Depois de mais um dia limpando a sujeira dos porcos, Zoey foi para o dormitório de Annabeth, escondida e eu segui para o meu. Nick veio toda animada me contando as novidades:

- Você não vai acreditar! Victor discutiu com Jhonny por minha causa!

- Como assim? – Falei demonstrando surpresa, eu estava cansada demais, mas entendia a felicidade dela para pedir para esperar o dia seguinte.

- Jhonny disse que eu seria a namorada dele depois daquela peça e tentou me agarrar. Mas Victor o impediu. Disse que eu era uma garota linda e não merecia ser tratada daquela forma. Disse que eu era uma garota para se conquistar e não para se usar.

Meio que abri minha boca, não espera ouvir aquilo. Aquele garoto com certeza estava apaixonado por Nick, ou então era muito gentil.

- Nossa! – Foi a única coisa que consegui dizer.

- Eu sei, talvez ele vá ao baile. Preciso ir linda, mas antes temos que encontrar nossos vestidos. E que tempo temos? Nem para ligar para nossos pais para nos trazer algum modelo...

Quando ela disse aquilo, logo me lembrei de Paul. Ultimamente ele estava tentando me agradar, então mandei uma mensagem para ele de meu celular pedindo quatro vestidos para festa. Quatro porque não sabia se Emma iria conosco, mas para não houver imprevistos.

Aquela semana passou rápido. Não houve nada de interessante além dos surtos de alegria de Nick e o orgulho de Liza.

Sexta-feira, já havia chegado o dia da peça. Nick estava nervosa, mas confiante. As aulas passavam devagar com a ansiedade. Na hora do almoço, Gil nos chama até a direção. O que havia acontecido? Garanto que não tínhamos feito nada, a não ser que ela tenha descoberto sobre Tom e mim, mas não acharia provável que chamaria nós três. Quando entramos na sala estava uma garota linda, ruiva de olhos claros, e algumas sardas no rosto, sentada em uma das poltronas do canto da sala da senhora Vallert. Com certeza era Emma e Liza foi correndo abraçá-la, depois Nick.

- Emma, quero que conheça Sophie, ela é nova aqui! – Liza estava animada, então dei um abraço rápido em Emma e ela sorriu simpaticamente

– E também irmã de Drew... – Disse Nick e por um momento o silêncio tomou conta.

– Vou ficar aqui até segunda de manhã, quando volto para Londres. – Falou Emma quebrando o silêncio. Ela tinha uma voz doce.

Saímos de lá e estávamos indo acompanhar Emma para o quarto para ela poder deixar suas coisas quando acabo sentindo a ausência de Liza. Olho para trás e ela está conversando com o Nathan. Cocei meus olhos para ter certeza de que aquilo estava realmente acontecendo, e estava. Não demorou muito e ela veio correndo em nossa direção até nos alcançar.

– Ele só veio se desculpar. – Respondeu se sentindo incomodada pelos olhares.

– Do quê? – Perguntei.

– De tudo. De não me ter contato. E me desejou sorte na competição.

Chegamos ao dormitório e vejo quatro capas pretas esticadas na cama. Eram os vestidos! As meninas estavam animadas para verem os modelos, porém os guardei e disse que apenas sábado à noite, no baile. Antes que eu pudesse aproveitar o restante do almoço, alguém bate em minha porta e joga um bilhete por baixo. Corri no intuito de ver alguém no corredor, mas não obtive sucesso. Abri o bilhete e nesse estava escrito:

“Acho que você ainda não almoçou, não é? Venha me encontrar no jardim, atrás das laranjeiras para um piquenique nesse dia ensolarado.

Tom”

Quando olhei para as meninas, vi o sorriso malicioso no olhar.

– Acho que já pode contar quem é seu admirador. – Ordenou Liza em um tom de brincadeira.

– Anthony! – respondi sorrindo.

– Ele estuda aqui? Nunca ouvi esse nome antes. – Falou Nick.

– Então... Ele é o filho da senhora Vallert. – Só estávamos nós no quarto, então me senti segura em dizer.

Percebi a surpresa no olhar das três. Não dei tempo para elas me disserem nada, saí disparada do quarto.

Tom estava debaixo de uma das laranjeiras, sentado sobre uma toalha xadrez vermelha e branca. Tinha uma cesta com frutas, sanduíches e refrigerante.

– Só me promete uma coisa?

– O quê? – Perguntei

– Não sai mais daquele jeito não. – Ele fez uma cara tão fofa que consegui apenas sorrir, não porque eu não queria prometer, mas por medo de não conseguir cumprir.

Começamos a brincar com as uvas, eu jogava para ele e pegava todas com a boca. Devia treinar aquilo no tempo livre, pois eu não consegui pegar nenhuma.

Todo o momento que passei com ele era muito agradável, e ali em particular eu poderia ficar para sempre, mas o horário de almoço era curto e eu precisava voltar para a aula.

– Preciso ir. – Disse enquanto me levantava e limpava a grama que estava grudada em minha saia. Tom fez o mesmo. E antes que eu pudesse me virar para entrar ele me puxou pelo braço para mais perto de si e beijou minha testa. Ele não era tão alto, mas o bastante para que eu me sentisse protegida. Inclinei minha cabeça um pouco para cima para olhar em seus olhos, ele encostou seus lábios de leve aos meus e me soltou. Eu fiquei paralisada por alguns segundos até voltar ao mundo real e poder me locomover.