Uncovered escrita por SatineHarmony


Capítulo 7
Ameaça




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I've got this feeling they're gonna break down the door

I've got this feeling they're gonna come back for more

(Eu tenho a sensação de que eles irão arrombar a porta

Eu tenho a sensação de que eles voltarão pedindo mais)

— Tranquilize —

O banho relaxou o corpo de Orihime por completo — seus pés e pernas pararam de doer, seu rosto voltou a sua cor normal e seus olhos desincharam —, algo que ela agradeceu profundamente, não querendo ser carregada por Ulquiorra até o quarto novamente.

Dentro mesmo, ela aproximou-se da janela, refletindo sobre os toques do arrancar. Ele tinha sido, estranhamente, ao mesmo tempo delicado e rápido. Inoue podia ver em seus olhos que ele estava apenas cumprindo ordens, fazendo o seu dever.

Talvez a pressa que ele pedira para ela ter no banho fora para Aizen não descobrir o ocorrido e castigar o Espada pelo trabalho mal feito. Ela não gostou da ideia de Ulquiorra se envolver com problemas por sua causa.

Então, tão de repente, sentiu uma reiatsu em especial esvair-se. Arquejou, piscando várias vezes para não começar a chorar de novo.

— Sado-kun, onde está você?... — olhou pela janela com um olhar triste e preocupado, como se pudesse encontrar o amigo ali.

— Então você percebeu. — escutou atrás de si, e dessa vez não levou um susto; ela já estava se acostumando com Ulquiorra entrando sorrateiramente no quarto.

Ela escutou em silêncio ele falar sobre um dos Espadas, Nnoitra, ou algo do gênero, mas tudo o que Orihime podia pensar era que aquilo tudo era muito inacreditável.

— Sado-kun não está morto. — disse, resignada. — Ao ver o arrancar virar o rosto, como se desse a mínima para o que ela falou, repetiu: — Ele não está.

Ulquiorra lançou-lhe um olhar, e, ainda ignorando o que ela disse, chamou o número que lhe entregava comida três vezes por dia.

— Aqui está sua refeição. Coma. — falou, frio.

A garota queria gritar de frustração ao escutá-lo falar que seu dever era permanecer viva porque Aizen-sama assim disse, e etc. É, para ela, tudo aquilo podia ser resumido em três letras: etc. Inoue se importava o mínimo possível com as preocupações dos arrancars, aqueles desumanos maléficos ao extremo. Porém, quando Ulquiorra exclamou sua ordem, ela percebeu que era sério, mas manteve-se firme.

— Devo forçar goela abaixo? Ou prefere ser amarrada e receber alimentação na veia? — ameaçou.

Para ser sincera, a menina interessou-se com a última opção, mas sentiu que Ulquiorra não tinha em mente o significado comum de "alimentação na veia".

— Sado-kun não está morto. — repetiu para si mesma. Talvez se dissesse isso várias vezes, ela acreditaria com mais convicção.

— Não importa se ele está ou não. — disse, e então o Espada continuou, falando rudezas para a humana sem dó nem piedade. Não, ela definitivamente não queria saber da verdade, mas lá estava Ulquiorra, jogando-a praticamente no seu rosto, de forma curta e grossa. — Eu não te entendo. Por que está tão preocupada se ele está vivo? — admitiu.

Orihime virou-se para Ulquiorra, surpresa. Realmente, nem o sentimento de amizade e companheirismo o Espada era capaz de compreender? Definitivamente, ele não era humano. Isso era impossível. E como ousava ele ser tão presunçoso a ponto de dizer que todos os amigos dela iriam morrer?

— Pare. — pediu, numa voz fraca. E lá continuava o arrancar sendo tão franco a ponto de machucá-la.

— E se não perceberam, eles foram tolos. — continuou, ignorando a menina. E ele ainda disse para ela rir dos seus amigos, que estavam morrendo, arriscando-se por ela! — Por que não consegue rir deles? — perguntou retoricamente, falando mais e mais coisas terríveis, como ficar irritada por seus companheiros terem vindo ao Hueco Mundo sendo tão fracos.

As pessoas podiam cuspir em Inoue, maltratá-la, fazer qualquer coisa, mas nunca, nunca, insultar os amigos dela na sua frente. Enquanto ela tivesse forças, enquanto ela pudesse fazer algo, ela os defenderia a todo custo. Ela valorizava a amizade mais do que a sua própria vida, e isso era a única coisa que podia deixa-la irritada.

E uma Inoue Orihime irritada é capaz de qualquer coisa.

No ímpeto, ela deu um passo em direção ao arrancar, alcançando-o. Ergueu a sua mão mais forte, e esta estalou ao entrar em contato com o rosto de Ulquiorra.

Ofegante de raiva, ela encarou-o, não se arrependendo nem um pouco do que fez, e simplesmente odiou o fato de ele não ter reagido, estando parado, com o rosto virado para o lado.

Logo, quando Ulquiorra virou seus olhos para a humana, ela arrependeu-se de fita-lo de volta. Seus olhos mostravam toda a fúria que o Espada estava guardando para si talvez para não desobedecer as ordens de Aizen e machucá-la, ou talvez ele estivesse tentando manter sua máscara fria intacta.

Sem dizer nada, Ulquiorra direcionou-se para a saída, mas não antes de fazer outra ameaça:

— Eu voltarei em uma hora. virou o rosto parcialmente para ela. Se não tiver comido, eu vou amarrá-la e forçar a comida goela abaixo. Tenha isso em mente. — e foi embora.

Isso foi o suficiente para Orihime se desmanchar em lágrimas.

4

Sua mente está chegando ao limite..., percebeu Ulquiorra, enquanto andava pelos corredores. De lá ele era capaz de escutar o choramingar baixo da humana.

Ele sentia Inoue escapar-lhe por entre os dedos; antes ela era capaz de jurar lealdade a Aizen-sama mesmo que de forma hesitante, e agora a menina insistia em acreditar que seus amigos estavam bem, que ela seria resgatada no final. A presença daqueles malditos shinigami acendera a destrutiva chama da esperança dentro da humana.

Mulher insolente, pensou, aumentando o passo, caminhando cada vez mais rápido.

Fazia anos que Ulquiorra não se sentia tão irritado. Seu estado era frequentemente indiferente, ás vezes a impaciência lhe tomava quando era obrigado a lidar com pessoas incompetentes, mas ele raramente ficava exasperado.

E aquela humana conseguira deixá-lo de tal modo.

O cuarto Espada teve que se controlar muito para não desferir um tapa em resposta ao que ela tinha dado a ele. A única coisa que o impediu foi não ter permissão de Aizen-sama para assim fazê-lo.

Enquanto direcionava-se à sala onde sabia que encontraria o seu mestre sentado em seu trono, solene, o arrancar só pôde pensar em como aquela mulher se arrependeria de tudo o que fizera.

4

Orihime perdeu completa noção do tempo enquanto chorava observando a paisagem da janela. Ela esperava que algo mudasse no horizonte desértico e sem cor que via, mas era em vão.

Onde será que seus amigos estavam? O que tinha acontecido com a reiatsu de Sado?

Ele não estava morto, ela tinha certeza absoluta disso. Ela tinha que ter. A única coisa que os arrancars não podiam tirar dela era a sua esperança, e a sua força de vontade, então ela manteria a cabeça erguida, perseverante.

Então, a porta do seu quarto foi aberta repentinamente. A ação foi feita com certa delicadeza, mas diante da quietude que reinava no lugar, aquilo equivaleu quase a gritos.

Inoue encarou Ulquiorra, confusa. Ele não costumava vir vê-la com tanta frequência sem entregar as refeições, e aquela já era a terceira vez no dia que o arrancar a visitava.

— Uma hora. — disse, no seu usual tom frio. Orihime odiou perceber que ele soava tão superior a ela. — Você não comeu. — gesticulou para o prato cheio em cima da mesa redonda. — Hora das consequências. — com isso, fechou a porta atrás de si, mostrando a corda que segurava.


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Notas finais do capítulo

Sim, é isso mesmo, eu terminei o capítulo logo na melhor parte *risadinha maléfica*
Vocês terão que esperar até sexta-feira que vem para saber o que vai acontecer - hmmmmm