Uncovered escrita por SatineHarmony


Capítulo 8
Manipulação




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I did everything, everything I wanted to,

I let them use you for their own ends

(Eu fiz tudo, tudo o que queria

Eu deixei eles te usarem para seus próprios fins)

Shadowplay

— O quê?... — foi a única coisa que Orihime conseguiu dizer ao ver o Espada segurando a corda, fitando-a tão intensamente.

— Se você não comesse em uma hora, eu a amarraria na cadeira e forçaria a comida goela abaixo. — explicou Ulquiorra, sua voz estranhamente serena, diferente do seu usual tom entediado.

— Ah, bom... — ela mordeu o lábio inferior, atônita. Ela não conseguia falar, ela não conseguia pensar. Tudo o que conseguia fazer no momento era encarar o Espada, que parecia tão fatal, parado próximo á porta fechada, disponibilizando à Inoue nenhuma rota de fuga.

— Eu cumpro o que digo. — Ulquiorra deu um passo para frente.

— Não... — Orihime pediu, recuando até as suas costas baterem na parede onde ficava a janela.

— Eu já lhe avisei, mulher. — ele continuou avançando. — Agora você é uma de nós, e igual aos outros, também terá que arcar com as consequências da insubordinação.

Ela engoliu em seco, nervosa. Ao ver os olhos do arrancar, percebeu que ele falava sério. Então finalmente... Finalmente eles iriam judiar dela. Finalmente mostrariam a sua verdadeira face, de como eram maléficos e hipócritas. Eles achavam que podiam melhorar o mundo? Definitivamente não.

Decidiu fechar os olhos. Talvez tudo aquilo não passasse de um sonho ruim, e ela iria acordar na Soul Society, para mais um dia de treino com Kuchiki-san.

Um som de respiração próximo à Orihime a trouxe de volta à dura realidade. Abriu os olhos lentamente, e seu coração quase parou de bater ao ver o quão perto Ulquiorra estava do seu rosto. Por ele ser quase vinte centímetros mais alto do que ela, a menina teve que levantar a cabeça para encará-lo, hesitante.

Grande erro o que ela fizera. Ao ver o seu olhar, ela sentiu todos os clichês possíveis — mãos suando frio, borboletas no estômago, ossos virando gelatina —, mas não de uma forma amorosa, ou romântica; aquilo era puramente o seu corpo reagindo ao risco eminente.

— Vou fazê-la se arrepender por ter me desobedecido. — falou, num tom de ameaça. A sua voz saiu baixa, num veludo que acariciou os ouvidos de Inoue. Ela sentiu calafrios na espinha, odiando como se sentira atraída por ele — talvez ela tivesse tendências masoquistas, essa era a única explicação possível.

Abaixou a cabeça, assim olhando somente para o chão, longe da vista daquele par de olhos felinos tão lindos quanto esmeraldas. Observou uma mão pálida estender-se à sua frente, e seu corpo retesou-se, procurando alguma forma de se proteger. Em vão, sentiu os dedos acariciarem o seu queixo de forma delicada, tão macios quanto seda.

Ulquiorra levantou o queixo de Orihime, fazendo-a encarar-lhe novamente. Em sua mente, ela suspirou de frustração ao se ver presa pelos olhos do Espada mais uma vez.

As mãos do arrancar percorreram o seu pescoço, e envolveram-no. Seus dedos passearam pelo mesmo, até que apertaram-se contra a garganta da humana. Ela permitiu-se soltar um barulho de engasgo, tentando manter os sons ao mínimo, pois sabia que isso só atiçaria ainda mais o monstro a sua frente.

Depois de longos dez segundos que pareceram horas para Inoue, Ulquiorra deixou-a respirar. O ar passou sibilando por entre os dentes da menina, enquanto ela esforçava-se para acalmar a batida do seu coração.

As mãos de Ulquiorra desceram para ambas as clavículas de Orihime, seus dedos roçando e acariciando a sua pele de forma cuidadosa, como se ela fosse uma boneca de porcelana. Então suas mãos ficaram rígidas contra o tecido das mangas bufantes do uniforme da humana, segurando com força os seus ombros. Rapidamente, ele virou-a, colocando-a com o rosto imprensado na parede de pedra.

Aquilo só aumentou a sensação estranha que tomava conta de Inoue — como o Espada conseguia ser, ao mesmo tempo, tão rude e tão delicado? Os seus movimentos eram suaves, tomando cuidado para ela não ficar com hematomas, mas em seus olhos Orihime via como ele queria bater nela, maltratá-la. O movimento tinha sido absurdamente rápido, mas seu rosto não ficara machucado com o impacto. Nessa posição, de costas para ele contra a parede, ela só podia pensar nas possibilidades horrorosas do que estava para acontecer.

Sentiu uma mão correr pelas suas costas, fazendo-a tremer. A mesma foi até um dos seus cotovelos, descendo até o seu pulso direito, juntando-o com o esquerdo, e substituindo a mão pela corda que estava segurando momentos antes.

Ulquiorra puxou-a pelos pulsos amarrados, fazendo com que ela recolhesse a cabeça de onde a apoiara na parede.

— Eu disse que te amarraria e forçaria a comida goela abaixo. — disse ao pé do seu ouvido, sua voz causando calafrios em Orihime. — Eu farei somente isso. E sabe por quê? — perguntou retoricamente, e mesmo não podendo ver o seu rosto, a menina podia jurar que ele estava franzindo a testa em exasperação — Porque eu não sou lixo feito as pessoas que você conhece. — foi ríspido.

— E-Engraçado você dizer isso... — a voz de Inoue tremeu momentaneamente. — Porque você não é melhor do que esses "lixos" que tanto fala sobre...

Com um puxão rápido e preciso, Ulquiorra trouxe Orihime de encontro com o seu corpo, seu peito contra as costas dela. A menina soltou uma rápida exclamação de surpresa. Em seguida ela estava sentada na cadeira em frente à mesa onde encontrava-se a sua refeição intocada.

O arrancar colocou os braços atados da humana atrás do encosto da cadeira, e postou-se entre ela e a mesa. Pegou o prato de comida e o garfo, colocando uma porção de arroz no mesmo, direcionando-o à boca de Orihime. Esta, por sua vez, fechou-a no mesmo instante, recusando-se a comer.

— Abra a boca. — ordenou Ulquiorra. Em resposta, ela simplesmente fez um movimento negativo com a cabeça. — Pois bem. — seu rosto ficou mais ameaçador.

A mão livre foi para os cabelos ruivos da humana, primeiramente acariciando-os enquanto ele se aproximava mais dela. Então, envolveu a nuca dela com a sua mão, puxando-a delicadamente para baixo. A garota deixou um gemido escapar ao ele fazer isso.

— Coma. — disse, curvando-se sobre ela, ainda segurando o garfo com comida.

— N... — antes que ela pudesse terminar de falar, o talher já tinha sido posto dentro de sua boca.

— Fique quieta. — pediu Ulquiorra, sua voz mais suave e persuasiva. — Mastigue. — disse, enquanto a mão que estava nos seus cabelos ia até o seu queixo, forçando-o a manter-se tensionado.

Quando percebeu que a menina engolira a comida, tirou suas mãos.

— Foi tão difícil assim? — ele parecia querer revirar os olhos.

— Sim. — respondeu, com escárnio.

As sobrancelhas de Ulquiorra ergueram-se, como que num tom desafiador, e ele deu mais uma garfada no prato.

— De novo. — falou, uma de suas mãos voltando-se para o rosto de Orihime. Ele acariciou a sua maçã do rosto com movimentos circulares, fazendo-a relaxar. Ela fechou os olhos, soltando um suspiro. Sua boca ficou entreaberta. — Sim, assim mesmo. — ele falara quase elogiosamente, enquanto inseria o garfo por entre seus lábios. A garota abriu os olhos, despertando do seu transe. — Não. — censurou-a. — Será que devo ensiná-la? — curvou-se ainda mais, seu rosto a meros centímetros do dela. Ela era capaz de sentir a sua respiração.

Inoue tentou livrar-se das cordas, mexendo os braços em movimentos aleatórios, e começando a balançar as pernas.

— Tsc, tsc, tsc... — Ulquiorra estalou a língua. — Acalme-se, mulher. É só uma refeição. — falou, como se dissesse Ah, que tola. Como ela não parou de mexer-se, imobilizou as pernas dela envolvendo-as com as dele, ficando ainda mais próximo da humana. Suas mãos desceram pelos dois braços de Orihime, acariciando-os, e sentiu os pelos da sua pele se retesarem. Quis rir de sua reação, tão previsível, possibilitando que ela fosse tão manipulada.

— Vamos, mais uma vez. — incentivou numa voz completamente isenta de entusiasmo. Sentiu Inoue lutar de novo, e balançou a cabeça com certo pesar ao perceber isso. — Por que está fazendo isso, mulher? Recusando nossa hospitalidade, nosso auxílio. Nós só queremos ajudá-la. Você não quer sobreviver? — observou a sua expressão de desespero e confusão. — Esse é o primeiro passo, manter-se saudável.

Com isso, abaixou-se, sentando no colo de Orihime. Esta tencionou o corpo inteiro em resposta, olhando-o enquanto lágrimas escorriam dos seus olhos.

— Por que choras? — perguntou, estendendo a mão e secando o seu rosto. — Nós somos seus companheiros, é nosso dever nos preocuparmos com você. Isso é natural.

Inoue balançou a cabeça o mais rápido e brusca que pôde, quando viu o garfo aproximar-se novamente de sua boca.

— Pare, mulher. — Ulquiorra curvou-se mais sobre ela, algo difícil de se fazer numa cadeira. — Sua tola — ele estava tão perto que Orihime sentiu lábios dele roçarem nos seus enquanto falava. —, não faça isso comigo. — uma de suas mãos foi para o baixo ventre de Inoue, que parecia estar pegando fogo em reação ás carícias e afagos do Espada. — Coma, por mim.

Orihime afastou o seu rosto do arrancar, respirando pesadamente. Diabos, como ela estava confusa. Ela simplesmente adorou a sensação dos toques daquela maldosa criatura, tão quente que era como se estivesse envolta em chamas. Sua mente gritava, dizendo que aquilo era errado, doentio, mas a humana relaxou-se sob Ulquiorra, desistindo. Este curvou-se mais sobre a menina para sussurrar sedutoramente em seu ouvido:

— Boa garota. — e continuou alimentando Inoue.


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Notas finais do capítulo

*se desvia das pedras tacadas pelas leitoras* Então, basicamente é isso. Deixei todas na expectativa e não aconteceu nada morre//
Certo, agora sério, eu acho que se o Ulquiorra tivesse de fato cumprido a ameaça dele, ele não tentaria abusar da Orihime. Quero dizer, eu acho que ele estaria fulo da vida, cara, e observando o mangá e o anime dá pra perceber que quando isso acontece o Ulquiorra vai e mostra como ele é superior e talz.
Agora, uma última coisinha! Eu estava fuxicando o YouTube a procura de vídeos de cosplay e encontrei isso >> www.youtube.com/watch?v=soQoULda-BM Vejam que não irão se arrepender! ç.ç