Abandono Imprudente escrita por dyingbreed


Capítulo 2
Presa ao passado




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Foi depois de duas horas de trânsito que cheguei no meu trabalho. Atrasada. Isso nunca tinha acontecido antes! Acho que hoje o Sol nasceu pra me derrubar. Já não basta eu mal ter dormido essa noite? Aqueles velhos sonhos que eu mal lembrava, voltaram. Relapses entre pesadelos com meu pai e sonhos, se assim posso chamar com... com aquele cara. Acabei de me atrasar pro meu emprego e deveria estar preocupada com a bronca que vou levar do Sr. Trick daqui alguns minutos. Mas não, eu estou aqui, presa no passado.
Espera um pouco. O que ainda estou fazendo no carro? Mas que merda 
Verônica! Não presta pra porra nenhuma mesmo! Acalme-se. Me olho no espelho calmamente. Somente eu posso ver o desespero em meus olhos. Bom, isso é o que eu espero. Fiz um trabalho genial com minhas olheiras, até eu acreditei por alguns minutos que eu não as tenho. Mas tenho. Não culpo a mim. Culpo meu passado que não consigo esquecer. Parece que quanto mais eu tento afastar tudo isso de minha mente, mais perto ela chega de mim.
Já estacionei meu carro. Subo as escadas o mais rápido que eu consigo e entro pelas portas de vidro mais amedrontadoras pelas quais eu já passei. Foquei em um ponto e marchei rumo a minha sala. Não queria olhar pra ninguém naquele corredor. Tudo ali me 
soava falso de mais. O maior desgosto de minha vida era ter que passar por aqueles corredores. Eu podia sentir as vibrações, podia ouvir os comentários.
"Ah meu Deus, ela veio com o mesmo vestido 
de novo!", "Olha essas marcas na pele dela!" , "Alguém andou chorando!". Foi apenas isso que eu consegui escutar enquanto passava pelo corredor. Pode chamar de complexo de inferioridade ou síndrome de sei lá o que, mas a mim, essas pessoas não enganam. Eu reparei no olhar das secretárias, nos cochichos quando eu passo, nos bom dias acompanhados de sorrisos amarelos que não me servem de nada.
É injusto pra 
caralho isso. Ninguém me conhece de verdade por aqui. Acho que é por isso que eu sou tão assim, do meu próprio jeito. Incomunicável. Afinal, as pessoas não podem julgar o que elas não entendem. Minha vida é um mistério por aqui apesar de que misteriosa não é um rótulo que pode ser atribuído a mim. Sou reservada, isso eu posso afirmar. Não gosto que as pessoas saibam muito sobre mim. Esse pode ser o maior erro que eu cometo dia após dia. Mas assim eu vou seguindo.
Pode parecer 
clichê o que vou dizer mas, meu passado não é fácil. É algo possível de se esquecer mas, quando digo possível, não quero dizer fácil, não trate como sinônimos. O que quero dizer é que vários pedaços da minha vida que eu deveria ter deixado pra traz a muitos anos atrás ainda me atormentam. E o problema é que atribuo a simples detalhes, significados inimagináveis que somente eu sei.
Esse vestido? Surrado, desbotado e mesmo assim, o mais colorido que tenho em meu guarda roupa. Para as pessoas que me 
veem usando, ele é apenas motivo de piada. Será que essa garota não tem outra coisa pra usar? Bom, a verdade é que eu não tenho outra coisa que eu queira usar. Esse vestido, ah sim, esse vestido, ele tinha uma história pra contar. Uma história que eu, sinceramente, gostaria muito de esquecer. Mas o que faz parte da nossa história, não se apaga tão facilmente.


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Notas finais do capítulo

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