pedaço pequeno. Ele segura e depois coloca na boca, mordisco o pão, pensativa. Daisuke andava saindo demais esses dias, sempre chegava mais tarde que o normal e desaparecia de tempos em tempos pra só voltar dois dias depois. Suspiro.
-Bom isso é problema dele não é. Deve estar namorando alguém – falo sorrindo pra Inuyasha e ele faz uma cara confusa mas depois sorri – A quem quero enganar, estou morrendo de ciúmes – suspiro outra vez – Ele deve estar lá perto do estábulo cavalgando. Vamos procurar ele meu amor?Vamos? – Inuyasha olhava pra mim sorrindo
Levanto e saio da casa, indo pelos fundos a uma área aberta onde havia um enorme cercado e ao lado deste um estábulo meio quadrado num tom de marrom envelhecido com cinco baias das quais 3 estavam ocupadas com cavalos enormes. Vou até a porta enorme e oval do estábulo, empurro-a e fico na porta. Alguns dos cavalos se viraram e olharam em minha direção, mas depois voltaram a comer tranquilamente, exceto um.
Tornado. O maior e mais veloz. Também era o favorito do Daisuke. Vou até a baia dele e coloco a mão sobre o focinho do cavalo. Ele era negro com manchas brancas do joelho pra baixo e no focinho que ia do meio dos olhos a ponta do nariz. Ele bufou quando toquei-o
-Acho que você ainda não gosta muito de mim – falo mais pra mim, mas ele se vira e aproxima o nariz do meu cabelo e bufa novamente fazendo-o ficar desarrumado. Inuyasha levanta as mãos e toca na crina do cavalo. Ele não fez nada, apenas se abaixou e pegou feno numa espécie de retângulo enorme de madeira onde ficava a comida
Ia virar e voltar, mas senti uma mão cobrindo meus olhos. Sorriu
-Já voltou Daisuke?
-Voltei, mas não sou o Daisuke
Estremeci ao reconhecer a voz
-Sentiu saudades Iza?
-O que mais você quer Takemaru?Já tirou tudo de mim
-Nem tudo
Aperto Inuyasha com força nos braços para que ele não o tirasse de perto de mim. Sinto algo metálico e gelado nas costas da blusa. Mesmo que era impossível e apesar de meu corpo estar parecendo uma pedra, um jorro súbito de adrenalina me fez correr. Um disparo acertou em cheio minhas costas quando estava no final do estábulo e caio em cima de um monte de feno.
Inuyasha chorava. Olho-o e vejo que a roupa e parte do rosto estavam com manchas de sangue.
-Shiii – tento dizer sobre os olhos marejados e a enorme dor com a voz mais tranquila que podia – Vai ficar tudo bem. Você vai ficar bem
Não consegui mais manter os olhos abertos e caio na inconsciência
-IZAYOI!
Daisuke?
Abro um pouco os olhos. Um cheiro forte de queimado entrou nas minhas narinas. Ouço os cavalos agitados nas baias relinchando alto, com medo e em seguida o som deles correndo. A dor estava pior do que antes e vi as paredes em chamas rodarem. Uma das colunas que sustentavam as portas das baias caiu em minha perna com um baque e um estalo alto.
Então do nada o peso some. Olho na direção da porta. Realmente devia estar morta ou bem perto disso. Vejo Inutaisho parado a uns três metros de distância olhando-me com espanto e apesar de tudo que estava acontecendo fiquei feliz em ouvir sua voz
-NÃO! IZAYOI!
As paredes rodaram novamente e fechei os olhos esperando pela morte
********------ Flash Back On -------*********
-Izayoi abre a porta! – berra Daisuke batendo fortemente na porta
Ele se surpreende quando a porta abre e por ela sai Izayoi correndo em direção de outro quarto no andar de cima
-Mulher onde você está indo? – pergunta correndo para segui-la.
-Vou descobrir tudo sobre você!
-Vai ter que ralar muito para conseguir alguma coisa
-Não importa – grita ela e fecha a porta ao entrar num quarto
-Abre a porta, você não vai achar nada aí dentro – fala batendo
-Arrá.
-O que?
-Você era tão fofinho quando era bebê
-Hu?
O riso dela era quase musical. Daisuke põe a mão no bolso procurando pela chave e não demora muito para encontrá-la. Entra no quarto e vê Izayoi revirando algumas caixas
-Olha a bagunça que você tá fazendo!
-O que é isso? – pergunta levantando um chapéu pontudo de bruxo
-Isso foi de uma festa a fantasia quando eu era da sétima série
-E isso? – pergunta levantando um caderno com a capa cheia de rabiscos
-É um caderno de lembranças. Todos da escola assinaram e tem fotos dos meus colegas
Izayoi passa as folhas rápido demais para estar lendo alguma coisa. Então se vira para outra caixa e começa a tirar tudo de dentro sempre perguntando o que encontrava. Daisuke sentou-se no chão com as pernas cruzadas
-Cansou? – pergunta Daisuke depois que Izayoi mostrou uma apostila rasgada
-Nem um pouco – ela se levanta e vai olhar outras duas caixas que havia no quarto
-Sério, qual é a graça disso?
-Bom, você sabe sobre mim então quero saber sobre você e como sei que não vai contar vou descobrir
-Ainda não vejo graça nisso
Ela sorri e junta tudo guardando de volta nas caixas
-Anda vamos andar um pouco. Não vim aqui pra derreter dentro dessa casa – fala e levanta-se segurando a mão de Izayoi e saem. A casa foi ficando para trás enquanto eles andavam pela areia da praia
-Responde, porque tem tanta coisa sua aqui?
-Eu morava aqui com meus pais
-Hum... E o que aconteceu?
-Bom, eu fui para o centro e meus pais viajaram então nunca mais voltei pra cá
-E porque me trouxe aqui?
-Achei que fosse gostar daqui – responde dando de ombros
-Eu gosto – responde sorrindo
-Que bom – responde e sorri também
-Daisuke?
-Hum?
-Porque seus pais viajaram? – ele riu
-Bom, eles decidiram fazer meio que uma segunda lua de mel e como eu já estava trabalhando e tudo mais eles me deixaram aqui
-Ah – responde simplesmente e continuam andando calados
Eles param e Daisuke apontou para um cais com um iate. Eles vão até ele e entram
-É seu? – pergunta Izayoi
-Claro
-Você sabe pilotar?
-Eu tenho um barco, a idéia é que eu saiba né
-Talvez
Ele sorri e vai para a proa do barco onde havia três espreguiçadeiras e uma piscina redonda no meio
-Aqui é legal – fala Izayoi seguindo ele e olhando. Ela olha para a piscina, as espreguiçadeiras e senta-se numa delas
Daisuke dá de ombros e vai até a beira da proa onde uma pequena armação de metal fazia o que parecia uma pequena cerca e senta-se nela
-O que está fazendo?
-Vem aqui
Izayoi anda até lá e se apóia na armação de metal. Um vento suave passa por seu rosto e o cheiro de maresia entra em suas narinas. Daisuke desabotoa a camisa e dá pra Izayoi
-O que você pensa que está fazendo?
Ele não esperou um segundo. Ficou em pé na armação de metal e lançou para frente num mergulho de fazer inveja a qualquer bom nadador. Demorou uns trinta segundos para ele subir de volta
-Mergulha aqui – diz ele e acena chamando ela
-Se você não sabe estou só com essa roupa – aponta para o short que chegava até metade da coxa e uma regata branca, mal era possível notar a barriga por causa das poucas semanas
-E daí? Tem outras roupas suas lá na casa. Anda mergulha
Ela se senta na armação de metal tocando com a ponta dos pés o mais próximo do piso do barco que conseguiu e se joga para frente caindo na água. Estava numa temperatura agradável para ficar na água. Sobe depois de apenas alguns segundos puxando o cabelo para trás
-Nada mal – fala Daisuke sorrindo
-Hahahaha. Você também. Mas não sabia que era tão fundo
-Não parece, mas tem mais ou menos uns 3 metros daqui pro chão
-Que legal – ele ri e nada até o cais – Me espera – fala ao ver ele se levantando e sentando no cais
-Vem, quero te mostrar outras coisas daqui
********----- Flash Back Off -----********
Meus olhos se abriram para uma luz branca muito forte. Havia um bipe incômodo vindo do meu lado e ouvi um zumbido vindo de algum lugar um pouco mais longe. Morrer não deveria ser tão incômodo assim. À medida que meus olhos se acostumaram com a luz pude reconhecer lâmpadas e que estava num lugar branco
-Izayoi? – forço meus olhos a irem na direção da voz – Iza tudo bem?
-Não – vejo-o sorri levemente e estende a mão para tocar meu rosto, mas mal senti seu toque – O que aconteceu Daisuke?
-Foi por pouco. Quando cheguei o estábulo estava pegando fogo e fui tentar entrar, mas a porta estava trancada. Quando consegui entrar você mal estava respirando. Um dos vizinhos ligou para os bombeiros e eles te trouxeram pra cá. Você perdeu muito sangue e quebrou as perna e algumas costelas, mas nenhum órgão vital foi atingido. Ele queria que você sangrasse até a morte
A raiva que ele sentia ao falar a última frase era quase palpável. Ele realmente queria encontrar o Takemaru. Senti um tremor percorrer meu corpo ao pensar nisso
-Inuyasha?Cadê meu filho? – ia tentar me levantar, mas doeu demais quando tentei me mexer e gemi de dor
-Calminha – ele segura meus ombros com delicadeza e me empurra – Ele está bem, não sofreu nenhum ferimento grave, mas ainda usa alguns aparelhos porque inalou muita fumaça – respiro fundo ao ouvir aquilo e novamente doeu – Tudo bem? – pergunta vendo a dor no meu rosto
-Quase
-Tente não se mexer muito
-Certo
Ele colocou a mão no meu rosto e afagou minha bochecha com o polegar
-Você me deixou preocupado
-Desculpe – falo fechando os olhos
-Achei que te perderia
-Desculpe
Ouço ele suspirar e abro os olhos
-Se eu não tivesse saído isso não teria acontecido
-Ele iria matar você
-Antes eu que você
-Não
Ficamos nos olhando por um tempo indeterminado, mas uma enfermeira entrou e aplicou um medicamento num dos tubos e dormi enquanto olhava para aqueles olhos arroxeados
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Demoro mais chego a.a