Perigosa União escrita por Izu Chan


Capítulo 14
Capítulo 14 - Amigos


Notas iniciais do capítulo

Capítulo em homenagem ao cara ridículo que corrigi e lê minha fic que tá fazendo niver agora em outubro. Amo vc Daisuke s2



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/29348/chapter/14

Estava andando no jardim como de costume e parei em frente à fonte, sentando-me na pedra e olhando a água. Eu estava realmente um caco, os cabelos precisavam de um bom corte e meus olhos estavam com círculos roxos tão profundos que pareciam permanentes

-Iza

-Sim – falo virando na direção de Daisuke. Ele senta ao meu lado e abre os braços num convite. Abraço-o e ele encosta o queixo nos meus cabelos

-Sabia que estamos enrascados?

-Estamos?

-Sim, preciso de documentos para você. Identidade, CPF, habilitação e coisas do tipo

-E o que pretende fazer? – pergunto olhando-o levemente

-Bom – fala pensando e se eu não estivesse ali, jurava que ele falava sozinho – Como você está morando aqui em casa o mais lógico seria se você fosse uma das empregadas, mas elas não moram aqui então está deletada

-Então sugere que eu passe por alguém de sua família?

-Foi a melhor idéia que tive

-Hum... Que tal se eu fosse sua irmã?

-Só tenho um irmão, mas ele deve estar em Miami numa hora dessas. Se bem que – ele segura meu queixo e o levanta um pouco examinando mais minuciosamente meu rosto – Você lembra um pouco meu pai

-Então serei sua meia irmã

-Por mim – fala ele dando de ombros e depois sorri – Tenho que admitir você está horrível

-Eu sei – falo encostando de novo no seu peito. Depois dessas semanas o cheiro dele ficou tão familiar que me acostumei a ficar perto sem enjoar

-Não vá vomitar em mim

-Bem que eu queria, mas me acostumei com seu cheiro fedorento – falo sorrindo levemente e escuto ele gargalhar alto

-Se sou fedorento então porque metade das mulheres babam quando passo?

-Porque querem ter seu dinheiro e a outra metade correu de seu fedor

-Ah é? – minha mente começou a apitar “alerta vermelho”

-Sim

Ele dá um sorrisinho de quem tem carta na manga. Minha cabeça ficou uma confusão de sirenes vermelhas e ‘alertas vermelhos’ sendo repetidos, mas quem disse que eu tive tempo de reagir? Eu mal me afastei quando ele se levantou bem rápido e começou a girar e girar e girar sem sair do lugar. Minha mente ficou um borrão de verde e branco e quando pus os pés no chão me desequilibrei

-Você é ruim

-Eu não sou ruim. Sou um doce de pessoa – fala ele sorrindo me fazendo sentar na grama escorando-me ao seu lado

-Um doce bem estragado e mofado

-Essa vai deixar marca

-É bom que deixe mesmo. Você está ficando muito insuportável esses dias

-Mesmo? Nem notei – desencosto-me dele de supetão e olho-o estupefata

-Tá fazendo isso de propósito? Eu não acredito! Daisuke como você pode? – pergunto e começo a bater nele com os punhos fechados. Ele só ria e coloca as mãos bloqueando as minhas

-Juro Izayoi. Não faço de propósito. Para de bater em mim – fala ele segurando meus punhos e olho-o furiosa. Ele me encarava divertido – Você fica uma graça com esse bico – comenta ainda sorrindo e o sorriso se alarga mais quando tento bater nele de novo, mas só fiz ele rir alto enquanto minhas tentativas falhavam

-Seu idiota! Insuportável! Tolo exagerado!

-Hahahahaha

-Eu vou te matar Daisuke!

-Hahahahaha. Até parece Izayoi, o único que você vai conseguir é o que?Umas boas fraturas? Hahahahaha

-Eu te odeio! Odeio-te mais que tudo!

-Até mentir você mente mal sabia? – fala ele e me prende contra o chão com os pulsos no alto da cabeça sorrindo. Depois desmancha o sorriso, me solta levanta-se e limpa a roupa tirando uns pedaços de grama e anda até a casa

Bobo. Dou língua para as costas dele e sento ajeitando a saia amassada e cheia de pedaços de grama. Isso foi estranho, muito, muito estranho. Melhor não pensar nisso. Coloco a mão no ventre deslizando os dedos carinhosamente. Acho melhor falar com ele. O cérebro mofado dele deve ter demorado pra associar que as ofensas eram para ele e agora ele ficou magoado.

Entro de novo na casa. Era domingo então não tinha ninguém e ficou mais difícil achá-lo. Quanto cômodos tem aqui? Encontrei-o num dos quartos, nunca havia entrado ali antes. Era de cor clara e os móveis escuros fazendo uma contradição harmoniosa como os outros, as janelas eram enormes. Mas o quarto parecia tão... Abandonado. Ele estava sentado no parapeito de uma das janelas olhando pro nada, não deve ter notado que eu entrei ou simplesmente me ignorou

-Daisuke

-Oi – fala ainda sem desviar os olhos do lado de fora. Sinceramente o que ele estava olhando? Será que tava passando o circo lá fora?

-Você ficou chateado com o que eu te disse? – ele olhou pra mim com a expressão incrédula, como se agora eu tivesse ofendido ele

-Acredite, já ouvi coisa pior

-Então o que foi?

-Não é nada com que precise se preocupar Iza – fala sorrindo fracamente. Ando até ele e sento no seu colo, ele me segura para que na corra o risco de cair porque, por favor, são 2 andares!

-A vista daqui é linda – isso era verdade. Dava para ver todo o jardim da propriedade enorme e as casas próximas até o fim da rua. E agora que o sol começava a se por, o céu tinha um tom alaranjado vermelho. Olho para Daisuke, ele mirava o sol com tanta tristeza como se quisesse se por com ele – Que há?

-Não é nada Izayoi, estou pensando apenas

-Pensando em que?

-Você é muito curiosa

-Tive a quem puxar

-De seu pai?

-Não, minha mãe. Está protelando Daisuke

-Estava pensando em minha família

-Sua família?

-Hey. Não nasci de uma chocadeira ok. Tenho pai e mãe como qualquer um

-Sente falta deles?

-Não

-Então o que?

-Só estava pensando o que eles podem estar fazendo por lá

-Está com saudades

-Não estou não

-Está mentindo para si mesmo além de tudo

Ele suspira e volta a olhar o horizonte. Fico observando-o esperando que pelo menos ele falasse algo, mas era tão estranho. Ele é cheio de segredos, como se... Só houvesse ele. Encosto-me no peito dele sentindo o cheiro que exalava de seu pescoço com curvas tão familiares. Realmente não era desagradável, cheirava a algo parecido com limão e hortelã de um jeito único. Quando pisquei tive de lembrar como era que se abriam os olhos

-Vá dormir Iza, você parece que vai desmaiar a qualquer segundo

-Só quando você for dormir

Ele ajeita o braço de maneira que meu rosto fique contra seu peito, deixando-me inclinada na sua direção. Meus olhos já pesavam demais e deixei-me cair na inconsciência. Ao reabrir os olhos, vejo que estava deitada na cama do meu quarto e Daisuke estava sentado na cama olhando para a janela

-Daisuke – ele vira o rosto e sorri levemente

-Vá dormir Iza, está cedo. Bom tarde, ainda não amanheceu, mas ainda sim cedo

-Você não dormiu ainda?

-Não, estou pensando

-No que tanto pensa?

-Em tudo

-Pode ser específico?

-Sabia que hoje faz dois meses que você está aqui?

Só dois meses?Eu já estava tão acostumada com tudo que podia jurar que morava ali a pelo menos dois anos

-Pela sua cara acho que isso é um não – comenta ele e deita-se – Estou encrencado?

-Muito – falo deitando de lado para olhá-lo

-Certo, então vá me dizendo meus crimes

-Você está me deixando curiosa

-Ai, curiosidade de mulher é crime?

-É sim se você mexer demais

-Certo. O que mais?

-Hum... Você está muito calado hoje

-Eu sou assim

-Passou até do seu limite normal

-É que vou ter que ir numa reunião no sábado. Não é bem uma reunião é um jantar e bom eu comentei sobre você

-Comentou?

-É e você teria que ir, a não ser que não queira. Não vou te obrigar

-Eu vou. Onde?

-Saunt Magnus

-Não é aquele restaurante cinco estrelas famoso?

-Ele mesmo. Vai mesmo querer ir?

-Claro

-Então durma, você parece que ficou anos direto acordada

-Mentira

-Já se olhou no espelho?

Quando ia responder, escutei um barulho suave e vejo que ele havia dormido. Abracei-o e fechei os olhos dormindo também. A semana passou rapidamente e no sábado, perto das 7h eu estava me arrumando para sair e escuto Daisuke bater na porta

-Entre

-Ei Iza, você já... – ele para olhando pra mim de cima a baixo – Você está maravilhosa

-Obrigado. Mas o que ia perguntar?

-Se você tinha acabado de se arrumar, mas acho que sim – ele segura minha mão e roda o deixando ver todo o vestido marfim – Está realmente deslumbrante

-Obrigado – o vestido era leve, mas marcado na altura do busto num tom de marfim perolado – O que é isso? – notei que havia uma caixa na sua mão

-É pra você usar hoje

Ele abre e tinha um colar muito lindo com uma corrente fina prateada e um diamante lapidado na forma de coração

-Combinou com o vestido – comento olhando mais de perto o colar. O diamante era muito bem lapidado, devia ter custado um bom dinheiro

-É?

-Sério. Pode colocar? – puxo o cabelo e ele prende o colar no meu pescoço

-Ficou perfeito – fala ele sorrindo com o pingente na ponta dos dedos

-Deve ter custado muito

-Não foi nada. Eu já o tinha antes, e achei que você iria gostar

-Era seu?

-Da minha tia. Ela deixou comigo, disse que era para eu dar de presente para a pessoa mais especial eu conhecesse

-Não sei como agradecer

-Só o use, será o suficiente – responde ele sorrindo – Vamos?

-Vamos – concordei e descemos

Na garagem ele devia ter uns três carros, já havia até perguntado por que tantos e ele me disse que gostava de carros velozes. Fomos para a Ferrari prateada e a parte de cima estava abaixada, fazendo dela um conversível. O vento no rosto era agradável, e apesar de tudo não desmanchou muito meu penteado e não me preocupei em ajeitá-lo

O restaurante era mesmo lindo. Era todo em cores claras e com entalhes nas paredes que lembravam ondas e tinha uma música de fundo que deixava o ambiente bem mais calmo. Fomos até uma mesa numa área reservada e lá encontramos um casal. O homem era meio baixo e claro com cabelos claros e a mulher era da mesma altura que ele, mas tinha cabelos claros, uma loira provavelmente

-Asakura, como é bom revê-lo

-Igualmente – fala ele sorrindo levemente e os dois apertam as mãos

-Essa é sua esposa? – pergunta o homem olhando para mim

-Não senhor, é minha irmã

-Meia irmã – corrijo sorrindo e ele sorri também – É um prazer conhecê-lo - digo estendendo a mão e ele segura-a firmemente num aperto

-O prazer é meu, senhorita

Fomos até uma mesa e pediram o jantar, foi tudo muito tranquilo e eu estava mais desligada do que nunca numa conversa, mas minha atenção volta quando escuto o senhor perguntar a Daisuke

-Qual é mesmo o nome de sua irmã? Você a chama muito de Iza

-Asakura Klariza

- Não acha que Klar seria um apelido mais comum. Você a chama muito de Iza

-Não gosto do que é comum – fala ele me olhando e bebe um pouco de vinho. Sorriu em resposta

Depois de algum tempo, voltamos. Agradeci mentalmente por ele ter pego o conversível, a brisa gelada diminuía meu enjoo. Quando pus os pés dentro da casa, corri direto para o banheiro, quase tropeçando na sandália de salto baixo. Ele veio logo atrás de mim e passava a mão nas minhas costas levemente

-Você devia ter dito que estava enjoada antes – fala ele

-Não queria atrapalhar – respondo desencostando da pia, minha boca estava com um gosto horrível

-Não iria atrapalhar. Anda você precisa de uma boa ducha gelada e eu vou te fazer um chá – fala ele segurando minha mão e fazendo o caminho até o meu quarto

-Gelada não

-Gelada sim. Anda – ele praticamente me jogou dentro do banheiro do meu quarto e fechou a porta

Tiro o vestido e fico um tempo debaixo da água gelada. Dava sono, muito sono. Quando saio Daisuke já estava sentado na minha cama de costas para mim e vi uma xícara com chá no criado mudo da mesa. Sento perto e ele me olha sorrindo enquanto bebo o chá

-Muito chato?

-Muito – respondo olhando para a frente. Eu estava realmente com muito sono e acho que Daisuke notou. Ele colocou a mão no meu ombro e me encurvei em sua direção

-Você é uma preguiçosa – fala deitando na cama e mexendo em meu cabelo. Deito a cabeça em seu peito

-Eu gosto disso...

-De ser preguiçosa?

-Não, quando você fica mexendo assim no meu cabelo. É muito bom – fala piscando e demorei um tempo para abrir os olhos

-Vá dormir, vou ficar aqui vendo você dormir – fala ele sorrindo e fecho os olhos caindo na inconsciência rapidamente

Quando acordei o sol batia no meu rosto com uma força fora do comum. Abro os olhos e vejo o porque, o sol já estava bem alto no céu. Coloco a mão ao meu lado e encontro um papel com o desenho de uma ponta de flecha quebrada, representa a paz, já vi isso em algum lugar e tinha meu nome embaixo. Abro e leio

Tive que ir trabalhar, mas não quis acordar você. Se você quiser qualquer coisa peça a Yuzuki e se sentir minha falta sabe meu celular. E se eu fosse você evitaria ser tão preguiçosa faz mal pra saúde. Bons sonhos. Amo você.

Daisuke

Que hora será que é? Olho para o relógio no criado mudo do lado esquerdo e marcava 12h e 05min. Levanto e vou ao banheiro. Um bom banho gelado era o que eu precisava pra afastar o calor. Depois do almoço eu vou para o jardim e fico cuidando das flores, era divertido e ajudava há passar o tempo. Já era bem tarde quando ouvi o barulho de carro lá do meu quarto e sai a tempo de ver Daisuke subindo as escadas

-Daisuke – falo sorrindo e ele olha pra mim

-Oi – responde seco

-Tudo bem? – pergunto estranhando o tom

-Não é nada – fala entrando no quarto e puxa a gravata, folgando o nó

-Tem certeza, você parece...

-EU JÁ DISSE QUE NÃO É NADA!QUAL A DIFICULDADE DE ENTENDER ISSO?

-Desculpe, eu não... – inspiro fundo e continuo – Eu vou para meu quarto. Se quiser falar comigo sabe onde me encontrar – ando até a porta e quando a fecho corro até meu quarto

Vou até a varanda e puxo a porta de correr fechando por fora e sento numa das cadeiras, que mais lembram um sofá de dois lugares, abraçando os joelhos. Droga, eu não devia chorar. Não é nada demais. Não é nada demais. Fico repetindo isso mentalmente enquanto me balançava para frente e para trás com a cabeça escondida entre os braços

-Izayoi

Olho e vejo Daisuke ao meu lado, me olhando com preocupação. Ele me pega nos braços e senta-se me colocando no colo. Viro o rosto fungando um pouco

-Iza

-Que? – pergunto olhando para qualquer lugar, qualquer cantinho. Ele segura meu rosto e vira-o para que olhasse para ele

-Me desculpe

-Pelo que?

-Por ter te feito chorar. Não gosto quando isso acontece e ainda mais quando sou eu quem faz isso

-Não é culpa sua

-Claro que é culpa minha. Descontei minha raiva e frustração em você. Isso não vai acontecer mais eu te prometo – ele empurra uma mexa do meu cabelo para trás

-Não precisa prometer nada

-Fará eu me sentir melhor. Não tem uma coisa que melhora. Quero que me xingue de todas as formas que sabe em todas as línguas que conhece

-Não!

-Apenas tente

-Eu não quero – faço um gesto negativo para intensificar minha resposta

-Por favor?

-Não, não e não – ele suspira pesado e fica olhando para cima, as estrelas juntamente com a luz da lua faziam um brilho diferente na pele cor de pêssego claro dele – Daisuke?

-Hum

-Porque que é que você tava com tanta raiva? – ele olha para mim e mexe nos meus cabelos bagunçando-os um pouco

-É melhor você ficar de fora disso

-Por quê?

-Você faz as perguntas erradas

-Eu faço exatamente as certas, você que não quer responder

-Hum... Olhando por esse lado, mas eu ainda tenho razão

-Hunf! Cabeça dura

-Você fica uma graça assim – fala ele me abraçando mais forte e me prendendo

-E você me mata assim sabia? – pior que era mentira, só o que incomodava era a impressão de estar presa

-Uhum...

-É sério. Você vai acabar me matando

-Eu nunca mataria você

-Hahaha. Como tem tanta certeza? – estava mexendo num dos botões da roupa dele, os fios que seguravam os botões estavam bem arrumadinhos antes de eu começar a mexer

-Só tenho – ele boceja e vira a cabeça na minha direção encostando o nariz nos meus cabelos – Acho que vou dormir aqui – ele estica as pernas e fica mais deitado levantando as pernas

-Não durma aqui. Você vai acordar com uma baita dor nas costas amanha especialmente por eu estar aqui

-Nada...

-Vem – me levanto mas ele continuou lá com o braço direito cobrindo os olhos – Daisuke! – ele imita um ronco e sorri – Eu sei que você não está dormindo

-Mentira

-Como então você tá falando?

-Eu falo dormindo. É a maior loucura

-Sério, então me fala quantos anos você tem

-Segredo

-Ahá!Se você falasse dormindo teria respondido

-Posso estar dormindo, mas não sou trouxa – ele levanta um pouco o braço, dava para ver um dos olhos dele

-Ai como eu queria que fosse. Se eu chutar você me diz se eu to perto?

-Não

-Deixe de ser ruim – falo batendo o pé no chão

-Ei, eu não sabia que você batia o pé. Faz isso de novo. – comenta sorrindo largamente. Trouxa

-Vinte e seis

-Passou longe

-Vinte

-Não

-Vinte e dois

-Ainda não

-Vinte e quatro

-Não

-Vinte e três

-Nana nina não

-Aff, você deve ter passado dos quarenta!

-Cara eu sou um homem de meia idade!Que barato!

Tentei. Eu juro que eu tentei. Mas comecei a rir alto e ele riu também. Ele levantou e segurou minha mão, me levando para o quarto dele. Sento na cama ainda rindo baixo e ele tira a camisa

-Epa, epa! Vá trocar de roupa no banheiro!

-É meu quarto, se tiver incomodada o seu é logo ali – fala e gesticula com o queixo para o corredor

-Mas eu sou sua convidada e como bom anfitrião você não vai me deixar te ver seminu. Então vá para o banheiro – falo apontando para o banheiro no canto esquerdo do quarto

-E desde quando você manda em mim? – levanto e começo a empurrar ele pelas costas - Calma aí estressada, eu to indo. Eu to indo – fala ele sorrindo e entra no banheiro fechando a porta. Volto para a cama e me deito com os joelhos na beira da cama e os pés tocando levemente o chão – Ei Iza, pega um short e uma cueca pra mim

-Eu acabei de me deitar

-Então levante esse seu traseiro e pegue pra mim minhas roupas ou eu vou mesmo ter que sair pelado pra pegar

-Aff. Não to afim – falo sorrindo e coloco um braço por cima dos olhos

-Iza! – fala ele indignado provavelmente e ouço a porta do banheiro abrir. Com o canto dos olhos o vejo entrar de toalha no quarto e vai até o guarda-roupa – Você é uma preguiçosa sabia?

-É o que dizem – falo fechando os olhos para não vê-lo

Tudo bem, não é que não valesse a pena olhar. Ele era muito bonito, tinha o corpo em proporções boas e músculos definidos, mas ainda assim eu prefiro não olhar. Escuto a porta do banheiro abrir de novo e o barulho do chuveiro

-A água tá fria?

-Não. Quer vir também?

-Não, obrigado. Apenas achei que estaria mais fria que o normal hoje

-Você não colocou nada na tubulação ou colocou?

-Sou completamente inocente

-Eu sei sua inocência

Ele sai vestindo o short preto e deita com a cabeça na minha barriga. O cabelo estava molhado e fez minha blusa começar a ficar transparente

-Daisuke

-Que?

-Seu cabelo tá molhando minha roupa

-Não posso fazer nada se sua roupa está embaixo do meu cabelo – ele boceja, colocando a mão em frente à boca

-Eu vou tomar um banho, daqui a pouco eu volto – me levanto e a cabeça dele bate no colchão macio

-Tava tão bom o apoio

-Vai se catar – ele sorri

Vou para meu quarto e depois de tomar um banho quente, visto uma camisola e volto para o quarto dele. Qual a minha surpresa ao não encontrá-lo lá? Numa escala de zero a dez, um negativo. Isso é tão Daisuke. Desço as escadas pensando nisso. Realmente parecia que nos conhecíamos a mais tempo do que aparentava. Encontro ele na cozinha comendo um pedaço de torta de chocolate encostado no balcão de granito

-Você está comendo torta e vai dormir?

-Me deixa mulher, eu fiquei com fome

-Não podia comer algo mais saudável?

-Fome de torta – fala e mostra a língua

-Essa é nova agora. Fome de torta – encosto-me no balcão com os braços cruzados

-Eu sei que você quer – fala colocando o garfo com um pedaço de torta perto da minha boca. Olho pra torta, depois pra ele e de novo para a torta. Rodo os olhos e coloco o bendito pedaço na boca – Viu como é fácil?

-Não enche – falo mastigando, mas soou como ‘nõ enqe’

-Como é que se diz?

-Me deixa em paz

-Você não tem modos!

-Tenho, mas não vou gastá-los com você

-Magoou

-Claro que sim – falo rodando os olhos de novo e ele ri, indo até a pia e lava o prato colocando em seguida no escorredor

Subimos e deito na cama. Ele praticamente se joga do meu lado e fecha os olhos.

-Não está com frio? – pergunto me cobrindo

-Se estiver eu abraço você – fala ele e boceja de novo – Boa noite Iza. Sonha comigo

-Pra que?Quer que eu morra durante o sono por acaso?

-Não. Eu sei que você sonha comigo

-Porque acha isso

-Você fala meu nome quando dorme – Droga eu falo dormindo! E ele ouve!

-Jura?

-É, várias vezes

-E o que mais eu falo?

-Que eu sou o cara mais bonitão e gostoso que você já topou

-Sério?Eu devo ter pensado entre os dez caras mais feios que já topei, com certeza você ainda ganha deles

Ele ri e fica deitado de lado, o braço direito por baixo do travesseiro e o outro ao lado, no meio dos lençóis

-Eu sei que você me ama só que você não sabe ainda – fala olhando para mim, os olhos azuis com um sutil brilho arroxeado quase se misturavam com a escuridão

-Eu amo você, mas não é do mesmo jeito

-Eu sei, mas depois você vai descobrir que me ama do mesmo jeito – fala fechando os olhos

-Daisuke... Hum...

-O que?

-Esquece eu te falo depois

Realmente eu tinha muito que falar. Contei a ele apenas parte da verdade sobre mim, ainda tinha muito o que ele precisava saber. Mas posso contar amanhã. Fecho os olhos e durmo sentindo o braço de Daisuke ao redor de minha cintura


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Capítulo 14 chegou o/