O Verdadeiro Poder escrita por FP And 2


Capítulo 13
Entre Rámen e Dúvidas


Notas iniciais do capítulo

Yo, minna!
Desculpem a demora para postar!
Boa leitura...
_
*Yo, minna! O cap 13 foi concertado. Eu sei estava péssimo, mas qdo postei sumiu toda a configuração... Gomen por não ter verificado antes...*



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A manhã seguinte chegou e pegou nossos heróis desmaiados em suas camas. Haviam ficado até tarde reunidos com os amigos na churrascaria.

Sakura entrou animada no alojamento que os rapazes dividiam e os viu esparramados nas camas de uma maneira bem semelhante. Parecia que a convivência com Naruto estava influenciando Sasuke até nisso. Pelo menos ele não babava...

Pensou em acordá-los de uma vez, mas hesitou. Sentou-se na ponta da cama de Naruto, tomando cuidado para não incomodá-lo e ficou olhando para Sasuke. Lembrou-se do beijo na tarde anterior e de tudo o que sentiu. Era o que mais desejava, porém percebeu que Sasuke não fez aquilo por realmente querer. Pareceu mais uma maneira de distraí-la de suas perguntas. Quando se afastou olhou-a assustado... mas assustado com o que? Nem aparentava ser aquele Sasuke confiante e frio de sempre.

Chegou à conclusão que era melhor fingir que nada acontecera, pelo menos por hora, afinal não era mais aquela garotinha desesperada de quatro anos atrás. Se ele ficou assustado com alguma coisa, não iria piorar a situação. Era melhor esperar que ele tomasse uma atitude.

— Hummm...

Que maravilha, agora Naruto iria começar a resmungar como sempre fazia. Se chamasse seu nome de novo, ainda mais na frente de Sasuke...

— Hinata...

Hein? Hinata? Como assim?

Sakura aproximou-se de Naruto e se inclinou tentando ver seu rosto, já que ele estava de bruços e virado para a parede. Notou uma coisa que não tinha percebido antes: ele estava bonito. Estava com um leve sorriso nos lábios e parecia que sonhava. Ela ficou olhando durante algum tempo, até que ouviu uma voz um tanto perplexa:

— Sakura...?

Com o susto ela se desequilibrou e caiu sobre Naruto.

— Ahn? Nani...? AH, SAKURA-CHAN!

O susto por acordar com Sakura em cima de si foi tão grande que Naruto deu um pulo, jogando a garota para os pés da cama e batendo a cabeça na parede.

— Será que eu não posso acordar normalmente um dia que seja, dattebayo? — Enquanto massageava a cabeça, olhou para Sasuke. Engoliu em seco, mas não disse nada. O moreno olhava para ele como se fosse voar no seu pescoço a qualquer momento.

— Sasuke-kun... — Ainda ofegante com o susto, Sakura se virou para Sasuke e também engoliu em seco. O olhar que ele tinha poderia matar de hipotermia, de tão gelado que estava. Não teve coragem de falar mais nada.

Sasuke se levantou da cama e mesmo sem trocar de roupa, saiu do quarto.

— Chikushou... — Naruto se levantou e correu atrás de Sasuke, deixando Sakura sozinha.

— O que foi que deu em mim? — A garota se perguntava ainda atordoada por ter ficado admirando Naruto enquanto Sasuke estava bem ali à sua frente. — E por que Naruto saiu desse jeito?

Enquanto Sakura se debatia com seus dilemas internos, Naruto alcançou Sasuke, próximo ao fim da rua deserta.

— Ôe, Sasuke! — Ofegante por ter corrido, Naruto apoiou as duas mãos nos joelhos para tomar fôlego. Levantou a cabeça e viu que Sasuke permanecia de costas. — Eu não fiz nada, dattebayo!

— Eu sei. — Virou-se para Naruto dessa vez. — Mas você não acha que as coisas estão meio esquisitas? Você é quem deveria ter pedido explicações ontem, no entanto está agora se defendendo. — Passou as mãos pelos cabelos e deu um suspiro. — Não estou entendendo mais nada.

— É, nem eu. — Naruto deu um sorriso para o amigo e se endireitou. — Mas você pode me dizer o que foi que aconteceu? Só sei que acordei com a Sakura-chan em cima de mim!

Antes de responder, Sasuke cruzou os braços e lançou um olhar carrancudo em direção ao alojamento.

— Também não entendi. Acordei, vi a Sakura debruçada sobre você, e quando a chamei ela se assustou e caiu. O resto você sabe.

— E ela estava debruçada sobre mim por que...? — Enfatizou a última parte da frase gesticulando como se quisesse incentivar Sasuke a continuar.

— Como eu vou saber, dobe? Não consigo entender as coisas que aquela irritante faz!

Vendo que nada daquilo parecia ter explicação, Naruto desistiu momentaneamente. Sasuke havia ficado muito irritado com o acontecido, mas não estava com raiva dele pelo menos.

— Vamos voltar. Precisamos ter aquela reunião, teme.

— Certo. Quanto antes começar, antes termina.

Dirigiram-se para o alojamento e lá encontraram Sakura ainda sentada na cama de Naruto e de cabeça baixa. Ela ergueu os olhos quando eles entraram, vendo que o loiro a encarava com curiosidade, e Sasuke com a mesma frieza de antes. Não mencionaram o ocorrido, mas também não pareciam ter esquecido. O clima entre os três estava tenso.

Concentraram-se a manhã toda nos assuntos da missão, programando trajetos e marcando os esconderijos conhecidos de Orochimaru em mapas. Naruto marcava em um mapa à parte os locais mais perigosos em países que não faziam parte da aliança shinobi e destacando os que ficavam mais próximos dos esconderijos. Usaria aquele para seus próprios fins. Depois de juntarem em vários pergaminhos de selamento suas armas, várias roupas e barracas, deram por encerrados os preparativos. Havia passado pouco da hora do almoço.

— Soshite... vamos ao Ichiraku? Estou morrendo de fome. — Mesmo o clima estando estranho entre os três, Naruto resolveu convidá-los para, quem sabe, aliviar um pouco a tensão.

— Arigatou, Naruto, mas tenho algumas coisas para fazer agora...

— Estou sem fome, dobe.

Os dois se viraram para sair ao mesmo tempo a acabaram se esbarrando. Deram um passo atrás, cada um olhando em uma direção.

— Sabem... — Naruto resolveu dar um fim àquele impasse, que já começava a irritá-lo. — Trazer a paz ao mundo shinobi com vocês agindo dessa forma vai ser muito complicado... Não quero me meter em assuntos que não são da minha conta, mas se durante a missão eu tiver que me concentrar em também manter a paz entre vocês, não vou hesitar em obrigá-los a se entender. Vamos ficar longe de Konoha por anos, apenas nós três. Pensem nisso!

Sem esperar resposta, passou pelos dois, que o olhavam de boca aberta e saiu do alojamento. Seguia em direção ao Ichiraku, chutando todas as pedras que encontrava pelo caminho e resmungando.

— Aqueles dois não tem jeito... Tenho certeza que o Sasuke está gostando da Sakura-chan, mas não vai admitir isso tão fácil e ela... que diabos estava fazendo em cima de mim, dattebayo?

Entre resmungos e chutes, chegou ao Ichiraku.

— ‘O-chan, um rámen de porco!

— Ah, Naruto... achei que não te veria antes da missão...

— Que isso, ‘o-chan! Enquanto tiver tempo eu apareço... — Naruto percebeu que Teuchi estava sozinho dessa vez e estranhou. — Onde está Ayame nee-chan?

— Ela saiu para fazer uma entrega na academia e ainda não voltou. Eu ia, mas ela fez questão...

— Pensei que academia ainda estivesse em reforma.

— Está, mas as aulas não param. Acho que quem está lá agora terminando de vistoriar a reforma é aquele rapaz Iruka. — Teuchi terminou de explicar e depois resmungou, apesar de seu tom ainda ser audível para Naruto:— Ela está demorando demais...

“Demorando, sei... esperto, Iruka-sensei!” — Naruto pensou com um sorriso.

Recebeu sua tigela de rámen e concentrou-se exclusivamente nela, apesar de em alguns momentos seus pensamentos serem tomados por imagens de Hinata, às vezes acompanhadas da voz irritantemente convicta de Sasuke: “Você se apaixonou pela Hyuuga”.

— Naruto-kun?

Era demais, estava até tendo alucinações com a voz dela!

— Naruto-kun? — A voz estava mais próxima.

— Pare de fantasiar com ela, Uzumaki Naruto! — Ele se repreendeu em voz alta.

— Naruto-kun? — Dessa vez a voz foi acompanhada de um toque no ombro. — Você está bem?

Ele se levantou de um pulo, ou melhor, tentou: com o movimento, seus joelhos se prenderam sob o balcão fazendo com que a tigela de rámen virasse, derramando o caldo que ainda continha. O chão molhado e mais a falta de equilíbrio pelos joelhos presos fez seu trabalho: Naruto foi ao chão e ao tentar se segurar levou junto Hyuuga Hinata.

Ao perceber o que havia feito, Naruto tentou proteger Hinata da queda com os braços e acabou batendo a cabeça no chão com toda a força. Estava atordoado pela pancada e demorou alguns segundos, para se recobrar, mas foi o suficiente para juntar alguns curiosos que foram atraídos pelo barulho.

— Itai... — Ainda tonto, abriu os olhos lacrimejantes devido à dor e se deparou com o olhar de Teuchi, Ayame, Iruka, Shikamaru e Kakashi. Ninguém disse nada, mas ao perceber que Hinata ainda estava caída sobre ele, com o rosto em seu peito e com uma das pernas entre as dele, corou intensamente e pode interpretar os olhares que recebia.

— ...!

— !?

— ...?

— ...

— !!

— V-você está b-bem, Hinata? — Naruto levantou a garota pelos ombros e viu que ela estava ainda mais vermelha que ele.

“Isso por que ela não viu esses olhares...” — Pensou Naruto, porém as palavras que ouviu a seguir o fizeram ter vontade de enfiar a cabeça no pote de rámem caído ao seu lado, imagine então o efeito em Hinata...

— Existem lugares mais reservados para fazer essas coisas do que o Ichiraku, Naruto... — A voz de Kakashi estava calma, como se não dissesse nada demais.

— Kakashi-sensei! — Naruto tentou levantar-se, mas percebeu que o corpo de Hinata estava mole em cima de si. — Kuso! Ela desmaiou... — Tentou mais uma vez se levantar, mas sua mão escorregou no caldo do rámen. Olhou em volta e percebeu que ainda era encarado com olhares de interrogação. — Será que alguém pode dar uma ajudinha aqui?

Ayame e Teuchi se aproximaram, amparando Hinata e Iruka estendeu a mão para ajudá-lo a se levantar. Shikamaru apenas observava a cena com o olhar um pouco menos entediado que o normal. Kakashi se abaixou e pegou uma caixa que estava caída um pouco longe.

— Hinata carregava isso quando entrou aqui. Ja ne! — Deixou a caixa em cima do balcão e se afastou.

— O que foi que aconteceu aqui, Naruto? — Iruka perguntou, enquanto ajudava Ayame a sentar Hinata em um dos bancos com a cabeça apoiada no balcão.

— Ahn... er... — Naruto corou mais uma vez e coçou a cabeça.

— Ele caiu. — Teuchi o ajudou, vendo seu constrangimento. — Na verdade foi um belo tombo!

— É! É isso mesmo, eu caí! — Concordou aliviado. Um tombo era explicação suficiente, não era? Parecia que não.

— E porque a Hinata estava em cima de você? — Shikamaru resolveu se intrometer. — Mesmo analisando cuidadosamente a situação, isso não faz muito sentido, não importa como se veja...

— Shikamaru! — Naruto olhou aborrecido para o outro. — Não complique as coisas! Ela... eu apenas a derrubei quando caí, ok? Não fique pensando...

— Não estou pensando nada... eu apenas analiso os fatos e os classifico. Esse seu constrangimento e o desmaio da Hinata não se encaixam em uma simples queda.

Se olhar matasse, Shikamaru teria caído duro no mesmo instante com o que recebeu de Naruto, então preferiu se calar.

Naruto se aproximou da garota, ainda desmaiada e delicadamente afastou uma mecha de cabelo que caia sobre sua face. Não percebeu, mas seu gesto foi curiosamente acompanhado pelos que ainda permaneciam ali.

“Então... mais uma vez eu estava certo...” — Pensou Shikamaru.

— Hinata? — Naruto chamou baixinho, ainda com a mão em seu rosto.

A garota se mexeu um pouco e abriu os olhos.

— Naruto-kun? — Ela corou com o toque, mas tinha um leve sorriso nos lábios. Levantou a cabeça devagar e viu os outros quatro a observando. — O-o que aconteceu?

— G-gomen, Hinata-chan. — Deu um sorriso nervoso e coçou a cabeça. — Eu caí e acabei te derrubando também... — Parou de falar quando a viu corar intensamente e levar as mãos à boca. Devia ter se lembrado de tudo... inclusive do comentário pervertido de Kakashi.

O que Naruto não sabia é que não foi apenas o comentário de Kakashi que deixou Hinata daquele jeito. Ela se lembrou de que quando chegou e o chamou, ele parecia muito distraído, e do próprio dizendo para si mesmo “Pare de fantasiar com ela”. E agora ele a chamou de Hinata-chan... Era a primeira vez que fazia isso, mesmo que ele não tivesse percebido, mas ela sim. O olhou nos olhos e viu que além de preocupação, havia um brilho diferente, que ela pensou notar pela primeira vez durante a guerra, quando ele a salvou no campo de batalha, mas na ocasião pensou estar imaginando coisas, já que ele inteiro brilhava, parecendo mais ainda com o sol que sempre foi para ela.

“Não fique sonhando, Hyuuga Hinata! É impossível que ele esteja gostando de você. Aquele beijo foi só uma coisa de momento, fique feliz por tê-lo sentido pelo menos uma vez...” — Pensou tristemente.

Ainda se olhavam nos olhos, completamente alheios à pequena plateia, então Naruto viu tristeza no semblante da garota e um sorriso melancólico se desenhar em seus lábios. Querendo apagar aquela expressão que fazia seu coração apertar, e sem saber o que a havia causado, acariciou o rosto de Hinata e deixou sua mão descansar ali.

— O que foi, Hinata-chan? Não fique triste, onegai... — Sua voz saiu rouca e baixa, de uma maneira que apenas Hinata conhecia, pois a ouviu dois dias atrás.

Três das pessoas que assistiam a cena estavam encantados. Teuchi apoiou o cotovelo no balcão e segurava o queixo, com um olhar sonhador. Sem perceber o que fazia, Ayame se aproximou mais de Iruka e encostou a cabeça em seu ombro com um suspiro, ambos com sorrisos bobos no rosto.

Vendo a reação de todos ali e sabendo que se não interrompesse, as coisas poderiam não ficar somente naquilo, Shikamaru resolver intervir:

— Caham. — Pigarreou e percebeu que o encanto foi quebrado automaticamente. Naruto se afastou de Hinata, corando levemente e Hinata abaixou a cabeça, constrangida. Teuchi olhou para a filha a tempo de vê-la se afastar de Iruka, ambos parecendo sem saber para onde olhar. — Naruto, Hinata, Iruka-sensei, convido os três para me acompanharem em um rámen. Teuchi-san...

— Claro, Shikamaru! Ayame, me ajude aqui...

— Hai, too-san!

Naruto sentou-se ao lado de Hinata. Shikamaru sentou-se ao seu lado, enquanto Iruka acomodou-se ao lado de Hinata, que também era o banco mais próximo de onde Ayame preparava os ingredientes dos rámens. Sabendo que todos ainda estavam um pouco encabulados para conversar, Shikamaru quebrou o silêncio assim que se sentou.

— Soshite, Naruto... quando começa sua missão?

— Em quatro dias. — Naruto deu um suspiro pesado. — Mas amanhã já partiremos para Suna. A cerimônia de condecoração, sabe?

— Sei. Também vou para lá, junto com Chouji e Ino. Muitos de nossos amigos serão condecorados, mas não há necessidade de todos estarem presentes. Seremos apenas nós lá, os representando.

— Ah... não sabia dessa parte... — O loiro pareceu melancólico.

— Nunca te vi tão desanimado para uma missão perigosa dessas, Naruto. — Shikamaru olhou discretamente para Hinata antes de perguntar: — O que está acontecendo?

— Não é que eu não esteja animado... mas a missão dessa vez é longa. Longa demais...

— Sei.

Comeram em silêncio depois disso. Quando terminaram, Hinata viu a caixa no canto do balcão e se lembrou do que a levou ali.

— Ah, Naruto-kun! Seu uniforme novo está quase pronto. — Ela abaixou a cabeça quando viu que Shikamaru prestava atenção ao que dizia. — Só faltam alguns ajustes...

— Tudo bem, Hinata. — Naruto abriu um sorriso agradecido para ela. — Onde podemos fazer isso?

— Er... bem... — A garota parecia ter dificuldades para dizer alguma coisa. A verdade é que não queria leva-lo ao clã Hyuuga, pois isso poderia acarretar várias perguntas embaraçosas que ela não saberia como responder. — E-eu não sei...

— Podem fazer isso na minha casa se quiserem. — Shikamaru ofereceu. — Meus pais não estão lá hoje, graças a Kami, então ninguém vai incomodar ou fazer perguntas.

— Arigatou, Shikamaru! — Naruto abriu um grande sorriso para o amigo. — ‘O-chan, Ayame nee-chan, Iruka-sensei, até a próxima! — Levantou-se e saiu do Ichiraku, acompanhado de Hinata. Shikamaru demorou um pouco mais pagando os últimos rámens consumidos.

Quando pararam do lado de fora, Naruto se virou para a garota e perguntou em voz baixa:

— Por que ficou triste agora a pouco, Hinata? Não gosto de vê-la assim.

— Não foi nada, Naruto-kun. Só umas coisas bobas que passaram pela minha cabeça...

— Hum... — Não estava satisfeito com a resposta, mas logo um sorriso de estampou em seu rosto. Daria um jeito de que ela o contasse depois. — Podemos nos ver à noite?

— Ah... é claro. — Hinata abriu um sorriso, mas não muito esperançoso. Não sabia o que fariam, mas cada momento que pudesse passar ao lado de Naruto era precioso para ela.

— Ikisho! — Shikamaru saiu do Ichiraku e se juntou aos dois.

Caminharam em silêncio até o clã Nara. Shikamaru apenas observava distraidamente as nuvens, enquanto Naruto pensava em como seria difícil o tempo que passaria longe de Konoha, de seus amigos e principalmente de Hinata. Ela andava de cabeça baixa, tentando se convencer a parar de se iludir, mesmo que seu coração lhe dissesse outra coisa.

— Entrem. — Abriu a porta, esperou que os outros dois tirassem os sapatos e completou: — Vou levá-los até meu quarto, deve ser melhor para... fazer o que têm que fazer.

Chegaram ao quarto de Shikamaru que era simples, mas bem arrumado e espaçoso. Uma cama de solteiro, uma cômoda, um guarda roupa e um espelho de corpo inteiro eram os únicos móveis no local. As cores eram neutras e combinavam bem com sua personalidade, calma, mas marcante. O rapaz se jogou sobre a cama e fechou os olhos.

— Fiquem à vontade...

Naruto e Hinata se entreolharam. Estavam completamente sem-graça com aquela situação, principalmente por não conhecerem bem o lugar. A garota entregou a caixa com a roupa para o loiro, que ficou sem saber o que fazer.

— Er... Shikamaru... — O rapaz parecia já estar dormindo, mas respondeu sem abrir os olhos.

— Hum...

— Onde posso me trocar?

— Corredor... última porta... direita... — Parecia já estar praticamente dormindo e a última palavra foi acompanhada de um leve ronco.

Olhou-o espantado. Nem mesmo o loiro dormia tão rápido. Dando de ombros, saiu do quarto e seguiu na direção indicada.

Abriu a porta e, vendo que encontrara o lugar certo, entrou e abriu a caixa. Tirou a roupa de lá e alguns acessórios caíram no chão. A blusa continuava bem parecida com a sua, quase no mesmo modelo e cores, os símbolos do clã Uzumaki nas mangas em branco e nas costas no vermelho habitual, mas tinha faixas simples em laranja num tom mais escuro do que costumava usar, duas em cada manga, pouco abaixo do cotovelo e nos pulsos. A calça ainda era toda preta, porém as faixas da coxa, que costumavam ser sempre brancas, estavam no mesmo tom laranja escuro dos detalhes nos braços. As faixas dos tornozelos ainda eram brancas. Mesmo Naruto, com seu gosto excêntrico, sabia que em laranja elas ficariam bizarras.

Colocou o uniforme completo, inclusive as luvas abertas com o símbolo da vila e voltou para o quarto de Shikamaru. Hinata estava parada de costas para a porta, olhando pela janela, enquanto o dono da casa ressonava na cama. Sem conseguir se conter, aproximou-se da garota e a abraçou pela cintura, dando um beijo em seus cabelos. Ela teve um leve sobressalto.

— Arigatou.

Hinata estava paralisada. Não queria se mover e tinha medo até de respirar e quebrar aquele contato. Não entendia por que Naruto estava fazendo isso agora, mas se sentia no céu.

Vendo que ela não se mexeria, Naruto soltou sua cintura e a tocou nos ombros. Deslizou lentamente os dedos até as mãos de Hinata, que estavam apoiadas no parapeito da janela e entrelaçou seus dedos. Fechou os olhos para apreciar melhor o contato, mas queria que ela fizesse alguma coisa também. Estava começando a ficar inseguro com relação a ela, e isso não era bom. Perguntou-se se depois de beijá-lo ela teria descoberto que afinal não o amava como pensava. Um suspiro trêmulo escapou de seus lábios com esse pensamento e ele a soltou. Não era a hora e nem o lugar de descobrir isso, no quarto de Shikamaru e com ele ali, podendo acordar a qualquer momento.

Com o súbito distanciamento de seu amor, Hinata se virou lentamente para olhá-lo, imaginando que talvez ele estivesse arrependido de tocá-la daquela forma e quase teve certeza disso: ele a encarava e seu rosto revelava uma mistura de ternura e tristeza. Teve vontade de chorar, mas se controlou.

— O-o que achou da roupa, Naruto-kun?

Ele havia até se esquecido disso, mas com a pergunta, soltou um suspiro e se dirigiu ao espelho. Mirou sua imagem e tomou um susto. Nem parecia ele, mas não era apenas a roupa. Talvez por ter ficado tanto tempo sem se olhar num espelho, agora pudesse perceber melhor as mudanças que ocorreram em seu corpo, devido aos últimos treinamentos a que se submetera. Parecia um pouco mais musculoso, e teve mesmo a impressão de estar mais alto... Bom, talvez fosse só a roupa mesmo.

— Está perfeita, Hinata.

— Achei que fosse ficar um pouco larga, mas...

— Não está.

Ficaram se encarando durante um tempo, até Hinata quebrar o silêncio:

— Preciso ir agora. — Na verdade não tinha nada para fazer, mas queria tentar se arrumar um pouco para encontra-lo à noite. — O uniforme já está entregue, então...

— Até de noite, Hinata-chan... — Lembrou-a e deu um sorriso.

— Até. — Já ia saindo, mas virou-se e, corando um pouco, se lembrou de um detalhe. — Onde...?

— Você sabe.

Hinata deu um pequeno sorriso e foi embora.


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Notas finais do capítulo

Bem, espero que tenham gostado...
Ja ne!