Uncovered escrita por SatineHarmony


Capítulo 6
Pânico




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/292530/chapter/6

I know you're weary, look at me

Flailin' in the corner

Here's the towel; go on, throw it in

(Eu sei que você está cansada, olhe para mim

Caída no canto

Aqui está a toalha; vá em frente, jogue-a)

Matter of Time

Orihime estava tendo o que mais queria — um sono sem sonhos. A última coisa que desejava era ser perseguida pelas suas preocupações também no seu inconsciente.

Então, sentiu picos de reiatsus conhecidas, e seu coração apertou-se no seu peito.

— Não, não!... — sentou rapidamente no sofá, lágrimas quentes escorrendo dos seus olhos, e criando rastros úmidos pelas maçãs do seu rosto. — Ishida-kun, Sado-kun, Kurosaki-kun, Kuchiki-san... — disse de uma vez só, o ar escapando de seus pulmões em meio ao desespero.

Dobrou as pernas contra o seu peito, abraçando os joelhos protetoramente, respirando fundo. Ergueu os olhos para o quarto escuro à sua frente, e viu um ponto branco e opaco em meio às sombras.

Ulquiorra.

Ele estava em pé à meio-caminho da porta, observando-a com aquele par de esmeraldas felinas. O seu olhar era tão intenso que dava a impressão de despi-la.

A menina ofegou, sua visão estava embaçada pelas lágrimas, e o seu peito doía pelo esforço de respirar. Seu rosto estava corado e encharcado por causa do choro. Ela estendeu a mão em direção ao arrancar, procurando ajuda. Este, por sua vez, simplesmente encarou-a, apático.

— U-Ul-Ulquiorra... — gaguejou, chamando o Espada. Sua voz estava fraca, tremida. Fungou enquanto apoiava uma mão no braço do sofá, procurando forças para levantar.

Seus tornozelos e pés soaram em protesto, e Orihime estendeu os seus braços à sua frente, procurando equilíbrio. Deu um passo com muito esforço, e quando foi avançar mais, caiu no chão sujo.

O arrancar continuava inabalável, em pé, observando-a. Ele aparentava não ter se comovido nem um pouco com a queda da garota.

— Ulquiorra... — chamou-o novamente, choramingando. — Ulquiorra, eles... Eles... — deu um gemido de dor, pensando nos seus amigos. — Estão lutando por mim, não... — suspirou, e inspirou fundo, começando a arrastar-se em direção à ele. — Ulquiorra... — desandou a chorar novamente.

Repentinamente ele apareceu em pé ao lado da menina, que estava estirada no chão.

— Pare, sua estúpida. — disse, rude. — Assim a única coisa que conseguirá é sujar o uniforme. — foi ríspido.

— Ulquiorra... — ela parou de arrastar-se. — Ulquiorra, dói... DÓI! — exclamou, gritando. Pôs a mão sobre o coração, ofegando mais intensamente.

— Pare. — ordenou, tampando a boca da garota com a sua mão pálida. — Acalme-se, se não perturbará os outros Espada. — avisou.

— Eu não ligo para isso... — soluçou enquanto enxugava as lágrimas, e afastou a mão de Ulquiorra. — Vocês, vocês são os inimigos; os caras maus. Eu não me importo com suas preocupações... — falou, em meio a ofegos.

— Se arrependerá de dizer isso. — murmurou, soturno. — Agora, venha. — endireitou a coluna, afastando-se de Inoue. Ele tinha que admitir que, de certa forma, gostara da visão da humana aos seus pés.

— Não... — insistiu, insolente. Ao perceber que ela não tinha condições de ficar em pé, suspirou impaciente.

Curvou-se sobre a garota, passando um braço na dobra de suas pernas, e o outro atrás das suas costas. Assim, levantou-a do chão, e a colocou em cima do sofá, deitada.

Inspirou fundo ao ver quanto trabalho ela causava a ele. Observou seus olhos inchados, e o rosto vermelho. Ela estava horrível. E o uniforme não estava melhor — duas grandes manchas negras de poeira marcavam a localização dos joelhos que Orihime esfregara contra o chão.

Ulquiorra sabia como "consertar" tudo aquilo, mas ele realmente não conseguia compreender a situação. Num momento a menina estava murmurando sobre pudim e macarrão enquanto dormia, e no outro ela acordava de rompante, chorando, gritando e chamando pelo seu nome.

Afinal de contas, por que ela chamara o seu nome? Quando se está desesperado, não faz sentido pedir ajuda à quem mais o prejudica, percebeu o Espada.

— Tola. — falou com pesar, e em resposta ela deu um sorriso amarelo, e passou a mão no nariz que estava escorrendo desde quando começara a chorar. Ulquiorra reprimiu uma careta de nojo ao ver aquilo. — Levante-se, mulher, você tem que tomar um banho. Você não pode ser vista por Aizen-sama em tal condição. — a última parte soou como um insulto.

— Não consigo... — tentou falar, ofegante. — Meus amigos... Eles...

— Já mandei parar com isso. — seu tom de voz ficou mais duro.

— Mas... — ela tentou contestar, mas algo na expressão de Ulquiorra a avisou que não valia a pena fazê-lo.

— Levante-se, não temos o dia inteiro. — disse, impaciente.

Dessa vez, Orihime só respondeu com um aceno da cabeça, e apertou os olhos ao sentir uma dor repentina.

O Espada soltou um suspiro cansado e estendeu a mão para puxar a barra da manga comprida da vestimenta que envolvia o seu braço oposto, conseguindo, assim, uma faixa de tecido branca longa o suficiente para contornar a cabeça da garota e tampar-lhe os olhos.

— O quê?... — perguntou ela, sua voz desesperada.

Impaciente ao extremo, Ulquiorra não se deu ao trabalho de explicar, enquanto jogava o corpo da humana por sobre o ombro feito muamba, como se ela não pesasse nada.

Dessa forma, saiu do quarto, andando pelos corredores. Passou por alguns arrancars enquanto dirigia-se às fontes termais, mas pouco importou-se. Eles encararam o cuarto Espada e a humana vendada com surpresa, e Ulquiorra também capturou alguns olhares maliciosos. E é por isso que esses arrancars são meros números sem dignidade nem capacidade de virarem Espada, pensou, tenebroso.

Desceu alguns andares, até chegar no andar do subterrâneo mais profundo, onde as paredes brancas lisas transformaram-se em muros com cavidades irregulares, feitos de pedras negras que brilhavam com determinada luz.

— Ulquiorra?... — chamou Orihime, hesitante. Ela estranhara ao ouvir som de água correndo, e sentiu falta de iluminação.

— Shh. — sibilou, tirando-a de cima do seu ombro. — Fique quieta. — murmurou, enquanto desatava o nó de sua venda improvisada.

— Oh, banho... — percebeu, observando ao seu redor com certa dificuldade pela falta de claridade e pelos seus olhos ainda estarem se recuperando do seu recente choro.

— Quieta. — mandou, colocando as mãos em cima dos ombros da garota para impedi-la de mover-se.

Inoue surpreendeu-se com o toque repentino do arrancar, erguendo o rosto para encará-lo.

— Eu disse quieta. — sua voz deixou vazar parte da exasperação que ele sentia. Ulquiorra correu suas mãos até o colo da menina, abrindo o zíper do uniforme.

— Ei! — chiou ela.

— Você mal consegue ficar em pé, duvido muito que seja capaz de tirar suas roupas sozinha. — disse, na lata. A garota engoliu em seco, tentando controlar o seu nervosismo. Em seguida sentiu um tremor percorrer sua espinha quando o Espada passou suas mãos pelos seus ombros nus, deixando a primeira peça de roupa cair no chão.

— Eu... Eu acho que consigo fazer isso sem a ajuda de ninguém. — comentou, ponderando.

Ulquiorra tirou sua atenção do corpete de Orihime, encarando o rosto da humana.

— Quieta. — mandou novamente, e a menina odiou-se por sentir algo com a forma com que ele dissera aquela simples palavra. Então ele levou suas mãos até a base do seu corpete, puxando-o para cima. Inoue ajudou-o erguendo relutantemente os seus braços.

Ela não conseguiu controlar o jato de sangue que corou as suas bochechas ao perceber que estava completamente nua da cintura para cima.

— Não é hora de ficar cheia de pudores, mulher. — resmungou. — Se não tivesse sido tão irracional, não seria necessário tudo isso. — retrucou, e com isso ajoelhou-se à sua frente. Orihime arquejou com tal cena, mas mordeu o lábio inferior para não reclamar e ser censurada novamente.

Ulquiorra desceu a peça de roupa que se assemelhava a uma legging, completamente alheio à garota, que ficava cada vez mais envergonhada à sua frente.

De certa forma, o Espada se divertiu ao observar as reações da humana. A espécie dela insistia em ter igualdade total entre os indivíduos, então, na teoria ela não tinha nada diferente dos outros, mas mesmo assim envergonhava-se em tirar a roupa na frente de outra pessoa. Interessante.

— Agora tome o seu banho. — empurrou de forma delicada e suave os ombros da garota, direcionando-a para a parte onde a fonte termal acumulava água, criando uma espécie de lago. — Lave o seu corpo e o uniforme. — informou, jogando para a humana as peças de roupa que estavam largadas no chão úmido. Com isso, direcionou-se para a saída. — Volto em meia hora, eu espero que esteja tudo pronto. — disse, num tom de ameaça.

— Hm, Ulquiorra? — Orihime chamou, já submersa na água.

Ele virou-se para ela em seu usual silêncio.

— Obrigada. — ela disse, dando um meio-sorriso.

— Eu não fiz nada para você agradecer-me. — respondeu, sério, indo embora.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então, mais um capítulo! Feliz Natal adiantado para todas e tenham um bom final de ano *-*