Uma semana? Como assim?

Isso era totalmente ilógico. Não era possível se despedir de pessoas tão importantes em uma semana. Muito menos achar uma desculpa para ir embora... Eu ainda tinha que pensar nisso.

Mas, primeiramente, tinha que pôr tudo em ordem. E eu não perderia tempo.

{...}

Minhas aulas, depois da visita nada amistosa à sala de Dumbledore passaram rápido. Rápido demais.

Simplesmente porque eu não prestara a mínima atenção, coisa atípica minha. Eu precisava pensar no que fazer, no que falar. Teria de ser sutil.

Você deve estar se perguntando, por que eu iria conversar com alguém? Poderia simplesmente lançar um obliviate e ir embora, calmamente.

Mas se eu não fizesse isso, me consumiria pelo resto da minha vida. Eu nunca dera nenhuma explicação a eles. Eu poderia, pelo menos uma vez, falar a verdade. Abrir o jogo.

Afinal, eles se esqueceriam logo depois.

Esqueceriam. Todos os momentos jogados no lixo. Ou então como se nem sequer tivessem existido.

Mas eu sempre lembraria daquilo. Sempre.

Pensei no olhar vago que eles me dariam logo após o feitiço. Iriam perguntar quem eu era, ou o que estava fazendo com a varinha apontada para eles.

Senti um aperto no fundo da garganta. Não podia começar a chorar no meio do corredor. Eu tinha que pensar. Pensar na melhor maneira de não sofrer. E eu sabia qual era.

Eu iria contar tudo.

{...}

O céu já estava escuro pela janela da sala comunal. Todos os estudantes já tinham ido embora dormir, mas eu ainda estava com meus livros, tentando inutilmente me distrair enquanto ele não chegava.

Meus olhos passavam rapidamente sobre alguns parágrafos sobre trasgos, quando ouvi a porta do retrato se abrindo. É claro que eles tinham ficado mais tarde ao toque de recolher.

Me levantei da poltrona confortável enfrente à lareira com certa preguiça. Ou será hesitação?

–Cara, eu não sei o que q Prof. Minerva estava fazendo à essa hora na sala de Dumbledore... – James entrou, ainda segurando o mapa do maroto enquanto dava um sorriso torto. Assim que ele me viu, seu sorriso desapareceu. – Ah... Hã, oi Hermione.

Rem apareceu logo atrás dele, já percebendo minha presença.

Depois de eu descobrir o que ele sentia por mim, me sentia meio culpada ao dizer:

–Sirius, posso falar com você? -Minha voz saiu mais baixinha que o normal. Percebi que inconscientemente, eu tentava adiar aquilo o máximo possível.

Ele me encarou por um segundo, surpreso. Depois lançou um olhar aos outros dois, que se despediram e subiram pro dormitório masculino.

Ele se sentou preguiçosamente na cadeira ao lado da minha, parecendo casual demais. Eu sabia que aquela fachada era falsa. Mas ele sempre conseguia fingir indiferença muito bem. Ele me contara isso numa noite em que fomos ao lago.

–- Você sabe... – Me sentei na poltrona ao lado. – Que eu estou certa.

Ele me encarou, impaciente.

–Você realmente quer piorar as coisas não é?

Eu não conseguia desmentir o que eu disse graças ao me ego. Eu estava certa, é claro! Todos tinham o direito de ter seus segredos, e aquilo, de todo não era tão importante...Não, era sim. Mas de qualquer modo, ele iria saber agora. E além do que, ele fora muito grosseiro! Eu tinha todo direito de ficar revoltada.

–Ah... Não. – Falei, procurando as palavras certas. – Mas... Se você quiser saber realmente o que eu escondo... Eu vou te contar. – “eu te devo isso” pensei.

Ele me olhou surpreso. Obviamente não esperava que eu dissesse aquilo. Por mais irritada que eu estivesse com ele, assim que ele sorriu, eu repeti o ato.

Aquele sorriso me deixou um pouco irritada. Será que aquilo queria dizer que eu era tão fácil de ser manipulada assim? Então me lembrei de que a manipuladora era eu.

–Pode começar. – Ele se espreguiçou, com o mesmo sorriso no rosto. Sinceramente...

Mas então seu sorriso desapareceu, e ele ficou confuso.

–Espere, porque está se rendendo tão fácil assim? Você não é tão frágil, Hermione.

–Bem... – Comecei. – Eu preciso te contar tudo. Antes de eu ir embora.

Ele me fitou, confuso. Vi meu reflexo em seus olhos.

Minha expressão era a de quem já começara a sentir saudades.