Uncovered escrita por SatineHarmony


Capítulo 2
Informação




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/292530/chapter/2

All these pessimistic sufferers

Tend to drag me down

(Todos esses sofredores pessimistas

Querem me derrubar)

Sweet Talk

"Seus amigos estão aqui para salvá-la, óbvio"

Ao escutar aquilo, o seu coração chegou a doer de tanta felicidade. Seus amigos não se esqueceram dela. Eles não a consideravam uma traidora.

Então a realização a bateu, ao perceber que agora, a razão pela qual viera para o Hueco Mundo não tinha mais significado algum, uma vez que seus amigos estavam naquele deserto monocromático, arriscando suas vidas para salvá-la.

Reteu as emoções conflitantes, para que Ulquiorra não notasse o que ela estava pensando. E então ele conseguiu terminar com todas as esperanças da pobre garota com uma simples frase.

"Você é uma das nossas de corpo e alma"

Orihime baixou os olhos para o chão, tentando abstrair o que o cuarto Espada estava dizendo, por mais que fosse tão difícil fazê-lo. Sua vontade era de falar em alto e claro som que ela nunca, nunca, apoiaria os arrancars, e muito menos o maléfico do Aizen.

Mas não podia. Ela não podia arriscar a segurança de seus amigos por um mero ataque de raiva. Inoue sabia muito bem que Ulquiorra podia facilmente mata-los. Talvez nem fosse necessário ele mesmo fazer o trabalho — ele poderia simplesmente passar a ordem para outro arrancar, e pronto.

Tudo o que pôde fazer foi ficar em silêncio, obediente. Quando escutou-o usar o fato de que ela vestia o uniforme deles como um argumento para sua suposta traição, seus ombros tremeram. O que ele dizia era verdade, o que seus amigos pensariam quando a encontrassem?

Logo percebeu o quando que usara inconscientemente na frase. Ao ver Ulquiorra contar tanta vantagem sobre seus amigos, notara como as chances deles eram tão poucas.

Não, eles falaram as mesmas coisas para nós quando invadimos a Soul Society, pensou, tentou consolar-se. Será que sem eu para ajudar, algo mudará? Eles terão mais dificuldades?, refletiu, mas logo negou tal ideia. Ela não fazia nenhuma diferença. Ela era nada. Ela só os ajudava a se recuperarem de suas lutas, nada de mais.

Logo lembrou-se do Espada à sua frente, contando coisas terríveis. Ficou feliz por não ter prestado atenção à maior parte do que ele dissera, mas então Ulquiorra falara o que ela tanto temia:

— Diga de quem é o seu corpo e alma, e para qual razão eles existem. — mandou.

Engoliu em seco, repentinamente sentindo sede. Seu coração começou a bater mais rápido, e suas mãos suavam frio. Tamborilou os dedos contra a lateral de sua perna, nervosa.

— Sim... — hesitou, levantando o seu olhar para Ulquiorra. — São para Aizen-sama e para sua vontade. — respondeu, e odiou a forma como sua voz soara mansa. Sentia quase um gosto amargo na boca de ter que usar —sama para referir-se a tal pessoa horrorosa.

O Espada simplesmente assentiu e deixou o quarto. Sozinha novamente, Orihime encarou a sua refeição, que estava em cima da mesa redonda.

Ela tinha vontade de gritar para os céus, de jogar fora o maldito fardo que carregava. Porém, só tinha condição de chorar até seus olhos ficarem inchados e vermelhos. Ela estava despencando, aos pedaços, e temia a hora em que a sua sanidade desaparecesse de vez.

Caminhou pelo quarto depois de um tempo, sentindo os músculos doloridos por ter tensionado eles por um longo período. Seus ombros estavam mil vezes pior que qualquer outra parte de seu corpo. Ela queria tirar aquele maldito casaco, e deixar a sua pele respirar. Pensou tenebrosamente em qual seriam as consequências se fizesse isso.

Quando suas lágrimas começaram a secar, e formaram uma camada de aspecto plástico em suas bochechas, Orihime começou a devanear. Deitou no sofá, fitando aquela maldita janela que tanto odiava. Franziu o cenho em meio à diversos pensamentos banais, e em um momento perguntou-se se o Hueco Mundo tinha um calendário próprio, uma vez que o Sol nunca aparecia e o dia nunca chegava. Meses do ano e datas deveriam ser completamente inúteis para os Hollows, aqueles animais selvagens que habitavam aquele lugar.

— Mulher. — escutou chamarem-na, e odiou perceber que estava acostumando-se a ser referida à tal substantivo rude e indelicado.

Ela virou o seu rosto para a porta, mas avistou Ulquiorra ao lado da mesa, à sua frente. Pensou que aquilo era o suficiente para mostrar que notara a presença do arrancar no quarto, então voltou a encarar a janela, continuando deitada no sofá.

— Nós necessitamos de seu auxílio. — disse, na sua voz entediada, parecendo totalmente apático com a reação de Orihime causada pela sua chegada.

— Hã? — sentou-se da forma correta no sofá, totalmente desperta. Controlou-se para não soltar um de seus costumeiros gritos agudos, lembrando-se do comentário de Ulquiorra de que isso era algo feio de se fazer.

— Com a chegada dos ryoukas — Inoue tremeu com o termo usado. Era como estar na Soul Society novamente —, toda informação é necessária. Aizen exigiu que você fizesse um relatório da sua invasão à Seireitei.

— Ah, isso?... — franziu o cenho, e estreitou os olhos. — Na verdade eu não me lembro direito... — admitiu, num tom baixo, com medo da reação de Ulquiorra.

— Tente com mais vontade. — murmurou em resposta, virando a cabeça para o lado, parecendo estranhamente interessado numa das paredes do quarto. — Se não cumprir ordens será punida, assim como seria com qualquer outro arrancar. Ninguém tem tratamento especial em Las Noches. — a forma como ele dissera aquilo fora quase jubilosa. Como se tivesse orgulho de seu "mestre" por ser justo com seus súditos.

— Eu realmente não me lembro direito! — exclamou, temerosa. Apoiou os cotovelos nos joelhos, e a cabeça caiu sobre as suas mãos. — Eu sei que fomos para lá com a ajuda de Ganju e da irmã dele, e e-eu e Uryuu nos disfarçamos de shinigami, Ichigo conseguiu alcançar o bankai para lutar com o irmão de Kuchiki-san, mas ele se machucou e eu tive que curá-lo... — engasgou-se. — Kurosaki-kun quase morreu!

Ao perceber que Ulquiorra continuava em silêncio, levantou a cabeça lentamente, encontrando-o ainda em pé à sua frente, observando-a atentamente com aquele par de olhos felinos.

Inspirou fundo diversas vezes, até conseguir parar com a taquicardia que estava sofrendo. Levou as mãos até o rosto, tentando limpar as novas lágrimas que se formaram em meio ao seu desespero.

— Mulher, pare com isso. — ordenou, com sua usual descrença. — Nós só precisamos saber as habilidades dos ryoukas.

Orihime encarou-o, desamparada. Seus ombros caíram, doloridos, e ela encolheu-se, abraçando os seus joelhos.

Por um instante Ulquiorra ficou confuso com as recentes ações da humana, mas logo compreendeu. Ela estava na palma de sua mão, como uma boneca de pano, podendo brincar com ela quando quisesse. Ele tinha que admitir que ela era forte. Resistir à tais manipulações mentais planejadas por Aizen-sama era algo admirável. Era preciso muita força de vontade para lutar.

Em seus olhos umedecidos por lágrimas, fitando-o com tanta intensidade, ele chegou a perder o fio da meada. Era tanto desespero que qualquer um se sentiria tocado por aquela cena. Mas Ulquiorra sabia que ela ainda não tinha se rendido completamente — ela ainda tinha alguma força restante.

Prestou atenção à forma como sua voz fora tingida de preocupação quando começou a falar sobre o shinigami de cabelo laranja. Sentimentos humanos, pensou com desprezo. Ela tinha se apaixonado pelo amigo, que novidade. Era incrível como humanos eram incapazes de conviverem sem criarem laços emocionais.

Inoue não conseguia afastar o seu olhar dos olhos de Ulquiorra. Eles a tinham amarrado à ele por forças invisíveis, difíceis de serem combatidas. Mas logo lembrou-se do que ele dissera sobre punição, e fazer o que ele mandasse. Sem parar de fitá-lo, começou a responder:

— Sado-kun consegue... — hesitou, engolindo em seco, percebendo que estava prestes a dar mais vantagens aos inimigos de seus amigos, criando ainda mais dificuldades para eles. — Sado-kun tem uma espécie de braço... — fechou a boca, e pensou em negar-se a falar. Não, não valeria o risco. — Um braço que usa reiatsu para atacar. Ele é muito forte. — acrescentou. — Já a zanpakutou de Renji é extensível, e o bankai dele é uma cobra formada por anéis de ossos...

Orihime descreveu prontamente os poderes de ataque e defesa de cada um de seus amigos, e a cada vez que fornecia uma nova informação, o remorso em sua cabeça aumentava ainda mais. Talvez ela nem tivesse mais o direito de chamá-los de amigos. Ela tinha traído todos eles. Ela nunca poderia ser perdoada.

— Isso é o suficiente, mulher. — disse Ulquiorra depois de um tempo, e rumou em direção à porta. — E coma a sua comida. — murmurou antes de ir embora.

4

— O que foi isso, Ulquiorra?

— Ainda está aí, Nnoitra? — suspirou pesadamente. Não tinha tempo para conversas desnecessárias.

— Por que a humana estava gritando? — perguntou, apoiando um dos cotovelos na parede. — Você pediu que ela fizesse um relatório sobre os ryoukas?

— Eu não entendo porque você continua perguntando se já sabe a resposta. — disse o cuarto Espada, continuando a andar pelo corredor.

— O que houve, as informações de Aizen-sama — Ulquiorra percebeu como o pronome de tratamento fora dito com desprezo — não foram o suficiente para você? — sorriu, zombeiro.

— Na verdade sim. — o arrancar apático finalmente pareceu prestar atenção no Espada risonho à sua frente. — Mas também era necessário saber se aquela humana seria capaz de trair os seus "amigos".

— E ela o fez? — Nnoitra ergueu as sobrancelhas, ficando com a expressão ainda mais estranha.

Ulquiorra voltou a andar, indiferente, mas quando estava prestes a entrar numa outra sala, virou-se para o quinto Espada:

— É como eu disse antes. Seja como for, aquela mulher não tem mais forças para fugir daqui.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

À parte eu achei esse capítulo meio entediante T.T Mas eu senti uma necessidade de mostrar como Ulquiorra é capaz de manipular Orihime, e a tal ponto que a mente dela está de colapsar.
Ah, e caso não tenha entendido o "Ainda está aí, Nnoitra?" que o Ulquiorra disse, é que essa cena se passa logo após o episódio em que Nnoitra comenta com ele sobre "domesticar o bichinho de estimação".
E é só isso, tenham um ótimo fim de semana e uma boa noite de sexta-feira ç.ç