Hibari se levantou, pondo-se de frente para Dino, que ainda estava no chão à sua frente. Hibird assistia à cena de um galho de árvore próximo, enquanto cantada a única música que fora obrigado a decorar: Namimori Chuu.

Os olhos do pássaro notaram algo voando com velocidade na direção de seu dono.

– Hibari! Hibari! – a bolinha de penas tentou avisá-lo, mas o carnívoro não teve tempo suficiente para desviar.

Uma coisa redonda e rosa, cheia de espinhos, explodiu em fumaça após atingir o líder do comitê de disciplina.

– K-Kyouya? – Cavallone garguejou, observando a fumaça. "A Juunen Bazooka?!" pensou "Mas por que diabos ela estaria no parque e viria voando na direção do meu Kyouya..."

Os pensamentos de Dino foram interrompidos quando a fumaça se dispersou. Todos que se encontravam ali por perto ficaram no mínimo espantados. Hibird virou-se de costas para a cena, sentindo sua pureza se esvair.

– K-KYOUYA?! – Dino corou. Hibari de dez anos no futuro se encontrava em cima dele, corado com cara de uke e completamente nu. Ele olhou para os lados, tentando entender como o quarto de Cavallone se transformara no parque de Namimori de repente. Notou o que havia acontecido após ver seu tutor dez anos mais novo e mais patético, desesperado em baixo de si.

O Haneuma tirou seu casaco e o jogou em cima do mais novo - ou mais velho no momento - para cobrir pelo menos o que era necessário e se levantou, puxando-o junto.

Hibari encarou Cavallone e um sorriso de estupro surgiu em seus lábios.

– Vamos acabar o que começamos dez anos no futuro – disse.

Dino inclinou a cabeça para o lado e gaguejou um "eh?" confuso.

O Guardião da Nuvem andou vagarosamente - e sensualmente na opinião do italiano - até seu amante, lambendo seus lábios.

Cavallone arregalou os olhos ao perceber o que Kyouya quis dizer com "acabar o que começaram no futuro".

– EHHH??! K-Kyoya por mais que me doa dizer isso, não podemos fazer isso no parque! Vamos ser presos!!!

O presidente do Comitê de Disciplina encolheu os ombros despreocupadamente e colou seu corpo ao de Dino. O Hibari do futuro continuava menor que Cavallone, porém a diferença de alturas era menor que antes.

– Pouco me importa Haneuma, isso é um problema pra você e eu do passado.

Dino engoliu em seco e evitou pensar o quão pelado o seu aprendiz estava e o quão bela era a vista de seu corpo nu.

– Agora vamos, rápido – o menor empurrou Cavallone pro chão, derrubando-o, e se posicionou em cima de seu ventre menor.

– KYOYA NÃO, PELO AMOR DE DEUS NÃO ME ESTUPRA NO MEIO DO PARQUE, EU SOU KAWAII DEMAIS PRA MORRE NA PRISÃO, ROMÁRIO, CADÊ VOCÊ?!!!

Dino estava prestes a chegar na parte divertida do coito, mas foi interrompido por uma fumaça rosa que cobriu seu aluno de repente. Assim que esta começou a se dispersar, sentiu uma barra de metal gelada contra seu pescoço.

Encarou o filhote de carnívoro que se encontrava em baixo de si, completamente vestido, pressionando a tonfa contra sua garganta com uma expressão um pouco assustada.

– O que você estava fazendo comigo, Haneuma?! – rosnou.

– Eu, ahn... não está óbvio? – Dino piscou.

Cavallone saltou para trás para evitar o ataque veloz da tonfa do mais novo. "Vish" pensou "ele deve estar irritado...".

Notou que seu pupilo não estava olhando para ele. Apenas mantinha uma tonfa em frente ao corpo para evitar que o mais velho se aproximasse. Hibari encarava a parede, corado.

O italiano piscou.

– Kyouya?

– Cubra suas vergonhas, herbívoro idiota.

Dino piscou de novo. Aquela era provavelmente uma das reações que ele não esperava no momento.

– Ah! Hehehee... bom, não há necessidade disso já que daqui a cinco minutos você vai voltar...

– Eu não vou te evitar durante cinco minutos. Vista alguma coisa antes que eu te bata.

– Ehn, okay...

Fez-se um momento de silêncio enquanto o maior se vestia.

– Nee, Kyouya, onde você estava antes de ser atingido?

– Por que isso te interessa?

– Quero saber onde o Kyouya desse tempo foi parar.

– No parque de Namimori.

Dino engasgou.

– E-Em que parte do parque?!!

– Numa das mais povoadas, perto do lago...

Cavallone começou a entrar em desespero ao imaginar seu pupilo sem roupas aparecendo no meio de um parque, ou pior, no meio de uma multidão.

– ...com o herbívoro idiota.

– Eh? Você estava comigo?

– Infelizmente sim.

Dino suspirou.

– Espero que meu eu do passado possa fazer alguma coisa quanto a isso... – disse, apesar de ter um mau pressentimento.

Hibird cantava Namimori Chuu o mais alto que podia, tentando esquecer a cena impura que se passava atrás dele. A pequena ave mantinha os olhos fechados e se perguntava se cinco minutos realmente demoravam tanto a passar.

– K-KYOUYA, ESPERA – o pobre Cavallone tentava pensar em algum jeito de não ser estuprado pelo seu aluno, que já estava tentando tirar suas calças.

Os olhares de todos no parque quando se encontravam com tal cena se arregalavam. Mães corriam para longe dali tampando a visão de suas crianças, enquanto algumas desacompanhadas assistiam à cena com curiosidade.

Shoichi e Yamamoto ouviram os berros vindos daquela parte do local.

"Oh merda" pensou o ruivo "quem será que o Yamamoto acertou?". Seu estômago começou a doer com o pensamento.

Takeshi correu os olhos pelo parque tentando encontrar a bola. Ele ainda não tinha entendido o por quê de Irie estar tão obscecado com ela. No meio de sua busca, seus olhos se depararam com uma cena tão perturbadora quanto interessante. Shoichi resolveu seguir seu olhar quando, ao encarar o Guardião da Chuva, notara um certo espanto em sua expressão.

– Eh...

"AQUILO É O HIBARI?!" pensou Shoichi "NÃO, EU ESTOU PERDIDO, EU VOU MORRER, MAMÃE ME SALVA, CADÊ O LAMBO NUMA HORA DESSAS? EU POSSO POR A CULPA NELE..." o ruivo caiu no chão, apertando os braços contra sua barriga.

– Meu estômago... – gemeu.

– Eh...

– Ah, Yamamoto! – Dino o avistou – Me ajude aqui!!

– Eh... uh, parabéns...? Eu acho...

– YAMAMOTO ME AJUDA EU TO SENDO ESTUPRADO!!

– Vamos Shoichi – o jogador de baseball arrastou o ruivo pela camisa – não queremos atrapalhar, né?

– YAMAMOTOO – berrou Cavallone.

– Quieto Haneuma – rosnou Hibari – você está me irritando.

"QUANTO TEMPO O ROMÁRIO VAI DEMORAR PRA USAR O BANHEIRO?!" pensou Dino, quase aceitando a derrota.

Ouviu-se um "poof" e uma fumaça rosa envolveu o carnívoro.

Dino olhou para o pequeno Hibari em cima de si e piscou.

– K-Kyouya? – seus olhos percorreram todo o corpo do menor. Ele estava vestido, com as tonfas em mãos, e aparentemente sem muita sede de sangue. Cavallone suspirou.

– Onde está aquele herbívoro ruivo patético? – Hibari se levantou – Vou mordê-lo até a morte.

– Ah! Kyouya, e-espera aí. – o italiano pôs-se de pé.

O menor ainda não havia notado, mas o casaco de Dino continuava em seus ombros. Ele saiu correndo para a mesma direção onde Shoichi e Yamamoto haviam... fugido.

Hibird parou de cantar e voltou a encarar a cena. Seus pequenos olinhos pretos avistaram seu dono indo embora. Abriu as pequenas asas e alçou voo na sua direção.

– Ah, aquela fila estava enorme – disse Romário, aparecendo por entre as àrvores – espero que não tenha acontecido nada durante o momento que fiquei fora.

– Éh... não aconteceu nada – Cavallone disfarçou com um sorrisinho.

Romário olhou para os lados.

– Onde está o Kyouya-san?

– Ah, ele... foi fazer alguma coisa... para lá – apontou uma direção qualquer.

Romário suspirou.

– Bom, tanto faz, aqui – entregou a tartagruga para Dino – já falei para você não tirar os olhos dele. Vai que ele entra na água.

– Ah, obrigado. – ele pegou Enzo no colo – Uh, eu tenho que ir atrás do Kyouya.

Dizendo isso o italiano correu para onde seu pupilo havia ido.
"Espero que ele ainda não tenha matado ninguém" pensou.