Já faz 5 anos desde que me separei de Vivi. Ela de vez em quando me visita em meus pensamentos, mas a afasto na primeira oportunidade. Comecei a namorar a minha linda Nami-san há 1 ano, e estamos felizes. Não tocamos mais no assunto dela, é como se aquilo tivesse morrido. Era proibido até mencionar ela, por causa do que fez.

As vezes, tarde da noite, eu me pego pensando em como ela está agora. Se está em uma relação com Kohza, ou com qualquer outro, casada, namorando ou solteira, não sei. Mas sinceramente, nem importa. Ganhamos novos membros na tripulação, e mudamos de navios. Agora navegamos com o Sunny, junto de Robin, Franky e Brooke. O passado agora é passado. Ou pelo menos era o que eu achava.

–

– Nee, Sanji-kun.

– Sim, amor?

– Precisamos de alimentos, certo?

– Hai, Nami-san! Ilha a vista? - indaguei, sem muito interesse.

– Sim, pelo jeito desconhecida. Parece habitada. - minha ruiva logo olhou para o lado e gritou para o capitão - Luffy! Vamos parar!

– Nami baka! Nós já íamos parar de qualquer maneira! - disse o moreno, rindo.

Soltei um riso baixo e levei um suco de morango até Nami. Ela sorriu para mim e me deu um beijo na bochecha. Eu mal podia acreditar em como as coisas haviam mudado. Ela havia se tornado mais delicada, e gentil. Um dia, eu soltei uma cantada ridícula somente por força do hábito mesmo e ela correspondeu. O resto vocês já imaginam.

Peguei um cigarro, acendi e dei uma tragada. Logo joguei fora, e fechei os olhos. Mas meu momento de paz logo foi interrompido quando os gritos de animação da tripulação, dados sempre que chegávamos a uma ilha, começaram.

– SUUUUUUPER! Vou renovar meu estoque de cola!

– Chegamos na Ilha da Carne!

– Zoro, você fica pra cuidar do navio. Robin, vamos fazer compras!

– Bruxa, é sempre eu.

Revirei os olhos e levantei. Desci do navio, com as mãos nos bolsos. O lugar parecia comum, algumas casas, lojas, e pessoas passeando felizes pelas ruas. Entrei em um mercado e estava escolhendo algumas frutas quando pensei ter visto um vulto de cabelos azuis passar por trás de mim.

Esse foi um daqueles momentos em que eu arregalo os olhos e meu cigarro cai da boca. Primeiramente, fiquei paralisado. Até que me virei. E, lá estava ela. Olhando algumas joias em uma barraquinha qualquer. Nessa hora, ela percebeu meu olhar.

– Vivi-chan?!

–-

Quando dei por mim, estava em um café, com Vivi em minha frente, me encarando. Tentei forçar um sorriso, mas logo desisti. Também tentei falar alguma coisa, de novo foi inútil. Acabou que quem quebrou o silêncio foi ela.

– Sanji-kun... Quanto tempo. - assenti com a cabeça. Ainda não conseguia falar nada. - Eu senti sua falta. - ela olhou para as mãos, envergonhada.

– Vivi, eu... Bem, muita coisa aconteceu nesse tempo, em que ficamos longe um do outro. E-eu... Não sei o que dizer.

– Tudo bem. Posso falar, então. Naquele dia, 5 anos atrás, eu não sei o que você viu. Se foi tudo, o final, ou sei lá. Mas eu posso dizer que Kohza me beijou. E eu não correspondi. Pelo simples fato de que eu amava você. - então não ama mais? Controle-se, você tem namorada. - Quando vocês partiram, ele tentou me conquistar. Mas eu neguei, com todas as minhas forças. Porque eu tinha esperanças de voltar a te ver. - uma lágrima solitária escorreu pela bochecha dela. Senti vontade de secá-la, mas me contive. - Se você quer saber, eu não namorei ninguém nesses anos. Não sei o que você fez. Mas eu sofri, muito. Bloquei meu coração. Na verdade, acho que nem tenho mais um. Porque... Ele foi embora junto com você.

Segurei as lágrimas, me preparando para responder.

– No início foi tudo muito difícil. Noites sem dormir, lágrimas que não eram bem-vindas... Pois é, muita coisa aconteceu. Temos novos nakamas, - vi que ela levantou uma sobrancelha - e um novo navio. E eu, bem, eu tenho uma namorada. Não pergunte quem é. Isso eu digo depois. Bem... Eu gosto muito dela, muito mesmo. Mas eu sempre soube que meu coração pertencia a você. Provavelmente ela irá entender. Acho que nosso amor também não é assim tão forte. Pelo menos... Pelo menos não como o nosso era.

Foi aí que nós desabamos. Todas as lágrimas contidas por todos esses anos. Todos os sentimentos escorrendo junto delas. Nos abraçamos, e foi com esse toque que ambos percebemos que ainda nos amávamos. E eu lembrei. Lembrei que ainda tinha que responder uma coisa. E ela também.

– Sanji... Eu também amo você.

– Sim. - sussurrei.

– Sim o que?

– Eu perdoo você.

E com essas palavras, selamos os nossos lábios. Dando o beijo tão esperado. Dando o beijo que dava o fim da nossa história. Ou talvez, fosse apenas, o começo.