Abandono Imprudente escrita por dyingbreed


Capítulo 3
Neverland


Notas iniciais do capítulo

O flashback começa do nada e também acaba do nada!
Essa é apenas uma parte do passado de Verônica.
Espero que gostem ...



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Cheguei em minha sala e contei até três esperando ouvir o barulho do telefone me chamando para comparecer na sala do Sr. Trick. Nada aconteceu. O único som que eu pude escutar foi da máquina de café do lado da minha sala, que fica ao fim do corredor. Corri pra pegar um café e voltei logo pra minha cadeira. Fiquei imóvel. Parecia que algo tinha me atingido de repente. Nostalgia. Estava me lembrando do inverno de 2007. Eu estava usando um vestido preto, com uma sandália também preta e meu cabelo estava solto e ondulado do jeito que gosto.
Posso ver a cena. Lá estava eu, no meio da pista de dança da boate mais cheia de toda a cidade, a Neverland. O que mais gosto sobre a Neverland é que lá você encontra pessoas de todas as maneiras possíveis. Você nunca vai ver uma pessoa apontar pra você por você não seguir o padrão e isso é o que me conforta tanto em ir naquela boate. Isso e o whisky que é o melhor da região. Então digamos que você poderia me encontrar toda sexta feira na Neverland.
Tinha chegado fazia uma hora ou menos e comigo estava Charlotte, que nunca falta quando se tem a união de dança e um pouco de bebida. Não vou negar que já tinha tomado vários copos de whisky desde que cheguei na boate, mas confesso que estava lúcida o suficiente para ver a pessoa que tiraria meu mundo de órbita. O lugar estava cheio de gente e a fumaça que o DJ produzia a cada batida da música estava bloqueando muito a minha visão, mas por um momento, eu não enxergava mais ninguém a não ser aquele cara.
Senti o meu corpo inteiro estremecer. Não era a bebida e posso jurar que nunca tinha me sentido daquela forma antes. Será que eu estava passando mal? Ou meu coração frio estaria sendo esquentado pelos olhos verdes daquele garoto? O som estava alto mas eu não conseguia ouvir nada. Somente as batidas do meu coração. Ele acelerou. Nunca o vi tão acelerado desde o show da minha banda de rock favorita.
Oh, não. Algo que eu sempre tentei evitar estava acontecendo. A atração era gigante demais para eu lutar contra. Eu o queria mais do que qualquer coisa naquele momento. Você apenas viu ele Verônica, não pode estar apaixonada! Foi isso que eu tentei convencer meu coração a sentir durante toda a noite, mas não consegui. Eu estava me apaixonando por aquele homem e eu mal sabia seu nome. Mas eu podia imaginar seu corpo junto ao meu.
Vi seu rosto de iluminar em um sorriso. Vi seus cabelos negros brilharem através das luzes que piscavam na pista. Não pensei duas vezes. Eu precisava conhecê-lo. Se eu não o fizesse eu iria me arrepender pra sempre e eu não queria arrependimento, eu queria ele. Naquele momento, a única coisa que eu pensei foi em uma simulação. Se eu deixasse cair whisky na roupa dele, só haveria duas reações possíveis. Uma delas é que ele ficaria muito bravo, me xingaria pra caralho e iria embora me odiando pra sempre ou, na melhor das hipóteses, ele iria rir, eu iria fingir estar arrependida e iria limpá-lo e enquanto isso eu perguntaria o nome dele e nós conversaríamos por toda a noite.
O que aconteceu? A melhor das hipóteses foi o que aconteceu. Derramei o whisky nele e a única coisa que eu escutei foi:
- Jack Daniel’s, hein? Boa escolha. Escutem só homens, uma dama com ótimo gosto para whisky. Case-se com ela e nunca se arrependerá. - disse irônico.
Como sua voz era rouca. Felizmente ele não estava me segurando naquele momento ou sentiria meu corpo vibrar da cabeça aos pés.
- Hm. - disse pegando o copo dele - Vejo que o senhor tem uma recaída toda vez que chega perto de uma garrafa de Black Label. Johnnie Walker deve ser um de seus ídolos!
- Pois bem Senhorita Eu Sou Especialista em Whisky. Sente aqui do meu lado e me ensine tudo que você sabe! Começando pelo seu nome. Que seria?
- Verônica Maine, e ... - fui interrompida.
- Com certeza acompanhada de ... - interrompi.
- Minha melhor amiga, Charlotte Parker. Chamamos ela de Charlie.
- Muito prazer, Charlie! Sente-se com a gente. Tem espaço pra mais uma.
- Tudo bem, se você diz! - disse Charlotte se sentando e me olhando com aquela cara de "depois a gente conversa, certo?".
- Certo. Agora você me diz seu nome. - disse rapidamente antes que ele pegasse o copo.
- Nolan Fall. Dispenso comentários e piadas sobre o meu sobrenome.
E então nós rimos. Rimos durante toda a noite e até cogitamos a possibilidade de nos encontrar na outra sexta feira. No mesmo lugar. Com os mesmos copos de whisky.
- Mas dessa vez você bebe além de derrubá-lo todo em mim!
- Mais do que justo! - respondi.
Aquele foi o primeiro encontro entre mim e Nolan. Nolan Fall. A primeira vez que eu escutava aquele nome e parecia que nunca iria sair da minha cabeça. E eu estava certa, ele nunca saiu da minha cabeça, nem que eu quisesse. Tudo caminhava a mil maravilhas e eu nunca poderia imaginar o que o futuro me reservava. Havia um precipício. Um não, vários. Eu só não sabia como ultrapassá-los.
Um barulho me fez voltar da nostalgia em que me encontrava. Foi o barulho de minha xícara estilhaçando no chão. Pensar em 2007 me fez perceber uma coisa. Eu estou me enganando. Tirar Nolan da minha cabeça... isso, isso não vai acontecer. Mas eu tenho que tentar, ou eu vou viver nessa nostalgia petrificante pra sempre. Eu não vou permitir que isso me aconteça.
Fiquei em silêncio por alguns minutos. Geralmente o silêncio me confortava. Não deu certo. Não funcionou. A quem estou tentando enganar? Eu ainda o amo com todas as minhas forças.


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