Perigosa União escrita por Izu Chan


Capítulo 13
Capítulo 13 - Flash Back's


Notas iniciais do capítulo

Flash Back's por Asakura Daisuke



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Desde que a encontrei naquele beco, não consigo uma noite de sono direto. Ela parece sempre tão frágil, delicada, como se a qualquer momento fosse quebrar com a mais leve brisa. Acho que foi especialmente por isso que quis ajudá-la.

Entrei no quarto e a vi ainda dormindo, parecia que nem se lembrava da dor dos ferimentos e dos hematomas que ainda haviam espalhados em seu corpo. O que me matava era que nem fazia idéia de quem poderia ter feito isso com ela.

Vou até uma poltrona creme perto da janela do quarto por onde uma fraca luminosidade do nascer do sol entrava no quarto junto com uma leve brisa. Sento-me e fico observando-a por um tempo, apesar de que ela estava deitada de costas para mim. Vejo-a remexer-se na cama e ela se senta olhando um pouco ao redor e vira-se na minha direção.

Os olhos dela estavam vazios, era como olhar para dentro de um túmulo. Assim que o olhar dela encontrou o meu, quase automaticamente ela ficou imóvel com os ombros tensos e o rosto vazio como os olhos. Não me mexi apenas olhei-a também e notei que várias emoções passavam tão rapidamente por seu rosto pálido que captei apenas algumas.

Choque. Dor. Medo. Solidão. Perda. Mais dor. E o silêncio só deixava tudo mais insuportável.

-Oi – falo, mas ela não responde – Hã, está se sentindo melhor?

Ela continua olhando na mesma postura imóvel, o único movimento que percebi era leve e vinha de seus ombros que subiam e desciam levemente quando ela respirava. Os olhos escuros não demonstravam mais do que pura desconfiança.

-Hum. Meu nome é Daisuke. Dai. Su. Ke – falo devagar e o rosto dela assume um tom de crítica.

-Duvida de minhas capacidades mentais ou por acaso acha que tenho algum problema auditivo?

-Perdoe-me não quis ofendê-la.

Ela desviou o olhar para a janela. Eu estava surpreso. Quem a olhasse ontem diria que ela estava em estado de choque e agora além de falar me deu um fora por tentar conversar com ela

-Que horas são?

-Oração tem na igreja – respondo rude

-E no hospital se faz implante. Por que não vai e muda seus modos?Aproveita o embalo e muda de cérebro também.

-Porque tem a língua tão afiada?

-Iria lhe fazer a mesma pergunta. Mas seria uma perda de tempo, duvido muito que possa responder.

-Duvida de meu Q.I.?

-Estaria mentindo se dissesse que não. Mas para você morar numa casa como essa ou tem algo de útil nessa cabeça, o que acho difícil, ou é um filhinho de papai.

-Pergunte o que quiser. – falo com um sorriso presunçoso, ela arqueia a sobrancelha

-Você pediu. Há uma doce melodia aqui...

-Que cai mais suave que pétalas de rosa na relva, ou o orvalho em águas tranqüilas. Tennyson. As poesias dele são muito tranqüilas.

-0.71.93.4.0.69.46.6.1.03.55.3

-Seno, cosseno e tangente de 46 graus. Vai ter que suar se quiser mesmo conseguir alguma coisa.

-Certo. Acetilcolina.

-Neurotransmissor liberado nas sinapses do sistema nervoso parassimpático – respondo com o sorriso dessa vez bem alargado.

-Meu nome.

-Agora você me pegou.

-Não era você o sabichão?

-Quer que eu te reconheça se eu nunca te vi antes, como vou imaginar seu nome.

-Você é inteligente. O suficiente pelo menos – fala ela e se levanta andando na minha direção – Se vai me manter aqui, quero ao menos vestir algo mais decente.

Levanto-me e ando até a porta com a mão no bolso até que ela fala.

-Izayoi.

-Como? – pergunto sem me virar.

-Meu nome, é Izayoi. I. Zay. Oi– fala ela devagar, com certeza como vingança.

-Irei me lembrar – falo e saio do quarto dela. Ainda tinha que ir pro trabalho, apesar de que iria ser interessante conversar com ela.

Mais tarde quando cheguei, a casa estava um tumulto. Só vinham duas explicações na minha cabeça. Um. Alguém daria uma festa na minha casa e não avisaram até agora. Dois. O mundo estava acabando. Entrei na casa olhando o corre-corre dos empregados e Yuzuki para na minha frente fazendo uma reverência.

-Asakura-sama

-Algum problema?

-A mulher que o senhor encontrou ontem a noite.

-Izayoi? O que tem ela? – pergunto preocupado. O que uma mulher que estava em estado de choque e se recuperou milagrosamente poderia estar fazendo para todo esse alvoroço?

-Ela sumiu.

Tá explicado. Subo as escadas depressa, ignorando as reverências que os empregados faziam quando passava e vou até o quarto dela. Nada de anormal, exceto que ela não estava lá e a janela aberta como sempre. Fui até a janela jogando a pasta, que agora tinha notado estava na minha mão, na cama e me inclinei olhando pra baixo. A queda era boa, dava para quebrar uma perna no mínimo. Como ela poderia ter passado? O truque de fazer cordas com cobertas?Não tava tudo em ordem

-É uma bela queda não?

Olho pra trás e vejo-a, em cima do telhado olhando pra mim com um sorriso sarcástico no rosto de porcelana, sentada abraçando os joelhos.

-Como chegou aí em cima?

-Chegando, mas que pergunta – fala rodando os olhos.

Olho para o canto da varanda e tinha o que parecia uma escada presa na parede que ia até o teto, mas ela estava encoberta por uma trepadeira desde o chão até o topo. Uso a escada pra subir e sento do lado dela. Ok, isso não era tão ruim, já fiz coisa pior.

-Eles devem estar conferindo cada cantinho da casa pra ver se eu roubei alguma coisa. – fala ela e apóia o queixo nos joelhos e suspira pesadamente.

-Eu não acho.

-Pois deveria achar.

-Por quê?

-Como você convida uma estranha pra sua casa e pouco se importa com o que ela faz ou deixa de fazer?

-Sabe que me pergunto isso até agora – ela roda os olhos – Mas eu não duvido de sua inocência

-Não devia confiar em mim – fala ela tão baixo que mal passou de um suspiro. Ela se deita no telhado olhando para o céu, melhor dizendo para a lua, e depois mexe um pouco no cabelo

-Izayoi

-Hum

-Pode me dizer o que aconteceu com você?

Ela ficou imóvel, e pela conversa que tivemos mais cedo isso devia dizer que estava tensa, e depois seus olhos vazios encontraram o meu

-Se eu te contar você não viverá em paz – fala numa voz morta e fria, e vira o rosto de novo para olhar para o céu

-Jura?... Interessante.

-Você é masoquista por acaso?

-Não que eu me lembre.

-Então você é louco.

-Pode comprovar de minha sanidade mental hoje pela manhã.

-Você provou que é inteligente hoje pela manhã, não que tinha sanidade.

-Sabia que você é um doce? – pergunta sarcasticamente

-Sabia que eu te odeio? – pergunta ela rude

-Ninguém me ama. – falo com um suspiro fingido e vejo de canto ela rodar os olhos e riu

-Que foi?

-Você fica engraçada quando faz isso. Roda os olhos.

-Você me força a isso.

-Hum...

-Tentar conversar com você é perder tempo, pode sair e me deixar só?

-Não.

-Queria que um raio caísse na sua cabeça agora!

-E eu um zíper pra fechar sua boca, mas nem todos os desejos são concedidos né?

Ela se vira ficando deitada com as costas pra mim. Deito no telhado também, estava bem gelado, mas não era totalmente desagradável para o verão. Droga!Quem ela pensa que é? Ninguém jamais falou assim comigo nesse tom. Se ela soubesse com quem estava falando... Ainda não adiantaria. Suspiro pesado. Minha mente é tão boa quanto eu pra falar. Vai no zero. Olho para o lado e vejo que ela ainda estava de costas pra mim

-Hey.

-Hum.

-Está zangada?

-Não.

-Parecia estar.

-Alguém já te disse que você é irritante?

-Não.

-Humf, as pessoas são cegas. Ou tem medo de falar.

-Hum...

-Você já matou alguém por acaso?

-Não.

-Então porque você é tão isolado?

-Eu não sou isolado.

-Claro que é.

-Não, não sou. É apenas meu jeito de ser.

-Jeito de ser estranho.

-O seu não é dos mais normais.

Ficamos em silêncio mais alguns minutos até que ela diz:

-É melhor você descer ou vão pensar que você foi raptado.

-E porque eu seria raptado? – melhor dizendo ‘por quem’.

-Que tal por mim.

-Você lê mentes?

-Não.

Desço usando de novo a escada e quando coloco os pés no chão pude ver que ela estava de olhos fechados.

-Não dorme aí não.

-Me deixa em paz.

-Poderia descer?

-Não tô afim.

-Então eu vou puxar você.

-Duvido.

Fico na ponta dos pés e seguro no pé esquerdo dela e a puxo levemente. Ser alto tem suas vantagens.

-Me solte – fala balançando o pé livre pra bater em mim.

-Meu rosto está bem embaixo você não vai conseguir muita coisa daí.

E então ela se levantou o que me fez soltá-la, e pulou para a varanda caindo com os joelhos flexionados e se levantou olhando pra mim com um olhar superior, em seguida indo até o quarto e sentando na cama.

-Boa noite. – falo indo até a porta.

-Que os percevejos te mordam. – fala ela grossa – Se bem que eu acho que eles nem vão gostar muito

-Tem razão eu sou muito doce pra eles

À noite quando estava dormindo escuto um grito e me levanto rápido. Não tinha ninguém em casa fora eu e Izayoi. Fui até o quarto dela, me agradeci mentalmente por ter ficado com a cópia da chave do quarto dela, e abri a porta. A cama estava desforrada, um dos travesseiros jogados longe e a porta de correr, que é na verdade um vidro com uma armação de metal que faz ele correr, estava quebrado.

Vou até a varanda, passando sem pisar nos cacos de vidro mais afiados e vejo que uma das cadeiras que normalmente fica ali estava afastada, chego mais perto e vejo Izayoi atrás de lá abraçando os joelhos com o rosto escondido entre os braços tremendo bastante.

-Izayoi. – chamo me aproximando devagar.

Ela levanta o rosto molhado pelas lágrimas e me olha com súplica. Abaixo-me ao seu lado e a seguro pelos ombros, ela tremeu de novo e vi na mão dela um grande pedaço do vidro quebrado. Seguro a mão dela tirando o vidro, jogando-o longe, e vejo um enorme corte de onde saia sangue.

-Izayoi que houve?Fala comigo.

-Por favor... – começa ela com a voz tão baixa que tive que me aproximar mais para ouvi-la – Por favor, me mate.

-Eu... – Droga o que eu posso dizer?Ela estava segurando minha camisa enquanto soluçava alto.

-Por favor. – pede ela de novo, dessa a vez a voz saiu um pouco mais alta, porém ainda trêmula e chorosa repleta de medo – Por favor, Daisuke eu não posso mais.

-Izayoi...

-Eu os vejo quando fecho os olhos.

-Eles quem? – pergunto olhando pra ela, mas ela não responde e fecha os olhos. Mal passam dois segundos e ela havia dormido.

Passo um dos braços embaixo dos joelhos dela e a levanto. Ela parecia realmente assustada quando estava lá. Deito-a na cama, vou até meu quarto e pego uma maleta de primeiros socorros. Quando volto, ela estava se mexendo inquieta na cama enquanto suava frio. Sento ao seu lado e afasto a franja molhada de suor do rosto puxando-a para trás.

Ela respira mais devagar, inspirando mais fundo. Pego um algodão colocando um pouco de medicamento e passo pela mão dela que sangrava. Depois de limpar o ferimento eu fiz um curativo com gaze e esparadrapo. Dava pra durar até de manhã quando chamasse Yukiko, uma médica grande amiga minha apesar de que não gosto muito de hospitais. Quando ia sair do quarto escuto ela falar.

-Daisuke. – chama sonolenta sentando na cama.

-Oi. – volto para a cama me sentando do lado dela.

-Fica aqui comigo. – fala segurando minha mão, a pele dela estava muito gelada e o toque fez os pelos dos meus braços arrepiarem – Por favor. – pede ainda com a voz baixa e cansada.

-Tudo bem se isso te deixar mais calma – falo e me deito no outro lado da cama.

-Obrigado.

-Vá dormir.

Ela tenta dar um sorriso, apesar de que nem conseguiu, e fechou os olhos. Fiquei olhando para seu rosto de porcelana enquanto ela dormia. Quem olhasse realmente não iria acreditar que ela era tããão cheia de mistérios. Não lembro quando nem como, mais dormi.

Maldita hora em que o sol aparece pela bendita (pensando bem bendita é quando é do bem então é maldita mesmo) porta de correr estava com o vidro também bendito (maldito) quebrado e fazia com que a claridade (deu pra notar como sou cercado de coisas benditas?) resolveu entrar pela abertura e me acordar. Abro os olhos com a maior preguiça imaginável, queria dormir pra sempre. Sem trabalho, sem preocupações, seria o paraíso

Pena que alguém (destino) resolveu que minha vida tinha que ser uma merda porque ele (destino) achou graça em gozar da minha cara, um pobre cidadão que só quer viver em paz. E, aliás, pra quem estou contando meus monólogos? Aff eu realmente preciso de uma aspirina e logo antes que eu tenha um ataque de raiva num domingo (que deveria ser o dia mais feliz de minha vida). Olho pra Izayoi dormindo tão tranquila ao meu lado, queria tanto dormir assim

Notei que minha mão segurava a dela (ou vice-versa) com os dedos entrelaçados e ela nem parecia se incomodar era quase natural (menos pra mim lógico ¬¬”). Fico ainda observando ela dormir (mania terrível) e escuto o interfone da sala. Merda!Não posso ter um dia longe de tudo feito eu quero? Levanto e desço, mas ao abrir a porta qual a minha surpresa ao não ver ninguém?Zero.

Volto me sentando na cama e vejo ela abrir os olhos com tanta preguiça que devia dormir de novo, mas ao invés disso ela se sentou na cama e ficou olhando pra mim com aqueles olhos negros-violetas com curiosidade

-Sim, já é de manhã. Não eu não sou telepata. Sim você é muito óbvia – falo quando ela abriu a boca pra falar

-Você é insuportável – fala ela estreitando os olhos

-Você tá quase no mesmo nível

-Humph!

-Anda, se veste que eu vou levar você no médico – falo me levantando

-Claro claro – murmura ela antes que eu saísse do quarto

Vou para meu quarto e visto uma calça jeans, uma camiseta azul e uma jaqueta branca. Volto pro quarto dela e dou duas batidas na porta e escuto um ‘pode entrar’, abro a porta e vejo Izayoi usando um vestido florido azul com um decote em ‘V’ que não era vulgar demais e uma sapatilha eu acho branca. Tenho que me lembrar de agradecer a Yuzuki por comprar roupas para ela

-Vamos?

-Não tenho opção né

-Não – respondo sorrindo e ela roda os olhos

-Então vamos logo antes que eu me arrependa de ter acordado – fala ela e anda até a porta

O caminho até o hospital não foi completamente insuportável, ela ficava cantando alguma coisa de vez em quando e eu quase dormi dirigindo (como todas as vezes que dirijo domingo). Quando cheguei no hospital Ryouhei, uma médica loura de olhos chocolates que trabalha no pronto-socorro, atendeu a Izayoi e mandou ela fazer alguns exames e na volta passar num laboratório pra pegar os resultados. Quando voltava, meu telefone tocou e como estava dirigindo, coloquei no viva-voz do carro

-Oi meu lindo! – Eu conheço essa voz

-Tatsuhi? Finalmente achou o celular né?

-Desculpa, desculpa. Mas é que fiquei semanas sem ver um computador e só hoje de manhã vi seus recados

-Uma viciada em internet como você?Duvido

-Pra você ver como é essa minha vida espartana. Como é que você está?O que aconteceu quando não estava aí?

-Hum, eu to bem e você não perdeu nada nem se preocupe

-Poxa, você fica muito parado sabia? Eu vou ter que ir aí pra fazer você tirar esse traseiro de casa

-Taty não importa o que faça eu não vou mudar meu jeito por sua influência como você fazia com aqueles caras da faculdade

-Você ainda lembra-se disso?!

-Por favor, eu te conheço desde que éramos crianças e não caio nas suas armações como qualquer um

-Eu sei – deu pra ouvir um burburinho vindo de onde ela estava

-Como anda aí em Manhattan?

-Tô a mil por hora sem tempo pra folga. Sabia que você é um chefe terrível?Quero férias!

-Eu também e nem isso posso

-Insuportável

-Você também é e eu não falo nada

-Rá isso é mentira, você em chama de chata desde a quarta série

-Chata não insuportável. É diferente

-Porcaria nenhuma

-Não devia ter te deixado aí em Manhattan. Tá fazendo mal a você

-É a saudade

-Bajuladora

-Hunf! – escutei outro burburinho vindo do celular – Tenho que desligar. Tão me enchendo o saco aqui. Beijos, amo você, se cuida e vê se dá uma saidinha de vez em quando

-Tá, tá.

-Daisuke...

-Também amo você Taty – a ouvi rir baixo e depois desliga o telefone. Olho pra Izayoi com o canto do olho, ela ainda olhava pra janela como se um elefante de tutu estivesse dançando balé (ok comparação tosca)

Paramos em frente ao laboratório e depois de pegar o resultado dirigi de volta para casa.

-Que sono – fala Izayoi se deitando na cama do MEU quarto. Sento ao seu lado e vejo os papéis – Hey Daisuke, porque essa cara?

-Estou apenas um pouco surpreso – respondo sorrindo levemente pra ela – Izayoi sabe o que diz aqui?

-Deveria saber?

-Claro que sim

-Então fale logo – diz sentando na minha frente

-Izayoi você está grávida – ela fica com a expressão chocada, os olhos arregalados e coloca a mão no ventre – E pelo que diz aqui já faz uma semana ou duas. Izayoi tudo bem? – pergunto me inclinando na direção dela com a mão estendida

Ela faz um gesto com a mão me impedindo de falar e começa a contar algo com os dedos. Coloca a mão na boca com a expressão chocada, os olhos transbordando em lágrimas e sorri. Um sorriso de pura felicidade, que eu nunca vi antes, passando a mão delicadamente no ventre como se estivesse acariciando ou coisa do tipo

-Inu...

-Como? Izayoi tudo bem? - Ela olha para mim ainda sorrindo e me abraça com força sorrindo e chorando – Calma Izayoi. Tá tudo bem

-Está sim, tá tudo bem – fala soltando um dos braços que tinha ao redor do pescoço para acariciar a barriga

-Quem é Inu?

Ela levanta a mão esquerda com o anel de ouro puro com alguns rubis fazendo um trançado delicado. Já havia visto esse anel, mas não diria que ela era casada

-Seu marido? – ela faz que sim ainda sorrindo/chorando – Onde ele está? – ela faz uma cara meio triste e o sorriso desaparece – Aconteceu algo com ele?Você pode me contar se quiser

-Eu não queria... Ele me obrigou...

-Quem te obrigou?

-Takemaru

-Porque ele te obrigou?

-Ele sabia demais... Me mandou matá-lo, eu não queria – ela segura minha jaqueta com força e levanta um pouco o rosto molhado pelas lágrimas

-Você gostava dele?

-Sim. Eu amo ele

-Certo... Mas você matou ele?

-Foi, mas eu não queria. Tínhamos casado. Meu bebê, meu Sesshy, estava lá. Eu quero meu bebê Daisuke. Traz meu bebê pra mim

-Izayoi, se seu “bebê” está aqui no Japão eu posso tentar encontrá-lo, mas não garanto que o trarei para você o.k

-Tá.

-Mas eu vou precisar saber mais sobre você. Tem que me contar tudo o que lembrar

-Uhum

-Tudo bem. Qual era seu nome de solteira?

-Takahashi Izayoi

-Onde você morava?

-Até os 14 em Tókio, mas fui pra Nova York e depois voltei pra cá

-Qual o nome dos seus pais?E irmãos se você tiver?

-Reiko e Matsu Takahashi e minha irmã Takahashi Shinzui

-Certo, vou começar a procurar ok

-Uhum – fala ela se acomodando mais nos meus braços – Estou com sono

-Vá dormir então. Eu vou procurar e ver o que descubro

Ela se deita na cama (MINHA cama) e fecha os olhos. Vou até a mesa onde guardo pastas, papéis (uma tulha de papéis) e meu notebook.Pego o notebook e sento na cama, Izayoi coloca os pés em meu colo (folgada). Abro no notebook uma página da internet e escrevo “TAKAHASHI”.  Um dos resultados é uma página de jornal com letras grandes: “FAMÍLIA TAKAHASHI É MORTA DURANTE UM ASSALTO A CASA” clico e vejo a Reportagem

“A família Takahashi, muito conhecida pelo trabalho com a publicidade de diversos produtos, é massacrada durante um assalto. Segundo o levantamento da polícia as filhas do casal, Izayoi de 14 anos e Shinzui de 2 anos, foram abusadas e sofreram de violência física. Os pais das crianças tentaram reagir mais foram mortos com 17 tiros de arma de fogo, sendo 5 na cabeça e os outros espalhados pelo corpo indo desde o ombro até o abdômen. Takahashi Matsu e Takahashi Reiko, sua esposa, morreram na hora assim como a filha mais nova, Takahashi Shinzui, que não agüentou os maus tratos sofridos e o abuso sexual.

 "Os vizinhos ouviram os tiros e ligaram imediatamente para a polícia, mas os bandidos fugiram e foram capturados semanas depois no aeroporto internacional com pasta de base para drogas nas malas. Os policiais encontraram também a arma que eles usaram no crime e foram confirmadas que as digitais eram as mesmas encontradas nos corpos das meninas e na arma que foi deixada para trás

“Takahashi Izayoi, a filha mais velha, foi levada para o hospital com ferimentos graves e está em observação. Os vizinhos que avisaram a policia estão com a garota no hospital. Segundo os médicos, ela seu estado é estável, mas não sabem como ela reagirá ao trauma e falará com os amigos quando se recuperar completamente. Segundo a família Kyo a perda dos amigos foi terrível, mas agradecem por pelo menos a filha mais velha ter sobrevivido”

Isso explica muita coisa, mas agora eu só preciso saber quem é Takemaru. Isso pode demorar mais

-Izayoi

-Hum – murmura ela ainda de olhos fechados

-Qual o sobrenome daquele homem?Takemaru?

-Kyo

Kyo...Não é o nome da família de vizinhos dela? Claro, eles devem ter planejado a morte dos vizinhos e para se livrar de testemunhas prenderam os bandidos. Ninguém iria acreditar que a própria família vizinha que eram tão próximos da família dela iria matá-los. Mas eles não esperavam que Izayoi sobrevivesse, então mandaram ela para longe

-Izayoi

-Hum

-Sem querer interromper seu cansaço matinal, mas o que aconteceu depois que você foi pro EUA?

-Fui para a escola e depois comecei a trabalhar. Ele me ensinou a entrar nos lugares sem ninguém ver, a usar espadas antigas e a matar

-Quantos você matou?

-Dezoito

-E o último foi eu marido não é?

-Sim – fala ela se encolhendo na cama

-Não fique assim – falo colocando uma mão na perna dela – Me diz, qual o nome do seu marido?

-Inu... Inutaisho

-Tudo bem então. Descansa o.k. Mas tarde eu procuro - coloco o notebook na mesa de cabeceira do lado direito da cama (tinha dos dois lados, eu guardo muita tralha)

-Tá... Daisuke fica aqui

-Bom tecnicamente esse é o meu quarto e você é que invadiu então não tenho muita escolha né

-Hunf

-Não fique ofendida – digo me deitando, ela ficou de costas pra mim e fechei os olhos – Só quero umas boas horas a mais de sono e depois volto a me preocupar com outras coisas tá bom

-Não

-Eu estou cansado demais pra discutir com você

Escuto ela bocejar, mas ignoro. Coloco uma das mãos atrás da cabeça e a outra perto da armação da cama, Izayoi segura minha mão e olho pra ela. Ela sorriu

-Obrigado por tudo Daisuke

-Não precisa agradecer

Pra falar a verdade, nem eu sei porque eu ajudo tanto ela. Evitei pensar em muita coisa. Minha visão foi ficando turva até o momento que dormi


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Notas finais do capítulo

E aí gostaram?
Merece review? ç.ç
Espero que sim
Continua em breve e no capítulo 14 vamos adiantar um pouco o tempo com grandes supresas no final ^-^