Prisioneira Da Corte escrita por joycejsn
– Quem é? – Perguntou Liza com olhar curioso.
– Não sei, não veio assinado. – Olhei para ela com censura, pois não queria falar sobre aquilo ali com Drew e Nathan ouvindo tudo. Eu tinha algumas hipóteses para aquele admirador, na verdade uma...
– Desculpem-me, acabei de ver a hora e preciso ir resolver umas coisas. A gente combina outros horários para o ensaio durante a semana. – Despediu-se Drew com expressão preocupada.
Olhei para a Liza esperando para sair com ela de lá, mas Nathan foi mais rápido:
– Não foi minha intenção fazer tudo aquilo. Desculpe-me pela confusão, eu não sei o que te dizer...
– Na verdade, não precisa dizer nada. Vamos Sophie? – Respondeu secamente.
Saímos daquela sala e não conseguia identificar o que Liza estava sentindo. Ela parecia orgulhosa consigo mesmo, mas também frustrada, talvez por Nathan.
– Como foi? – Perguntou Nick toda curiosa.
– Foi legal. – Respondeu Liza e Nick imediatamente me olhou confusa.
– Ela conseguiu cantar. Drew a ajudou! – Esclareci.
– E como foi só legal, Liza? Por favor, anime-se! – Liza apenas sorriu com o que Nick dissera.
– Acho que isso pede uma comemoração! – Manifestou-se Zoey.
– Sim, concordo plenamente. Podemos ir a algum lugar na cidade aqui em Cumbria mesmo, algum palpite? – Perguntou Eleanor toda animada.
– Yankee Bites? – Perguntou Nick.
– Onde é isso? O que é? – Eu estava totalmente confusa. Não conhecia nada ali, a não ser o colégio.
– É o lugar onde tem o melhor cachorro quente da Grã-Bretanha! – Respondeu Liza se animando.
Fomos nos arrumar e eu peguei o celular que meu pai havia me dado no primeiro dia, guardei na bolsa e descemos. Antes de ir, assinamos a autorização na sala de Gil. Fomos de ônibus até a cidade e elas me levaram até o lugar. Não era um lugar grande, era pequeno por sinal, mas era um lugar aconchegante. Na entrada, tinha bandeiras da Inglaterra enfeitando a parte superior. E o balcão, na parte de dentro da lanchonete, era totalmente cheio de fotos dos EUA, afinal, era um restaurante a lá estilo americano! Eram fotos de Hollywood e a parte faroeste do norte da América.
Fizemos nossos pedidos e fomos sentar em uma mesa próxima à porta para esperar. Nesse tempo, peguei a minha bolsa e fui ligar o celular para ver se tinha algum contato, ou mensagem que meu pai tivesse deixado.
“Espero que esteja gostando do colégio.” 4 dias atrás
“Está tudo bem por aí?” 3 dias atrás.
“Venha para a casa esse final de semana, vou lhe enviar o mapa com todas as instruções que você precisa saber.” 2 dias atrás.
“IMAGE” 2 dias atrás.
“Está recebendo minhas mensagens? Queria que conhecesse nossa casa esse final de semana.” 1 dia atrás.
“Sua tia irá fazer uma cirurgia, gostaria que estivesse aqui no hospital comigo.” 20 horas atrás.
“A cirurgia ocorreu tudo bem, estamos a levando para a casa. Poderia vir vê-la, depois te levo para o colégio.” 40 minutos atrás.
Claro que todas aquelas mensagens era de Paul, até porque era o único contato que eu tinha na agenda. Não sei direito, mas comecei a me sentir mal lendo aquelas mensagens. Ainda bem que estava com dinheiro,então, pedi desculpas para as meninas:
– Preciso ir. Encontro vocês no colégio depois. Desculpem-me.
– O que houve? – Perguntou Liza.
– Uma emergência... de família.
Não sei como, mas peguei o trem certo. Estava nervosa pois não chegava nunca, a viagem durou três horas! Peguei o primeiro táxi da estação e mostrei o mapa para o motorista.Saí de Cumbria um pouco antes do meio dia, então dava tempo de conversar com Paul. O táxi me deixou em frente à uma mansão. Era linda, enorme, com detalhes em pedras esculpidas e uma BMW estacionada em frente ao jardim. Olhei novamente para o mapa procurando o número da casa. 0812! O lugar estava certo. Paguei o motorista e caminhei em direção à porta. Antes que eu pudesse tocar a campanha, um senhor magro, alto, com cabelos curtos, barba rala branca abriu a porta:
– Estão esperando pela senhorita! – Disse suavemente.
Entrei pelo hall e logo avistei aquela sala gigantesca. Tinha uma lareira luxuosa no canto esquerdo e um sofá preto de couro enorme de fora a fora. O chão era todo de mármore e brilhava por todo o lugar. Uma televisão de tela plana se encontrava logo acima da lareira, e não sabia ao certo quantas polegadas tinha, pois era tão grande que eu perdia a noção do espaço dentro daquele lugar.
Fui observando cuidadosamente até que ouvi a voz de Paul:
– Achei que não viria!
– Só vi as mensagens hoje! Quem é minha tia? Que cirurgia ela fez?
– Lucy, minha irmã. Ela mora comigo nessa pequena casa, não gosto de me sentir sozinho. Ela precisou fazer uma cirurgia no joelho. Ela era bailarina quando mais jovem, mas agora o problema se agrovou e ela foi obrigada a fazê-la para não perder o movimento da perna esquerna
– Pequena? Sozinho? E sobre a cirurgia ocorreu tudo bem? – Não sabia ao certo o grau que chegava seu tom de ironia.
– Também sei ser irônico. E, o sozinho, foi porque não me casei de novo depois de sua mãe. Sua tia ainda está desacordada, mas vou te levar para vê-la. – Disse me indicando o caminho da escada. Parecia aquelas escadas de palácio onde fazia uma volta sem fim e me cansava só de olhar.
– Casou-se duas vezes e disse chega? Ainda bem.
– Vou te explicar uma coisa: conheci sua mãe em umas férias dela em Londres, mas na época eu namorava uma mulher que estava esperando um filho meu. Por infelicidade, ela acabou falecendo no parto. A criança sobreviveu, mas eu não tinha essa experiência, então sua avó quis criá-la. Fui para o Brasil em busca de sua mãe e nós construímos uma vida maravilhosa por lá, mas anos depois sua avó acabou nos deixando e eu precisei assumir minha responsabilidade de pai. Sua mãe não queria a criança, mas eu precisava fazer isso. Então voltei para cá. Lucy tem sido uma ótima irmã e me ajuda com tudo. E para fixar a ideia, eu só me casei uma vez e foi com a sua mãe.
– Essa criança... eu conheço?
– Sim, tem a sua idade.
Chegamos à frente de uma porta ao fundo do corredor. Era enorme e tinha aspecto rústico, mas ao mesmo tempo delicada. Ele abriu a porta e quando entrei vi uma mulher loira, assim como eu, deitada em uma cama convidativa. Logo ao lado, sentado em uma poltrona, estava Drew.
– Do jeito que falou da tal criança, achei que fosse uma garota. – Respondi escondendo a minha surpresa. Drew era meu irmão, claro. Isso explicava o mesmo sobrenome!
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