Prisioneira Da Corte escrita por joycejsn
Entrei no colégio e por sorte não tinha ninguém que pudesse me ver, pelo menos que eu pudesse perceber. Corri diretamente para o refeitório, ainda não havia terminado a janta, mas já estava esperando para cumprir meu castigo. Eu me sentia mais leve e estava feliz, até que avistei Drew sozinho em uma das mesas lá no fundo.
- Olá. – Disse enquanto sentava em sua frente. Drew sorriu sem mostrar os dentes e voltou a abaixar a cabeça brincando com os seus dedos, sem dúvidas ele estava pensativo e triste, com certeza estava triste, podia comprovar isso apenas olhando para os seus olhos verdes, assim como os meus.
- Está pensando em que? – Continuei com uma voz macia. Ele era meu irmão, querendo ou não, e eu queria que ele confiasse em mim, queria ter uma relação boa com ele.
- Tudo. Eu sou culpado pela expulsão de Emma ao ver de todos.
- Zoey não entrou em detalhes, não tem como você saber o que realmente aconteceu.
- Mas vamos pensar um pouco, tudo bem? Gil foi atrás de Emma, se Gil não a viu indo para o meu dormitório, alguém contou. Zoey e Emma eram amigas, não sei por qual motivo, mas Zoey foi contar a Gil o que ia fazer. Não tem outra explicação Sophie.
- O que realmente aconteceu? – Perguntei curiosa, naquele momento sim eu queria saber a versão da história.
- Emma iria viajar e eu não sabia quando a veria novamente, eu havia escrito uma música para ela e queria que ela ouvisse em particular. Era um segredo meu e dela aquela noite, mas ela quis contar para as amigas. Vemos agora que ela não tinha boas amizades. A primeira chance que tiver, contarei à Liza, ela precisa saber, quem sabe assim ela não me julgue injustamente.
- Não pode! Você não pode contar à Liza! – Logo aquele sentimento leve se tornou desespero. Zoey me avisara para permanecer calada se não o meu segredo também viria à tona.
- Por quê? A nossa relação é estranha, ela é grata a mim por estar a ajudando, porém ela ainda me culpa por Emma.
- Só espere um pouco tudo bem? Zoey está me ameaçando com algumas coisas. – Estávamos sozinhos naquela mesa e eu sentia confiança para contar algumas coisas, não detalhadamente, claro.
- Com o que?
- Não sei se isso pode se chamar de encontros secretos, mas estou saindo com o filho da diretora. – Respirei fundo e disparei em tom baixo aquela frase, fechei meus olhos por um instante e os abri fitando Drew com a cabeça inclinada.
- Anthony? – Perguntou.
- Você o conhece?
- Ele é muito próximo de Nathan, e como dividimos o dormitório, ele sempre vai o visitar. Ele é um cara legal.
- Ele e Nathan são amigos? – Confesso que fiquei surpresa.
- Eles se divertem fazendo músicas juntos. Tudo bem, eu espero para contar à Liza, mas só até o fim da competição.
A competição era naquele final de semana. Nossa Drew, quanto tempo você me deu!
Deu-se o toque de recolher e todos saíram do refeitório. Restaram-se três pessoas para limpar toda aquela sujeira. O período todo foi dominado pelo silêncio. Dei três pulinhos quando finalmente pude voltar para o meu quarto e me jogar na cama.
***
Aquele dia passou lentamente, Zoey já não estava mais entre nós e as meninas estranhavam, eu estava sendo muito esforçada em guardar aquele segredo, mas por enquanto era preciso.
Após o chá, Liza veio com a notícia de que Emma viria para ver a competição. Eu mal podia esperar para dar aquela notícia a Drew, mas antes de qualquer coisa, corri para o pátio ver no mapa onde ficava a sala de astronomia. Era uma escada sem fim, lembrou a casa de Paul, a diferença que era mais estreita e tinha um aspecto mais rústico, sem contar a imensa escuridão.
Tinha uma estrela esculpida na porta. Devia ser ali. Quanto entrei pude ver o céu que começava a escurecer, a sala era quase, se não totalmente, a céu aberto. Era lindo. E tinha um telescópio logo ao centro. Anthony, ou melhor, Tom, estava sentado logo ao lado, com duas rosas, uma branca e outra vermelha.
- Você sabia que o seu brilho é tão intenso quanto o das estrelas? – Ele falou olhando deslumbrado para mim. Não soube o que falar, fiquei totalmente envergonhada e sem palavras. Não arrisquei dizer nada para não estragar o momento com meu nervosismo.
Ele pegou uma caixa de bombons e colocou entre nós. Então ficamos degustando do sabor do chocolate e conversando sobre a vida, nossas vontades e nosso futuro.
Quando o luar estava finalmente nos banhando com sua luz magnífica, senti sua mão chegar mais perto e foi assim gradativamente até alcançar a minha. Eu fiquei imóvel, não sabia como agir. Na verdade, nunca namorei, nunca agi romanticamente com nenhum garoto em minha vida. Ele colocou suas mãos sobre as minhas e finalmente as segurou. Chegou mais perto e colocou seu braço ao redor de meu pescoço me aconchegando em seus ombros.
- Você vai ao baile? – Perguntou.
- Que baile?
- De máscaras. – Eu havia até me esquecido do baile, não havia planejado roupa nem nada, mas as meninas queriam ir, então talvez as acompanhasse, mas não sabia o que responder. Eu preferia estar com ele, se eu respondesse não talvez ele me convidasse para alguma coisa, ou não se importaria, mas e se eu respondesse sim, ele poderia achar que eu era um desafio e gostar, ou simplesmente desistir. Não sei. Não sabia o que responder.
- Ainda não decidi! – Que resposta boa a minha, tanta dúvida no que responder para falar aquilo. Ele me deixava nervosa, isso era fato.
Ele permaneceu em silêncio e olhou fixamente em meus olhos. Colou uma mecha de meus cabelos loiros atrás da orelha e passou levemente o dedo indicador em meu nariz. Eu sorri envergonhada e ele fez o mesmo, mas não estava envergonhado, ele estava feliz em ter conseguido com que eu ficasse. Tom foi chegando mais perto e eu podia sentir a sua respiração, o seu perfume refrescante que combinava perfeitamente com seu hálito de menta. Sua boca estava quase se se encostando à minha e...
O toque de recolher. Como eu já havia dito a noção do tempo quando eu estava com ele era totalmente inexistente. Levantei-me assustada e olhei para ele com um sorriso cabisbaixo, desculpando-me. Ele apoiou seu braço em seu joelho e me olhou com a cabeça inclinada e um sorriso desapontado. Após isso, corri para o refeitório, afinal, mais um dia de castigo, o segundo, durante praticamente trinta.
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