Era tanta coisa acontecendo de apenas uma só vez que minha cabeça estava uma confusão... Meu pai morava em uma mansão; enquanto muitos precisavam de dinheiro, ele nadava nesse; Drew era meu irmão; meu pai só se casou uma vez e, por algum motivo, eu achava que ele ainda amava minha mãe.

- Preciso voltar para a escola, Paul. Se Lucy acordar, pode me ligar, se eu estiver em meu dormitório irei atender. – Disse Drew se dirigindo ao meu pai, ao nosso pai.

- Tudo bem, leve Sophie com você.

- Eu acabei de chegar.

- Sim, mas você tem que voltar para o colégio. Final de semana que vem te espero aqui para conhecer o resto da casa. Pode trazer suas amigas se quiser.

- Tudo bem, deseje melhoras à Lucy.

Drew saiu pela porta e eu o acompanhei pelo carpete vermelho. Era um corredor tão extenso que minha visão só era ofuscada pela luz do sol que entrava pela janela. Eu estava curiosa para ver os demais cômodos e me impressionar ainda mais, porém minha curiosidade só seria saciada na semana seguinte. Quando finalmente saí da casa, esperava um carro com algum motorista para nos levar de volta para Cumbria, mas tive mais uma surpresa. A BMW era de Drew.

- Tome cuidado com essa belezinha. – Disse Drew.

- Claro. – Respondi sem ânimo.

Entrei no carro e sentei no banco da frente coberto por uma capa de couro reluzente. Já podia sentir o frescor provido pelo ar-condicionado e não podia passar despercebido aquele peculiar cheiro de perfume masculino.

- Gostou de saber que somos parentes? – Falou Drew de repente.

- Não gostei, nem desgostei.

- Se fosse eu no seu lugar, também estaria surpreso.

- Como assim? Você já sabia?

- Sabia que viria, e como é a única Mont’Alverne que entrou na escola. Liguei uma coisa com a outra. Sou loiro, mas não sou burro.

- Claro que não... – Respondi revirando os olhos.

Por um tempo o silêncio tomou conta. Eu ainda estava digerindo todas aquelas informações.

- Sei a identidade do seu admirador! – Disse Drew tentando, novamente, começar um assunto.

- Então me conte quem é! – Respondi curiosa.

- Se ele quer manter segredo, não sou eu quem vai lhe dizer.

- Vai continuar me torturando? Saiba que tenho mais contato com Emma do que você!- Pude ver uma lágrima escorrendo de seus olhos. Acho que toquei em um assunto delicado, mas não me arrependi.

- Só me faz um favor, não comente com ninguém sobre nosso parentesco!

- Tem vergonha de mim? – Perguntou irônico.

- Não, na verdade minhas amigas não gostam de você e eu não quero que as meninas do colégio se aproximem de mim por segundas intenções.

- Liza pode estar gostando de mim! – Respondeu se gabando.

- Nunca.

- Sabe de uma coisa, Nathan me contou o que aconteceu. Ele não fez por mal... Ele só não sabia como ajudar. – Drew mudou de assunto, de novo.

- Até aí tudo bem, mas ele errou quando trocou de parceira sem ao menos dar alguma satisfação à Liza.

- Não foi culpa dele... – Respondeu dando a entender que sabia de alguma coisa que eu não.

- Como não?

- Bom... Você já teve ter visto como Annabeth é!

- O que me faz pensar um pouco melhor e concluir a mesma coisa: ela não presta. Ela demonstra isso para quem quiser ver, e Nathan foi burro.

- Ele foi chantageado.

- Como é que é? – Respondi atordoada.

- Suas amiguinhas devem ter comentado que Annabeth sempre tentou algo com Nathan. Mas ele nunca deu brecha. Só que no verão passado ela roubou um beijo dele e fotografaram.

- Ela está chantageando ele com a foto de um beijo roubado? Qual o problema dessa garota com máquinas fotográficas?

- Ele não vai arriscar o emprego da mãe. Ele só precisa sumir com a foto da câmera dela e do computador também...

- Liza vai ficar mais aliviada quando ela souber dessa história!

- Não, ela não vai porque não ficará sabendo dessa história. Eu não deveria ter te contado, então, por favor, não comente com ninguém. – Respondeu em tom de completa desaprovação.

- Ela precisa saber! Tem noção do quanto ela gosta dele? Do quanto ela ficou mal por ele ter feito isso com ela?

- Ela gosta dele? – Perguntou surpreso.

O que eu fiz? Liza gostava de Nathan em segredo? Se ela o manteve por tanto tempo eu acabara de revelar. Não sei que rumo tudo aquilo tomaria, só desejava que tudo desse certo. Nathan não era tão ruim quanto eu pensava, ele só estava sendo ameaçado. Para piorar aquela situação a maravilhosa BMW de Drew foi dando pequenas paradas até parar totalmente no meio daquela estrada onde só se via montanhas e terras.

- O que foi? – Perguntei assustada.

- Achei que tinha colocado gasolina antes de vir para cá.

- Você se esqueceu de encher o tanque? – Gritei e pude ouvir minha voz ecoar por quilômetros de distância.