O Verdadeiro Poder escrita por FP And 2


Capítulo 24
Doujutsus e Genjutsus


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!!!



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Naruto entrou na cozinha de sua casa com uma incrível cara de sono. Sasuke já estava sentado à mesa tomando seu café-da-manhã e ergueu uma das sobrancelhas ao ver o estado do amigo.

— Passou a noite em claro?

— Antes fosse... — Respondeu o loiro, sentando em frente a Sasuke e apoiando a cabeça nas mãos. Viu a expressão de incredulidade do outro e resolveu explicar. — A Hinata-chan dormiu comigo de novo...

— Isso não deveria ser uma coisa boa? — O moreno perguntou, segurando a vontade de rir. — Quero dizer, você não deveria estar mais... satisfeito?

— Não é o que está pensando, baka! — Respondeu irritado, quando percebeu onde o Uchiha queria chegar. — Se fosse como você está pensando eu estaria, mas acho que é um pouco cedo para isso. — Deixou a cabeça escorregar por entre as mãos e bateu a testa no tampo da mesa. — Imagine dormir com a Sakura-chan do seu lado sem poder fazer nada... — Ergueu os olhos levemente e encarou a face de Sasuke, que agora mostrava entendimento. — Não é fácil.

— Posso imaginar. Principalmente agora que conheci os pais da Sakura. — Fez uma careta. Era fácil para ele, antes de conhecer a família da garota, pensar em fazer algo a mais, porém agora, sentia que precisava respeitá-la. — Não queria estar em seu lugar.

— Você conheceu os pais da Sakura-chan? — Perguntou Naruto incrédulo. — Era esse seu compromisso de ontem?

— Não exatamente, mas acabou acontecendo. Onde está a Hyuuga agora?

— No banho. — Soltou um gemido estrangulado só de lembrar desse detalhe, arrancando uma risada de Sasuke. Olhou feio para ele. — Pode rir, logo será você, teme!

— Nem me lembre. — Fez outra carranca ao pensar nisso, mas que logo se desanuviou. — Mas acho que pode ser interessante. As coisas proibidas são as melhores, não é o que dizem?

O loiro soltou uma risada, levantou a cabeça da mesa e se serviu do que tinha ali. Nem percebeu o que pegava, estava preocupado com outro assunto, e resolveu falar com Sasuke sobre isso.

— Sasuke, você não está... er... preocupado com isso?

— Isso o quê, dobe?

— Sobre como vai ser... ah, você sabe! — Corou.

— Acho que sei ao que se refere. — O moreno ficou pensativo por um momento. — Mas é instintivo, da yo ne? Tirar a roupa, encontrar o lugar certo e...

— Sasuke! — Naruto repreendeu o amigo pela maneira de colocar as coisas, antes de completar: — Não acho que seja tão simples. Se fosse, o ero-Sennin não seria tão... focado nessas coisas. Pelo pouco que eu me dava ao trabalho de prestar atenção quando ele falava sobre isso, parece que não é tão fácil... satisfazer as mulheres quanto é para os homens.

— Sou ka? — Sasuke o olhou apreensivo. — Agora você me deixou preocupado... Mas pelo menos um de nós foi aprendiz de um ero. — Largou a xícara que tinha entre as mãos e cruzou os braços sobre a mesa. — Fale!

— Nani? — Demorou um pouco, mas finalmente entendeu o que Sasuke queria dizer. — Que parte do “pouco que eu me dava ao trabalho de prestar atenção” você não entendeu? Na época eu não me preocupava muito com essas coisas!

— Você é mesmo um usuratonkachi! — O olhou feio. Estava ainda mais preocupado, pensando em ‘chegar lá’ com Sakura e não conseguir satisfazê-la. De jeito nenhum que sujaria sua reputação com algo assim. Percebeu então que os dois ali podiam ser os shinobis mais poderosos atualmente, mas se tratando desse assunto, eram uma negação. Se preocuparam tanto em ter poder, cada um por seus motivos, que agora, num assunto que qualquer pessoa normal teria pelo menos um conhecimento razoável para começar, não sabiam o que fazer. — Odeio ter que admitir, mas precisamos de ajuda!

— Aa. — O loiro fechou os olhos, frustrado consigo. — Por que não aceitei as aulas do ero-Sennin quando tive a chance? Para quem podemos pedir umas dicas?

— Kakashi?

Se entreolharam, imaginando a possibilidade.

— Iieee... — Disseram em uníssono, meneando a cabeça veementemente. Naruto pensou um pouco.

— Tsunade baa-chan?

— ‘Tá doido, Naruto? — Sasuke ficou horrorizado. — Ela é mulher! Seria embaraçoso...

— Tem razão... alguém da nossa idade? Shikamaru já está com a Temari há um bom tempo...

Sasuke ficou pensativo, mas não se sentia muito à vontade em pedir esse tipo de conselho a alguém de sua geração. Seria humilhante admitir a outra pessoa além de Naruto que não entendia nada de sexo. Foi impedido de responder pela entrada do casal mencionado, deixando-o com um olhar perplexo.

— Ohayo, Naruto, Sasuke. — Temari cumprimentou sorridente, enquanto Shikamaru apenas dava um enorme bocejo.

— Ohayo, Temari. — Naruto sorriu abertamente, já esquecido do assunto que falava com Sasuke. — Dormiram bem no Naruto’s Hotel?

— Hai, muito! — A loira passou a mão sugestivamente no pescoço de Shikamaru, o que deixou os outros dois com uma certa inveja. — E vocês, gostaram do café-da-manhã?

— Foi você quem preparou? — Perguntou Naruto espantado. — Pensei que tivesse sido o teme!

— Não, quando desci já estava na mesa. — O Uchiha ainda tinha um ar perdido, como se não entendesse nada. Percebendo isso, Naruto resolveu explicar:

— Temari... e aparentemente Shikamaru também... estão hospedados aqui.

— Hum... — Sasuke não sabia disso, e muito menos o que deveria pensar. A casa não era dele afinal, mas não estava acostumado a receber ninguém. Pelo jeito teria que aprender a ser anfitrião.

— Eu queria apenas agradecer a hospedagem, por isso preparei o desjejum. Espero que tenham gostado. — A loira de Suna sorriu satisfeita.

— Estava ótimo, arigatou. — O moreno respondeu mecanicamente, o que ocasionou olhares duvidosos. — O que foi? Eu tenho educação, sabem?

— Isso pra mim é novidade... — Naruto comentou, debochado.

— A novidade não é você ter, e sim usá-la. — Completou Shikamaru, fazendo Sasuke fechar a cara. Temari simplesmente riu.

A loira estava feliz por estar ali. Agora que o mundo shinobi finalmente encontrara a tão almejada paz, estava se permitindo relaxar como nunca antes. Como irmã de um Jinchuuriki, cresceu tensa e arredia a todas as pessoas, se tornando até rabugenta na maioria das vezes. Mesmo agora, quando estava em Suna, não podia viver tão à vontade, já que era a irmã do Kazekage. Mas ali, entre os amigos de Konoha, pois era assim que os considerava, estava verdadeiramente se permitindo ser feliz. Gostaria muito de continuar ali, mas essa decisão dependia mais de Shikamaru do que dela própria. Pelo jeito teria que se empenhar mais, se quisesse que aquele acomodado tomasse uma decisão mais concreta.

— Ohayo... — Hinata apareceu na cozinha, corada por encontrar todos em volta da mesa. Apesar de seu relacionamento com Naruto não ser segredo para ninguém, ainda ficava constrangida pela situação.

Todos responderam, mas o loiro abriu um sorriso que a desnorteou. Puxou-a pela mão para que se sentasse ao seu lado e a beijou sem qualquer constrangimento, o que a fez corar ainda mais, apesar do sorriso feliz que manteve quando se separaram.

— Já está morando aqui, Hinata? — Temari perguntou, não para envergonhá-la, mas sim por seus próprios motivos, lançando um olhar especulativo a Shikamaru, que fez cara de paisagem.

A morena não soube o que responder e de vermelha, ficou pálida em questão de segundos, o que divertiu Sasuke.

— Ainda não, Temari. — Naruto respondeu, pois viu que a garota não conseguiria. — Hiashi-sama provavelmente me mataria se isso acontecesse tão rápido... — Ele sorriu e acariciou os cabelos de Hinata. — Aliás, por falar em rápido, ainda nem oficializamos nada... Aceita ser minha namorada, Hina-chan?

Hinata, apesar de não ser mais tão tímida quanto antes, ficou quase escarlate. Um pedido assim, sem a menor cerimônia, na frente de outras pessoas, era o que menos esperava logo no café-da-manhã, mas estava feliz que houvesse acontecido. Só esperava encontrar a voz para responder à altura.

— Ha-ha-ha... — Parou, fechou os olhos, engoliu em seco, respirou fundo e sentiu um leve tapa nas costas. Abriu novamente os olhos viu ser de Sasuke, que a olhava divertido. — Hai!

— Ufa! Até que enfim! — Comentou Sasuke, mas recebeu um olhar de repreensão de Naruto, então corrigiu: — Finalmente resolveu pedir oficialmente, dobe!

Foi impossível segurarem as risadas quando a pequena Hyuuga escondeu o rosto no ombro de Naruto, corando até a raiz dos cabelos.

— Ohayo! — Neji entrou na cozinha, acompanhado de Tenten.

— Vocês também? — Perguntou Sasuke espantado.

— Qual o problema Uchiha? — O Hyuuga ergueu as sobrancelhas pela recepção.

— Eles não dormiram aqui, se é o que está pensando. — Naruto logo esclareceu. — Pelo menos, eu acho que não... — Dessa vez os olhou em dúvida.

— Iie, não dormimos. — Respondeu Tenten, estranhando. — Quem dormiu aqui?

— Shikamaru, Temari e Hinata. — Disse Sasuke.

— E eu... — Disse uma voz inesperada, fazendo todos se virarem para a pessoa que acabara de entrar na cozinha.

— Sai? — Dessa vez até Naruto ficou espantado, pois não se lembrava de Sai ter ficado até tarde em sua casa. — O que faz aqui?

O rapaz deu seu sorriso falso e sentou-se ao lado de Sasuke, que se afastou um pouco, incomodado. Sempre achou seu substituto no time 7 meio esquisito.

— Eu cheguei tarde de uma pequena missão que tive ontem e fiquei aqui.

— Isso não explica muita coisa. — Disse o Uchiha.

— Eu só preferi ficar aqui com vocês, minha casa é um pouco solitária. — Sai comentou, como se fosse a coisa mais normal do mundo.

— Ehhh... — Naruto estava sem palavras. Já imaginava, pelo ocorrido na noite anterior, que não teria muita privacidade, mas não imaginou que seria tão pouca.

— As portas dessa casa não tem chaves? — Sasuke perguntou à Hinata, já que ela fora uma das responsáveis pela decoração.

— Tem, mas... todos nós temos uma cópia.

— Nani? — Se não fosse seu treinamento de anos em impassibilidade, Sasuke teria surtado. Tudo bem que ele também era um hóspede, mas pelo menos era convidado.

— Todos que ajudaram na construção receberam uma chave na época, para que pudessem vir sempre que precisassem, sem precisar incomodar outra pessoa. — explicou a Hyuuga.

Naruto e Sasuke se entreolharam. O loiro estava com vontade de rir da expressão assustada do outro, mas se conteve. Ele não estava incomodado com toda a convivência com os amigos, mas Sasuke parecia que sairia correndo e gritando a qualquer momento. No fundo, Naruto achava que isso seria bom para ele, forçando-o a aprender a ser menos antissocial e a se integrar mais com todos os outros, que também havia abandonado há tanto tempo.

— Anou, está quase na hora da reunião. — Naruto levantou da mesa se espreguiçando, para logo depois ficar sério. — Aki e o velho Kenichi devem chegar logo. Vamos nos reunir na biblioteca. Hina-chan, Neji, Tenten, vocês poderiam levar todos os pergaminhos para lá? Sasuke e eu vamos usar um selo no cômodo para não sermos interrompidos e os documentos ficarem seguros. Shikamaru, Karin também virá, você pode informá-los onde nos encontrar?

— Mochiron, Naruto-sama! — Shikamaru não pode deixar de implicar com o loiro, devido ao seu ar de seriedade, tendo a provocação respondida com Naruto mostrando a língua e saindo da cozinha, acompanhado por Sasuke. Os outros três também saíram logo em seguida, deixando ao redor da mesa apenas Temari, Shikamaru e Sai.

— Ele realmente amadureceu, mas fico feliz por ver que não perdeu seu jeito de garoto. — Temari comentou, rindo, assim que ficaram a sós.

— Tashika ni. Mesmo depois da guerra ele já havia amadurecido bastante, mas com esses anos fora da vila, voltou mais seguro e confiante. O tom de comando que ele usa sequer dá espaço a qualquer tipo de contestação. — Shikamaru deu um suspiro cansado. — Yare yare... tenho a impressão que ele será ainda mais problemático como Hokage do que Tsunade-sama.

— Naruto-kun é mesmo surpreendente. — Sai comentou, causando um sobressalto no casal. Ele estava tão silencioso que haviam se esquecido de sua presença. — Quando o conheci, não tive uma boa impressão, mas estava enganado.

— Digamos que a maneira que nos conhecemos não foi a melhor das apresentações, não é mesmo, Sai? — Comentou o Nara sarcasticamente.

— O que quer dizer? — Temari o olhou confusa.

— Sai nos atacou. A Naruto, Chouji e a mim. — Pela expressão curiosa da namorada, ele viu que teria que contar toda a história, e foi o que se pôs a fazer.

Enquanto Temari era inteirada da maneira como Sai entrou na vida deles, Naruto e Sasuke conversavam na biblioteca.

— Pronto. — O loiro disse ao fixar o último ofuda* de selamento em um local discreto entre as estantes vazias.

—Tem certeza? Esse tipo de selamento não é um pouco drástico demais para o que vamos fazer aqui? — Perguntou Sasuke em dúvida.

— Iie. O problema não é o que vamos fazer, mas o que vamos manter aqui. — Naruto estava bastante certo quanto a isso. — Todos os documentos são importantes e não quero correr riscos. Está pronto?

— Sempre. — O Uchiha respondeu, já colocando-se em posição, de costas para o loiro e no meio da sala.

Naruto fez alguns sinais de mão, sendo imitado nesses gestos pelo moreno, que logo em seguida ativou o Mangekyou Sharingan, que era necessário ao Fuuinjutsu que estavam preparando. O loiro o tocou nas costas e ele sentiu seu chakra sendo drenado e suas pernas vacilarem. Naruto o amparou e o fez sentar-se, terminando enfim a sequência de selos para completar o Fuuinjutsu.

— Definitivamente eu detesto esse jutsu! — Comentou Sasuke com a respiração pesada, enquanto Naruto sentava-se ao seu lado.

— Daijoubu. Dificilmente o faremos de novo.

— Assim espero! — O moreno resmungou, mas agora que estavam sozinhos, o assunto que tratavam antes de serem interrompidos na cozinha, voltou-lhe à mente. — Ei, dobe...

— Que foi, teme?

— Já pensou em uma maneira de resolvermos “aquele” assunto?

— Iie... se pelo menos o ero-Sennin ainda estivesse vivo... — Repentinamente seus olhos se arregalaram. — Mas é claro! Ele pode não estar mais aqui, mas deixou um legado muito bom sobre esse assunto!

— Do que você... — Sasuke também arregalou os olhos, se perguntando como não pensara nisso antes. — A série Icha-Icha!

Trocaram um pequeno sorriso malicioso, mas Naruto fez uma careta logo em seguida.

— Não posso sair para comprar esses livros!

— Por que não, dobe? — Revirou os olhos impaciente.

— Estão me observando demais ultimamente e eu não quero que a Hinata-chan saiba que comprei uma coisa dessas! — Fez uma expressão de sofredor. — E tem Hyuuga demais em Konoha para isso ser bom para minha integridade física!

— Que ótimo! — Sasuke foi sarcástico. — O que você acha que a Sakura faria se eu fosse comprá-los? Provavelmente você veria um Uchiha voador atravessando Konoha nas primeiras horas da manhã!

— Kuso! Tem que haver uma maneira... Kakashi-sensei!

— Doko*? — Olhou em volta procurando o sensei. Estava tão perdido em pensamentos que não percebeu que aquela era a resposta para a questão que os atormentava. — É isso, ele deve ter a coleção completa!

— Mas não podemos simplesmente pedir a ele! — Naruto bufou. — Aquele pervertido não sabe manter a boca fechada sobre certos assuntos. — Encarou Sasuke, estranhando o sorriso maldoso que se estampava no rosto do amigo. — No que está pensando?

— Ora, Naruto! Somos shinobis... podemos cometer uma pequena... invasão!

— Shikashi... mesmo sendo tão fortes quanto ele agora, talvez até mais, Kakashi-sensei nos pegaria na mesma hora e causaria problemas!

— Hum. Acontece que ontem, enquanto passeava com Sakura, o encontrei. Ele comentou casualmente que estará saindo em missão hoje, e que provavelmente demorará alguns dias...

Um sorriso tão maldoso quanto o do Uchiha estampou-se na face de Naruto, mas principalmente por imaginar o desespero de seu sensei ao descobrir o desaparecimento de sua preciosa coleção.

— Yosh’! Vamos fazer isso o quanto antes!

— Amanhã, antes do nascer do sol.

— Combinado!

Tocaram suas mãos fechadas em punho de maneira cúmplice. Inesperadamente, teriam uma missão rank S no dia seguinte, afinal, invadir a casa de um dos melhores shinobis de Konoha merecia essa classificação.

Ainda compenetrados, não perceberam uma batida discreta na porta. No momento seguinte ouviram a voz de Karin:

— Hinata, meu itoko pediu para nos dirigirmos para cá, então ele deve estar nos esperando. Vamos ent...

Antes que Sasuke ou Naruto tivessem tempo de dizer alguma coisa, a ruiva abriu a porta da biblioteca e entrou enquanto falava, parando logo em seguida e caindo ajoelhada. A caixa que levava foi ao chão espalhando inúmeros livros e pergaminhos, que saíram rolando. Seus olhos ficaram fora de foco e sua respiração acelerou, fora isso não mexia um músculo.

— Karin! — Hinata fez menção de correr até a amiga, mas foi detida pela voz de Naruto:

— Hinata, fique onde está!

A morena paralisou no meio de um passo e olhou assustada para o namorado, que levantou-se do chão com um salto e ajoelhou-se ao lado de Karin, que parecia em estado vegetativo.

— Anou... realmente funciona. — Comentou despreocupadamente Sasuke, olhando para a ruiva.

— Baka, espero que não tenha nada muito perturbador nesse Genjutsu! — Naruto se irritou com o comentário despreocupado de Sasuke, pois conhecia muito bem o poder do Mangekyou Sharingan.

— É difícil dizer... quando não sou eu a controlá-lo, pode ser diferente para cada pessoa.

— Teme, libere o jutsu.

— Não dá, dobe. — Sasuke arqueou as sobrancelhas. — Sabe que para finalizar esse Fuuinjutsu eu preciso de quase todo meu chakra. Você terá de fazer isso pelo meio normal...

— Hai, hai... — Bufando, Naruto liberou uma quantidade de chakra no corpo de Karin, que imediatamente começou a tremer e chorar, com o rosto enterrado nas mãos. — Karin nee-chan, daijoubu?

— O-o que aconteceu? — A ruiva perguntou entre soluços.

— Colocamos um Fuuinjutsu para proteger esta sala. Qualquer pessoa que entrar sem autorização cai em um Genjutsu, como se olhasse diretamente para os olhos de Sasuke...

— Demo... vocês me deixaram assim por horas!

— Iie. Foi menos de um minuto. — O Uchiha comentou casualmente. — O que você viu foi apenas uma ilusão. Em sua mente parecem horas, ou dias, mas na realidade alguns segundos são o suficiente para enlouquecer qualquer pessoa. Viver os piores momentos de sua vida de novo e de novo... É um poder cruel, mas bastante útil.

Apesar do tom leve empregado por Sasuke para explicar aquele jutsu, todos que o ouviam sentiram um calafrio. Ainda da porta, os Hyuuga e Tenten o encararam com cautela, e Uzumaki Aki em pânico.

O velho Uzumaki Kenichi, um senhor cheio de rugas, mas sem um único fio de cabelo branco dentre os vermelhos-escuro, arregalou os olhos, e antes que alguém pudesse impedi-lo, simplesmente passou pelos outros e cruzou a porta da biblioteca. Como escutara a explicação, não caiu como Karin, pois já estava preparado, mas revirou os olhos e começou a tremer visivelmente.

Os outros o olharam assustados e sem reação, pensando se aquele velhote seria maluco. Mesmo Sasuke apenas levantou as sobrancelhas. Quando grossas lágrimas começaram a sair dos olhos opacos de Kenichi, Hinata despertou do estupor que a acometia e disse em tom urgente:

— Naruto-kun, faça alguma coisa!

Acordado pelo apelo de Hinata, Naruto aproximou-se do ancião e forçou seu chakra para dentro do corpo trêmulo, assim como havia feito com Karin. Imediatamente o senhor perdeu a força nas pernas e teria ido ao chão, se o loiro não o houvesse amparado.

— Ojii-chan, o senhor enlouqueceu?

— I-iie... eu... queria entender... o poder do Sharingan... — Respondeu ofegante entre lágrimas e risos histéricos.

Sem entender o que se passava na cabeça do velho, Naruto o sentou no chão e se aproximou dos que ainda estavam na porta.

— Vou liberar a entrada de vocês... — Parou ao ver o olhar de pânico de Tenten e Aki. — Daijoubu, nada vai acontecer. — Ele aproximou dois dedos da testa de Hinata e introduziu uma porção mínima de seu chakra na garota. Ela respirou fundo antes de entrar, mas não estava em pânico como as outras duas, afinal confiava em seu namorado. Deu dois passos para dentro da sala e nada aconteceu. Naruto repetiu o procedimento em Neji e Tenten, que também entraram sem problemas. Na vez de Aki, ela o olhou assustada. Com um suspiro, ele pediu: — Confie em mim. — Vendo que ela apertou os olhos, mas não se afastou, tocou sua testa, porém a mulher não se mexeu. Colocou a mão delicadamente em suas costas e a incentivou a prosseguir, empurrando-a sutilmente, até que já estivesse dentro da sala, ainda com os olhos fechados. — Pronto!

Aki abriu os olhos e suspirou aliviada, mas ainda sem conseguir relaxar. A cena dos outros dois sendo tão facilmente derrubados e manipulados por um Genjutsu não lhe saia da mente.

— Se todos estão aqui, vamos começar a reunião antes que mais algum imprevisto aconteça... — Naruto fechou a porta da biblioteca, mas antes colou um ofuda do lado de fora da porta, com um kanji indicando claramente ‘selado’. Sabia que seus amigos não se arriscariam a entrar sem cautela em um ambiente com esse aviso. — Sentem-se, onegai.

Todos se acomodaram em volta da mesa baixa, onde Neji, Tenten, Hinata e Karin já haviam depositado as caixas contendo os pergaminhos, documentos e livros necessários à reunião.

— Antes de iniciarmos... — Tenten se pronunciou hesitante, mas logo completou com a voz alterada pelo nervosismo: — Que selo é esse que colocaram nessa sala, e o mais importante: QUE IDEIA FOI AQUELA DE ENTRAR SEM NENHUM CUIDADO, VELHO MALUCO? — perguntou já aos gritos, apontando para Kenichi.

— Maa, Tenten! — Neji falou em voz baixa, segurando na mão da garota.

Sem saber quem deveria responder primeiro, Naruto e Sasuke se entreolharam. Sabiam que deveriam explicar o selo para as pessoas que agora frequentariam aquela sala. Pensando nisso, o moreno tomou a palavra:

— Esse Fuuinjutsu foi desenvolvido por Naruto e por mim enquanto estudávamos os métodos de selamento dos Uzumaki em Suna. — Olhou para o loiro, que fez um leve gesto para que prosseguisse. — Ele é baseado em um método que consiste em manipular Ninjutsus para que sejam liberados ao selo ser rompido. Nós o adaptamos para que pudéssemos selar um Genjutsu, no caso o que eu utilizo com o Mangekyou Sharingan, que faz a pessoa afetada viver suas piores lembranças repetidamente sem chances de liberar-se sozinha. Para que alguém possa entrar aqui sem ser afetada, deve receber um mínimo de chakra de uma das pessoas que realizaram o selamento, ou seja, Naruto ou eu.

Houve uma pausa, enquanto todos absorviam essa informação, que foi interrompida por Aki:

— É um Fuuinjutsu impressionante. — Ela olhou com um pouco de receio de Sasuke para Naruto. — Meu sofu* me falou desse tipo de selamento, mas pelo que sei é muito difícil de ser realizado. Segundo alguns documentos que tenho, foi tentada a captura de Genjutsu para ele, mas isso se mostrou impossível!

— Impossível, não. Só um pouco mais difícil... — Naruto respondeu sem jeito. — Certamente eu não teria conseguido desenvolvê-lo sem o Sasuke. Talvez nem seja possível com outro tipo de Genjutsu.

— Certo, já sabemos que meu itoko é surpreendente. — Karin interrompeu, ao ver que Aki abria a boca para dizer mais alguma coisa. Sua voz estava trêmula, demonstrando o quanto ainda estava abalada com aquela técnica. — Mas, Kenichi-san, por que entrou daquele jeito? Foi muito perigoso!

Todos voltaram seus olhos para o velho, e suas expressões variavam entre pena, indignação e espanto, pois ele começou a rir.

— Naruto, tem certeza que foi uma boa ideia pedir a ajuda desse velho? — Sasuke sussurrou para que apenas o loiro ouvisse. — Ele me parece meio...

— Aa... estou começando a achar que não foi! — Respondeu no mesmo tom, mas logo se calou, pois Kenichi começou a falar alegremente:

— Gomen ne. Sei que os assustei, mas imaginei que seria uma oportunidade única para conhecer o poder do Sharingan... não estou certo, meu jovem? — Perguntou diretamente a Sasuke, que resmungou:

— Provavelmente eu diria que sim, mas está me dando uma vontade imensa de deixá-lo preso em um Genjutsu pelos dias que lhe restam...

— Posso imaginar, pela sua expressão. — Kenichi riu mais uma vez. — Devo dizer que seria um sonho realizado, poder terminar meus dias dessa maneira... — Dessa vez, ninguém sequer tentou disfarçar, pois o olhavam como se ele tivesse dito que queria ter um braço arrancado. — Não me olhem assim. Vocês ainda são jovens demais para entender a fascinação de um velho ao se deparar com a oportunidade de conhecer em primeira mão uma coisa que estudou durante toda a vida, porém sem esperanças de vê-la... Como devem saber, eu sou um estudioso dos jutsus oculares. Realmente eu comecei pesquisando Genjutsu, mas me deparei com feitos tão impressionantes por parte dos usuários de Doujutsu, que me dediquei inteiramente a isso. Já me perguntaram se não é monótono o assunto por serem poucos os jutsus oculares conhecidos, sendo que os mais poderosos e intrigantes se encontram em Konoha. Existem outros, tão raros que a maior parte é descartada meramente como lenda, mas os principais, sem dúvida, são o Sharingan e o Byakugan. Agora o Rinnegan também entra nessa lista. E todos reunidos em uma só vila oculta... é realmente maravilhoso. Quando surgiu a oportunidade de me mudar para cá, voltar a fazer parte de um clã, e ainda ter a chance de conhecer os usuários desses Doujutsus... mesmo que eu não tivesse mais minhas pernas e braços, daria um jeito de vir, nem que fosse me arrastando com os dentes. Eu nunca tive a habilidade necessária para me tornar um shinobi, apesar de ser um Uzumaki, mas podem ter certeza que, em se tratando de conhecimento de Doujutsu, ninguém me supera. Já há muitos anos eu havia descoberto que o Rinnegan é a ultima evolução do Sharingan, mas ninguém me deu ouvidos. Disseram que era mera especulação.

— Como foi que você descobriu isso? — Sasuke perguntou, estarrecido. — Ninguém sabia disso até a última guerra!

— Ah, isso... Eu tive meus contatos. — Kenichi deu uma risadinha divertida. — As pessoas sempre respeitam os estudiosos. Nos chamam de sábios ou eruditos, quando na maior parte do tempo somos apenas... curiosos! Mas eu também sei guardar segredos, não se preocupem. Caso contrário poderia prejudicar muitas pessoas por terem falado com um desconhecido ou mesmo dado acesso a documentos e informações que eram restritos apenas aos clãs.

— Isso é preocupante. — Comentou Neji encarando o velho, mas logo voltando seu olhar a Naruto. — Espero que você possa conter esse senhor, sendo agora parte de seu clã.

— Daijoubu, Neji. — Respondeu com um meio-sorriso, mas se virou com uma expressão que poucos tiveram a oportunidade de ver para Uzumaki Kenichi. — Ele vai se comportar.

O velho senhor sentiu um arrepio desagradável. Sempre ouviu falar da simpatia e bondade do jovem líder Uzumaki, mas naquele momento percebeu o que poucos, e na sua maioria impedidos eternamente de expressar uma opinião, tiveram a oportunidade de conhecer: o lado impiedoso de Naruto.


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Notas finais do capítulo

* Doko = onde
* Ofuda = para quem não conhece o termo, ofuda é um tipo de fórmula de um jutsu, encantamento ou selo escrito em um pedaço de papel específico para esse fim.
* Sofu = avô (de quem fala)