Lysandre sempre foi muito ausente desde que cheguei aqui, mas ele vinha se aproximando de forma transparente, se tornando cada vez mais importante em minha vida, sem precisar estar necessariamente em todos os momentos dela.
Não sei ao certo quando foi que me perdi, mas foi nele que encontrei um lugar calmo. Sem lágrimas ou mágoas. Apesar disso, tudo me era muito alheio. O garoto estava ali ao meu lado, parecia cansado, e tinha o semblante torcido em preocupação, porém permaneceu ao meu lado todo o tempo.
Eu me sentia um pouco fraca e minha nuca vez ou outra latejava. A marca e a dor contida ali era a prova física de que eu sempre estive bem acordada e embora parte de mim soubesse disso a parte racional as vezes duvidava. A companhia de Lysandre estava me fazendo bem, mantinha minha mente longe de Castiel. Ao contrário do ruivo, Lys me passava uma tranquilidade admirável, talvez por ele ser calmo e na maioria das vezes silencioso.
Beijá-lo foi algo totalmente repentino, algo que eu nunca imaginei ser possível, mas quando nos aproximamos, senti uma energia que definitivamente não sei explicar. Uma força que me atrai a ele num caminho sem volta. E foi bom. Foi estranho e o fato de eu não saber como fazer isso tornou o momento, de certa forma, divertido.
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Ao amanhecer, fomos para o colégio Lysandre, Rosa e eu. O trajeto foi silencioso, mas Rosa me encarava com olhos curiosos. Chegamos na escola e as aulas já tinham começado. Entramos com o professor Faraize nos cobrando o atraso e eu reparei no lugar vazio de Castiel. A manhã foi bem ligeira e durante o almoço Lysandre se atentou em pagar a minha refeição e levar-me, com os dedos cuidadosamente entrelaçados aos meus, ao clube de jardinagem e mostrou-me uma parte do jardim que era pouco habitada. Tomou-me um beijo suave e demorado enquanto brincava com meus cabelos.
Aquilo era mágico, me transportava a outro universo, eu sentia que as coisas estavam equilibradas, como deviam ser. Pelo menos era assim até a realidade me cobrir novamente, com a ajuda do sinal para o último horário. Voltamos para a sala e eu precisava conversar com Rosa, mas não tivemos nem ao menos um segundo sozinhas. Com o término das aulas fui pra casa sozinha. Queria respirar um pouco e pensar em algumas coisas que me pertubavam o juizo. Tia Alex me recebeu com euforia, mas não escondida a preocupação em seu rosto. Conversamos e senti uma brecha para falar sobre Dimitry, mas ainda não era o melhor momento. Fui para meu quarto, onde pude conversar com a Demi, ela me disse que os pais dela finalmente tinham liberado sua vinda para Amour Sucré, o que me deixou imensamente feliz. Ela viria dentro de dois meses, e com sorte, chegaria a tempo de ver o festival de aniversário da cidade.
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Faltava apenas uma semana para apresentarmos nossas propostas para o grêmio estudantil e no entanto não tínhamos nada preparado. Castiel nem ao menos comparecia às aulas e sem ele tudo ficava desordenado. Meu pescoço doia, mas eu ja não sabia ao certo o porque. Rosa estava cada vez mais distante de Leigh, tudo porque ele já não a tratava com decência e isso estava me cansando. Nathaniel se afastava de Diamantine, era estranho a forma como o fazia, porque uma voz me dizia que ele pertencia a ela e ela a ele. Bela estava sempre empolgada, e sua companhia ajudou bastante a suportar os dias chatos daquela semana que passou voando. Anabelia era uma garota distante, sempre infiltrada em seus games, mas isto a tornava diferente e marcante de tal forma que já não se afastava de nós. Angel era da sala de Nathaniel, eu adorava vê-la esnobando a Ambre, que não conseguia deixá-la vulnerável nem por instante.
Ken estava meio bobo nos últimos dias, carregando o sorriso de garotinho apaixonado nos lábios. Era engraçado e ao mesmo tempo assustador. O sinal do intervalo bateu e fui até o ginásio. Sentei-me próximo ao sexto onde guardavam as bolas esportivas e coloquei meus fones de ouvido. Precisava deixar as músicas falarem e traduzirem-me para meu próprio ser. Tocava 21guns de Green Day quando Rosalya se sentou ao meu lado pegando o celular de minhas mãos e parou a música.
--Você está bem? -- perguntou com brandura e eu meneei a cabeça em concordância.
-Tem planos para essa noite?-- perguntou um pouco animada mas ainda de forma cautelosa. Era estranho Mag não estar ali, mas a menina estava casa vez mais neutra, assim como o primo. E eu não me incomodava com isso.
- Acho que não. Porquê? -- respondi com outra pergunta. Minhas noites de sexta-feira não costumavam estar preenchidas. Ela sorriu e se levantou num pulo.
-Que ótimo! Vamos a um lugar incrível. Mas primeiro, teremos que dar um jeito em suas roupas. -- ela disse analisando-me de cima a baixo.
-O que tem de errado com minhas roupas? -- perguntei contrariada enquanto voltávamos para a classe.
-O que não tem de errado com suas roupas Hinna... Precisamos bagunçar um pouco isso aí.-- ela respondeu. A olhei confusa.
-Primeiramente ao shopping, e depois na reinauguração de um bar. Os meninos vão tocar.-- ela disse e seguimos com a aulas.
O professor Sparrow nos colocou para treinar um musical da Disney e disse que o queria pronto dentro de uma semana e a senhorita Granger nos pediu uma pesquisa completa sobre Poseidon. Rosa foi para a minha casa e almoçamos juntas. Me troquei e partimos para o shopping. O dia seria bem cheio.