Outlaw escrita por Reckless


Capítulo 3
Call me Percy


Notas iniciais do capítulo

Segundo capítulo! Obrigada aos que me deixaram reviews, e eu pretendo conseguir mais leitores. Estou adorando escrever a fanfic, e eu espero que vocês gostem deste capítulo.



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POV’s Percy Jackson

Sabe aquelas raras manhãs em que você acorda anormalmente bem humorado, com a expectativa de que o dia será tão normal quanto qualquer outro, mas de repente você é forçado a pagar por um pecado cometido naquela sua encarnação de 230 a.C.? Era exatamente esta a sensação que eu tive hoje.

Tudo corria perfeitamente bem e normal, obrigada. Eu estava fazendo o que sempre fazia: sentado nos fundos da indústria, enquanto observava os operários de Hefesto construírem as peças dos navios, que seriam logo usados no cargo de meu pai, Poseidon, entre a empresa do meu tio Zeus. Meu pai comandava navegações de exportação, o que o fazia entrar em parceria com Hefesto e Deméter, pois o primeiro construía-lhe os navios, e esta outra exportava grãos para a Europa e Ásia.

Eu moscava e pensava em coisas como os biscoitos azuis da minha mãe, enquanto deveria estar anotando recados para meu pai ou fazendo algo produtivo como dever por ficar com o traseiro sentado o dia todo naquele lugar. Mas um homem anunciou o horário de almoço dos operários e eu aproveitei a deixa para perceber que estava morto de fome, e ir comprar algo para comer.

Foi aí que uma explosão nuclear começava a se formar na minha vida.

Eu caminhava em direção à lanchonete mais próxima - que se chamava The Dam, por um motivo pelo qual eu ainda não entendia. Dizem que a fundadora do local teve como inspiração do nome uma garota de um Convento, chamada Zoë. 

Meu estômago deu um salto mortal no momento em que eu avistei a fachada da lanchonete. Eu atravessava o pequeno parque (considere um pedaço de calçada com grama no lugar de pavimento) que seguia o caminho até a lanchonete, e minha cabeça estava completamente vazia agora (isso acontecia muito em algumas aulas). Ela permaneceu vazia até que eu tivesse tempo de atravessar, em passos apressados e esfomeados, boa parte do gramado, quando algum barulho vindo de trás de uma moita me despertou. Eu mudei o curso e agora me dirigia o mais silenciosamente possível até o lugar de onde os ruídos apareciam, e me posicionei estrategicamente atrás de uma árvore grossa. Os ruídos ficavam mais claros agora, embora não passassem de sussurros.

- E como você pretende voltar? Onde ficaremos? Por que você não bolou a droga de um plano decente antes de nos tirar da cidade? - dizia uma voz feminina, em um tipo de sussurro-grito.

- Se você quiser, posso te levar de volta para Los Angeles, para que você  possa então ficar atrofiada naquela clínica por tempo suficiente até que seu pai a matricule em um colégio de damas no exterior. - As palavras foram finalizadas com um bufo. 

- Você tem razão. Eu não estou reconhecendo que vocês estão tentando me ajudar. Mas somos fugitivos. Quero dizer, vocês dois têm dezoito anos, mas eu não. E além do mais, vocês podem se encrencar muito por terem a idade que têm, e terem feito o que fizeram.

- E qual a sua ideia genial? Poderíamos comprar fantasias de ninja e sair por aí sem preocupações. Ou…

- Poderíamos simplesmente aceitar o fato de que você já ferrou com tudo mesmo e encontrar um lugar para ficar até o nosso plano sem planejamento furar completamente. - Eu me inclinei cautelosamente para observar a cena. Haviam dois adolescente sentados em um banco - uma garota de cabelos cacheados, e um cara de cabelos loiros que estava de costas para mim. Eles deviam ser os dois que estavam discutindo. Uma outra garota surgiu entre as árvores, e foi a última a falar algo por lá.

- Vejo que voltou do banheiro. Já vomitou o suficiente? - Perguntou o garoto de cabelos loiros, em tom de deboche. Decisão horrorosa, pois a garota que estava de pé o encarou com o olhar mais demoníaco já visto - seus grandes e bem desenhados olhos azuis, contornados por delineador preto extremamente forte, pareciam ser cortados por raios, que faziam movimentos frenéticos. Olhar a cor de seus olhos era estonteante. O azul que os preenchia era surpreendentemente forte, uma cor nunca vista antes - mais azul que o próprio céu. 

Por um momento aquela garota me lembrou a única pessoa na face da Terra que tinha olhos parecidos - o irmão de meu pai, Zeus.

- Para a sua informação, eu não vomitei. - A garota de olhos azuis abaixou a cabeça. - Não tanto.

- Tudo bem, da próxima vez em que ele te forçar a entrar em um avião, lembre-se de levar uma faca para matá-lo e dar seu coração de alimento para pombas. Porque a sua acrofobia prejudica, surpreendentemente, todas as pessoas a sua volta. - A garota de cabelos negros já abria a boca para retrucar o que a outra dissera, mas não houve tempo. - Prejudica, sim. Quando as pessoas a sua volta precisam aguentar suas crises de acrofobia, suas mãos inutilmente pequenas e fortes as agarrando em todos os cantos do corpo, suas reclamações e sua fase vômito-pós-viagem, que dura aproximadamente duas horas. Você tem a sorte de que eu te amo mais do que qualquer outra coisa. - A garota de olhos azuis sorriu. - Agora vamos pra alguma lanchonete, porque estou prestes a considerar a ideia de jogar pimenta em Luke e comê-lo.

Os três riram, enquanto atravessavam a barreira de árvores do pequeno parque, na mesma direção em que eu estava. Eu tentei rapidamente mudar a minha direção, para não transmitir a ideia de que eu estava ouvindo a conversa deles - coisa para a qual eu nem ao menos tinha motivos para estar fazendo. Eu simplesmente fiquei interessado quando ouvi algo sobre eles serem fugitivos. Mas por um momento, tentei esquecer isso. Realmente não era da minha conta.

Os três haviam acelerado o passo e agora caminhavam à minha frente. Eles conversavam sobre coisas que agora eu não conseguia ouvir, então instintivamente minha atenção foi voltada à fome desgraçada, da qual eu havia esquecido por um tempo. 

Haviam poucas pessoas nas ruas, o que era bem estranho para uma tarde em Nova York. Notei que o trânsito também estava anormalmente calmo, exceto por um barulho de pneus sendo arrastados violentamente no chão, no momento em que um carro atravessou a esquina desgovernadamente. Eu não sei exatamente como aconteceu, mas reparei que a garota de cabelos encaracolados havia tropeçado e caído em cima de uma das pernas segundos antes que esse carro virasse a esquina. Os outros dois já haviam se distanciado - avistei-os dentro da lanchonete, nem sequer haviam prestado atenção ao barulho do carro. A menina loira notou que corria perigo e se levantou quando já não havia tempo para sair correndo, pois ela não conseguia equilibrar a perna torcida e mal podia ficar em pé. Então eu fiz a coisa mais inteligente que poderia ter feito: corri em sua direção na velocidade da luz (considerando que ela não estava nem um pouco longe de mim), e a empurrei violentamente no gramado. O carro desgovernado atingiu um poste de luz na calçada dos comércios, o que fez várias pessoas que estavam sentadas em mesinhas, na frente de um bar, se levantarem assustadas. 

Demorei alguns segundos para me lembrar de que precisava ajudar a garota que eu havia jogado na calçada - e que, a este ponto, deveria estar planejando a minha morte.

Corri para onde ela estava - deitada com a cabeça virada para o gramado, tentando a todo custo se levantar. Peguei-a pela cintura e coloquei um de seus braços em volta do meu pescoço.

- Tudo bem, eu vou te ajudar. - Disse, tentando reconfortá-la - e evitar que ela recusasse a minha nobre ajuda. Com uma das mãos segurando firmemente a sua cintura, levei-a até a lanchonete. Algumas pessoas olhavam para nós, curiosos, aparentemente querendo saber se a garota não havia morrido. 

Após algum esforço, coloquei-a sentada em uma cadeira da lanchonete e chamei a garçonete. Os dois amigos da garota vieram correndo em sua direção.

- O que foi que houve? Você está horrível! - disse a garota de cabelos negros, horrorizada. Ao todo, ela me lembrava alguém - cabelos negros e lisos, bagunçados, estrategicamente desfiados e atingindo pouco mais da altura de seus ombros; olhos azuis elétricos, pele clara demais e um estilo que alternava punk ou gótico. Eu me esforçava de verdade para lembrar-me de algo, mas nada acontecia.

Encarei a garota loira por algum tempo. Seu rosto estava vermelho, com um corte na bochecha e um logo abaixo da boca. Um de seus olhos cinzentos sangrava, completamente roxo, e o outro parecia estar inchado. Sua expressão parecia dizer muitas coisas ao mesmo tempo, mas tudo apontava que ela não queria exatamente estar viva naquela hora.

- Eu estou estrupiada. Não sinto uma das minhas pernas, esfolei a cara no gramado e estou cheia de cacos de vidro da noite anterior. E estou com fome! Eu jurava que após a briga com meu pai e o aperto que passei com a minha mãe, a minha vida não poderia piorar. - Ela bufou, e apoiou a cabeça em uma das mãos. 

A garçonete se aproximou da mesa em que estávamos, e eu pedi que ela trouxesse um café e barrinhas energéticas para a garota estrupiada.

- Mas o que acaba de acontecer? Por que tinha aquela multidão te encarando lá fora? - Perguntou o garoto de cabelos loiros.

- Sei lá. Eu perdi o equilíbrio das pernas, e caí em cima de uma delas acidentalmente. No momento em que um carro desgovernado cruzou a esquina. - A menina franziu o cenho. - Então alguém salvou a minha vida me jogando no gramado, e ele me trouxe até aqui. - Disse a garota, me apontando.

- Ãh… Oi. É… - Eu me sentia um completo idiota.

Eu era um completo idiota.

- Obrigada por salvar a minha vida, garoto. - Disse a menina loira, meio fraca. - Eu sou Annabeth Chase. 

- Ah, não foi nada. Eu sou Perseu Jackson, mas todos me chamam de Percy e…

- Espere, você só pode estar brincando. - Disse a garota de cabelos negros.

- É, você só pode estar brincando! - Repetiu o menino. Ambos me encaravam como se eu fosse o presidente - e Annabeth continuava morgando.

- Percy Jackson, como pude não te reconhecer? - O garoto loiro me analisou bem. - Passamos bons tempos em Los Angeles, se lembra?

Eu sabia do que ele falava. Quando eu tinha 11 anos, havia passado alguns meses em LA com a minha mãe. Depois eu havia voltado para Nova York, deixando alguns amigos e parentes para trás. Mas eu jamais imaginaria que eu tornaria a encontrar a melhor pessoa com quem havia mantido contato em Los Angeles, simplesmente…

- Luke. Seu idiota. - Eu o encarei, com os olhos brilhando. - Você me esqueceu.   

- E você, - começou a garota de olhos azuis - tem o dom de não reconhecer a própria família, não? 

Eu a estudei por alguns minutos. Cabelos negros, olhos azuis. 

Mas é claro, pensei, sentindo-me completamente estúpido.

- Thalia Grace! E Luke Castellan, nós três, unidos, novamente. Quem diria, não? - eu disse, ainda meio zonzo. - Vocês estão tão…

- Diferentes? - Perguntou Luke. - Você não nos vê há sete anos. 

A garçonete trouxe a comida que eu havia pedido para Annabeth, que estava totalmente desanimada. Eu, Luke e Thalia começamos a conversar sobre tudo o que ocorreu neste tempo em que ficamos sem nos ver - claro, eu e Thalia tínhamos contato desde pequenos, por sermos primos, mas depois da minha volta para Nova York, nunca mais nos falamos. Eles me contaram sobre a necessidade de tirar Annabeth da cidade, que assistia a tudo calada. Me contaram sobre a tentativa de assassinar Atena - o que me deixou atônito, pois eu conhecia Atena - uma vez eu havia visitado a sede do Monte Olimpo em Los Angeles, e ela simplesmente me odiara.

Depois de alguns minutos conversando, Thalia e Luke pediram licença e disseram que precisavam fazer algo. Eles disseram para Annabeth que logo voltavam e então planejaríamos algo para a noite.

O silêncio invadiu a nossa mesinha por vários minutos, antes de Annabeth cortá-lo.

- Obrigada por salvar a minha vida hoje, Perseu. - Ela disse meu nome calmamente, e eu revirei os olhos, sorrindo.

- Percy. - Annabeth riu. - Me chame de Percy.

- Obrigada, Percy. - Annabeth deu ênfase em meu nome, rindo suavemente. - Talvez eu pudesse achar alguma maneira de te agradecer. - Ela disse isto e deu um gole em seu café, sorrindo. 

Analisando o rosto de Annabeth, eu poderia compará-la facilmente a um anjo. Seus cabelos loiros e encaracolados caiam lindamente sobre sua face que, mesmo ferida, era bela. Seus olhos acinzentados continham um brilho anormal, e cada traço de seu rosto era delicado demais.

E eu passei alguns minutos me perguntando o por quê de não existirem meninas como Annabeth em Nova York.


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram? Mereço reviews?
Estou com nove leitores, e quero meus reviews! Hunf.
A propósito, aqui vai um link bônus pra quem gosta de nonência:
http://cristgaming.com/pirate.swf



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