Prisioneira Da Corte escrita por joycejsn


Capítulo 6
Capítulo 6




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Estava deitada, pensando no que tinha acontecido naquela noite. Não conseguia dormir. Minha primeira impressão de Drew tinha sido a melhor possível, mas a segunda, quando finalmente o conheci, foi péssima.

– Boa noite meninas, a partir de hoje Pruitt e Jones dividirão o quarto com vocês. – Abri os olhos, assustada, quando ouvi o abrir da porta e a voz de Gil.

– O que aconteceu? – Perguntei.

– Os dormitórios serão divididos entre cinco ou seis garotas. Está tarde, sem mais perguntas.

Pessoas que trabalhavam no colégio entravam rapidamente no quarto com uma beliche e dois armários.

– Estejam amanhã no café-da-manhã para serem informadas pela diretora do real motivo de tal mudança. Durmam bem. – Disse Gil antes de fechar a porta e voltar para sua sala.

– Meninas, essa é Sophie Mont’Alverne. Ela é nova por aqui. – Informou Nick.

– Prazer, sou Zoey Pruitt.

– Sou Eleanor Jones.

– Prazer, meninas. – Respondi sorrindo.

– O que houve? – Perguntou Liza.

– Não sei ao certo, mas esvaziaram todos os dormitórios acessados pela escada da direita. – Respondeu Zoey.

– Não sei se foi o sono, mas vi os garotos no jardim. – Completou Eleanor.

– Será que...- Começou Nick.

– Só saberemos pela manhã. – Interrompeu Zoey com mau humor de quem fora acordada no meio de um sono bom.

Fechei meus olhos novamente na esperança de dormir e, assim, o tempo passar mais rápido. Estava curiosa com o que acontecera no colégio durante aquela madrugada. E, por algum motivo desconhecido, estava ansiosa em ver Drew.

– Seis horas, garotas. Levantem-se pois temos um dia longo pela frente. O refeitório vai estar muito cheio, então não demorem!

Não sei se o despertador tocou. Eu estava dormindo tão bem que só acordei com a voz animada de Eleanor.

Pelo pouco tempo que dormi, tive um sonho muito bom: eu estava no colégio e tinha um garoto... não, não era Drew. Não consegui ver nitidamente o rosto, mas aquele garoto tinha cabelos e olhos castanhos. Lembro claramente de suas mãos passando suavemente pelas cordas do violão. Apesar de saber que tudo não passava de cenas perfeitas e pessoas interessantes criadas pela minha imaginação, desejava que ele fosse real.

Descemos, finalmente, para o refeitório. Por sorte, encontramos uma mesa com cinco lugares e logo fomos nos sentar. Meninas e meninos estavam presentes, todos perguntavam entre si o que teria ocorrido na noite anterior até que fomos interrompidos pela abertura da porta principal. O som do salto alto de uma mulher atritando pelo chão ecoava por todo o lugar.

–Quem é ela? – Perguntei em um tom de sussurro que nem eu mesma pude ouvir.

– Senhora Vallert, a diretora. – Respondeu-me Zoey.

Senhora Vallert se dispôs em frente a todos os presentes e começou:

– Bom dia, queridos alunos! Venho aqui informar que a partir de hoje, meninos e meninas assistirão a todas as aulas juntos, e ambos estarão alojados neste mesmo prédio.

– Sabia que era isso! – disse Eleanor.

– Como todos sabem, o outro prédio foi construído em 1815, pela família Abbot. E, nos dias atuais, o prédio apresentou alguns riscos. Ontem, durante a madrugada, nossos alunos sentiram um leve tremor. Por motivos de precaução, o esvaziamos. Os meninos se encontraram agora nos dormitórios acessados pela escada da direita, enquanto as meninas, nos dormitórios acessados pela escada da esquerda.

Houve um rápido murmúrio que tendeu a aumentar se não fosse por Gil.

– Silêncio! – gritou Gil.

Todos se calaram.

– As regras, no entanto, continuam as mesmas. Mas devo acrescentar que se algum aluno for encontrado no corredor que não lhe for designado, será severamente punido. Por enquanto é isso. Bom apetite e boas aulas! – Finalizou senhora Vallert.

– Esse colégio está ficando cada vez melhor!

– Pare de ver vantagem em tudo Eleanor. – desaprovou Zoey.

–Pare de ser mal humorada.

– Só estou pensando nas encrencas que podemos entrar. E no trabalho árduo que terei para ignorar babacas.

– Quanto exagero! – Intrometi-me.

– Vocês não contaram nada a ela, não é? – Perguntou Zoey , virando-se para Liza e Nick.

– Ainda não? – Respondeu Nick.

– O que não me contaram?

– Emma Horan. Ela era nossa colega de quarto. – Adiantou-se Nick.

– Emma foi expulsa no último verão, por isso você entrou no lugar dela. – Continuou Liza.

– Por que foi expulsa?

– Emma era linda: ruiva, magra, olhos verdes, branca como a neve. Era uma dançarina fantástica e representava “King’s Abbot Academy” nas competições de inverno de Londres.

– Ela era muito ingênua. – disse Nick.

– E apaixonada por um idiota.

– Drew. – Completou Liza com olhar enojado.

– Não sei o que ele sentia por ela... mas o egoísmo dele prevalecia até nos piores momentos.

– Um dia anterior ao verão, Drew chamou Emma em seu quarto. Disse que tinha uma surpresa para ela...

– Eu não quis deixá-la ir. – Manifestou-se Liza enquanto Zoey contava a história.

– Mas ela não ouviu Liza. Ela não ouvia ninguém. Fazia o que tinha vontade. – Falou Nick.

– No dia seguinte, Emma iria para Los Angeles disputar o mundial. Após sua vitória na competição de dança em Londres, ela conquistou a vaga para representar o povo britânico no “Dance, If You Can”. Com isso, só veria Drew dali algumas semanas, então ignorou nossos pedidos.

– Gil viu Emma saindo. Ela a seguiu e a viu entrando no quarto de Drew. Ele já tinha visto o que estava acontecendo pela janela e ficou escondido no guarda-roupa. Gil entrou no quarto e puxou Emma pelo braço. Como não viu mais ninguém no quarto, a levou para a sala da senhora Vallert. – Contava Zoey.

– Emma contou tudo o que tinha acontecido e, quando a senhora Vallert foi perguntar a Drew sua versão, ele negou tudo. Disse que estava no banheiro e que não tinha pedido que ninguém fosse até lá. Emma foi expulsa por atitudes suspeitas e por quebrar as regras, uma vez que estava no dormitório de um garoto durante a noite. – Liza não conseguia manter um único tom de voz, parecia estar segurando um choro desesperado.

– Como ela está agora? – perguntei.

– Ela perdeu o mundial, o que era de se esperar de alguém com o emocional abalado. Após isso, parou de competir. Agora, ela está matriculada na academia de dança de Londres, apresentando-se no teatro da cidade todos os finais de semana. – Respondeu-me Nick.

– Vamos visitá-la, pelo menos, uma vez por mês. Mas lamentamos Emma não querer mais competir... – Continuou Eleanor.

– Percebo o esforço que ela faz para não perguntar sobre Drew. – Disse Liza.

– Ela tem talento suficiente para ir além de apresentações no teatro de Londres, mas Drew acabou com a confiança que ela tinha e ele sabe. O pior de tudo isso é que ela ainda se importa com aquele idiota. – Finalizou Zoey.

– Qual era a surpresa que Drew tinha para ela?

– Não ficamos sabendo e ela foi expulsa sem ao menos saber o que era. – Respondeu Nick.

– Não culpo Drew. – Disse Eleanor e todas olharam imediatamente para ela. Liza a fuzilava com o olhar.

– Emma foi porque quis. Se ela não tomou o cuidado necessário, Drew não era obrigado a pagar pelo erro dela. – Continuou sem se importar com os olhares críticos.

– Já chega desse assunto, não acham? Ele pode não ter culpa, mas ele não gosta de nós. Quando tem oportunidade ele nos humilha, e agora que está mais próximo de nós é melhor tomarmos cuidado. – Disse Liza em um tom de desabafo.

Terminamos de comer em silêncio, já estava quase no horário da aula de matemática aplicada. Não quis expor minha opinião, mas concordava com Eleanor. Não sei por que, mas me envolvi com aquela história e quis descobrir qual surpresa era aquela. Senti-me incomodada com o que me contaram, e percebi um sentimento de egoísmo causado pelo alívio de Emma não estar mais no colégio.



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