No dia seguinte, era segunda-feira, dia de escola. Emilly não estava nada animada:

—Mas Tia Selina... Eu não quero ir! — reclamou a menina.

—Ai, Emi, você precisa ir pra escola estudar... — respondeu Selina.

—Mas Tia Selina, estudar não é o problema... O problema, é que... Eu... Eu... Eu não tenho amigos, ninguém gosta de mim...— Emi lamentou.

—Fofinha... — Selina começou — Não se preocupe, você vai fazer amigos.

—Mas... — começou a garota.

—Nada de, mas. Coloque logo seu uniforme! — Selina diz severamente.

A garota obedece sem hesitar, vai tomar o café-da-manhã, termina de se arrumar e vai para a escola.

Seu uniforme era um short-saia azul marinho, uma blusa social branca com o símbolo da escola, Gotham City Primary School. Tinha que usar meias brancas até o joelho e sapatos pretos tipo boneca. Os alunos podiam optar a usar um blazer ou um suéter azul marinho. Emilly só usava o blazer em dias extremamente frios.

Quando chegou à escola, fez o de habitual. Pegou um copo de água, o bebeu, foi para a sala, arrumou seu material. Assentou-se em seu lugar, as crianças riram dela, a carteira ao seu lado, sempre vazia.

Os meninos viviam jogando papeizinhos com bilhetes maldosos, desenhos ofensivos; jogavam também aviões de papel, pegavam suas coisas. Já as meninas, eram piores. Nem olhavam em sua cara. Se olhassem era para lhe falarem zombarias. A pior de todas era Bárbara Gordon.

Bárbara Gordon, mais conhecida como Babs, filha do Comissário Gordon, era a garota mais popular de seu ano.

— Loirecaa... — disse Babs — Tem alguém ocupando essa carteira, aí, do seu lado?

— Desculpe Barbie Ruiva, mas eu não consegui te ouvir... — retrucou Emilly.

— Eu perguntei se essa carteira, aí do seu lado, está ocupada. — disse Babs em tom de superioridade. Emilly não parecia intimidada.

— Sinto muito... — começou Emilly, mas não pôde terminar sua frase, pois Bárbara a interrompeu grosseiramente:

— Sente o quê? Achou que eu sentaria aí, do seu lado? Guarde esse lugar para quando tiver algum amigo, isso, se fizer algum.

— Antes só, do que mau acompanhada... — murmurou Emilly.

— Como disse?! Vai se arrepender disso! — Babs respondeu de forma intimidadora.

Emilly não parecia assustada. Deu de ombros e continuou a desenhar em seu caderno. Bárbara a fuzilava com os olhos, por algum motivo, a detestava. Ela voltou para suas amiguinhas.

Incrível... primeiro dia de aula e já está espalhando veneno por aí... Tinha que ser uma cobra mesmo... O desenho estava pronto, uma cobra ruiva. Ruiva? Cobras não têm cabelos... Essa tinha, era uma metáfora, uma alegoria.

— Olá, este lugar está ocupado? — era uma voz familiar.

— Não. — murmurou Emilly, mas sem se virar para responder.

O garoto colocou sua mochila na carteira, sentou-se e arrumou seu material. Virou-se para Emilly e perguntou:

— O que você está fazendo?

— Desenhando. — respondeu.

A aula começou.