Uncovered escrita por SatineHarmony


Capítulo 11
Esperança




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I know there's a hope

There's too many people trying to help me cope

(Eu sei que ainda há esperança

Muita gente está tentando me ajudar a superar)

— Midnight Show —

Ulquiorra caminhava pelo corredor, depois de ter participado da reunião dos Espada, onde somente quatro dos mesmos — coincidentemente, os quatro mais fortes — apareceram. Os que não compareceram, ou estavam em combate ou mortos, com exceção de Yammy, que Aizen-sama instruíra para não chamá-lo para ele não cometer o mesmo erro que Nnoitra — sair de seus aposentos para lutar com os ryoukas de modo imprudente.

Eles discutiram sobre o andamento do plano, e o cuarto Espada recebera novas ordens de seu senhor, que, a parte, ele não queria admitir que o preocupara. Ulquiorra tinha que tornar a mulher submissa à vontade deles, e rápido. Ele já tentara culpa, confusão e manipulações mentais, e tudo fora em vão, uma vez que no dia seguinte a humana o contrariava novamente, nunca desistindo.

Qual seria a sua próxima estratégia?, perguntou-se. Parou a sua caminhada, refletindo profundamente. Medo, percebeu. O medo era algo que estava mais do que enraizado naquela menina, porém a sua esperança incessante impedia este de agir.

Bom, então ele iria simplesmente mudar isso, pensou Ulquiorra, de modo simplista.

4

Quando o arrancar entrou no quarto, ele encontrou a humana preenchendo as últimas páginas do caderno que a entregara havia alguns dias.

Ulquiorra não disse nada enquanto aproximava-se de Inoue, parando em pé atrás da cadeira onde ela estava. Por sobre o ombro da garota, avistou o desenho que a menina estava fazendo eram os seus amigos em traços infantis, de mãos dadas com ela, todos com largos sorrisos nos seus respectivos rostos.

— Olá, Ulquiorra-kun. — Orihime cumprimentou-o. Ela forçara a sua voz, impedindo-a de soar trêmula. Ela ainda se lembrava do abraço que tiveram no dia anterior, e da reação gélida do Espada depois de tal feito.

— Não me trate como um humano. — respondeu o arrancar, e a garota crispou os lábios diante de tal declaração. Então ele está de volta ao "normal", notou. — Levante-se. — bateu de leve nas costas da cadeira onde a menina sentava.

— Por quê? — perguntou ela enquanto fechava o caderno, sua expressão mostrando uma pura curiosidade ingênua.

Ulquiorra não disse nada em troca, simplesmente lançando-a um olhar mortífero, que Orihime traduziu como porque sim, agora levante dessa cadeira; isso é uma ordem. Engolindo em seco, a humana fez como ele pedira, levemente hesitante.

— Vamos sair. — informou ele, dirigindo-se para a porta. Inoue o seguiu antes que ele falasse mais algo, ansiosa. — Eu estarei de olho em você, então se acontecer qualquer tentativa de fuga, haverá consequências depois. — avisou, sua fisionomia séria e dura, fazendo com que calafrios descessem pela espinha da garota.

O arrancar abriu a porta de pedra e saiu do quarto, parando no meio do corredor, e virou-se quando percebeu que a humana continuava no cômodo, exibindo uma expressão preocupada.

— O que foi? — perguntou, tentando impedir que a impaciência transparecesse em sua voz.

— A venda... — explicou Orihime, corando quase que de vergonha. Logo seus olhos baixaram para as mãos de Ulquiorra, que estavam dentro dos bolsos de seu hakama, como que de costume. Ela esperava que ele rasgasse a manga do seu uniforme, como fizera da última vez, mas invés disso o Espada a encarou, ocorrendo uma luta silenciosa entre o verde e o cinza.

Balançando a cabeça num movimento de desdém, ela deu alguns passos da frente, até atravessar a soleira da porta. Quase suspirou de alívio. Estar fora daquele maldito quarto era como aprender a respirar. Seus olhos vagaram pela paisagem à sua volta, querendo captar até o detalhe mais ínfimo do corredor monótono.

— Vamos. — disse Ulquiorra, chamando a sua atenção. Ele fez um breve gesto para que ela o seguisse, e voltou a andar. — Há exatamente quatro Espada em Las Noches no momento em outras palavras, fugir seria suicídio. Eu creio que até mesmo você — Inoue detectou um leve desprezo no modo como ele falara —, diante de tal condição, não faria nada.

A garota decidiu não contestar tal declaração, voltando a observar o lugar ao seu redor com os olhos brilhando de admiração. Ulquiorra a conduziu por alguns corredores de paredes brancas, até saírem da torre onde ficara nas últimas semanas.

— Onde estamos? — perguntou quando avistou o horizonte ser tomado pela areia pálida um deserto sem vida.

— Essa é uma área de Las Noches que decidimos manter a sua aparência original. — respondeu prontamente o arrancar, e então apontou para um lugar mais a longe, que passara despercebido por Orihime. — Ali é uma abóbada, e dentro fica o pavilhão Espada. — pausa. — Também é onde os seus amigos da Soul Society estão lutando. — olhou para a humana, observando atentamente a sua reação diante de tal informação.

Inoue levou as mãos até o coração, sua fisionomia tornando-se preocupada. Ela sentiu as reiatsus poderosas dos capitães do Gotei 13 lutando. Havia picos de poder às vezes tão forte quanto Ichigo, às vezes diminuía num valor tão insignificante quanto o de um mero animal do Hueco Mundo.

— Por que você está me dizendo isso? — repentinamente virou-se para o Espada, que estava com as costas apoiadas numa parte da muralha de Las Noches.

— É para você não encher-se de esperança só por Seireitei ter disponibilizado alguns capitães para o seu resgate. — disse, seco. — Isso não significada nada. Isso não tem importância. A única coisa que isso causou foi mais mortos. Mais amigos seus mortos.

— Não... — as unhas da mão de Orihime cravaram-se na carne do seu peito, num ato de nervosismo.

— Sim. — rebateu Ulquiorra, soturno. — Não importa o quanto os seus amigos lutem ou tragam reforços, o resultado já está estabelecido. Todas as circunstâncias apontam para a nossa vitória — Inoue odiou a sensação que teve ao perceber que o Espada também a incluía naquele nossa. — Você deve simplesmente aceitar isso. Nós a protegemos, nós cuidamos de você... — Ulquiorra levantou os olhos para o seu rosto, quase parecendo que era capaz de decifrar os pensamentos da humana. — Nós somos seus companheiros, mulher. — aproximou-se um passo dela. — Me diga, desde quando você estava sozinha? Fazia tempo que alguém cuidava, se preocupava com você. — deu mais um passo. — Isso acontece desde a morte do seu irmão, não é? — ergueu a mão para ela, nunca claro convite.

Orihime hesitou, engolindo em seco. Fitou a mão pálida que o arrancar a oferecia, e pensou nas reiatsus que estava sentindo, resistindo fortemente na luta que travavam. Quem eram seus aliados, quem eram os inimigos? A essa altura do campeonato, ela fazia a mínima ideia. Não, a questão não era essa ela precisava fazer com que ocorresse menos danos o possível. Mas como conseguiria isso? Seria escolhendo o lado de Ulquiorra, ou seguindo leal aos seus amigos até o final?

— Eu... — mordeu o lábio inferior, os olhos do Espada captando em especial essa ação. — Eu quero que ambos os lados saiam intactos. Quero que ninguém se machuque. Quero que meus amigos sobrevivam... — hesitou mais uma vez. — E quero que você seja feliz. — confessou, o rubor tomando conta das suas bochechas enquanto ela baixava o seu olhar para o chão de areia.

— E você conseguirá tudo isso ao lado de Aizen-sama. — respondeu Ulquiorra, ainda com o braço estendido para ela. — Essa batalha chegará a um final em breve.

— É mesmo? — Orihime olhou-o, os olhos lacrimejando e a boca aberta em surpresa.

O Espada assentiu, e Inoue pensou ter visto um meio-sorriso brotar em seus lábios. Ela segurou a mão quente do arrancar, adorando aquela sensação confortável. Surpreendeu-se quando Ulquiorra envolveu a sua cintura com o seu braço livre, puxando-a de encontro com o seu peito num abraço.

Uma mão acariciou a sua cabeça numa ação carinhosa, transbordando proteção.

— Sábia escolha, mulher. — aprovou o arrancar, afagando o cabelo da menina com cuidado.

Orihime estava prestes a responder algo mais quando sentiu como que uma luz acender-se dentro de si ao perceber que duas reiatsus tinham se recuperado quase por completo Kuchiki-san e Sado-kun.

O nome dessa luz era esperança.


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Notas finais do capítulo

Gente, mil desculpas pela demora ç.ç Mas eu tenho um aviso muito importante: semana que vem minhas aulas voltam - sim, minhas aulas voltam AINDA em Janeiro morre// -, então agora eu só poderei postar os capítulos de tarde mesmo. Em outras palavras, pois é, quando você acordar não terá já um capítulo fresquinho de Uncovered. Acontece .-.