O Verdadeiro Poder escrita por FP And 2


Capítulo 14
O Pedido de Hinata


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora!!!
*
Boa leitura!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/292849/chapter/14

— Ei, Shikamaru! — Naruto cutucou o dono da casa no ombro. — Acorda!

— Arg... ahn... problemática...

— Que problemática, Shikamaru! Sou eu... acorda logo, dattebayo!

— Hum... Temari... me deixa dormir...

Sem conseguir conter a risada, Naruto o cutucou mais uma vez, antes de dizer com uma voz cavernosa:

— O Gaara está aí pra falar com você...

— Ah, hein? — Shikamaru sentou-se com o olhar assustado. — Kazekage-sama! — Olhou para Naruto que se acabava de rir. — Ah, é só você. Onde está a Hinata?

— Já foi. Você estava sonhando com a Temari, da yo ne? Por isso gosta tanto de dormir?

O garoto massageou o pescoço e olhou torto para Naruto.

— Não enche. Essa era a roupa que Hinata falou?

— Hai. — Naruto mais uma vez se olhou no espelho, mas sem realmente ver nada.

— Por que não diz à Hinata o que sente? — Shikamaru viu o olhar preocupado de Naruto e não pode deixar de comentar. — Ela vai gostar de saber.

O loiro se virou para Shikamaru, mas não disse nada. Mesmo que não tivesse presenciado a cena no Ichiraku, o Nara não era o tipo de pessoa que se deixasse enganar, principalmente porque começou a namorar Temari depois da guerra. Conhecia bem esse tipo de coisa. Mas não era isso que o preocupava. Tinha medo de prender Hinata a um sentimento fadado ao fracasso, afinal ele passaria tanto tempo longe dela que não podia garantir que quando voltasse se sentiria da mesma maneira. E nem que ela o esperaria por tanto tempo. Dirigiu-se até a cama e sentou no chão, aos pés dela. Não sabia o que dizer, e isso ficou estampado em seu rosto.

— Qual é o problema, Naruto? Sabe que ela gosta de você, ja nai?

— Aa*... Ela me disse isso antes da guerra, mas...

— Ela disse? Isso sim é uma surpresa! — Shikamaru não acreditaria, e achava que ninguém mais em Konoha, se não estivesse ouvindo isso do próprio Naruto. — Quando ela fez isso?

— Durante o ataque de Pain.

— Durante? Realmente vocês formam um belo par... ela conseguiu ser tão imprevisível quanto você!

Esse comentário conseguiu tirar uma risada de Naruto, mas logo depois ele ficou sério novamente, encostou a cabeça na cama e ficou encarando o teto.

— Eu... não vou dizer nada à ela agora, Shikamaru. — Naruto soltou um suspiro. —Não sei se é certo.

— Naruhodo. Não quer dizer por que vai ficar afastado da vila por anos... — Shikamaru deitou-se novamente na cama e ficou olhando o teto também. — Não quer prendê-la ou estar preso a alguém sem saber se tudo continuará do mesmo jeito quando voltar. É compreensível, mas devo dizer que você me surpreende cada vez mais. Não achei que fosse se preocupar com algo assim.

Naruto fez uma careta.

— Não precisava me lembrar de como sou idiota nas vésperas da missão...

— Eu não disse que você é idiota. — Shikamaru sentou-se novamente na cama e olhou para Naruto seriamente. — Na verdade, da mesma forma que você fez todos te aceitarem e se tornarem seus amigos, você mostrou que não é burro e nem idiota. Você é um shinobi brilhante, Naruto. Chega a ser um gênio em alguns momentos.

Olhando o rosto sério de Shikamaru, Naruto ficou se perguntando onde estaria a piada, apesar de saber que o outro não era bom com humor.

— Desisto. Pode explicar, porque eu realmente não entendi a piada.

— Não é piada. — Dando um sorriso de lado, Shikamaru explicou: — Você faz coisas em momentos críticos, sem precisar parar para pensar como eu. Provavelmente se eu raciocinasse, chegaria às mesmas conclusões que você, mas até lá, já estaria morto em um combate. À sua maneira, você é um estrategista melhor que eu ou meu pai.

Uma pequena centelha de esperança se acendeu no íntimo de Naruto, mas foi extinta logo.

— Não sei aonde quer chegar, Shikamaru. — Naruto sabia que não era inteligente, nem nunca fora. — Meu pai, o Ero-Sennin, até mesmo Nagato e Itachi... todos eram shinobis poderosos e inteligentes, sabiam muito mais do que eu, até mesmo mais do que você, e acabaram depositando todos seus sonhos e confianças em mim... Sei que tenho que fazer isso, mas encontrar a resposta que eles mesmos não conseguiram... não sei se posso. — Naruto deu um pequeno suspiro, mas nele Shikamaru pode ver todo o peso que seu amigo carregava. — Agora te ouvindo falar sobre ser um estrategista... sinceramente, nem consigo imaginar porque acha isso.

— Quer exemplos? — Shikamaru perguntou, mas não esperou resposta, apenas viu as sobrancelhas do loiro se levantarem e se deitou novamente, com os braços cruzados sob a cabeça antes de começar a falar. — Na luta contra Pain. Todos os planos e estratégias que você usou, a maneira como o derrotou sem nem mesmo estar mais no modo Sennin, não é qualquer pessoa que pensaria em tudo aquilo, muito menos no meio de uma batalha. Na guerra, quando derrotou o Sandaime Raikage... Temari me contou a ideia que você teve para pará-lo, usar o jutsu dele mesmo para fazer isso... e esses são apenas alguns exemplos. Você é apenas hiperativo, Naruto, não tem paciência para sentar e pensar em uma estratégia, mas quando o faz, poucos conseguem te superar...

Depois de ouvir tudo o que Shikamaru tinha a dizer, a única coisa que restou a Naruto foi sorrir.

— Arigatou, Shikamaru. Tudo isso, vindo de você... não sabe o quanto fico feliz.

— Yare yare. Não precisa ficar sentimental... só faça o que se espera de você: dê o seu melhor e tudo vai dar certo. — Ele se levantou ligeiramente, apoiado em um cotovelo para encarar Naruto. — Inclusive com a Hinata.

— Mais uma vez, arigatou. Está quase na hora de encontrá-la. Ja ne.

Naruto estava tão eufórico para ver Hinata, que saiu pela janela mesmo, apenas ouvindo um “problemático”, que Shikamaru dirigiu a ele. Parou um instante na porta da casa para calçar suas sandálias e foi o mais rápido possível em direção ao alojamento. Encontrou Sasuke recostado na cama, lendo novamente o livro de Jiraya. Nem parou para falar com ele, passou direto, jogou a roupa antiga em cima da cama e começou a se despir, enquanto falava:

— Yo, teme! E então, se acertou com a Sakura-chan?

— Que pressa é essa, Naruto? E sim, conversamos e resolvemos esquecer tudo o que aconteceu.

— Nani? — Naruto parou e virou-se para Sasuke, apenas de calça. — Esquecer?

— É o melhor a se fazer por enquanto. Não vamos atrapalhar a missão com brigas bobas. — Sasuke tirou os olhos do livro pela primeira vez e o encarou. — Mas você não disse por que está tão apressado.

— Ah. Vou me encontrar com a Hinata...

— Hum. Terminar o que começaram no Ichiraku?

— TEME! Claro que não... quero dizer... não começamos nada no Ichiraku... aliás, como você sabe disso?

Sem dar atenção à irritação de Naruto, Sasuke apenas pousou novamente o olhar no livro, antes de dizer despreocupadamente:

— Kakashi passou por aqui mais cedo.

— Maldito Kakashi-sensei! — Pegou uma toalha e se dirigiu para o pequeno banheiro do alojamento. — Ele me paga!

Depois do banho, ficou em dúvida sobre qual roupa colocar, mas acabou se decidindo pela calça nova e a jaqueta antiga. Já sabia o que fazer com ela.

O sol já estava se pondo, então foi caminhando sem pressa até o local onde encontraria Hinata. Já considerava aquela como a árvore deles. No caminho viu alguns conhecidos, mas não estava disposto a parar e conversar. Cumprimentou-os de longe e desviou discretamente de alguns que demonstravam querer falar com ele. Sabia que poderia ser a última vez que os veria por um bom tempo, mas sua mente estava concentrada apenas em passar aquela última noite em Konoha com a bela kunoichi de cabelos negros.

“Acho que estou mesmo apaixonado por ela...”

Não sabia como e nem quando isso havia acontecido, mas depois de Hinata dizer que o amava naquela situação tão extrema, ela foi sutilmente invadindo seus pensamentos e sonhos. Os sentimentos foram apenas questão de tempo. A maneira como isso aconteceu foi tão delicada e doce como ela própria, e agora Naruto sentia que estaria totalmente perdido sem ela. Só de pensar no tempo que passaria sem vê-la, uma dor aguda assolava seu peito. Mas o medo que aparecera durante a tarde, de que ela não o quisesse mais depois do beijo que trocaram, insistia em nublar suas feições.

Chegou à árvore e olhou em volta, mas ela ainda não estava lá. Sentou-se em uma raiz, encostou-se no tronco e ficou observando as estrelas que subiam devagar pelo céu. Passaram-se vinte minutos e a garota ainda não havia chegado.

As dúvidas novamente o assaltaram e Naruto se levantou. Começou a andar de um lado para o outro tentando se acalmar, mas era inútil. Quanto mais o tempo passava, mais agoniado ficava.

“Será que ela desistiu de vir, dattebayo? Ou será que só disse que viria para eu não insistir mais? E se ela não quiser mais nada comigo? Ah, Kami-sama...”

Estava tão concentrado nas previsões pessimistas que não percebeu que a dona dos seus pensamentos havia chegado e o observava. Ela estava meio oculta pela árvore, com as duas mãos apoiadas no tronco, da mesma forma que sempre fez para ficar perto dele, mesmo sem ser notada. No momento fazia isso porque estava extremamente constrangida de aparecer na frente de Naruto da maneira que estava. Não era uma roupa diferente, na verdade ainda era o uniforme chuunin, mas quando foi sair de casa, num impulso, decidiu ir sem o casaco que sempre usava. Havia passado a tarde, depois de sair da casa de Shikamaru, tomando banho, passando algumas loções para o corpo, que ganhara de Hanabi em seu último aniversário, tentando fazer alguma coisa diferente com o cabelo... não queria se esconder. No momento estava apenas com uma regata preta justa, que costumava usar sob o uniforme, e o cabelo estava preso num rabo de cavalo. Agora se arrependia de ter feito tudo isso. Sem o casaco e com os cabelos presos, estava se sentindo quase nua.

“Não tenho coragem de aparecer assim na frente do Naruto-kun... o que ele vai pensar? Deve ter me pedido para encontrá-lo só para conversar. Por que fiz isso?”

A voz baixa e agoniada de Naruto a tirou de sua autoflagelação mental, fazendo-a dar um pulo:

— Hinata-chan... venha, onegai! — Ele olhava a lua que começava a aparecer no céu. — Eu preciso te ver antes de partir...

Ouvir aquilo deu a ela a coragem que precisava. Saiu devagar de seu esconderijo, mas foi o suficiente para Naruto perceber seu movimento. Ele a olhou por um instante e logo abriu um sorriso que iluminou a noite para Hinata.

Por sua vez, ao vê-la, Naruto não resistiu. A angústia que sentia por imaginar que ela houvesse desistido de encontrá-lo foi varrida de uma só vez, ele se aproximou num impulso e a abraçou.

— Que bom que veio. Pensei que tivesse desistido...

— Eu nunca faria isso, Naruto-kun. — Hinata foi surpreendida pelo abraço, mas logo correspondeu. — Gomen ne.

— Pelo que? — Ele se afastou um pouco para olhá-la, e segurou suas mãos.

— Por ter demorado...

— O importante é que está aqui agora. — Mais uma vez ele sorriu para a garota, que correspondeu timidamente, mas foi o suficiente para encher seu coração de alegria. — Está linda...

— Arigatou. — Ela corou levemente pelo olhar que o loiro a lançava.

Agora que estava frente à Hinata, Naruto não sabia o que falar ou fazer. Queria dizer muitas coisas, mas ainda estava decidido a não revelar seus sentimentos. Queria beijá-la novamente, mas tinha medo que ela não quisesse e, mesmo que aceitasse o beijo, viesse a sofrer depois. Decidiu por um meio termo. Puxou-a para que se sentasse com ele na raiz da árvore. Ele se acomodou e a fez deitar-se em seu peito, a abraçando carinhosamente pelos ombros.

Hinata ainda não conseguia acreditar que estava mesmo com Naruto. Estava tão feliz que se permitiu um gesto que não acreditaria ter coragem: o abraçou pela cintura e enterrou o rosto no peito do loiro, se embriagando naquele cheiro que ela tanto quis conhecer. Sentia o coração de seu amado, e ele parecia bater no mesmo ritmo do seu. Ergueu ligeiramente a cabeça para ver seu rosto e ele a olhava sem sorrir, com a respiração acelerada.

— Hinata-chan...

Ela sentia que estava sonhando, e como em um sonho, levantou a mão e acariciou o rosto de seu amado. Ele fechou os olhos e o último pensamento coerente que teve foi algo como:

“Que se dane...”

Ergue-a pela cintura para que ficasse com o rosto na altura do seu e a beijou com todo o amor que agora sabia sentir por aquela garota. Foi correspondido da mesma forma e isso trouxe lágrimas aos seus olhos. Descobriu naquele momento que isso era o que mais esperou durante toda sua vida e teve certeza de que nunca iria acabar. Sentiu o rosto de Hinata molhado e o gosto de lágrimas entre os beijos que trocavam. Afastou seu rosto e viu que ela também chorava. Secou suas lágrimas, enquanto ela fazia o mesmo com as dele e a fez deitar-se novamente em seu peito.

Ficaram algum tempo em silêncio, mas uma dúvida ainda se insinuava na mente e no coração de Hinata, fazendo com que a felicidade que sentia não estivesse completa. Ela não aguentaria viver tudo aquilo para depois descobrir que era uma mentira. Seria diferente se nada acontecesse, ficaria feliz apenas ao vê-lo feliz, mas agora seu coração fora tocado de uma maneira diferente. Precisava esclarecer o que acontecia entre eles.

— Naruto-kun?

— Un*?

— Você ainda... — parou um pouco para tomar coragem, não sabia bem como formular a pergunta — Você ama a Sakura-san, da yo ne?

Naruto ficou espantado com a calma com que a pergunta foi feita, não podia imaginar a agonia sentida por Hinata ao proferir tais palavras.

— Hinata... — Ele a segurou pelos ombros e olhou em seus olhos, tentando entender o porquê da pergunta logo naquele momento. — Você ainda acha isso? Depois de... — Não conseguiu concluir a frase. A resolução de não dizer que amava Hinata estava sendo posta à prova, mas como poderia, se no dia seguinte iria partir e ficar anos longe dela?

— Você sempre a amou... sei que agora que Sasuke-san voltou você pode estar triste, e... tentando se... distrair... — As palavras saiam com cada vez mais dificuldade, mas para Naruto estavam sendo como kunais lançadas diretamente em seu peito.

Ele a puxou para si e a abraçou com força. Podia senti-la tremendo e se amaldiçoou por isso.

— Nunca mais diga uma coisa dessas, Hinata-chan. — Naruto pode sentir as lágrimas voltando. — Não sabe o quanto dói ver a pessoa que mais acreditou e confiou em mim pensando assim. — Deu um leve beijo na têmpora da garota antes de continuar: — Eu nunca te usaria para me distrair. Você não sabe o quanto se tornou importante na minha vida. E respondendo à sua pergunta, sim, eu amo a Sakura... — sentiu um soluço de Hinata e a tentativa que ela fez de se afastar, mas não deixou — como irmã.

— Hontou desu*?

— Hai.

Depois de mais um tempo em silêncio, Naturo resolveu quebrá-lo e falar de coisas mais simples.

— Soshite, Hinata... Como estão as coisas em seu clã? — Pensou em Neji quando perguntou isso, afinal não sabia das dificuldades que a própria garota enfrentara ao longo do tempo. — Sei que sempre foram meio complicadas, com toda essa coisa de divisão e tudo o mais...

— Estão melhores agora. — Hinata deu um suspiro. — Meu pai mudou muito de um tempo para cá, não sei bem o motivo, mas estou feliz com isso. Neji me contou que houve um pouco de discordância quando ele foi nomeado capitão dos Hyuuga durante a guerra, já que eu sou a herdeira do clã, mas que meu pai disse que eu não tinha o espírito necessário para liderar. Ele me acha fraca.

— Não consigo acreditar que ele te ache fraca... — Naruto queria lançar um Rasenshuriken nas fuças de quem dissesse isso. — Ele disse isso?

— Dewa... não exatamente. Segundo Neji, ele disse que eu era gentil demais para ser capitã...

— Com isso eu tenho que concordar. — Já mais calmo, o loiro entrelaçou seus dedos nos de Hinata. — Você é tão gentil e meiga... nem deveria ter vivido uma guerra.

— Você também me acha fraca... — Não foi uma pergunta, sim uma simples constatação.

— Claro que não! Já te disse isso, você é forte, eu entregaria minha vida em suas mãos a qualquer momento. — Pensou um pouco antes de continuar a explicar. — A verdade é que acho que ninguém foi feito para combater em uma guerra... eu gosto de lutas, batalhas, mas guerra é diferente. Ela traz dor e ainda mais ódio entre os que participam dela, exatamente por ser tão injusta e ferir pessoas inocentes. A maioria dos shinobis só consegue enxergar aliados e inimigos, não importando quantos não são nem uma coisa nem outra, apenas foram lançados nesse meio sem nenhuma opção. É uma coisa que ninguém deveria ser obrigado a viver.

Hinata se sentou e o olhou seriamente.

— Você vai conseguir, Naruto-kun, vai trazer a paz que o mundo shinobi precisa. Todos já confiam em você, sendo ou não de Konoha. — Ela deu sorriso tímido. — Fico ainda mais feliz por sempre ter confiado em você.

Naruto apenas deu um sorriso como forma de agradecimento.

— Eu... eu gostaria de perguntar uma coisa, Naruto-kun.

— Pode perguntar o que quiser.

— Na reunião você disse que pretende aprender sobre Fuuinjutsu. — Ela olhou para o chão, mas depois o encarou com uma seriedade que o rapaz achou estranha. — Como pretende fazer isso?

— Quero aprender o máximo que tiver oportunidade, sempre que me deparar com alguém que seja especialista nisso. Mas principalmente, vou procurar as ruínas de Uzuchio. Qualquer informação que ainda existir por lá pode ser muito importante. — Ele a olhou com curiosidade. — Mas por que pergunta, Hinata-chan?

Ela se levantou, e dessa vez demonstrava uma determinação que era difícil de ver em Hyuuga Hinata, mas que não era estranha ao loiro que a encarava.

— Você pode me acompanhar até o clã? Quero te pedir uma coisa, mas preciso da aprovação de meu otoosan.

Naruto gelou por um momento, mas logo se recompôs. É claro que Hinata não faria o que por um momento se passou por sua mente. Ele se levantou e segurou na mão da garota.

— Ikisho!

Foram a caminho do clã rindo e conversando. Naruto contava várias de suas aventuras que Hinata ainda não conhecia. Era tão fácil falar com ela que acabou até mesmo contando coisas que não devia. Falou sobre o beijo de Sasuke e Sakura e de como aquilo não o havia incomodado nem um pouco.

— Então foi por isso que descobriu que não a ama mais? — Hinata perguntou.

— Er... não só por isso. — Ele resolveu mudar de assunto. Era tão fácil conversar com ela que a qualquer momento poderia soltar mais do que estava disposto. — Eu já estou falando demais. Me conte coisas sobre você.

Hinata ficou constrangida. Não sabia o que falar, e foi poupada disso, pois haviam alcançado os portões do clã Hyuuga. Eles se entreolharam e a garota pareceu ficar preocupada novamente, mas estava decidida. Puxou Naruto pela mão e marchou em direção à porta da casa principal. No caminho alguns Hyuugas assistiram a cena e os cumprimentaram, com cara de interrogação. Entrou, ainda segurando a mão do loiro, que corou por isso. Ela o conduziu por um corredor e bateu na porta.

— Otou-san?

— Entre. — Ouviu-se uma voz abafada pela porta.

Hinata respirou fundo para se acalmar e entrou no aposento.

— Ah, Hinata... — Hiashi viu quem a acompanhava e direcionou o olhar para as mãos de ambos, que continuavam unidas — e Naruto?

A kunoichi estava tão concentrada no que diria ao pai que se esqueceu que ainda segurava a mão do loiro. Corou e a soltou como se um choque elétrico houvesse subitamente se desprendido dela. Naruto também estava corado. A última coisa que esperava naquela noite era ser visto de mãos dadas com Hinata pelo líder do clã e pai da garota. Por um momento agradeceu a longa missão, que o livraria de ser atacado por um poderoso Hyuuga enfurecido nos próximos dias.

— Otou-san, trouxe Naruto-kun aqui para falar de uma coisa importante para o clã. — Hinata principiou, mas foi interrompida por Hiashi.

— Primeiro, sentem-se. — Ele lançou um olhar interrogativo a Naruto. — Apesar de não imaginar o que possa ser importante para o clã que envolva Uzumaki Naruto.

Os dois jovens se acomodaram no chão, em frente à mesa baixa que Hiashi ocupava. Naruto sentou-se e cruzou as pernas, enquanto Hinata se ajoelhou, de maneira mais formal. O loiro também se perguntava a mesma coisa que o líder do clã: o que fazia ali?

— Otou-san, sei que nunca fui considerada apta para liderar o clã. — Hinata falava de maneira fluente, o que deixou Hiashi satisfeito, mas não teve tempo de verbalizar isso. — Apesar de pertencer à Souke, nunca tive a força e a disposição necessárias para esse cargo. Ao contrário de Neji nii-san, que seria um ótimo líder. Trouxe Naruto-kun aqui por que, como já o informamos, durante a reunião ele expressou o desejo de conhecer e se aperfeiçoar em Fuuinjutsu, principalmente os de Uzuchio. Essa noite ele me disse que pretende encontrar as ruínas da antiga vila de seu clã...

Durante a explicação de Hinata, a face de Hiashi foi aos poucos expressando compreensão, enquanto a de Naruto foi ficando ainda mais confusa.

— Wakatta. — O líder do clã comentou, mas percebeu que ele era o único ali que havia entendido alguma coisa. — Hinata não te disse o que exatamente ela quer? — Viu que o loiro meneou negativamente a cabeça. — Espere um momento. — E saiu da sala.

Naruto virou-se para Hinata e viu que ela tinha uma expressão satisfeita, como se houvesse conseguido exatamente o que queria.

— Hinata, o que...?

— Gomen ne, Naruto-kun. Eu não podia falar nada sobre isso sem a autorização do líder do clã, mas parece que meu otoosan vai confiar nossa história a você também...

— Nani?

Mas Hinata não teve tempo de responder, pois nesse momento Hiashi voltou à sala trazendo uma caixa de madeira pequena, de aparência bem antiga. Sobre a tampa, entalhado na madeira aparecia o símbolo do clã Hyuuga, e nas laterais, em tamanho menor, mas claramente visíveis, o símbolo do clã Uzumaki. O líder Hyuuga ajoelhou-se na frente dos dois jovens, levantou a tampa do objeto, e estendeu-o para Naruto. Dentro havia dois pergaminhos, bem conservados, mas visivelmente tão antigos quando a caixa.

Sem entender nada do que estava acontecendo, mas extremamente curioso, ele pegou os dois pergaminhos e sentiu um estranho formigamento nos dedos. Era como se os objetos o reconhecessem, mas achou que estava imaginando coisas, afinal eram simples objetos inanimados. Ambos continham um lacre igual, parecia uma espécie de selo.

Soube o que devia fazer de maneira instintiva, da mesma forma que soube como selar Madara durante a guerra. Concentrou chakra na ponta de um dos dedos e tocou o selo, que imediatamente se abriu. Ouviu dois sons, como de respirações sendo suspensas abruptamente e ergueu os olhos para ver Hinata com um sorriso olhando para ele e Hiashi com os olhos arregalados, como se não pudesse acreditar no que via.

— Como você...? Esse selo só pode ser aberto por um Hyuuga da Souke!

— Pelo que pude ver, também foi criado por um Uzumaki, nesse caso, também deve poder ser aberto por um... — Naruto respondeu dando de ombros e abriu o pergaminho. Não era especialista e sequer entendia muito de Fuuinjutsu, mas sentiu como se seus olhos fossem treinados para aquilo, pois conseguiu entender perfeitamente do que se tratava aquele documento, retendo o fôlego quando percebeu o que era. — Isso é...

— Hai. — Hinata respondeu, mas abaixou a cabeça, como se o que houvesse ali a envergonhasse profundamente.

Pegando o outro pergaminho, Naruto também o abriu, mas de alguma forma soube que faltava algo.

— Estão incompletos...

— Esses pergaminhos eram três no total, mas acreditamos que o terceiro tenha sido destruído junto com Uzuchio... — Hiashi explicou, e tinha um olhar extremamente severo sobre Naruto. — Não há nenhuma garantia de que ele ainda exista, aliás, é uma hipótese bem pouco provável.

— Naruhodo. — Virou-se para Hinata. — O que queria me pedir... era para tentar encontrar esse terceiro pergaminho?

— Hai, Naruto-kun. Acreditamos que no terceiro havia o jutsu para reverter o que esses dois causam.

— Não apenas isso, Hinata-chan, na verdade me parece que mesmo esses dois não estão finalizados.

— O que quer dizer, Naruto? — Hiashi estava intrigado com o que ouvia. Nunca foi feita nenhuma menção a que aquilo não fosse perfeito.

— Aqui. — Seu dedo apontava para alguns símbolos no primeiro pergaminho. — Me parece que a intenção inicial era que não fosse visível, mas...

— Aquela coisa maldita é muito visível... — A voz de Hinata expressava uma raiva que ninguém nunca ouvira vinda dela.

Naruto começava a entender o que Hinata queria pedir a ele, e sabia que não seria nada fácil. Sequer tinha certeza se seria capaz de encontrar as ruínas de Uzuchio, quanto mais o pergaminho perdido, mas sabia que faria de tudo para realizar o desejo de sua amada. Mesmo que não o encontrasse, tentaria com todas as forças descobrir uma maneira de reverter aquilo. Olhou para Hiashi, pois sabia que sem a autorização do líder do clã, pouco poderia fazer.

— Hiashi-sama, é isso o que quer?

— Hai, Naruto. — Olhou para a garota e disse num tom mais ameno. — Isso não significa apenas a libertação dos membros da Bunke, mas também a de minha filha...

— Eu farei o que puder Hiashi-sama, mas como o senhor mesmo disse é pouco provável que aquele pergaminho ainda exista. — Naruto estava anormalmente sério quando disse isso. — Independente disso, farei o que for necessário para descobrir como cancelar aquele selo maldito da Bunke.

— Arigatou, Naruto. Parece que você vai começar a cumprir a promessa que fez a Neji antes mesmo de se tornar Hokage. — Hiashi viu que o loiro ficou sem-graça pelo líder do clã saber daquilo, e não resistiu a deixar o rapaz ainda mais constrangido. — Agora, pode continuar o encontro com minha filha.

— Otou-san! — Hinata ficou escarlate, assim como o loiro.

Saíram da sala sob o meio-sorriso divertido de Hiashi, que os acompanhava com um olhar de aprovação. Assim que eles desapareceram de sua vista, o líder do clã Hyuuga soltou um suspiro, antes de dizer em voz baixa:

— Boa sorte, Uzumaki Naruto. Faça o seu melhor.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

* Aa = sim (informal)
* Hontou desu = é verdade
* Un = sim (informal)