— Vai pegar um resfriado se ficar parada aí. — era uma voz familiar — Afinal, Loireca, nós duas sabemos que você quer ir ao concerto ao ar livre amanhã.

                — Barbie Ruiva... Não sou exatamente loira... — respondeu Emilly. Ela percebeu que Babs estava mais rosada que o normal.

                — Seu cabelo é castanho só nas pontas, fofinha. De resto, ele é dourado. — respondeu Babs — E por que Barbie, se ao menos não me pareço com ela?

                — Bárbara é o nome real da Barbie. E também é apelido de Bárbara... Sem contar que você é ruiva. Então, Barbie Ruiva. — explicou Emi — Está com febre, não? — Babs negou — Não tem ninguém em casa, não é? Vamos. — disse Emilly.

                Você deve estar se perguntando o porquê disso, não é mesmo, meu caro leitor? Bom, elas cresceram, amadureceram se assim posso dizer...

                 — Pra onde, Emi? — perguntou Babs, enquanto Emi a puxava.

                — Pra minha casa! — a garota respondeu, ainda fazendo Babs correr — Chegamos! Vamos, entre logo.

                Emi pôs a sua mão na testa da ruiva.

                — 38°C. Disse que estava com febre! — exclamou Emilly convencida.

                Emilly puxou Bárbara pela mão e subiu às escadas até seu quarto. Pegou uma muda de roupa e toalhas.

                — Tome um banho e vista essas roupas. — disse Emilly.

                — Não se preocupe comigo, por favor! — implorou Babs. Emi simplesmente a mandou fazer o que tinha dito e saiu.

                A loira estava na cozinha, fazendo canja.

~Bárbara~

            Por que ela está fazendo isso? O que ela quer? Será que ela esqueceu? Ou isso se chama perdão?

~Emilly~

                Aquela garota é louca! O que ela quer? Pegar uma gripe?! O que eu tô pensando? EU ESTOU TODA MOLHADA! Melhor trocar de roupa...

~Narrador~

                Emilly abaixou o fogo e colocou um roupão. A sopa estava pronta, então colocou um prato em uma bandeja e subiu.

                — Babs? — ela bateu na porta de seu quarto — Posso entrar?

                — O quarto é seu... — respondeu ela.

                — Mas você está usando e... Ah, vou entrar! — disse Emi.

                Emi entrou, viu que Babs estava tremendo. Disse pra ela deitar na cama, A cobriu e mandou tomar a sopa.

                — Mas por que está fazendo isso? — perguntou Babs.

                — Vizinhos se ajudam. — Emi disse sorrindo — Não tem ninguém em sua casa, não é? — Bárbara afirmou — Bom, vou me arrumar, senão, eu vou ficar doente... — disse Emi.

~Bárbara~

                Eu não entendo... Ela devia me odiar, passamos a nossa vida inteira nos odiando e, quando ela me viu na biblioteca... Ai, mas que frio! Melhor tomar a sopa. Está trovejando... Olha, a Emi voltou!

                — Emi... — indaguei — Me desculpa!

                — Pelo que? — ela perguntou. Acho que esqueceu...

                — Cinco anos atrás, foi meu aniversário de nove anos... — comecei a falar. POXA... Pedir desculpas é difícil...

                — Eu sei. — ela respondeu.

                — E... Bem... Nós fizemos uma coisa terrível com você... — por que é tão difícil? POR QUÊ?! — E eu... Queria pedir desculpa... Por aquilo... — eu finalmente consigo pedir desculpas e... ELA TÁ RINDO?!

                — Você se sentiu culpada por todo esse tempo?! — é o que me diz, depois de rir — Eu perdoei, tipo... Dois dias depois! — agora ela está rindo de verdade...

~Emilly~

                — Ei, por que está rindo? — Babs me perguntou.

                Quando finalmente parei de rir, respondi:

                — Mas o que vocês fizeram foi tão banal...

                — Foi meio... Perigoso, não acha? — ela tentou me fazer refletir.

                — É... Estava bem frio aquele dia... — falei.

                — Por nossa causa, você pegou uma pneumonia... Nossa culpa... — ela me respondeu, acho que só ela se sente assim... As outras garotas eram mais insuportáveis que ela naquela época... — E agora... Você está aqui... Cuidando de mim... E eu fiz você parar no hospital... — ela disse com amargura... — Por favor! Me perdoa! Por favor!

                — Já perdoei. — respondi — Que horas o seu pai volta?

                — Não volta... Ele está numa viagem de trabalho ou coisa do tipo... — ela me respondeu.

                — Se quiser ficar aqui... Até melhorar, não tem problema... — eu fiz isso mesmo? É estranho esse meu querer de ajudar as pessoas... Preciso falar com o Dick urgentemente...

~Narrador~

                — Olha! — disse Babs — Está nevando... Mas ainda estamos em agosto...

                — Isso é bem estranho... — respondeu Emilly — Olha, eu preciso sair, vou ligar o aquecedor e se você ficar com fome, tem mais sopa lá embaixo. É só esquentar.

                — Ah... Mas o que você vai fazer? — perguntou Bárbara.

                — Eu tenho uns assuntos pendentes... — respondeu Emilly pegando um casaco e quando foi sair:

                — Emi! — a loira parou na porta, mas continuou de costas — Era só matemática, eu juro! — disse Babs. A loira sorriu e foi embora.