O Verdadeiro Poder escrita por FP And 2


Capítulo 25
Invasão


Notas iniciais do capítulo

Olá novamnte, pessoas!!!
Desculpem o atraso, mas dessa vez fiquei sem net no FDS, só voltou hoje...
*
Boa leitura!!!



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Eram exatamente três da manhã quando uma dupla saiu sorrateiramente pela porta da frente da casa principal do clã Uzumaki, ambos encapuzados. Mesmo que disfarçassem suas aparências com Hange no Jutsu, seus chakras eram suficientemente conhecidos por todos os shinobis de Konoha, então a melhor maneira era suprimi-los quase totalmente e usarem roupas que encobrissem as aparências.

— Você tem certeza de que ele está mesmo em missão, Sasuke? — Naruto sussurrou, assim que pararam em frente ao apartamento do Copy Ninja.

— Ele disse que estaria, e não tinha por que mentir... — O moreno respondeu no mesmo tom.

— Anou... não sinto nenhum chakra vindo da casa, então ele deve mesmo estar fora... Vamos entrar e sair rapidamente, antes que chamemos a atenção de algum shinobi dedicado que esteja de vigília a essa hora.

Sasuke simplesmente assentiu e se abaixou em frente à maçaneta com um objeto pequeno e de formato estranho nas mãos. Enfiou a ponta aguçada na fechadura e mexeu algumas vezes, até ouvir um ‘click’ baixo. Levantou-se a abriu a porta com cuidado, mas rapidamente, e entrou, logo seguido por Naruto que a fechou com a mesma velocidade. Já dentro da casa, olharam em volta e viram que era um apartamento de tamanho médio, com uma decoração simples e quase nenhum objeto pessoal exposto. Da sala saiam duas portas, uma simples e outra dupla, de correr, e cada um se dirigiu a uma. A porta dupla, que Sasuke abriu, dava para uma cozinha pequena e funcional, com uma mesa de quatro lugares no centro. Sendo improvável encontrar o que procuravam naquele cômodo, o moreno juntou-se a Naruto, que estava ainda com a mão na maçaneta da outra porta.

Entreolharam-se e assentiram. Ao que tudo indicava, aquele era o quarto de seu sensei, e o lugar mais provável de encontrarem a tão amada coleção Icha-Icha de Kakashi. O loiro empurrou a porta devagar, pois ela não estava totalmente fechada, e deu um passo para dentro, parando imediatamente ao sentir algo duro bater em sua cabeça e depois fazer um surdo ‘toc’ ao cair no chão. Ambos olharam ao mesmo tempo para identificar o misterioso objeto e Sasuke abaixou-se para pegá-lo.

— Parece que tantos anos depois, Kakashi se vingou daquela brincadeira idiota. — O moreno estava se segurando muito para não rir da cara de indignação de Naruto ao perceber que era um apagador.

— Eu não acredito que aquele baka teve a coragem de roubar um apagador da academia apenas para devolver aqu... — Parou e olhou assustado para Sasuke, vendo que o mesmo pensamento ocorreu a ambos.

— Como ele...? — O moreno não chegou a completar a pergunta, pois diversas kunais foram arremessadas em direção a eles. Teve tempo apenas de empurrar Naruto para o outro lado do quarto, onde caíram sentados e ficaram com os olhos fixos nas armas cravadas na porta e nas paredes ao redor.

O loiro olhou na direção oposta e viu um pergaminho de selamento de armas colado aberto na parede.

— Não acho que aquela armadilha na porta tenha sido especificamente para mim... — Comentou, olhando em volta e procurando por outras. — Era mais uma espécie de gatilho para a armadilha real.

— Un. — Sasuke concordou. — Teremos que ser mais cuidadosos. Mas o que ele guarda nesse apartamento que é tão valioso para precisar de armadilhas?

— Shirimasen. Mas não estamos procurando nada valioso, então vamos continuar.

Sem dizer nada, mas muito mais atentos que antes, a dupla começou a vasculhar um armário, que parecia o lugar mais provável para encontrarem o que procuravam. Na porta aberta por Sasuke, encontravam-se vários livros e pergaminhos de jutsus, mas nada parecido com livros hentai. Naruto, com metade do corpo enfiado na parte do armário que lhe coube verificar, tentava empurrar caixas e roupas que se amontoavam de forma desordenada para achar algo parecido com livros em meio àquela bagunça. Ao ter certeza que não encontrariam nada ali, se entreolharam.

— Nai. — Disseram em uníssono.

Olharam novamente em torno, e estavam quase se dirigindo para outro lugar da casa para continuar as buscas, quando o olho treinado do Uchiha percebeu algo estranho. Dirigiu-se à parede ao lado do armário e passou o dedo por um relevo fino e comprido, como se fosse um barbante colado, da mesma cor da parede, e sentiu uma leve emanação de chakra.

— Tem alguma coisa aqui...

— Nanda ‘ttebayo?

— Parece algum outro tipo de armadilha, mas nunca vi nada assim antes. — Sasuke ainda analisava a área ao redor do fio, tentando encontrar alguma pista de seu funcionamento. Sentiu uma leve saliência na parede em um formato retangular, do tamanho de uma carta de baralho. — Tem algum tipo de jutsu escondido... mas por que aqui?

— Deve ter algum compartimento oculto... Não é possível que o Kakashi-sensei tenha montado essa segurança toda apenas para guardar aqueles livros! É maluquice!

— Também não acho muito possível... É melhor procurar nos outros cômodos.

— Aa!

Saíram do quarto e vasculharam metodicamente o resto da casa, inclusive a cozinha e o banheiro, mas nada encontraram. Naruto já estava entrando em desespero e Sasuke ficando muito irritado. Pararam frente a frente, novamente na sala da casa, e o loiro levou as mãos aos cabelos, puxando-os, para expressar sua frustração.

— Você acha que ele carregaria todos aqueles livros com ele para a missão? — Perguntou o Uchiha, quase tão frustrado quanto o amigo.

— Ele não seria tão pervertido... seria? Ninguém lê tão rápido! Imagino que para uns poucos dias, no máximo um ou dois.

— Concordo. Além disso, Kakashi não sai em qualquer missão. Deve ser Rank S, ou pelo menos A. Ele não teria tempo de ler muito.

— Un. Tem que estar aqui, em algum lugar. — Naruto mais uma vez olhou em volta e suspirou. — Só nos resta aquela armadilha no quarto. Kuso!

Mesmo sem querer bisbilhotar em nada que fosse de valor para seu sensei, a persistência e determinação dos dois amigos fora posta à prova, o que os fez se recusarem a deixar o apartamento sem alcançar seu objetivo. Pobre Kakashi...

Com a obstinação que lhes era característica aflorada, Sasuke e Naruto voltaram ao quarto e começaram a bater levemente, com as pontas dos dedos, na parede que continha o jutsu, até que o loiro encontrou um local, na parte de baixo da parede, que fez um leve som de madeira oca, o que não passou despercebido para o Uchiha.

— É aqui... mas não há nada que indique como abrir! — reclamou o loiro, joelhado em frente à sua descoberta, já pensando em quebrar a parede.

— Deve ter um jeito fácil, afinal, Kakashi não larga aqueles livros. — Sasuke também se abaixou ao seu lado. — Não tem sentido refazer toda essa segurança cada vez que for retirar um daí... se é que eles estão mesmo aí!

— Só pode ser! Não há outro lugar onde possam estar, já verificamos a casa toda.

— Nesse caso, imagino que para abrir esse compartimento devemos usar chakra. — Sasuke se aproximou do pequeno retângulo na parede e olhou para Naruto, esperando confirmação para prosseguir.

Eles não sabiam o que esperar, então era melhor que se preparassem para tudo. O loiro levantou-se e, antes de dar o sinal, pegou uma kunai e se pôs em guarda, para então acenar positivamente com a cabeça.

Assim que Sasuke tocou o retângulo com o dedo carregado de chakra, um pequeno estouro foi ouvido, seguido de uma minúscula nuvem de fumaça.

— Kutchiyose? — Naruto observava, esperando a fumaça se dispersar, mas em menos de um segundo, antes que isso acontecesse, o barbante preso na parede soltou-se como se tivesse vida própria e cresceu de forma incrível, transformando-se em uma espécie de corda viva que se enlaçou em Sasuke, prendendo-o totalmente. — Sasuke!... Pakun? — Realmente, quando se dispersou, a fumaça da invocação revelou o pequeno cão rastreador que ajudava Kakashi.

— Ele... não pode... nos ver... — Sasuke informou com dificuldade, pois tentava se soltar inutilmente. — Che*! Essa corda absorve chakra... não consigo me soltar... DESVIE!

O grito de Sasuke acordou Naruto, que ainda estava atordoado pela aparição repentina de Pakun. O pequeno buldogue farejava o chão, e se o moreno não houvesse avisado, teria trombado diretamente nas pernas de Naruto, que se esquivou.

— Ele não pode nos ouvir, nem farejar? — Pela primeira vez, o loiro encarou o amigo que estava deitado no chão e viu que ele estava com o Sharingan ativo.

— É um Genjutsu. — Explicou Sasuke. — Por sorte sou rápido, consegui pegá-lo assim que se materializou. Ele não pode nos ver, ouvir, farejar ou sentir, mas se houvesse trombado em você, sem dúvida perceberia que há algo errado, e então...

— Kakashi, você sabe que sou ocupado, por que fica me invocando à toa? — Pakun resmungou, cortando a explicação de Sasuke. — Mas tem algo errado... só não consigo entender o quê!

— Me solta logo daqui, usuratonkachi! — O Uchiha voltou a se debater. — Essa porcaria de corda está sugando meu chakra e enfraquecendo o Genjutsu!

— Hai! — Naruto se precipitou para o amigo, mas logo na primeira tentativa percebeu que com a kunai seria impossível cortar aquela corda. — Shimatta! Pelo menos se houvesse trazido alguma arma especial para trabalhar com a natureza do chakra...

— Minha katana! — Disse Sasuke se retorcendo para ficar de costas para o outro. — Mas ela aceita melhor o Raiton...

— Teme! Sabe que ainda não consigo controlar o Raiton muito bem... e se...?

— E se, nada! É uma das minhas naturezas, mesmo que me atinja, o estrago não será grande demais. Se apresse!

Mesmo contra a vontade, Naruto pegou a katana e eletrificou-a. No gostava de usar o Raiton, pois não conseguia controlar muito bem sua intensidade. De todos os elementos que podia manipular agora, era o que achava mais instável... Definitivamente combinava com Uchiha Sasuke.

Engoliu em seco e cortou o primeiro pedaço da corda, mas devido ao excesso do elemento que passou para a espada, acabou fazendo um pequeno corte no braço do amigo.

— Nani? — Pakun interrompeu a investigação que ainda fazia no quarto e se virou na direção dos dois como se houvesse vislumbrado alguma coisa estranha, pois com o choque, Sasuke perdeu um pouco o controle sobre o Genjutsu.

— Baka! Estabilize esse braço e corte de uma vez!

— Gomen!

Na segunda tentativa, apesar de ainda estar nervoso em usar o elemento, concentrou-se mais e, em um único movimento, conseguiu cortar tudo de uma vez, porém não sem um pequeno estrago: as mãos de Sasuke, que estavam presas nas costas, ficaram no caminho exato que a lâmina traçava, e por estar usando a luva clássica dos shinobis, com o símbolo de Konoha em metal, não se feriu seriamente, mas o choque que o contato da lâmina carregada de Raiton transmitiu ao seu corpo quando tocou o protetor foi o suficiente para fazer seus olhos lacrimejarem e seus cabelos, normalmente arrepiados apenas na parte de trás, ficarem praticamente todos em pé. Ainda tremendo pelo choque, o moreno virou-se em pequenos espasmos para o amigo.

— U-u-usuratonkachi! Vo-você es-está proibido de usar esse elemento até receber aulas minhas... — Sasuke disse com os dentes cerrados. — E ainda terá que me chamar de senpai!

Ver o Uchiha com os cabelos daquela maneira seria mais que suficiente para fazer Naruto cair na risada, mas ele tentava se controlar, até ver que pequenos tremores ainda percorriam o corpo do outro, fazendo um de seus olhos piscar descontrolado quando isso acontecia. Não aguentou e gargalhou alto.

Indignado com a reação do loiro, Sasuke deu-lhe um soco na cabeça, o que não foi suficiente para fazê-lo parar.

— Go... gomen ne, Sasuke... mas você precisa ver seu cabelo! — Tentou se justificar, massageando a cabeça, mas mal conseguia falar devido às risadas que não conseguia segurar.

— Nani? Se você estragou meu cabelo...! — Uma coisa que só foi descoberta por Naruto quando saíram na longa jornada, era a quase adoração que o moreno tinha pelo próprio cabelo. Por sorte ele não precisava fazer muita coisa para que ficasse como gostava, mas...

Algumas lembranças de fatos ocorridos há algum tempo vieram à sua mente.



“Aquele nukenin de Iwa estava conseguindo dar um pouco de trabalho... Além da enorme velocidade adquirida devido às técnicas de manipulação de peso, típicas da vila oculta da qual fugira, era um habilidoso espadachim, tão bom quanto Sasuke. Naruto e Sakura estavam fora da luta, pois uma armadilha, colocada habilidosamente em um país que não enfrentava nenhum conflito, quase feriu a kunoichi, mas esta foi salva pelo loiro, que recebeu um corte profundo na perna. Sasuke havia dito, antes de partir para a luta:

— Sakura, cure o Naruto, eu cuido desse baka!

E assim foi feito. Naruto observava o combate atentamente, enquanto a garota fazia um curativo para estancar o sangue e logo depois aplicava seu chakra para fechar a ferida. Sasuke estava obviamente em vantagem e logo capturaria o shinobi foragido, mas num movimento extremamente ágil, e evidentemente desesperado para acabar logo com a luta, o nukenin quase acertou o rosto do moreno, que desviou facilmente devido ao Sharingan, mas um dos lados de sua franja foi irremediavelmente perdido.

Para a sorte do oponente, o Uchiha não percebeu na hora o que havia acontecido, pois logo depois imobilizou-o e o arrastou até os outros dois.

— Er... Sasuke-kun, para que tanto trabalho? — Sakura olhava fixamente para o cabelo desigual. — Você poderia tê-lo derrubado facilmente com o Sharingan...

— Eu precisava voltar a lutar com a katana. — Ele fez o nukenin ajoelhar-se ao seu lado enquanto falava. — Estava ficando um pouco enferrujado...

— Mas tudo tem sua consequência, da yo ne? — Naruto se segurava para não rir daquela franja, que de um lado ia até o queixo, enquanto do outro estava aproximadamente na altura do nariz. — Gostei do novo penteado...

— Nani? — Sem entender o que os amigos olhavam tão fixamente, ele levou as duas mãos aos cabelos e finalmente percebeu o estrago que a luta lhe causou. Sem pensar duas vezes, virou-se para o nukenin, e proferiu apenas uma palavra entredentes, antes de partir para cima do outro: — TEME! — Foi totalmente inesperado o que aconteceu a seguir, pois Sasuke sequer parecia um shinobi, para a sorte – mais uma vez – do outro e dos amigos. Ele esqueceu-se completamente do Sharingan, do Chidori, da katana e de qualquer outro tipo de arma, desferindo soco atrás de soco no rosto do shinobi, até quase reduzi-lo a uma massa inchada e disforme. Naruto e Sakura tiveram um pouco de trabalho para impedi-lo de matar o rapaz, mas finalmente conseguiram.

Quando, já ao entardecer, Naruto voltou ao acampamento montado naquele mesmo lugar, depois de entregar o nukenin às autoridades competentes, encontrou o Uchiha com cara de quem cairia em prantos a qualquer momento, sentado em uma pedra, com Sakura à sua frente, segurando uma tesoura e falando como se fosse a uma criança:

— Vamos, Sasuke-kun, preciso pelo menos deixar os dois lados iguais... Seu cabelo crescerá logo...”



— Dobe! — A voz irritada de Sasuke o tirou de suas reminiscências. — Por que esse sorriso?

— Nai, nai! — O loiro o olhou ainda sorrindo e indagou: — O que faremos com Pakun?

— Posso mantê-lo assim por um tempo, mas ele saberá que estivemos aqui assim que o Genjutsu for liberado. — Sasuke olhou para o cão shinobi com as sobrancelhas franzidas. — Ele informará Kakashi e nosso plano irá por água abaixo. Se eu tentar manipular suas lembranças com o Mangekyou Sharingan posso fazer um estrago nada agradável...

— Naruhodo. Se pelo menos houvesse alguém... Já sei! — Naruto levantou-se e sem explicar nada ao amigo, entrou no modo bijuu. — Eu já volto!

— Chotto...! — O moreno tentou dizer alguma coisa, mas o outro já havia desaparecido. — O que vai fazer, dobe?

Nem um minuto havia se passado quando sua pergunta foi respondida. Naruto reapareceu segurando uma loira de pijamas e cara de sono ao lado, mas que logo foi desfeita ao olhar para Sasuke.

— Sem comentários, Ino! — O Uchiha a cortou, pois sabia que o olhava com os olhos arregalados devido ao cabelo em pé. Virou-se para o amigo, que já desativara o modo bijuu e perguntou: — O que pretende com isso?

Sem responder diretamente a pergunta, Naruto voltou-se para Ino, que ainda não sabia por que fora levada até aquele lugar.

— Você pode manipular a memória recente das pessoas, não pode? E descobrir o que elas sabem?

— Hai, mas por que... ei, esse não é aquele cachorrinho do Kakashi? — Só então a garota percebeu Pakun farejando o local, quase batendo em sua perna, o que não aconteceu por que Naruto a puxou para o lado. — Qual o problema dele?

— Não pode nos ver. — Sasuke foi conciso. — Genjutsu.

— Wakatta. Se vocês estão se escondendo dele, essa só pode ser a casa do Kakashi-sensei. — Comentou sem despregar os olhos do buldogue. — Estou errada?

Como silêncio foi a única resposta à sua pergunta, ela ergueu os olhos e percebeu que Naruto e Sasuke estavam presos em algum tipo de discussão sem palavras, apenas se encarando. Ficou claro para ela que o moreno não aprovava sua presença ali, enquanto o loiro discordava.

— Não adianta! — Finalmente Naruto disse alguma coisa em voz alta a Sasuke. — Por mais que você não queira, ela já está aqui, e é a única que pode nos tirar dessa confusão!

— Hum... Pelo que pude entender, vocês invadiram o apartamento do Kakashi-sensei e ativaram algum tipo de jutsu, da yo ne? — Perguntou a loira, querendo confirmar suas suspeitas.

— Hai... — Respondeu o loiro com a voz sumida. Sasuke apenas desviou o olhar.

— E então, Pakun foi invocado, certo?

— Hai... — Naruto murmurou ainda mais baixo.

— Agora, esperam que eu altere as memórias dele para não terem problemas?

Dessa vez, a voz sequer se desprendeu da garganta de Naruto, apesar dele ter aberto a boca com a intenção de responder. Com as perguntas de Ino, percebeu que chamá-la podia ter sido uma péssima ideia, pois estariam nas mãos da garota. Apenas meneou a cabeça afirmativamente.

— Ino, vai nos ajudar, ou não? — Sasuke cortou, pois não estavam com muito tempo para resolver aquele impasse.

— Tudo bem, mas com duas condições.

— Quais? — Revirando os olhos, o moreno percebeu que chagavam à parte que ele temia.

— Primeiro: quero que me garantam que o que querem aqui não será prejudicial à Konoha. — Ela disse isso olhando diretamente para Sasuke, que simplesmente bufou.

— É claro que não, dattebayo! — Naruto respondeu indignado, tanto pela insinuação quanto pelo olhar duvidoso ao amigo.

— Independente do que eu já tenha feito no passado, Ino, acha mesmo que eu conseguiria arrastar Naruto para algo assim? — O Uchiha respondeu calmo, mas com uma ponta de irritação. — Por mais que desconfie de mim, não acha que estender isso a ele é ridículo?

— Ha-hai... — Ino abaixou a cabeça envergonhada. — Gomen, Naruto-kun!

— Não acha que está se desculpando com a pessoa errada, Ino? — Com os cenhos franzidos, Naruto olhava da loira para o moreno. Estava irritado, pois pôde ver o que a garota não podia: a mágoa no olhar do Uchiha.

— Gomen nasai, Sasuke-kun.

— Daijoubu. — Respondeu seco, querendo mudar de assunto. — Qual é sua segunda condição?

A vergonha quase fez Ino desistir de sua segunda condição, mas a curiosidade falou mais alto. Respirou fundo para engolir o constrangimento e falou de uma vez:

— Quero saber o que estão procurando...

Loiro e moreno se entreolharam, mas sem surpresa, pois já esperavam por isso. Suas mentes trabalhavam rápido para tentar encontrar um meio de escapar daquela condição, mas logo viram que não teria jeito, precisavam contar. Naruto sentou-se no chão derrotado, a pouca distância de Sasuke, que tentava esquecer o constrangimento pelo que viria se concentrando apenas em manter o Genjutsu que prendia Pakun.

— A coleção Icha-Icha. — O loiro respondeu de uma vez, antes que perdesse a coragem.

— Pra quê vocês dois querem aqueles livros? — Ino perguntou perplexa. — É algum tipo de peça que querem pregar no Kakashi-sensei ou... — Ela nem terminou sua pergunta, pois a resposta ficou estampada no rosto dos dois, primeiro pelo corar suspeito que adquiriram nas faces, sem sequer se fitarem, depois pelo olhar perplexo que trocaram rapidamente quando ela mencionou que poderia ser uma brincadeira. Logo a mente super-imaginativa de Ino começou a juntar as peças do quebra-cabeças; primeiro os recentes relacionamentos iniciados pelos amigos, depois, vários acontecimentos do passado completaram o mosaico, entre eles fato de ambos sempre se preocuparem em ser poderosos, nunca tendo tempo para uma vida normal. — Eu não acredito! Vocês são virgens!

— INO! — Os dois gritaram em uníssono, completamente rubros.

— Por que não pensamos na desculpa da peça no Kakashi? — Sasuke resmungou, mas não baixo o suficiente para não ser ouvido.

— Ora, se era esse o problema, eu poderia tê-los ajudado... — A loira disse com um sorriso e tom maliciosos.

— INO! — Voltaram a repreendê-la, dessa vez chocados.

— Se a Hinata-chan, a Sakura-chan ou o Sai te ouvissem, nem todos os seus jutsus de alteração de memória poderiam te salvar... — Dessa vez quem resmungou foi Naruto.

— Hum... tenho certeza que eles me perdoariam... Não é todo dia que descobrimos ou temos a chance de fazer algo assim pelos shinobis mais bonitos, charmosos e gost...

— INO! — Dessa vez, ambos se levantaram, mas não conseguiram encará-la.

— Yare yare... vamos ao que interessa. O que querem exatamente que eu faça? É só a questão de alterar a memória do Pakun?

— Hai. — Naruto respirou fundo para se acalmar. — Por mais que Sasuke o tenha colocado em um Genjutsu, ele percebeu que havia algo suspeito, e mesmo que não houvesse, só o fato de ter sido invocado já mostra que tem alguma coisa errada. Queremos que você o faça esquecer que veio até aqui e também que tente descobrir o que ele está protegendo. Não queremos mexer em nada além do que viemos procurar.

— Yoshi. Deixem comigo. — Disse Ino aproximando-se dos dois. — Só cuidem do meu corpo enquanto eu estiver na mente dele... da maneira que quiserem!

— INO! — Mais uma vez eles gritaram, e só obtiveram como resposta uma risadinha maliciosa, antes da loira fazer um sinal com as mãos em direção a Pakun e seu corpo começar a cair, sendo amparado pelos dois.

O cão ninja parou de andar na mesma hora e se virou para os rapazes, antes de fechar os olhos. Ficaram observando enquanto a garota realizava sua técnica na mente do pobre buldogue.

— Essa foi uma das piores ideias que você já teve, Naruto! — Comentou Sasuke olhando desgostoso para o rosto da loira desacordada.

— Aa, mas a situação pedia medidas desesperadas.

— Ótimo! — Com um olhar sarcástico, o moreno deu um risinho debochado. — Não pedimos os livros emprestados por que Kakashi não manteria a boca fechada, e você vai pedir ajuda logo para a Ino!

— Ei! Eu posso ouvi-los, sabiam? — A voz grossa de Pakun chamou a atenção dos dois, que ao olharem na direção do cão o viram com o cenho franzido. — E façam silêncio! Preciso me concentrar para alterar a memória de maneira eficiente.

Sem dizer mais nenhuma palavra, Sasuke e Naruto aguardaram a kunoichi terminar a técnica, o que demorou por volta de cinco minutos, quando então a loira voltou para seu corpo e Pakun caiu desacordado.

— Ôe! O que fez com ele, Ino? — Naruto foi até o pequeno corpo inanimado.

— Daijoubu. Ele está apenas dormindo. Eu programei sua mente para que dentro de mais alguns instantes realize uma invocação reversa para voltar à sua própria vila. A propósito, ele não sabe o que deveria estar vigiando.

— Hum. Arigatou. — Sasuke disse, mesmo de má vontade. — Precisamos pensar no que fazer com o cheiro agora.

— Que cheiro? — Ino perguntou confusa.

— Nosso cheiro. Esses cães que Kakashi treina são especialistas em rastreamento e descobririam facilmente que estivemos aqui. — Respondeu o Uchiha.

— Sou da. — Naruto falou e olhou na direção onde estava o compartimento secreto embutido na parede, percebendo que agora exibia o contorno nítido de uma pequena porta. — Soredemo*, vamos ver se todo esse trabalho valeu a pena... — Enquanto falava, dirigiu-se ao compartimento e o abriu, atento para novas armadilhas, mas não havia nada. No pequeno espaço, enfileirados, os livros da coleção Icha-Icha, com um pequeno papel colado sobre eles. Puxando-o, percebeu que era um bilhete e o leu em voz alta:

— “Se conseguiram chegar até aqui, devo parabenizá-los. Nenhum gennin jamais teve a habilidade necessária para passar por minhas armadilhas. Independente disso, aviso que caçarei até o fim do mundo quem se atrever a tocar em minha preciosa coleção. Hatake Kakashi.” — Engolindo em seco, Naruto se virou para os amigos. — Teremos que bolar um ótimo plano para encobrir nossa pequena ‘visita’...

— Un. — Mesmo concordando, Sasuke não pôde deixar de completar: — Ainda não acredito que tudo isso era para proteger esses livros.

— Pelo jeito vocês não foram os primeiros a quererem se apoderar deles. — Ino observou pensativa, mas logo deu uma risadinha sacana. — Mas aparentemente, eram sempre gennins a tentar... sabem, garotos de doze ou treze anos. Vocês estão atrasados!

— INO! — Mais uma vez coraram pelo comentário inconveniente.

— Hai, hai. — Ela deu um sorriso largo para Naruto. — Mas não precisam se preocupar. Eu gosto de provocá-los, mas sabe que pode confiar em mim. E para provar isso, eu tenho o plano perfeito para encobrir nossa invasão.

— Honto?* — Sasuke tentou esconder a ansiedade na voz, mas falhou miseravelmente.

— Uma festa de aniversário.

— Nani? Mas o aniversário dele foi em setembro, e já estamos no final de janeiro! — Naruto ainda lembrava-se da data, pois sempre faziam uma pequena comemoração quando foram do Time 7 e do Time Kakashi.

— Eu sei, afinal, ele faz aniversário apenas alguns dias antes de mim, mas podemos fazer de conta que nos confundimos com o de outra pessoa... Já sei! O Sandaime fazia no início de fevereiro, é perfeito! Podemos preparar uma festa surpresa e convidar todos os nossos amigos para o dia em que ele voltar da missão. Todos os cheiros devem ser o suficiente para despistar Pakun e os outros cães.

— Não é uma má ideia, mas isso tem que ficar apenas entre nós. — Naruto já imaginava que seria difícil, mas não impossível. — Se Sakura ou Sai souberem, sem dúvida irão nos corrigir com relação à data.

— Daijoubu. Deixem tudo comigo, adoro preparar festas. — A loira já estava empolgada com a perspectiva. — Eu vou deixar tudo pronto, basta me avisarem no dia em que Kakashi-sensei voltar e o distraírem até que tudo esteja preparado.

— Eu farei isso. Deixarei um clone na entrada da vila para vigiar sua chegada. — Naruto declarou.

— Ino? — Chamou o Uchiha.

— Hai?

— Só não exagere nos preparativos. Não precisamos de outra festa como foi a de alguns dias atrás.

— Humpf! — Ela fez bico. — Estraga-prazeres!


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Notas finais do capítulo

* Che = interjeição de irritação, semelhante a droga!
* Soredemo = mas; porém
* Honto? = o que?
**PESSOAL, QUERO PEDIR UM FAVOR A QUEM ACOMPANHA A FIC, SE NÃO FOR INCÔMODO... HEHE
COMO EU AVISEI ANTES, JÁ ESTAMOS CHEGANDO NA RETA FINAL, E SE PUDEREM ME INFORMAR SE ALGUMA COISA (TRAMA, INCONSISTÊNCIA NA SEQUÊNCIA, EXPLICAÇÃO, ETC.) ESTÁ FALTANDO, EU FICARIA MTO AGRADECIDA.
*
KISU E JA NE!