O Que É Amar? escrita por Hikari


Capítulo 3
Sete Dias.


Notas iniciais do capítulo

Ooi, gente!
Mais um capítulo para vocês. Espero que gostem. (:



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Silena se encontrava na casa de Annabeth, e nunca se sentia tão satisfeita consigo mesma. Ela havia acabado de tomar um banho frio e colocado um roupão que Annie a havia emprestado, ela sentia seu cheiro e sorria, alegre.

Agora, ela estava sentada em uma cadeira ao mesmo tempo em que Annabeth penteava seus cabelos com uma escova macia, Silena tombava sua cabeça, com sono. Não havia percebido o quão cansada estava desde quando ela chegou até aqui. Parece que havia se distraído tanto, que ao menos se deu conta que todos os seus músculos doíam fadados ao descanso.

Mas também não queria dormir, queria aproveitar o máximo de tempo que podia ter com ela. O único motivo pelo qual havia vindo. Aquela com que sempre havia sonhado conhecer e tocar.

E agora ela estava aqui, fazendo algo que Silena nunca sequer havia ao menos pensado que poderia acontecer –ou que nunca ousara pensar. Ela estava cuidando dela, e Silena estava com um sentimento incrível dentro de si.

-Então, Silena. –Annabeth começa a falar, olhando para ela pelo espelho, vendo como suas pálpebras quase se fechavam e quando elas realmente acabavam se fechando, ela dava pulinhos para se acordar. Annabeth achava graça disso, e tinha uma imensa vontade de rir, porém se conteve e deu apenas um sorriso sincero para a garotinha a sua frente. –Quantos anos você tem, mocinha? Dez? Onze? –ela brinca, sabendo que ela era muito menor do que isso.

Silena ri e força a abrir os olhos, acusando-se de ser tão fraca em se manter acordada.

-Eu tenho seis anos, ma... –ela para e se corrige. –Annie.

Annabeth parece não perceber o engano que ela cometera e Silena agradece por isso, sabia que se fizesse uma coisinha que poderia intrometer o tempo e espaço ela estaria frita. E os deuses acabariam com ela. Tinha que manter a promessa que havia feito.

Silena empertigou-se na cadeira, sem querer fazendo com que a manga do roupão que Annie lhe emprestara se levante, deixando assim que se mostre o hematoma que havia ganhado naquele dia, mas que não havia se deixado mostrar por medo de preocupá-los. Não queria causar estardalhaço ou problema para os pais... que não sabiam ainda serem seus pais.

-Silena! –Annie se apavora ao ver o machucado que estava com um intenso tom de roxo. –O que você fez?

Silena olha para onde ela estava olhando em pânico e percebe o hematoma, continua tranqüila e tenta acalmar a loira que estava espantada. Era apenas um machucado à toa.

-Não sei. –a pequena dá de ombros.

Annie balança a cabeça e corre para pegar uma pomada no banheiro.

-Às vezes você parece tanto com o Cabeça de Alga! –ela diz, enquanto se aproxima e agacha, olhando para o ferimento com uma preocupação exagerada. De alguma forma, ela sentia-se mais que responsável por aquela menina. Ela se sentia... Protetora quando era o assunto sobre Silena. Algo que a deixava um tanto desconfiada e confusa diante da garotinha.

Passando delicadamente o remédio gelado pelo hematoma, Silena a observa em profundo silêncio, começa a rir quando a substância pastosa entra em contato com a sua pele e quando Annabeth começa a espalhar pela região dolorida e suspira de alívio quando ela termina.

-Obrigada. –agradece deixando o braço erguido para que não melecasse o roupão que haviam emprestado a ela.

Annie apenas a olha, com evidente preocupação no olhar. Mesmo depois de ter passado a pomada e saber que Silena estava melhor, ela estava em choque por não ter percebido aquilo mais cedo.

-Não foi nada... Tente tomar mais cuidado da próxima vez, está bem? –ela adverte e Silena acena freneticamente para Annie, afirmando. Annie foi ao banheiro guardar a pomada que havia pegado e arrumar os outros remédios que, sem querer, deixara cair com o susto que tivera.

Annabeth ainda não conseguia entender o porquê de ter ficado tão preocupada daquele jeito com aquele pequeno machucado da pequena, afinal, quantos ela mesma acabava tendo em um dia? E ela ao menos olhava para eles.

Então por que ficara tão desesperada quando vira o de Silena?

Annabeth observou a menina balançando seus pezinhos no ar, sentada na cadeira que havia ajeitado para ela, sem conseguir alcançar o chão. Annie sorriu, estudando como a menina ficava quieta e comportada no lugar onde ela deixara, com o braço que havia passado a pomada, levantado, esperando que a substância secasse.

Annabeth aproxima-se da porta e começa a bisbilhotá-la enquanto ela estava sozinha no quarto, queria saber o que ela faria ali sem ela por perto, queria entender o que a pequena garota, que a havia chamado tanta atenção, pensava.

~~~~~~~~*~~~~~~~~

Depois de ter ficado por um bom tempo sentada, Silena fica entediada por ficar na cadeira sem fazer nada, nunca conseguia ficar parada no mesmo lugar por muito tempo, isso era algo irreversível, que nunca mudaria.

A pequena já sentia os braços dormentes por ter ficado tanto tempo levantado, ela lentamente o abaixa, abraçando-o e fazendo uma careta quanto sente uma pontada de dor nos músculos do braço.

Ela salta para o chão e olha para a porta onde sua mãe havia passado, vendo que ela ainda não chegara a pequena se aproxima do armário que tanto ficara curiosa em saber o que escondia – além das roupas, é claro.

Caminhando a passos curtos ela chega a seu objetivo, abre as portas do móvel e sente seu queixo cair quando seu olhar pousa no boné dos Yankees que sabia muito bem que sua mãe tinha, ela o pega com delicadeza, com medo de estragá-lo de alguma forma, ela toca na aba do boné e passa o dedo pelo seu tecido. Sabia o que ele fazia.

Uma vez, quando seu pai estava tentando encontrá-la no meio do jogo de esconde-esconde que estavam fazendo junto com seu tio Nico e a tia Thalia, que os havia visitado no acampamento com as outras caçadoras, ela consegue se esgueirar pelo chalé 3 e encontrar o boné da mãe que seu pai guardava perto da cama. Assim que ela o pega, ela sente a presença forte da mãe e quando vai experimentá-lo, ela sente algo acontecer. Quando vai olhar seu reflexo, ela não consegue vê-lo. Ela tinha desaparecido, apesar de ainda estar lá – de algum jeito.

Silena ri com a lembrança, tinha vencido, obviamente, e havia obrigado o pai a contar a ela sobre a mãe. Ele havia dito como seu riso era como vários sinos balançando ao som do vento e de como ela ficava linda com a blusa do acampamento. Aquele havia sido os melhores dias da vida de Silena, quando ela ficava no colo do pai escutando ele dizer de suas aventuras com ela, com sua heroína que nunca havia conhecido.

Mas agora ela conhecia. Ela a havia visto e tinha a tocado. Tinha até conversado com ela!

Por isso que a pequena temia ir dormir. Ela tinha medo de que tudo isso houvesse sido apenas um sonho. Um sonho bom demais para ter acontecido.

Com cuidado, Silena coloca o boné de volta onde encontrara. Sabia que tinha sido um presente de sua avó Atena para a mãe, e não queria desarrumá-lo depois no armário ajeitado dela.

Assim que coloca o boné no lugar, Silena varre com os olhos tudo o que se encontra por lá, com a ponta dos dedos desliza pelas roupas da mãe e encontra a camiseta do acampamento. Ela para na hora. Tira a roupa do cabide – tentando não cair, estando na ponta dos pés e se segurando na porta para conseguir alcançar a camiseta - e fica com os olhos brilhando imaginando sua mãe nela. Será que poderia pedir a ela para se vestir?

Passos a despertam de seus devaneios. Sua mãe estava vindo em sua direção, com uma expressão sorridente e travessa, estava confusa, mas ao mesmo tempo impressionada.

Silena estende a mão com a camiseta para que Annabeth possa vê-la melhor.

-Você poderia... colocar? –ela diz hesitante, com medo de a mãe recusar seu pedido.

Annie, devagar, inclina a cabeça para o lado, confusa pelo que a pequena havia lhe pedido.

Agacha até ficar da altura da garota, que agora implorava com o olhar e havia juntado as mãos em uma evidente suplica. Ela ri e tenta ainda entender o que a garota pensava.

-Está bem, se isso for lhe agradar... –ela diz, pegando a camiseta laranja e indo ao banheiro para se trocar, rindo pelos pulinhos de alegria que Silena havia dado.

Enquanto trocava-se, Annabeth não pode parar de pensar no que ela tinha acabado de ver.

O que a pequena Silena estava fazendo?

Annabeth não sabia, a única coisa que tinha absoluta certeza era do sentimento estranho que aparecera quando havia ouvido a sua risada e de como ela olhava com tanto interesse suas coisas, o que normalmente nunca acontecia por ela nunca deixar alguém pegá-las.

Algo estava acontecendo dentro dela, era como se ela conhecesse a pequena, mas não se lembrava de onde. E isso a atormentava de um jeito único.

Saindo do banheiro ela viu a garota sentada na cama, olhando para os lados e passando as mãos pela fronha da cama. Ela não a havia visto ainda e Annabeth pôde vê-la pegando seu travesseiro e o abraçando, respirando fundo e soltando um longo suspiro.

Ela começou a rir com a visão e Silena virou o rosto para ela, parecendo assustada. Ela soltou o travesseiro rapidamente e o ajeitou em cima da cama.

-Annie... –ela falou baixinho enquanto se levantava. –Você... está linda.

Annabeth riu mais ainda, fazendo com que a menininha corasse.

Ela não entendia, usava a blusa do acampamento quase todos os dias e, nessa altura, ela já estava surrada e velha. Não entendia como que a garota poderia ter ficado tão encantada com ela vestida daquele jeito.

Annie foi até a garotinha e a pegou no colo, a menina ficou assustada por isso e Annabeth riu da sua expressão, como alguém como ela poderia aparecer em sua vida? Aquilo era fantástico.

Logo Silena estava rindo, assim como Annabeth, ambas caídas na cama.

Então Annie tem uma ideia.

Ela vira-se para a garota e a pega, levantando-a no ar. A garota grita alto e começa a rir mais ainda, ela abre os braços e finge estar voando.

-Annie! –ela grita e a loira a desce. As duas ficam um momento ali, refletindo. Annie pensando o quanto o canto do riso da menininha a fazia sentir-se melhor e a garota pensando como aquele seria um dos melhores dias da curta vida dela.

-Bom, acho melhor nós nos prepararmos para dormir. –a loira finalmente anuncia, levantando-se com as mãos na cintura.

-Não! Não! –Silena fica alarmada, não queria ir para a cama. –Vamos brincar mais! Vamos!

Annabeth balança a cabeça, séria.

-Não, não podemos. Se não como conseguiremos acordar amanhã de manhã?

-Podemos dormir até à tarde.

Annie olha para a Silena sorridente e solta um sorrisinho.

-Não, querida. Podemos ir brincar amanhã de manhã, que tal?

Silena suspira, mas obedece. Sente-se feliz por finalmente ter que fazer o que a mãe manda.

-Está bem! –a pequena levanta-se da cama e segue para o banheiro, fechando a porta.

Annabeth fica surpresa por ela não ter insistido, arqueia a sobrancelha e vai arrumar a cama para as duas irem dormir.

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Quando Silena finalmente se aquieta na cama, assim que escuta a respiração rítmica e suave de Annie, ela fecha os olhos, ainda vacilante.

Estava cansada sim, mas agora, não conseguia dormir. O sonho não vinha.

O por quê? Estava temerosa, temerosa de acordar de volta em seu tempo e sem sua... mãe.

-Não precisa se preocupar tanto, sabe. –uma voz a sobressalta e Silena põe-se sentada assim que a escuta.

-Apolo? –sussurra no escuro, com os olhos arregalados. Era agora que não dormiria mesmo.

Na sua frente um brilho ofuscante aparece e ela cobre os olhos com a mão, assim que a luz diminui, ela vê Apolo sentado na cadeira giratória, girando e girando calmamente.

‘Será que ele apareceu para me levar de volta?’ Era o que ela pensava constantemente. Ela não deixaria, se fosse isso.

Mas dentro de sua cabeça ela só escuta uma gargalhada alta. Ela olha para a mãe que se vira para o lado e depois novamente para cima, fita Apolo que estava dando um ataque de risos.

-Quer parar de ser tão barulhento? –ela rala com ele.

-Opa! Desculpa aí. –Apolo levanta os braços em defesa, e Silena o manda um olhar matador que o faz calar no mesmo momento.

-O que está acontecendo? Por que eu estou aqui? –ela manda as perguntas que ainda não tinha certeza das respostas.

-Pensei que você já houvesse sacado. –Apolo retruca, parando de girar e olhando para ela, curvando-se na cadeira.

-Quer dizer que... –ela olha novamente para a mãe na qual dormia profundamente, ela não consegue terminar a frase.

Apolo assente com a cabeça e se levanta da cadeira, começando a andar no quarto com as mãos nas costas.

-Sim... Esse foi seu desejo, não é?

Silena ainda não compreendia. Ela inclina-se e toca nos cabelos de sua mãe, com cuidado para não a acordar.

-Mas... Por quê? –ela murmura para si mesma.

-Isso é para acontecer, e eu só dei uma mãozinha. –Apolo senta-se na beirada da cama e Silena o encara. –Apesar de os outros deuses não concordarem muito com a minha decisão...

-Então você sabia que isso tudo aconteceria...

-Eu sei de tudo, se esqueceu?

Apolo dava um sorriso aberto e aponta para si mesmo.

Silena esquecera-se de que ele era o deus das profecias também, e de que provavelmente sabia como tudo isso acabaria.

-Mas espera, e se eu... estragar tudo? –a menina engole em seco e as palavras ficam entaladas na sua garganta.

-Você tem que se lembrar do que dissemos antes, se não... –ele dá uma pausa e então prossegue. -Bom, você tem sete dias para fazer o que se deve. Era isso que eu precisava avisar.

Apolo suspira e vai até a porta.

-Aonde você vai? –ela pergunta, tentando o impedir.

-Estou com fome. –ele responde com as sobrancelhas levantadas e olhando a garota que havia ficado aflita de um momento ao outro.

-Mas... Como pode estar tão calmo?

Ele sorri e estrala os dedos fazendo com que as pálpebras da menina ficarem pesadas e ela cair na cama, adormecida.

-Você tem que seguir seu coração, Silena. –Apolo respira fundo e saí do quarto, indo rumo a cozinha. –E agora... Vamos ver o que temos para comer.


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Notas finais do capítulo

Prometo que irei postar o próximo assim que der, só não sei se vai dar para postar um por dia como estou postando... Já tinha esses três primeiros escritos e por isso que foi rápido. :D
Gostaram, ou não? Comentem e me digam. (: Obrigada a todos que estão acompanhando!



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