— Eu ganhei. — disse ela descolando seus lábios.

— Dane-se. — ele respondeu e a puxou para si. Naquele exato momento, Miss Martian havia entrado na sala em seu modo camuflado. Ela estava completamente confusa, meio perplexa, acabou ficando paralisada. Alguns segundos se passaram, quando Emilly tentou empurrar o garoto e se soltar dele, porém sem sucesso. Ele foi descendo os beijos até o pescoço da garota, em que permaneceu por certo tempo, provocando um pequeno hematoma. Só então a soltou.

— Por que fez isso?! — perguntou a garota com a mão no pescoço — Está maluco?!

— Só quero mostrar pra certo filhote de morcego que a doce Emilly, já tem dono. —respondeu ele, como se fosse óbvio. A loira não gostou, achava ridícula essa ideia de “dono”, afinal, não era um objeto.

 Miss Martian saiu da sala e foi falar com Artemis.

— Acho que o menino bruxo está apaixonado... — sussurrou a marciana para a arqueira.

— Por que diz isso? — perguntou Artemis.

— Porque ele beijou a Emilly e ainda disse que queria mostrar pra certo “filhote de morcego” que ela já tinha dona... Não é fofo? — explicou Miss Martian com brilho nos olhos. Ela enxergava os acontecimentos como se fosse uma novela.

— Não. Eu prefiro ela com o Dick... — respondeu Artemis — Mas não é melhor entrarmos e ajuda-la?

— Sim. Vai ser divertido. — respondeu Miss Martian, entre risos — Mas em briga de casal, não meto a colher.

As duas arrombaram a porta, e adentraram a sala. Porém, mesmo com todo o barulho que fizeram, passaram despercebidas. As duas criaturas, lá presentes, estavam em uma discussão sem fim.

— Não sou um objeto, não sou premio algum! — exclamou Emilly.

— Eu NÃO disse isso! — Klarion respondeu, perdendo a paciência que lhe restava.

— “Só quero mostrar pra certo filhote de morcego que a doce Emilly, já tem dono.” — disse em voz debochadora — O que isso quer dizer? Que acha que sou um OBJETO!

— Mas é claro que não! — ele tentou argumentar, mesmo sabendo que ela estava certa.

— Acho que precisaremos de reforços... —murmurou Artemis para Miss Martian.

— Acabei de chamar... Chegarão em uns cinco minutos... — respondeu a marciana.

O resto do time havia chegado e como esperado, não estavam entendendo nada. Não entendiam porque estavam lá, não entendiam porque os dois estavam discutindo. Até que Robin recebeu uma rápida olhada de Emilly. Certo. Sistema hakeado em 3, 2...

— Tarde demais, bruxinho... Acho que não devia ter mandado Tekkl ir embora... — provocou a loira.

— Lembre-se, a Luz está sempre um passo à frente. — respondeu ele confiante.

— Lembre-se, você não é a Luz. Acho que nós, não estávamos nos seus planos. — ela retrucou e saiu com o resto da equipe, deixando para trás um Klarion sem reações. Ele caiu de joelhos no chão e o socou. Merda. Ela sempre brinca comigo e eu caio.

Todos estavam na bionave, indo em direção ao Monte da Justiça. O ambiente estava tão silencioso, que chegava a causar certo constrangimento.

— Conseguiu as informações, Robin? — perguntou Emilly, tentando quebrar o desconforto no ambiente. Ele assentiu. Todos deram um suspiro por conta de um inexplicável cansaço.

— Bom ter vocês de volta. — disse Kid Flash sorrindo.

Quando chegaram ao Monte da Justiça, M’gann convidou as garotas para uma “festa do pijama” para comemorar a volta das meninas, que na verdade foi só uma pequena desculpa, já que sempre quis fazer uma daquelas festas com guerras de travesseiros e muitos doces e “dormir” tarde, porém, ninguém dormia. Tudo culpa da televisão.

Todas as garotas estavam lá. Artemis estava vestindo um pijama de duas peças, um short e uma regata de alcinhas, ambos azul bebê. Zatanna vestia uma camisola branca com renda preta e Emilly vestia um pijama que lembrava o gato de Alice no País das Maravilhas, listrado nas cores rosa e lilás. O pijama lhe trazia lembranças de sua infância, quando Selina e Coringa, ou melhor, Tio HAHÁ, ainda eram casados. De noites em noites, eles desciam para o porão, onde havia uma sala de leitura. Ela tentava pegar um livro, quinta estante, décimo segundo livro, “Alice no País das Maravilhas”. Cada dia um novo capítulo. M’gann estava com um pijama cor-de-rosa claro, uma camisola.

— Vamos fazer cookies, meninas? —perguntou a anfitriã animada. As meninas disseram que sim em uníssono.

Estavam colocando os cookies no forno quando Artemis perguntou:

— Emi, que marca é essa no seu pescoço?

— Não é nada... — disse ela, contudo, percebeu que as garotas não acreditaram — Bem... Aquele gato me... Me mordeu! É isso, ele me mordeu... — tentou mentir.

— E o gato se chama Klarion? — perguntou Zatanna, fazendo todas rirem.

— Para! — disse Emilly dando um tapinha no ombro da feiticeira — Não é bem assim...

— Então se explique! — disse M’gann. Elas estavam realmente curiosas.

— Tá... — disse Emilly. Ela sentia que devia contar a alguém, principalmente, porque sabia que as pessoas certas não seriam seus melhores amigos — Depois que a Artemis saiu, eu comecei a lutar com o Klarion. Bem... Eu estava em desvantagem, não conseguia atacar... Até que... — ela fez uma pausa.

— Até que... — disse Zatanna incentivando-a.

— Até que ele começou a me provocar, disse que eu nunca encontraria erros em seus ataques e obviamente, eu provoquei de volta. Coisa minha. — ela riu um pouco — Então ele apostou... Sorvete de morango, isso sempre mexe com ele. Quando ele disse isso, eu consegui me aproximar... Finalmente consegui sair da defensiva e eu me sinto péssima com o que eu fiz. Eu sei que ele gosta de mim e me aproveitei disso. Eu o beijei...

— VOCÊ O QUE? — exclamaram as garotas perplexas.

— Eu. E o Klarion. Nos. Beijamos. — respondeu ela pausadamente — Mas entendam... Ele me desafiou... E eu não gostei do que fiz... Depois eu disse que tinha ganhado e ele nem ligou... Me puxou de volta pra outro beijo e nisso... Eis a marca no meu pescoço... E doeu. DO-EU! E eu nem gosto dele... — ela despejou tudo. Precisava contar a alguém, alguém mulher.

— Você é realmente estranha. Uma estranha especial. Talvez seja isso que faça com que o Dick goste tanto de você... — disse Zatanna carinhosamente — Sabe, vocês ficam fofinhos juntos. Talvez, você não acredite em mim, não a culpo, afinal, eu sou a ex dele... Mas de verdade... Acho que devíamos ser amigas.

— Sim. Devíamos, afinal, somos da mesma equipe, certo? —Emilly respondeu.

— Olha, a conversa tá boa, mas que tal comermos os cookies e assistirmos aos filmes? —perguntou Artemis.

E assim passaram a noite. Conversando, comendo, assistindo a filmes e fazendo suas guerras de travesseiros.