Perigosa União escrita por Izu Chan


Capítulo 16
Capítulo 16 - Regresso, Versão Daisuke


Notas iniciais do capítulo

Versão do Daisuke do cap anterior, esse vai ta mais detalhado ok



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Capítulo 16 – Regresso, Versão Daisuke

A idéia era que eu saísse logo para voltar o mais rápido possível, mas não tinha a menor vontade de sair. Estava no meu cantinho feliz. Izayoi se mexe na cama, encostando a cabeça no meu peito e passa o braço pela minha cintura. Abraço-a com o rosto perto dos seus cabelos.

Dou-lhe um beijo na testa e me solto dos seus braços. Ela se remexe um pouco, mas não acordar. Tomo um banho quente, visto jeans, camiseta e ponho uma jaqueta por cima. Olho novamente para Izayoi. Provavelmente nunca mais falaria comigo quando soubesse da verdade.

Vou até o quarto dela e no berço que ficava no canto do quarto, Inuyasha ressonava tranquilo. O seguro no braço e sento na poltrona. Ele abre os olhos preguiçosamente, observando ao redor e ao ver-me sorri.

-Sem querer incomodar, mas eu tinha que acordar você ou você acabaria acordando a Izayoi antes do tempo necessário e eu não preciso disso – falo e ele segura minha mão como se tentasse ver algum padrão nas linhas da palma.

Brinco com ele mais ou menos uma hora até que ele começa a demonstrar cansaço. Deito-o no berço quando percebo que ele dormia profundamente. Isso me daria algum tempo a mais.

Vou até a garagem e entro no Vanquish. Seria rápido, voltaria antes que ela acordasse. Dirigi até um restaurante no centro comercial, normalmente era muito movimentado, mas não num domingo as seis da manha. Sento numa das mesas no canto afastado e peço um café.

Algumas pessoas começam a entrar, conversando animadas sobre alguma coisa a qual não dei atenção. Uma das garçonetes me trouxe o café. Tomei um gole distraído olhando pelas enormes janelas de vidro.

-Você é o Asakura? – pergunta uma voz grave ao meu lado, viro-me e encaro o homem

-Sim, e você deve ser o Inutaisho

Ele confirma com um movimento da cabeça. Izayoi tinha razão, o filho dela era a cara do pai. Ele tinha olhos dourados, cabelos longos e prateados presos no alto, a postura altiva que era apenas mais destacada pela roupa, ele também tinha dois traços arroxeados um em cada lado do rosto. Hum.. Um youkai, já havia visto alguns antes. Mas o que me chamou mais a atenção foram os círculos arroxeados ao redor dos olhos; ele não devia dormir bem a dias.

-Sente-se.

Ele senta a minha frente e me fita, os olhos dele eram estranhos quase felinos e pareciam ler através da minha mente, deixou uma das mãos sobre a mesa.

-Como ela está? – pergunta finalmente

-Está bem ainda deve estar dormindo

-O que aconteceu com ela?

-Bom o Takemaru tentou matá-la, mas ela fugiu a tempo e acabei encontrando-a desmaiada numa rua. Cuidei dela e ela ficou melhor e se cuidou bem ao saber que esperava um filho seu – ele franziu a testa e continuo: - Ele nasceu a alguns meses e ela deu a ele o nome de Inuyasha, disse que era pra se lembrar de você.

-Foi o nome que combinamos caso ela tivesse um filho – fala ele olhando pela janela com o olhar perdido – Parece até que foi ontem quando conversamos sobre o nosso futuro.

-Ela disse que havia matado você, como ainda está aqui?

-Bom, sabia que era a Izayoi quem estava procurando porque num descuido ela deixou uma digital no criado mudo, então pedi pra ela trabalhar em minha casa. No corredor do lado direito havia uma equipe preparada para qualquer emergência que monitorava desde a casa até o térreo. Depois que ela entrou no elevador, a equipe entrou e me socorreu da melhor maneira possível para que chegasse vivo ao hospital.

-Você já estava preparado para que ela matasse você

-Sim, mas tinha esperança que ela desistisse – ele balança a cabeça para os lados e depois me olha diretamente – Disse que podia ajudá-la a encontrar a irmã, mas ela tinha medo de Takemaru – o queixo dele endurece e vi sua mão se fechar em punho.

-Ainda tem – corrijo ao me lembrar de como ela ficava agoniada a noite – Ele ainda está aqui em Nemuro e aposto que está atrás dela.

-Onde...?

-Ela está na minha case. Se alguém entrar ou sair... – tiro o celular do bolso e coloco a altura do rosto – Eu irei saber.

-Modificação?

-Sim. Uma grande amiga trabalha com eletrônica e derivados. Tatsuhi projetou todo o sistema de segurança da casa do portão ao estábulo. Nem mesmo uma pulga pode entrar sem eu ser avisado. Indetectável e completamente infalível.

-Interessante.

-Escute, procurei você apenas porque sei que ela ainda ama você. Mesmo que você não sinta nada por ela, achei que devia saber disso, afinal ela ainda é sua esposa...

-Eu a amo. Demais... Quero falar com ela.

-Venha vou lhe levar – falo levantando-me e vou até o carro.

Antes de sequer tocar na porta um bipe alto e rápido sai do celular.

-Droga! – entro depressa no carro

Inutaisho já estava dentro do carro e liguei já pisando fundo no acelerador. Mesmo na maior velocidade levaria 20 minutos para chegar. O telefone toca e atendo-o enquanto fazia uma curva em U a 180 km/h

-Você está bem?

-Quem entrou Taty?

-Não o conheço, provavelmente um homem.

-Avise a polícia.

-Me ligue depois – fala ela desligando.  Jogo o celular em cima do painel. Estava agora na metade do caminho, onde o movimento era maior.

-Por ali – fala Inutaisho – A principal está muito cheia a essa hora.

Dou uma virada brusca na direção onde ele apontou passando a centímetros de uma parede. A rua levou a uma praça e dei uma volta em L ao passar por um parquinho. A ruela levou a principal novamente, mas após o mar de carros que se congestionavam. Desvio de vários carros na maior velocidade que posso.

O celular começa a bipar e piscar mais rápido e mais alto. Inutaisho o pega e arregala os olhos; vira a tela na minha direção e no meio estava escrito em letras grandes “FOGO-E”. E. Estábulos. Faço outra curva passando perto demais de algumas crianças que estavam atravessando a rua. Já dava pra ver minha casa no fim da rua. O telefone tocou e atendo.

-Saiu – trinco os dentes ao ouvir Tatsuhi – Chamei a polícia e os bombeiros.

-Quero uma foto.

-Não sei se consigo.

-Tudo bem. Abra a entrada – ela desliga e acelero a medida que chego mais perto do portão de entrada, o qual abre as portas e entro a 179 km/h indo direto para a parte de trás onde estavam as baias.

O fogo já estava alto e consumia boa parte da madeira. Saio do carro num salto.

-IZAYOI !

Dava para ouvir os cavalos relinchando assustados e no meio desse som um choro de bebê.

-IZAYOI !!

Corro até a entrada e começo a chutá-la. Inutaisho dá alguns chutes nas dobradiças e as portas caem. Os cavalos disparam a toda velocidade passando por mim, indo para longe do estábulo em chamas, e entro assim que todos passam. Izayoi estava desmaiada em cima de um monte de feno, as roupas manchadas de sangue seco que também formava uma pequena poça no chão.

-Não Izayoi! – Inutaisho corre até ela, tirando uma das colunas de cima de suas pernas – Izayoi! Izayoi! – ele começa a dar leves tapinhas em seu rosto para que ela acordasse, mas ela não reagia.

-Temos que tirá-la daqui, não dá pra esperar.

Um pedaço do teto cai entre mim e eles. Ele segura Izayoi nos braços e noto que ela tinha o filho junto dela, também manchado de sangue.

-Não dá pra passar, vou aqui por trás.

Vejo-o dar a volta e sair por uma porta na lateral direita. Saio também, tossindo por causa da fumaça e vejo-o correr até uma ambulância. Olho a confusão ao redor.

 Os bombeiros tentavam em vão apagar o fogo, o estábulo já estava perdido. Alguns policiais entravam na casa e saiam indo para o terreno, deviam estar tentando saber qual era a causa do incêndio. Corro até a ambulância onde ela estava recebendo um tratamento rápido para que chegasse ao hospital, entrando e me sento ao lado da maca onde ela estava.

-Pressão arterial diminuindo – fala algum deles que estava lá. Não notei quem era.

-Ela inalou muita fumaça, vai precisar de uma máquina para respirar assim como o bebê. E também perdeu muito sangue, temos que fazer uma transfusão urgente.

A ambulância fecha as portas e sai pelas ruas. Ainda pude ver Inutaisho dando ordens provavelmente ao policias que estavam lá e depois olhar para a ambulância. Segurei a mão dela tentando talvez não machucá-la com esse toque, estava ficando gelada. Não me concentrei em nada no caminho fora em sentir seu pulso que também era visível pelo monitor do aparelho que estava atrás da maca.

Quando chegamos mandaram-me esperar numa sala. A sala de espera era branca demais; as paredes, o sofá que estava no lado direito, as persianas que estavam perto da janela na minha frente, o corredor largo que seguia pelo lado direito uns 3 passos de distância a frente do sofá. Encostei-me a parede de braços cruzados e fiquei olhando para o longo corredor. Inutaisho aparece por outro que havia não muito longe da persiana andando apressadamente.

-Cadê ela?

-Sala de cirurgia.

-Está muito ruim?

-Queimaduras na perna, ossos quebrados. O principal problema é que ela perdeu muito sangue e deve ter respirado muita fumaça pelo tempo que demorei pra chegar – cerro os punhos com força – Inuyasha não está muito ferido, mas também inspirou muita fumaça, mas deve ficar bem mais rápido. Os melhores médicos que conheço estão cuidando deles. Se me dá licença, tenho que fazer uma ligação.

Vou até o canto da sala perto da janela com as persianas, e pego o celular, ligando para o número 2 da discagem rápida.

-Dá pra você me explicar o que está acontecendo ou por acaso quer que eu adivinhe?

-Taty calma – tento dizer, mas ela começa a gritar enquanto falava meu nome junto com alguns palavrões em russo. Não a culpava, devia estar preocupada.

-E pensar que você me convenceu a fazer aquele sistema de segurança. Você é um estúpido!

-Acabou?

-Não! Poxa Daisuke você me deixou preocupada sabia? Pouco me importa que história você invente, estou voltando pro Japão agora mesmo! – escuto ela inspirar fundo por três vezes – Pronto, agora acabei

-Obrigado. Agora escute, por favor. Eu estou no hospital agora e...

-HOSPITAL?

-Calminha, estou em perfeita saúde. Respira bem fundo – escuto ela inspirar lenta e profundamente que antes.

-Então porque está num hospital? – a voz dela saiu grossa e entre cortada com se ela estivesse com os dentes trincados.

-Escuta isso é uma longa história que eu não posso contar agora. Estou bem – falei a última frase bem devagar – Olha você não precisa voltar, realmente estou bem.

-Tarde demais vou pegar o avião.

-Você não...

-Acredito em você, mas teria que ir de qualquer jeito para ajeitar esse sistema então irei logo. E quando eu chegar você vai me contar tudo tintim por tintim.

Eu ia dizer pra ela cancelar o vôo, mas a ligação foi encerrada. Droga, isso me daria alguma dor de cabeça. Volto para a sala e sentei no sofá. Tentei imaginar a reação de Tatsuhi quando contasse, provavelmente, ela daria um piti e começaria a quebrar o que encontrasse pela frente. Suspiro e depois sorriu. Levaria algum tempo para que ela me encontrasse ao menos isso.

Não dava pra saber quanto tempo havia passado. Num instante o céu estava claro e límpido, no outro já era noite e pude ver as estrelas brilhantes através das persianas. Volto para casa, tomo um banho, visto uma roupa limpa e volto. Comi rápido no refeitório do hospital e volto para o 3° andar, Inutaisho ainda estava lá.

-Agora que você chegou, eu vou – fala ele se levantando – Por favor, me avise se acontecer qualquer coisa.

-Ligarei se for preciso, não se preocupe.

-Ficará aqui o resto da noite?

-Sim.

-Tudo bem. A cirurgia não deve demorar a acabar, estão lá dentro a horas.

-Talvez – olho na direção do corredor da UTI.

Sento-me no sofá, não consegui cochilar nem ao menos 5 minutos devido à preocupação. Passava das 2 da manhã quando um dos médicos veio falar comigo.

-Você é parente dela?

-Meio irmão – respondo automaticamente – Como ela está?

-Estável no momento. Os ossos foram devidamente imobilizados, ela recebeu diversas transfusões pra recuperar o sangue que perdeu, as queimaduras estão tratadas e não vão deixar marcas, mas ela está respirando por uma máquina. Por acaso vocês foram assaltados?

-Não tenho certeza, não estava em casa nesse momento.

-Hum... A bala também foi retirada, não causou dano em nenhum órgão vital, mas foi por isso que ela perdeu tanto sangue.

-E o bebê?

-Está bem, apenas com alguns ferimentos leves, mas receberá alta esta semana provavelmente.

-Eu posso ver ela?

-Acho que você devia ter uma boa noite de sono primeiro, devia tentar dormir. Ela está no quarto 538 e o bebê na ala infantil do hospital.

-Obrigado.

Andei pelos corredores, passando na ala infantil antes só para ter certeza de que Inuyasha estava bem. Dava pra ver que ele tinha uma máquina no rosto, mas parecia bem, não estava muito machucado e dormia tranquilo. Voltei pelos mesmos corredores de antes, mas no penúltimo virei à direita e encontrei o quarto. Entrei em silêncio, encostando a porta em seguida. Uma onda terrível de culpa me atingiu ao vê-la.

Ela estava com a perna direita engessada, a outra estava com talas assim como em alguns lugares dos braços, no tórax e na cabeça, dando a volta por sua testa. Ainda continuava pálida apesar das transfusões e parecia mais quebradiça do que nunca. Ando até ela e toquei de leve seu rosto com o indicador, ela ainda estava gelada.

Vou até uma cama na parede em frente à janela, do lado direito da cama de Izayoi, e sento tirando o celular do bolso. Digito uma mensagem para Inutaisho dizendo que ela estava bem e deito colocando o braço por cima dos olhos.

Sinto uma mão mexendo em meus cabelos. Estranho, quem poderia ser? Abro os olhos e vejo um par de olhos cor de safira, emoldurados num rosto de ângulos delicados, os cabelos vermelhos num corte de lua minguante chegavam até o ombro.

-O-oh.

-Boa noite – a voz era como delicada e suave, até demais nesse momento.

-Você ainda devia estar no avião, mal se passaram cinco minutos – sinto minhas sobrancelhas se unindo, ela toca com a ponta do indicador na minha testa.

-Você está dormindo a 3 horas.

-Três horas? – sento rápido demais, e minha cabeça roda um pouco.

-Talvez um pouco mais, desde que cheguei você estava dormindo.

-Como me achou? E como chegou aqui tão rápido?

-Seu celular tem um GPS que eu fiz questão de colocar e você devia saber que trabalho para a empresa que desenvolve os aviões mais rápidos do mundo. Não foi difícil achar um pra me trazer até aqui.

-Mas que droga. Eu achei que você só chegaria hoje à noite – faço uma cara decepcionada

-Aposto que você planejava sair da cidade a tempo de não vir me ver. Mas de qualquer forma não adiantaria, eu encontraria você – ela sorri talvez imaginando a cena.

-Aposto que quer falar comigo.

-Quero, mas não aqui. Podemos ir para a sua casa?

-Tudo bem – ela se levanta e sai da sala. Levanto e vou até a porta, mas antes de fechar dou mais uma olhada em Izayoi e continuo andando seguindo Tatsuhi até a garagem – Eu dirijo ok – a fala entrando no banco do motorista da Honda SNX preta.

Eu devia estar parecendo um zumbi quando entrei no carro. Não conversamos no caminho, isso era mal, ela não costumava ficar muito tempo calada mesmo que só cantarolasse alguma música boba. Fiquei olhando o céu ficar com uma cor mais azul e o sol estava um pouco mais alto. Quando ela entrou na garagem ouvi um arfar de surpresa.

-Ai não! Não, não, não! – ela choraminga e vira-se pra mim com os olhos em fúria – Daisuke.

-Hum?

-O. Que. Você. Fez. Com. O. Meu. Bebê?

-Como assim?

-Cadê minha Ferrari?! – explodiu ela.

-Ah isso – falo e bocejo – Ela teve uma vida muito longa. Dei pro ferro velho.

-FERRO VELHO? – a voz dela subiu 2 oitavas – Ah não! Meu bebê!

-Eu te dou outro – falo abrindo a porta e saio do carro.

-Não, quero o meu.

-Você parece uma criança – entro por uma porta na garagem que era conectada a cozinha.

-Você vende meu carro lindo e maravilhoso sem me falar e eu sou a criança? Oras, ponha-se no seu lugar.

-Eu estou no meu lugar, seu carro não estava.

Ela bufa irritada e senta-se à mesa colocando os pés na cadeira, só agora noto que ela usava jeans com uma regata branca e um tênis cinza escuro. Encosto-me ao balcão da cozinha de braços cruzadas. Ela bufa novamente e se vira, me dando as costas.

-Taty.

-Se dane.

-Desculpe por vender sua Ferrari.

-Não desculpo.

-Eu compro outra pra você.

-Não quero.

-Então o que você quer? – ela se vira com uma expressão confusa e desconfiada, depois sorri longamente dizendo:

-Brigadeiro.

-Bri...? – começo a rir e ela ri também – Ok, eu faço brigadeiro pra você.

-Oba – ela bate palmas sorrindo.

-Depois que você jantar – ela faz um “Ah” magoado e me olha tristonha.

-Eu não quero jantar.

-Você está praticamente pele e osso. O que andou comendo em Manhattan?

-Não tenho muito tempo para comer ou dormir. Saio muito cedo e volto super tarde, normalmente como num lugar qualquer e... Ei, o que você está olhando aí?

-Fazendo um jantar pra você. Não acredito que alguém que come tanto deixa de comer assim tão rápido – começo a mexer na geladeira e no armário pra tentar achar alguma coisa pra comer – Vai acabar ficando desnutrida Taty – vejo-a mostrar a língua e sorriu.

Preparo uns sanduíches com tanta coisa dentro que me perguntei se daria pra morder, depois faço uma vitamina de frutas. Vou até o armário e pego um copo que normalmente estava aqui para o caso dela vir.

-Esse copo é uma falta de educação. Porque ainda guarda isso?

-Por sua causa – falo colocando a vitamina no copo e estendo pra ela – Toma.

-Você está louco se acha que eu consigo tomar tudo isso.

-Apenas beba Taty, não vai matar – coloco o copo nas mãos dela e ela segura como se tivesse com algo em chamas na mão.

-Aqui tem uns 750 ml pra num dizer mais – fala ela apontando para dentro do copo. Ok, realmente tinha 750 ml, mas ela sempre tomava isso tudo e comia uns 10 sanduíches e não engordava uma grama sequer.

-Cale a boca e beba.

-Não.

-Então vamos fazer o seguinte, você bebe metade e eu bebo a outra metade. Parece bom? – ela faz um beicinho – Vamos, eu sei que pelo menos metade você toma.

-Ok, mas você vai me contar toda a verdade agora, certo?

-Parece razoável.

Ela sorri e mordisca um dos sanduíches, se podiam ser chamados assim, e senta em posição de lótus em cima da mesa. Sento na cadeira em frente a ela, e desenho formas curva na mesa com a ponta do dedo.

-Como posso começar?

-Que tal pelo começo? Quando vocês se conheceram, como foi, etc e etc.

-Lembra ano passado, quando você veio me visitar e eu te levei pro aeroporto?

-Estava chovendo tanto – comenta vagamente.

-Estava mesmo. Bom, eu tinha parado num daqueles barzinhos pra esperar a chuva passar, como não dava trégua eu fui embora. Mas na hora que eu estava na atravessando a rua para chegar até o carro vi alguém correndo e depois caiu. Pensei que tinha tropeçado, mas como não se levantava fui ver quem era e se queria ajuda. Quando cheguei mais perto deu pra ver o sangue. Do nada me senti obrigado a ajudar, como se devesse isso.

Continuo a contar o mais detalhadamente possível e evitando citar muitos nomes, tendo que lembrá-la de beber de vez em quando. Contei quando viramos amigos, quando percebi que estava apaixonado por ela – Taty fez uma carranca feia quando ouviu isso – quando comecei a investigar o passado dela e descobri que Inutaisho estava vivo até o momento que fui me encontrar com ele e ocorreu o incêndio.

-Uau – fala ela. Olho pro copo rapidamente, estava completamente vazio e eu não encostei nele fora o momento que coloquei a vitamina – Aquele marido dela, foi esperto.

-Acha?

-Acho. Imagina, se tipo seu nome fosse Ysume Daisuke, mas você é conhecido como Asakura Daisuke, ninguém jamais encontraria registros sobre você porque é um nome falso. É genial.

-Hum... – coloca a mão no prato e tiro do sanduíche, o terceiro sanduíche, uma fatia de queijo mussarela e coloco na boca de uma vez.

-Vai ficar engasgado.

-E daí?

Dei de ombros, indiferente. Minha cabeça começou a doer, talvez pelas poucas horas de sono. O que eu mais queria era dormir.

-Minhas roupas estão na gaveta ainda?

-Sim, no lugar de sempre – respondo passando a ponta dos dedos nas têmporas.

-Vou tomar banho ok, acho que preciso dormir e você também moço.

-Uhum.

Ela sai de cima da mesa se esticando um pouco e depois sobe as escadas. Levanto-me com pouca disposição e vou atrás dela. Quando entro no quarto escuto o barulho do chuveiro ligado. Jogo-me em cima da cama caindo com o rosto no travesseiro. Depois de uns quatro minutos escuto a porta abrir.

-Ainda está fedendo Taty.

-Deve estar sentindo seu próprio cheiro.

-Eu não sou fedorento.

-Claro que é.

-Ridícula – levanto e vejo-a enrolada numa toalha (minha toalha) – Agora que você saiu eu vou tomar banho.

-Vá mesmo quem sabe essa catinga sai.

Entro no banheiro. A água estava quente, me deixou com ainda mais sono do que já estava. Taty entra no banheiro e coloca a toalha num gancho, ainda bem que havia uma camada grossa de vidro entre nós, não gostaria que ela me visse nu. Saio e ela estava deitada com um travesseiro sobre o rosto.

-Taty.

-Me esquece.

-Que estranho. Seu humor devia estar melhor. Você está bem alimentada, limpa, num lugar que conhece com alguém que conhece. Porque o mau humor? – ela não responde. Visto-me e deito ao lado dela colocando a cabeça em seu ombro – Você não respondeu minha pergunta – puxo o travesseiro do seu rosto e ela olhava para o teto.

-Porque você ama mais ela do que eu?

-Taty eu amo você. Você é a dona do meu coração sempre foi e sempre será – respondo contornando seu rosto com a ponta dos dedos.

-Então ela é o que para você?

Que tal uma desviada básica de assunto?

-Taty eu não acredito que está com ciúmes – falo sorrindo tão largamente que não sabia se o sorriso caberia no meu rosto, ela sorri amarelo e suspira mexendo nos meus cabelos da nuca com a ponta das unhas.

-Não gosto da idéia de que você gosta de alguém mais do que de mim.

-Dela ou de qualquer uma?

-De qualquer uma. Feliz?

-Bastante.

-Daisuke – fala ela olhando-me ao mesmo tempo com ternura e preocupação – Você é tudo que me restou, não quero perder você.

-Você jamais vai me perder, sou completamente seu. Você sabe disso – ela sorri levemente e pisca demoradamente – Durma, você precisa.

-Você também.

-Acho que nós dois não vamos a lugar algum durante umas boas horas. Durma bem – fecho os olhos e escuto naquele silêncio ouço nossos corações baterem juntos num mesmo compasso, e cai na inconsciência por esse som.

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado

Fic betada por Daisuke



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