“Não pude fazer nada, afinal, não fui eu quem a escolheu. O lado ruim de tudo? Ver quem amo sofrer e não poder fazer nada. Se ao menos eu pudesse tomar sua dor, ou já deixá-la preparada para tudo isso... Mas não.

No princípio pensei que seria só mais uma, que simplesmente desapareceria como as outras, mas algo me diz que essa será a última. Aprendi a conviver e a amar Nichole, isso é um fato, mas não posso ter a certeza de que esse sentimento é recíproco, embora ela demonstre que seja. Bom, veremos isso agora.”

- Me perdoe. – Ele disse.

Aquela frase ecoou diversas vezes em sua mente. “Pronta para quê?” Pensou, e logo veio a resposta. Todos os seus ossos se deslocavam ao mesmo tempo. Gritou. Sua pele se esticava, seus músculos se repuxavam por baixo dela e ficavam cada vez mais extensos. A dor era praticamente insuportável, mas algo não a deixava morrer.

- F-faz p-parar. – Ela disse em meio aos gritos de dor e pânico.

- Aguente firme, minha querida. – Ele respondeu enquanto a observava sofrer, e sentindo-se mal por ser o causador de sua dor.

Fechou os olhos, os apertou com força, tentando evitar a dor, mas quando tentou os abrir não conseguiu. Os gritos cessaram, sua boca se cerrou e não mais abriu. Parou de respirar, era como se não precisasse, como se não tivesse pulmões. A dor ainda era forte, mas ela se acostumou. Sentiu um buraco se formar em suas costas, de onde surgiram tentáculos. Suas vestimentas rasgadas davam visão à sua pele pálida como a neve.

- Bem-vinda à sua nova vida. – A voz grossa lhe soava bem nesse momento. Era-lhe reconfortante. Forçou a abertura de sua boca, provocando mais dor a si mesma enquanto a pele do local era puxada até rasgar.

- Me sinto tão... Bem...– Ela disse. Sua voz era melódica, suave, de uma forma agradável. Sua visão era praticamente onisciente, não possuía olhos, mas sabia exatamente tudo o que estava acontecendo no local, e até fora do local.

- Vamos, minha querida, tenho muito a te mostrar. – Ele disse, dando espaço a ela para sair primeiro.

- Um minuto. – Tomou em uma de suas enormes mãos brancas o seu urso de pelúcia. – Pronto. – Ele tomou sua mão e então os dois desapareceram na floresta.