O Verdadeiro Poder escrita por FP And 2


Capítulo 22
Em Uzuchio


Notas iniciais do capítulo

Yo, minna!!!
*
Depois de tanto tempo, finalmente estou de volta com mais um cap... não! eu não abandonei a fic!
Mas sabem como é... final de ano, festas... e uma viagem com tudo pago não é de se desprezar...hehe
*
Desculpem o abandono, prometo que não faço mais...
*
Boa leitura!!!



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— Hiashi-sama! Gomenasai! — Naruto finalmente conseguiu destravar e viu logo a tragédia que a brincadeira dentro de casa havia causado. Nada pior que, na primeira visita seu, com sorte, futuro sogro, tomasse um banho assim que chegasse. — Olha o que você fez, Suigetsu!

— A culpa é minha agora? — O rapaz deu de ombros. — Quem mandou desviar?

Neji e Hinata apenas observavam a situação em choque. Pareciam esperar que um raio os atingisse a qualquer momento. Ou a ira de Hiashi, pois era quase a mesma coisa.

Naruto ia observando a face do líder Hyuuga se colorindo aos poucos, primeiro um rosado leve, depois um vermelho intenso, chegando depois quase ao roxo, e se perguntou se essa habilidade de corar de maneiras extraordinárias seria mais um legado Hyuuga, tanto quanto o Byakugan. Ainda observava fascinado aquele espetáculo, quando a voz de Hiashi o despertou de seu transe.

— Naruto... — A voz do mais velho estava baixa e séria.

— H-hai, Hiashi-sama? — Naruto engoliu em seco e podia jurar ter ouvido esse mesmo som vindo de várias direções, como se as pessoas que assistissem a cena tivessem a mesma reação.

— Eu não vim até aqui para tomar banho, independente do calor que esteja fazendo... — Hiashi completou calmo, deixando Naruto corado e Neji e Hinata completamente embasbacados. — Precisamos tratar de determinados assuntos...

— Mochiron, Hiashi-sama, mas antes... — Naruto fez alguns selos e seu corpo começou a brilhar com o chakra de Kurama. Ele direcionou um fluxo constante do poder emanado ao líder Hyuuga, que em poucos segundos ficou seco. — Assim é melhor!

— Também acho, além de ser prático... — Hiashi comentou, analisando suas roupas. — Pelo que vejo, progrediu muito no controle de seu poder, Naruto...

— Tashika ni... Era o mínimo que eu poderia fazer, estando tanto tempo longe de Konoha. — O loiro coçou a cabeça e riu constrangido, desativando seu modo bijuu. — E mais uma vez, gomen pelo banho.

Hiashi viu a filha e o sobrinho na varanda e os cumprimentou com um aceno de cabeça.

— Hiashi-sama... — Neji fez uma ligeira reverência e ficou aguardando, como se esperasse licença para se retirar ou cumprir o que quer que fosse ordenado.

— Otou-san. — Hinata imitou o gesto do primo, mas não conseguiu esconder o desconforto por ser encontrada ali, permanecendo de cabeça baixa.

— Talvez seja um pouco precipitado, — Hiashi voltou a se dirigir a Naruto — afinal você voltou apenas ontem, mas eu gostaria de saber se descobriu alguma coisa sobre aquele assunto que tratamos antes de sua partida.

— Encontrei sim. Planejava procurá-lo ainda hoje para falar sobre isso. — Repentinamente o loiro ficara sério. — Melhor entrarmos para falar sobre isso. Douzo*.

Naruto foi na frente, e ao passar por Neji e Hinata fez sinal para que eles os seguissem. Os outros shinobi que estavam na sala voltaram a atenção para o quarteto quando estes adentraram a casa, mas nada disseram. Apenas Sasuke olhou interrogativamente quando eles se dirigiram ao andar superior, e percebendo isso, o loiro soltou por cima do ombro:

— Sasuke, cuide bem das visitas, afinal você também mora aqui, mesmo que temporariamente...

Ao chegar no corredor do andar superior, Naruto agradeceu mentalmente a brincadeira com os Hanges, já que assim ficara conhecendo muito bem a casa. Só esperava que não houvesse nada de muito estranho na biblioteca, que era para onde se dirigiam. Abriu a porta e olhou discretamente em volta. Caso encontrasse sinais de que algo de anormal acontecera ali, esperava ter tempo de esconder o que fosse antes de Hiashi perceber, mas não foi preciso. Aparentemente ninguém havia usado a biblioteca para dormir ou coisa pior.

— Entrem. — Ele deu passagem para os Hyuuga e em seguida fechou a porta. — Fiquem à vontade, Hiashi-sama, Neji, Hinata. — Por mais que tentasse se manter calmo, sua voz tremeu ao se dirigir à garota. Não tinha problemas em assumir um relacionamento, mas não sabia se estava preparado para informar o pai dela sobre o fato.

Os quatro se sentaram em volta de uma mesa baixa, que, junto com as almofadas que a rodeavam, era a única mobília do local, fora as estantes de livros, parcialmente ocupadas.

Como não estava acostumado a receber visitas, fosse ou não em ocasiões sérias, Naruto se lembrou com um pouco de atraso das formalidades.

— Aceita beber alguma coisa, Hiashi-sama?

— Arigatou, Naruto, mas não. Prefiro ir direto ao assunto que me traz aqui, se não se importa.

— Mochiron. — Ele abaixou a cabeça um pouco e preferiu começar a conversa. — Sei que vocês têm muitas esperanças de podermos resolver logo aquela questão, mas infelizmente, acho que não será tão fácil. — Ele ergueu novamente os olhos e encarou Hinata por um momento, antes de voltar os olhos para Hiashi. — Depois do que me pediram, não demorou muito para encontrarmos as ruínas de Uzuchio. Na verdade, o local onde enfrentamos Orochimaru ficava bem próximo de lá. — Naruto pôs-se a contar o que houve no dia em que encontraram o lugar.



“Depois de dois dias vasculhando um perímetro estabelecido de acordo com os mapas que carregavam, Sasuke avistou ao longe o que parecia um amontoado de pedras em uma grande planície, com forma geométrica.

— Naruto, acho que encontrei. — Disse, apontando em direção ao horizonte. — Não há mais nada na área, deve haver algum tipo de Fuuinjutsu, mesmo nas ruínas.

— É provável. — Comentou Sakura se juntando aos dois sobre uma elevação. — Mesmo não sendo mais uma vila oculta, se havia um selamento de proteção em torno do local antigamente, deve ainda fazer efeito.

— Não teremos certeza até tentarmos entrar. Ikisho, ‘ttebayo!

Naruto seguiu à frente. Depois de mais algum tempo caminhando, chegaram onde provavelmente seria a entrada da cidade. Sasuke estava certo ao dizer que não havia nada no local. Apenas plantas rasteiras e árvores mortas ocupavam a enorme área onde antes era Uzuchio. Em um pedaço de rocha, que anteriormente deveria ter feito parte do muro de proteção da cidade, estava entalhado um desgastado símbolo do clã Uzumaki. O loiro abaixou-se ao lado do símbolo e o tocou pensativamente, enquanto analisava os arredores.

— Estou sentindo a presença de chakra... — Sasuke disse, num sussurro — mas não de uma pessoa. Isso é estranho.

— Também sinto. — Naruto concordou. — Parece como uma presença que se materializa através de chakra... Já vi isso antes.

Ele pensava em quando encontrou seus pais. Não era uma presença física real, mas podia tocá-los e sentir suas ações normalmente. Não sabia se era possível esse tipo de selamento de chakra em um objeto inanimado, apesar de serem comuns em pergaminhos, porém seu clã era especializado nesse tipo de coisas, e sabia que deveriam estar preparados para algum tipo de confronto.

— Naruto... — A kunoichi murmurou preocupada. Sasuke também estava tenso ao seu lado.

— Aa, eu sei, Sakura-chan.

O que os três temiam foi sentido antes de ser visto: uma presença, não muito humana, materializou-se, próxima de onde se encontravam. Olharam na direção da vila. Nada viram, mas permaneceram em alerta.

— O que vai fazer, Naruto? — O Uchiha sussurrou.

— Precisamos prosseguir. Seja o que for, não está se preocupando em esconder a presença, então deve nos atacar apenas se entrarmos. — Lembrou-se dos pergaminhos que tocou na residência dos Hyuuga e completou: — Fiquem atrás de mim. Devo ter alguma vantagem por ser Uzumaki.

Dizendo isso começou a adentrar a antiga vila, seguido pelos outros dois, que olhavam em volta desconfiados. Cada um conhecia bem seu próprio poder, porém não sabiam o que teriam que enfrentar. Em se tratando de Fuuinjutsu, imaginavam que muita coisa desconhecida do mundo shinobi poderia ser usada pelos Uzumaki. Assim que cruzaram um resto de madeira podre, que deveria ter sido um dos portões de entrada da vila, a presença que vinham sentindo, fez-se visível. Era um rapaz que aparentava uns vinte e cinco anos e cabelos vermelhos repicados na altura do ombro.

— Yo! — Sua voz era calma e baixa. — Sou Akio. Infelizmente não posso lhes dar as boas-vindas... preciso pedir que se retirem das terras de Uzuchio.

— Quem... ou melhor, o que é você? — Naruto perguntou, pois sentiu que aquele rapaz à sua frente não era uma pessoa normal e tinha um chakra extremamente poderoso.

— Sou protetor de Uzuchio. Meu chakra está selado na vila, para impedir que forasteiros indesejáveis a invadam e tentem se apropriar de nossos segredos. — Respondeu Akio, porém com uma expressão curiosa. — Quem é você? Sinto um chakra familiar...

— Sou Uzumaki Naruto.

— Uzumaki? — O ruivo o olhou surpreso. — Isso explica... estão você não é exatamente um forasteiro e eu não preciso te expulsar, mas te aviso que em alguns locais da vila existem outros protetores... dependendo de onde tentar entrar, pode ser atacado. Sayonara! — Enquanto falava, sua imagem foi ficando mais e mais transparente, até sumir completamente na última palavra.

— Nani...? Ôe! Pra onde ele foi? — Naruto não se deu ao trabalho de olhar em volta, pois sentiu o desaparecimento completo do chakra que compunha Akio. — Kuso! Ele poderia ter dado mais informações!

— Não sei se adiantaria. — Disse Sasuke olhando ao redor. — Nunca imaginei que uma incorporação de puro chakra pudesse ficar biruta, mas parece ser o caso agora.

— O que quer dizer, Sasuke-kun? — Sakura percebeu que o rapaz tinha o Sharingan ativo e olhava os arredores atentamente.

Naruto também olhou o outro, mas parecia saber o que ele queria dizer.

— Maa na... não há nenhum lugar aqui para ‘entrar’.

Mesmo quase perdendo as esperanças de encontrar algo útil, Naruto determinou que deveriam explorar a vila destruída. Agora não era apenas a questão de aprender sobre Fuuinjutsu, mas principalmente cumprir o que se comprometeu a fazer para os Hyuuga. Eles se separaram e vasculharam cada canto. Quando a noite chegou, montaram acampamento e se instalaram ali mesmo, para continuar as buscas no dia seguinte.

Dessa forma, dois dias inteiros se passaram. Sasuke encontrou os escombros do antigo prédio Uzukage na manhã do terceiro dia e enviou um bushin para informar Naruto e Sakura. Eles chegaram quase ao mesmo tempo e começaram a vasculhar os escombros. Não havia realmente nada de pé, e os poucos pergaminhos que encontraram estavam tão podres que era impossível lê-los.

— Não há nada aqui, Naruto... — Sakura disse desanimada, depois de já terem vasculhado quase tudo. Sasuke estava mais afastado e ia aos poucos destruindo uma parede de pedra, tombada, mas quase inteira.

— Não se precipite, Sakura. — A voz do Uchiha se fez ouvir. — Acho que encontrei alguma coisa.

Naruto se aproximou rapidamente seguido pela garota, e puderam ver o que parecia uma caverna subterrânea. A porta dupla de um alçapão ainda podia ser vista, podre e quase completamente solta das dobradiças. Uma escada de pedra coberta de limo desaparecia nas sombras abaixo.

— Yoshi. Se procurávamos um lugar para entrar, encontramos... — Naruto disse sem a empolgação costumeira. A verdade é que estava preocupado com o que os esperava ao adentrar aquele lugar. Olhando melhor, pode perceber que não era uma caverna, e sim um tipo de sala escavada na rocha. O limo e o mato que tomaram conta da sala davam a impressão de um local natural, mas era muito simétrica, mostrando que fora construída com um propósito. Os três abaixaram-se em torno do buraco que a porta apodrecida deixava livre e tentaram enxergar qualquer coisa lá dentro, mas era impossível. Fora a réstia de luz que entrava através do espaço aberto por Sasuke, tudo o mais se encontrava em total escuridão. — Acho melhor eu entrar sozinho.

— De jeito nenhum, usuratonkachi! — Sasuke sussurrou em um tom tão alarmado, que fez os outros dois o olharem espantados. — Não vou correr esse risco.

— Que risco, teme? — Naruto olhava a face do amigo um pouco corada e percebeu que ele estava evitando olhá-lo nos olhos.

Sakura também percebeu o constrangimento e decidiu ajudá-lo:

— Sasuke-kun está certo. Depois de tudo o que passamos, não correremos o risco de perder você selado em um Fuuinjutsu de seu próprio clã. Nós vamos juntos!

Um suspiro profundo e um sorriso fraco foi a única coisa que Naruto foi capaz de expressar. Não havia o que discutir, ele faria o mesmo que os amigos.

— Hai... vamos juntos. — Acabou concordando, mesmo a contragosto. — Mas eu vou na frente! E é melhor tomar outras precauções também...

Dizendo isso, se concentrou sob o olhar atento de Sasuke e Sakura. Conhecendo Naruto, já sabiam o que esperar, e foi sem surpresa que o viram entrar no modo Sennin, que era sem dúvida a melhor maneira de rastrear a área.

Mesmo antes de abrir os olhos, Naruto sentiu que teriam problemas pela frente. Um chakra tão fraco que seria quase impossível detectar ficava claro usando o Senjutsu. Notou imediatamente que seria outra manifestação corpórea de chakra. Ativou então seu modo bijuu e pôde perceber que a presença, dessa vez, não seria nada amigável.

— Teremos problemas...

— Anou, seja o que for, é melhor enfrentarmos logo. — Sasuke comentou.

— Hai. — Naruto começou a descer as escadas na frente. Imediatamente o chakra que estava espalhado pelo local concentrou-se em um único ponto e ficou mais denso. Em alguns segundos um homem de aproximadamente uns trinta anos se materializou alguns metros à frente do fim da escada. Sob o brilho que Naruto emitia, ficava perfeitamente visível. Ele tinha uma aparência belicosa, cabelos vermelhos curtos e lisos, com uma cicatriz na face que ia da têmpora direita ao lado esquerdo do queixo e atravessava o olho, o que explicava o tapa-olho que usava sobre este. As roupas deviam ser as da antiga ANBU de Uzuchio, já que eram bem parecidas com as usadas em Konoha, diferindo apenas na cor do colete. — Quem é você?

— Meu nome não é importante. A única coisa que precisam saber é que meu dever aqui é impedir a entrada de intrusos. E é isso que vou fazer! — Respondeu o ANBU fazendo um selo e tocando o chão. — Kutchiyose no Jutsu.

— Nunca pensei que um Uzumaki pudesse falar tão pouco! — Sasuke disse, enquanto saltava para o lado, sendo imitado nesse movimento por Naruto e Sakura.

— Ei!

No espaço aberto pelos três, uma enorme aranha surgiu, logo precipitando-se sobre Sakura, que era a pessoa mais próxima.

— Kuso! — Naruto já se preparava para ajudá-la quando foi impedido por um grito de Sasuke:

— Iie, Naruto! Ela consegue!

O loiro encarou Sasuke indignado, porém antes mesmo que pudesse abrir a boca para responder, um grito típico de ‘Shannaro!’ se fez ouvir e logo em seguida quase foi acertado por uma enorme aranha de dois metros de diâmetro que passava voando. Seu olhar voltou novamente para o moreno, que também o encarava com um pequeno sorriso e um olhar orgulhoso.

— Ikisho! — Naruto disse, e Sasuke entendeu.

Perfeitamente sincronizados, moveram-se em direção ao protetor da sala, que havia dado um grande salto atrás para escapar de ser esmagado contra a parede da sala pela aranha, que ao acertá-la abriu um grande buraco, deixando entrever um cômodo anexo, fracamente iluminado.

Naruto se aproximou primeiro do ruivo, que foi pego desprevenido por sua velocidade, sendo acertado por um golpe na têmpora e arremessado na direção contrária. Sasuke era rápido, mas mesmo assim não conseguia acompanhar o loiro, então chegou alguns segundos depois, ainda a tempo de acertar outro golpe com o pé, desta vez em suas costelas, que o jogou para trás.

Durante esse confronto, a aranha, que havia caído com as oito pernas para o ar junto à parede destruída, conseguiu se virar com o intuito de atacá-los, mas foi acertada por um chute lateral desferido por Sakura, desta vez ficando inteiramente imóvel. Percebendo que conseguira encerrar aquela pequena luta sem nem um arranhão, esfregou as mãos e foi ajudar os companheiros, que lutavam com o ANBU ruivo, mas pareciam ter dificuldades em acertá-lo, pois assim como Uchiha Obito, ele parecia ter a habilidade de se desmaterializar quando necessário. Lembrando-se de como o enfrentaram durante a guerra, Sakura aproveitou-se de um ataque que ele desferiu sobre Sasuke para acertar o guardião pelas costas, porém o movimento foi um completo fracasso, que quase acabou em tragédia, pois ela atravessou diretamente o corpo do ruivo, ficando no caminho da katana do Uchiha.

Vendo o que aconteceria, Naruto se assustou e acabou ativando seu Rinnegan, que paralisou os outros três. Sem ter muito controle sobre seu Doujutsu, e percebendo-o vacilar por um instante, desferiu um chute em Sasuke jogando-o longe e empurrando Sakura para o outro lado. Assim que fez isso, sentiu um corte na perna, feito pela lâmina da katana do ANBU, que recuperara seus movimentos, ao mesmo tempo em que seus amigos.

— Itai! Gomen, Sasuke, Sakura-chan!

— ‘Tá pedindo desculpa por que, dobe? Você fez o que tinha que fazer! — Sasuke respondeu, já partindo de novo para cima do inimigo.

— O que vamos fazer, Naruto? — Sakura perguntou, com medo de tentar ajudar Sasuke nos ataques e atrapalhar novamente.

O loiro não sabia o que responder. Levantou-se lentamente do chão sentindo a coxa latejar e o sangue empapar sua calça, mas no momento estava mais preocupado em como parar aquele guardião de chakra.

Baka! Se é um Fuuinjutsu, deve haver um selo em algum lugar! — Disse Kurama em sua cabeça.

Naruto quase socou a si mesmo. Como não pensou nisso antes? Mas o mais difícil ainda estava por vir, pois teria que encontrar o selo e desativá-lo, antes que seus companheiros se ferissem.

— Tentem segurá-lo mais um pouco! — Gritou para os outros dois, enquanto corria os olhos ao redor tentando encontrar qualquer coisa que se parecesse com um jutsu de selamento. Sabia mais ou menos o que deveria procurar, mas não fazia ideia de onde poderia estar. Começou a andar próximo às paredes de pedra, tentando visualizar alguma coisa na claridade que seu corpo emitia. Detestava deixar que seus companheiros lutassem em seu lugar, porém além de apenas ele ter algum ‘meio de iluminação’, tinha certeza que o selamento que prendia o chakra do ANBU naquele lugar só poderia ser desfeito por um Uzumaki. Também não queria soltar nenhum dos bijuus, assim como seus bushins, pois pelo que vira, mais de duas pessoas atacando aquele ser iriam mais prejudicar que auxiliar. — Chikushou...

Continuou verificando cada canto daquele local rapidamente, mas nada encontrou, e já começava a se desesperar. Sentia alguns tremores no solo, certamente resultado das investidas de Sakura, além dos gritos dela e de Sasuke, mas o que podia fazer no momento era encontrar o maldito selo. Tinha certeza que se seus amigos atacassem com força total demoliriam facilmente a sala, e por isso se continham, além de ser ineficaz para derrotar o ANBU. Eles tentavam apenas ganhar tempo para que encontrasse o que procurava, mesmo sem saber o que era. Se lutassem por muito tempo, ficariam enfraquecidos, e então...

Um estalo em sua mente ocorreu, acompanhado de diversas imagens do acontecido alguns meses atrás, no final da quarta guerra, quando absorveu parte do chakra do Raikage, porém não sabia nem como havia feito aquilo! Lembrou-se também da ocasião em que Kurama dissera que bijuus podiam manipular o chakra livremente.

— Kurama, preciso da sua ajuda!

— Achei que não fosse pedir, gaki!

Ele fez um bushin e deu o controle ao bijuu. Viu algo diferente, mas no momento não soube identificar o que era. Só mais tarde percebeu que foi a primeira vez que notou que a aparência do bijuu havia mudado, deixando-o menos parecido com ele próprio, além das características habituais.

— Nem vou perguntar se sabe o que fazer...

— É claro que sim! Deixe comigo e continue procurando o selo, caso contrário ele pode se reconstituir.

— Hai!

Kurama foi para perto de Sasuke e Sakura enquanto gritava para se afastarem. Sasuke o olhou, mas não disse nada, apenas obedeceu. Sakura perguntou, mesmo sendo óbvio:

— Kurama? — E também se afastou, dando espaço para que ele pudesse fazer o que fosse preciso.

— Ora, ora... um bijuu! Vejo que são mais espertos do que pareciam a princípio! — O ANBU abriu a boca pela segunda vez, desde que o encontraram, mas parecia estar preocupado com o rumo que a batalha estava tomando, pois afastou-se de Kurama rapidamente. Este por sua vez continuou avançando, mas sem atacar.

— Naruto! — Gritou o bijuu. — Encontrou?

— Ainda não! — O loiro vasculhou todos os cantos da sala sem resultado. A próxima alternativa seria a parte superior destruída. — Deve estar lá fora!

Sem esperar resposta, subiu as escadas e começou a afastar os montes de pedra que cobriam parte da entrada e o chão em volta, enquanto dentro da sala Kurama tentava apenas manter o ANBU encurralado e proteger Sakura e Sasuke de novos ataques. Ele revirou todo o terreno e finalmente achou o que esperava: um selo um pouco gasto, mas claramente visível, como se uma força externa o protegesse das intempéries. Assim que o tocou, sentiu um formigamento nos dedos, mas nada aconteceu. O som de gritos e jutsus ainda ecoavam abaixo.

— Chikushou! — Naruto estava frustrado por não saber como quebrar o selo, mas uma ideia infiltrou-se em sua mente. Molhou seus dedos no sangue que ainda fluía do corte em sua coxa e tocou o símbolo. Imediatamente uma luz vermelha desprendeu-se dele, logo seguido pelo grito furioso do ruivo no subsolo. — Kurama, consegui! — Gritou para que o bijuu pudesse ouvir.

Dentro da sala, assim que viu a expressão de raiva de seu oponente, Kurama agiu, antes mesmo que chegasse a seus ouvidos o aviso de Naruto, pois também sentiu uma instabilidade no chakra que compunha o ruivo. Rapidamente deu um salto e chegou próximo o suficiente do inimigo para que pudesse absorver o chakra deste, o que aconteceu em poucos segundos. Logo em seguida Naruto postou-se ao seu lado.

— Gomen, poderia ter sido mais rápido.

— Daijoubu, foi o suficiente.

— Arigatou, Kurama.

O bijuu apenas assentiu antes de desaparecer. Naruto virou-se para Sakura e Sasuke, que se aproximavam.

— Daijoubu ka?

— Hai. — Sakura respondeu e realmente parecia estar sem um arranhão. Sasuke tinha apenas um arranhado leve no rosto. — Deixe-me cuidar de sua perna.

Ele sentou-se e a iryo-nin fez seu trabalho, em pouquíssimo tempo.

— Arigatou, Sakura-chan. Agora, vamos procurar os pergaminhos.

— Ikisho. — Disse Sasuke, já se afastando em direção à abertura na parede criada pela aranha. Naruto entrou logo em seguida, acompanhado de Sakura. O moreno usou o Katon para acender algumas piras que havia ao redor e o local ganhou um brilho amarelado misterioso. Esse anexo era muito maior que a sala anterior. Eles se encontravam em uma espécie de mezanino que circundava todo o local, que possuía uma escada que levava ao piso inferior. Puderam ver centenas de pergaminhos dentro de nichos escavados na rocha, muitos deles cobertos de uma grossa camada de bolor.

— Wow! É maior que o dojô do exame chuunin! — Comentou Sakura impressionada. — Será que todos esses pergaminhos contém Fuuinjutsu?

— Se for, Naruto está perdido! — Sasuke respondeu, com um sorriso debochado para o amigo.

— Não vou discutir quanto a isso! — O loiro também estava impressionado e, pela primeira vez, preocupado com a ideia de aprender a especialidade de seu clã. — Deve ser praga do Iruka-sensei...

O comentário tirou sorrisos de seus companheiros, que lembravam-se perfeitamente de quanto Naruto tentava fugir de qualquer aula teórica nos tempos da academia.

Desceram as escadas e começaram a vasculhar o local. Não passaram apenas horas nisso, mas dias. Muitos dos pergaminhos estavam inutilizados e totalmente ilegíveis, então eram descartados. Os que ainda tinham alguma utilidade foram sendo arrumados numa pilha, que estava cada vez maior, porém eram minoria. Uma boa parte se desfazia apenas ao serem tocados.

No quarto dia, conseguiram finalmente terminar de explorar as prateleiras de pedra, e o loiro ficou decepcionado. Nem sinal do terceiro pergaminho dos Hyuuga. Não havia comentado nada disso com Sasuke e Sakura, mas tinha certeza que se algum dos dois visse o símbolo do clã de Konoha em algum documento, diriam na mesma hora.

— Parece preocupado, dobe. — Sasuke observou, parando ao seu lado e depositando o último pergaminho na pilha. — Se for sobre como os levaremos...

— Não é isso. A ideia sempre foi guardá-los em outro pergaminho de selamento, da yo ne? Para isso a Sakura-chan pediu ajuda da Tenten. — Respirou fundo e decidiu que estava na hora de contar o que realmente procurava. — É uma outra coisa específica que me preocupa. Um pergaminho que não está aqui.

— E como sabe que ele não está aqui? — o Uchiha levantou uma sobrancelha.

— Encontrou alguma coisa com o símbolo do clã Hyuuga nesta sala?

— Claro que não. Se tivesse encontrado você seria o primeiro a saber.

— Sei disso. O mesmo se aplica à Sakura-chan. Por isso tenho certeza de que não está aqui.

— Mas o que o símbolo dos Hyuuga estaria fazendo nesse lugar abandonado há tanto tempo? — O moreno indagou com a voz monótona. — É alguma coisa que quer me contar?

— Não posso. Prometi ao Hiashi-sama. — Ele suspirou. — É assunto interno do clã.

— Wakarimashita. — Ele realmente entendia bem essa coisa de assunto interno de um clã. — Mas é importante. Não sairemos daqui até encontrá-lo.

— Arigatou, teme. Sabia que podia contar com você.

— Un. — Se afastou e começou a explorar a sala de maneira diferente. Ativou o Sharingan e perscrutou todo o espaço. Naruto entrou no modo Sennin e fez o mesmo. Vendo a movimentação diferente de seus companheiros, Sakura resolveu se inteirar do por quê.

— O que mais estão procurando? — Naruto estava concentrado demais para responder, nem mesmo ouviu a pergunta, já Sasuke, achou que era obrigação do loiro informar e também se manteve em silêncio. — NARUTO!

— AH! Que foi, Sakura-chan? — Parou o que estava fazendo e se virou para ela com a mão sobre o peito.

— O que estão procurando?

Após olhar para a garota, voltou sua atenção para as paredes e os nichos que nela havia, assim respondeu distraidamente:

— Hum... esconderijo... pergaminho ... clã Hyuuga...

— Naruhodo. Um esconderijo onde possa haver um pergaminho com o símbolo do clã Hyuuga. — Ela se deu os parabéns mentalmente por ter entendido o que o amigo disse tão estranhamente, mas queria saber mais. Abriu a boca para pedir explicações, mas Sasuke foi mais rápido:

— Não nos interessa o quê e nem por que, Sakura. Isso é assunto do Naruto com os Hyuuga!

Ela queria reclamar, mas nunca foi capaz de discutir com ele como fazia com o loiro. Apenas fechou a cara e se pôs a procurar, mesmo sem saber o quê.

Depois de olharem e baterem nas paredes pelo que pareceram horas, Sakura já estava cansada e sem paciência, então bateu o pé no chão com força exagerada. Sem aviso, um alçapão se abriu onde ela pisava, fazendo-a rolar por uma escada estreita. Bateu com força em uma estante de madeira, que se desfez e deixou cair algumas caixas em cima dela.

— Itai... Acho que encontrei...

O barulho chamou a atenção dos outros dois, que logo apareceram na abertura do teto de onde ela se encontrava.

— Daijoubu, Sakura-chan?

— Hai... acho que é isso o que estávamos procurando.

A sala nem merecia esse nome, pois era minúscula. Naruto e Sasuke desceram as escadas, mas mal havia espaço para que os três ficassem de pé ali. As várias caixas que se encontravam nas duas prateleiras ainda inteiras e as que haviam caído no chão foram levadas para cima, para que pudessem ser examinadas melhor. Havia umas quinze.

Todas tinham símbolos que eles acreditavam ser de clãs, mas a maioria desconhecidos deles. Examinaram-nas e finalmente encontraram o que tanto procuravam: lá estava, numa caixa de madeira muito parecida com a que Hiashi havia mostrado a Naruto, o símbolo Hyuuga.

— É maior do que eu pensava... —Disse Naruto intrigado. Deveriam caber pelo menos uns oito pergaminhos ali. — Anou, é isso. Vamos selar tudo, dormir e amanhã seguimos viagem.

— Nani? — Sakura estava indignada. — Só isso? Não vamos ver o que tem aí?

— Já disse que não é da nossa conta, Sakura! — Sasuke olhou feio para ela.

— Humpf!

Selaram todos aqueles pergaminhos em um único e foram para o acampamento que haviam montado do lado de fora. Quando se deitou, Naruto não conseguia dormir, pois estava quase tão curioso quanto Sakura. O que seriam todos aqueles pergaminhos? Quando abriu a caixa, viu que a maioria era de mensagens, e não selos ou qualquer tipo de fórmula. Levantou-se silenciosamente e se afastou um pouco, para não acordar os amigos. Começou a abrir as mensagens e seus olhos se arregalavam conforme lia passagens de algumas delas.

‘O selo está quase pronto. Quando terminado não será visível...’

Isso ele já imaginava, pelo que pôde ver nos outros pergaminhos.

‘... isso não importa. Sejam rápidos. É até melhor que fique visível. Essa separação deixará o clã mais forte e mostrará a todos esses rebeldes quem realmente manda.’

‘Conseguimos terminá-lo a tempo. Tem certeza do que quer?’

‘Certamente. A humilhação é pouca para quem planejou esse golpe. Se acham que podem fazer o que querem no clã Hyuuga, verão o quanto estão errados’

Naruto estava chocado. Então o selo foi sim, terminado, mas os Hyuuga que mandavam na época queriam acabar com algum tipo de protesto dentro do clã. Provavelmente por poder. Sempre o maldito poder...”


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Notas finais do capítulo

* Douzo = tenha a bondade, pode entrar(formal)