Uncovered escrita por SatineHarmony


Capítulo 3
História




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Sometimes you close your eyes and see the place

Where you used to live when you were young

(Às vezes você fecha os seus olhos e vê o lugar

Onde costumava morar quando era mais jovem)

When You Were Young

Orihime corou fortemente enquanto comia a sua refeição sob os olhos atentos de Ulquiorra. Fazia poucos minutos desde quando ele voltara para o quarto da garota e encontrara intocada a comida que trouxera há mais de duas horas atrás.

Ele não dissera nada enquanto andava até a mesa redonda, parando em pé ao lado da mesma. Ele não dissera nada — verbalmente. Seus olhos transmitiram uma ameaça silenciosa enquanto o seu olhar seguia os passos de Inoue até a cadeira em frente à mesa, pegando os talheres de prata.

Itadakimasu. — desejou a si mesma, num tom baixo e desanimado.

Ela não sabia qual era a comida, e não se nem dava ao trabalho de sentir o seu gosto enquanto a mastigava. Refletiu por um instante, perguntando-se quem que cozinhava para ela todos os dias. Será que era um dos arrancars? Ou eles conseguiam a comida no Mundo Real? De qualquer forma, não se importava em saber. Na verdade nem se importava em ficar sem comida, largada para morrer desnutrida. É, aquilo seria bem melhor do que continuar presa.

Tentou concentrar-se totalmente na tarefa de cortar o pedaço da carne que estava em seu prato, ignorando o olhar atento de Ulquiorra. Mas era tão difícil não encarar de volta aquele par de esmeraldas brilhantes que a garota estava meio aérea, não sabendo se se focava em comer ou observar a beleza à sua frente.

Orihime levou o garfo à boca, tendo espetado um pedaço da carne que cortara. Mastigou lentamente, observando o rosto de Ulquiorra. Aquela pele pálida, aqueles lábios de cores diferentes, aquelas sobrancelhas negras... Uma vez tendo engolido o que quer que estivesse comendo, tirou o garfo da boca, este parando no meio caminho enquanto Inoue se distraía totalmente com a aparência do arrancar. Sua boca entreabriu-se, acostumada a fazer isso quando se desligava do mundo ao seu redor.

Observou Ulquiorra estender o braço em sua direção, e surpreendeu-se pelo seu corpo não reagir de forma medrosa com o movimento. Na verdade mais parecia que cada fibra do mesmo ansiava pelo toque do arrancar. Ela decepcionou-se minimamente quando o viu pegar o copo d'água ao lado do prato, e oferecê-lo a ela.

— Dizem que os humanos precisam ingerir líquidos durante as refeições. — o Espada quebrou o silêncio, sua voz ressoando pelo quarto escuro. — E também beber dois litros de água por dia. Essa sua necessidade está sendo saciada? — perguntou, num tom quase que atencioso, mas Inoue sabia que ele só estava cumprindo ordens.

— Sim... — ela abaixou o rosto, encarando o próprio colo para fugir do olhar de Ulquiorra. Ela sentia-se profundamente envergonhada pelo o que acontecera instantes antes. — Obrigada. — assentiu.

— Muito bom. — confirmou. — Aizen-sama deseja que nada de ruim aconteça com você, principalmente a morte. O seu dever é manter-se viva a todo custo.

Orihime controlou a careta que cismava em aparecer em seu rosto, reagindo às palavras de Ulquiorra. Ódio fervilhava no fundo de seu ser, mas não tinha força o suficiente para rebater com algo à altura. Porém mesmo se ela tivesse força, isso não significaria nada, percebeu ao lembrar-se de seus amigos lá fora no deserto, à procura dela.

E o que mais a irritava não era estar presa, e sim o fato de eles não fazerem nenhum mal à ela. Sim, isso era loucura, mas, de certa perspectiva, Aizen e os outros não fizeram nada de errado com ela. Eles eram gentis de um jeito bem distorcido, mas não batiam nela. Não a ameaçavam. Na verdade, era por causa deles que ela ainda não tinha morrido. Mas era justamente essa forma educada às avessas deles que a confundia. Afinal, eles eram os inimigos, mas a tratavam bem. Claro que isso só era por enquanto — quando Inoue fizesse o que Aizen desejava, ela seria descartada no mesmo instante.

Notou que Ulquiorra continuava encarando-a. Só então percebeu que ainda não tinha tomado o copo d'água. Assim o fez prontamente, e cruzou os talheres sobre o prato vazio. Logo apareceu um número, que fez menção de recolher os utensílios. Orihime assentiu para o arrancar e levantou da cadeira, indo sentar no sofá para não atrapalhá-lo. Ulquiorra continuou em pé silenciosamente, ao lado da mesa.

Inoue voltou a observar a Lua através da janela, e deu um suspiro mínimo. Escutou a porta ser fechada novamente enquanto o número saía do seu quarto, mas, dando uma olhada rápida pelo canto do olho, viu que Ulquiorra continuava ali.

— Sabe — começou Orihime, sem tirar os olhos da janela —, meu nii-chan transformou-se em um hollow após a sua morte. — sua voz estava tingida de tristeza. Ela se virou para ver o Espada. De certa forma ela tinha esperanças de que ele reagisse com a sua confissão, mas não, Ulquiorra continuou com a mesma expressão inquebrável de sempre, vestindo a sua usual máscara fria.

Ela então baixou o olhar para o seu colo, distraindo-se com as suas mãos:

— Ele virou um hollow porque fora induzido por outra pessoa. Outro hollow, quero dizer. — balançou rapidamente a cabeça. — Eu não considero o que ele fez uma traição... Eu admito, no momento, quando não sabia o que estava acontecendo, eu julguei-o precipitadamente, e depois me arrependi. Terminou que ele pegou a zanpakutou de Kurosaki-kun e acertou a si mesmo. — ela fungou, e sentiu a sua garganta apertar-se enquanto segurava o choro. — Sim, de fato eu acho que ele fez algo errado. Nii-chan foi fraco e deixou-se descontrolar e transformar-se num hollow... Mas o que importa é que no final das contas ele consertou tudo. — uma lágrima escorreu do canto de um dos seus olhos, e Orihime não fez menção de secá-la. — E agora eu espero que ele esteja feliz na Soul Society. — sorriu tristemente.

— E por que está me contando isso? — perguntou Ulquiorra, ríspido. — Acha que seus amigos pensarão assim quando encontrarem-na? Se a encontrarem, claro. — corrigiu-se — Acha que eles compreenderão tudo o que você fez? — mesmo falando com tanta rudeza, o rosto do arrancar continuava intocável. — A verdade é que você os traiu. Você veio para o Hueco Mundo, para o território inimigo. Você não só veio para cá como nos apoiou. — deu ênfase à última palavra, e deu um passo para frente, até que parou perante o sofá onde Orihime estava. — Você nos deu informações sobre o modus operandi de cada um dos seus companheiros. Com essa simples ação você confirmou-se como nossa aliada.

— Não, eu... — Inoue logo tratou de defender-se, bom, pelo menos tentou, pois foi logo atropelada pelas declarações de Ulquiorra:

— Não importa o quanto você negue, sempre, desde o começo, você apoiava Aizen-sama. — ele fitou-a com tanta intensidade que Orihime sentiu calafrios. — Inconscientemente, você achava que o que ele fazia era certo... Você não acha? — agora a sua voz estava macia, num persuasivo. Como o cuarto Espada conseguia ser tão eloquente, notou Inoue.

— Eu, e-eu... — inspirou fundo, e engoliu em seco. Ela nunca tinha visto Ulquiorra tão falante, e ela não gostava nem um pouco disso. Aquelas palavras rudes, o tom de desprezo. Era como se penetrassem em sua alma, envenenando-a.

— Me diga, à quem você pertence? — ele curvou-se perigosamente sobre ela, fazendo o nervosismo da garota aumentar ainda mais.

— Eu pertenço... Eu pertenço ao Aizen... — Ulquiorra lançou-lhe um olhar duro —... sama.

Parecendo satisfeito com a sua resposta, o Espada rumou em direção à porta. Tomando o pouco de coragem que lhe sobrara, Inoue disse:

— Mas eu não estava me referindo à mim mesma quando contei a história do meu irmão. — admitiu.

Ulquiorra virou-se no ímpeto. Por um instante ela pensou ter visto de relance raiva em seu rosto, mas ele estava como sempre. O Espada não falou nada em troca, simplesmente olhando-a. Orihime supôs que aquele era o jeito do arrancar de perguntar Sobre quem estava falando?, então corou, com a coragem que reunira esvaindo-se do seu corpo.

— Era sobre você, Ulquiorra. — observou os olhos dele arregalarem-se minimamente. — Por que juntou-se à Aizen? Por que virou um hollow?

— Isso não concerne à você, humana. — respondeu secamente, antes de sair do quarto.


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Notas finais do capítulo

Pronto, mais um capítulo ç.ç Obrigada a todos que estão acompanhando a história e postaram algum review ç.ç