A manhã passou rapidamente, assim como toda a semana. Estamos correndo contra o tempo para conciliar o grêmio com as provas e o festival da cidade. Leigh e eu brigamos novamente. Dessa vez por causa de Lysandre, que anda agindo como um idiota. A cara dele acertou "acidentalmente" a palma de minha mão essa manhã e Leigh me chamou de estupida e violenta e disse que é só uma fase chata de adolescentes e eu não posso sair distribuindo bofetadas sempre que Lys nos der uma má resposta.
Castiel não apareceu no colégio durante toda a semana e com isso estamos atrasados com os projetos para o grêmio. Os Rebeldes ficaram de se reunir no almoço hoje e provavelmente teremos de marcar uma reunião por fora esse fim de semana. Se bem que só teríamos o sábado, pois os meninos se apresentarão essa noite no Harvelle Road House, o famoso "bar da estrada" que está sendo reinaugurado após dois anos inativo devido a morte da família Harvelle. O nome permanecerá o mesmo em memória a eles. E no domingo eu terei coisas um tanto particulares, pra fazer e não vou mudar minha agenda por causa de coisas da escola, assim como os outros também não o farão.
A senhorita Granger nos pediu um trabalho sobre posêidon depois de passar horas falando sobre uma tal de Hidra e no quanto ela é perigosa e que ainda teríamos uma aula demonstrativa de como enfrentar uma, qual a melhor defesa e etc e etc. Será que ela acredita mesmo nessas coisas?
Os grupos formados para o grêmio foram convocados para uma coletiva no ginásio após o almoço, matando a aula de história. O pior de tudo foi "Os Pensadores" apresentarem parcialmente suas propostas e sua campanha eleitoral, enquanto nós "Os Rebeldes" passamos todo o tempo mostrando o quanto somos "irresponsáveis e incapazes de dirigir todo o conselho estudantil da Sweet Amoris". Palavras da nossa loura e nada querida Ambresgóia. De certa forma a garota está certa, mas a nossa única irresponsabilidade foi confiar em Castiel quando ele disse " Deixa comigo, o esquema já está todo armado". Tão armado que ele nem apareceu para tentar se desculpar. Lysandre como sempre defendeu o amigo, disse que Cast é complicado mas não pisa na bola com ninguém e não falharia conosco. O conheço a bastante tempo e só o vejo fazer besteiras. Concordo plenamente com Hinna quando diz que não devíamos confiar cegamente no ruivo.
No fim das aulas fui com Hinna para sua casa. Almoçamos juntas e fizemos uma pequena bagunça com biscoitos e caramelo. Olhei algumas das peças guardadas nas gavetas dela e tive uma pressa ainda maior de ir ás compras. Durante o trajeto conversamos e lhe contei sobre meus problemas com Leigh.
Eu só estou dizendo que deviam conversar. Se ele não gostasse de você porque ainda estariam juntos? -- questionava num tom inteligente. Sorri e tentei mudar de assunto.
E você, o lance com Lysandre é pra valer?-- Hinna se encolheu quando perguntei e seguiu-se alguns minutos em silêncio.
Sabe, Lysandre é um cara legal, mas...-- ela parou, agora encarando a janela daquele ônibus vagaroso.
Mas é no Castiel que você pensa não é?-- perguntei e ela abriu os olhos como se fosse me engolir com eles.
Não! Ele eh muito.. Eu não.. Ah, ele é estupido, ignorante, um idiota sem objetivos ou amor próprio. Lysandre é diferente... Eu... ham..--ela gaguejou enquanto esbravejava seu engano.
Hinna, qua é? Sou eu. Convença outro porque pra mim esse papo não cola. -- eu disse a fazendo corar. Ri da situação, ela estava enganando a si mesma. --Admita Hinnari, você gosta do Cast, você pensa nele não pensa?
O tempo todo. -- ela sussurrou como se dissesse algo errado.
Bem melhor assim. A pior mentira
é aquela q contamos a nós mesmos. -- falei me sentindo hipócrita por pensar em Leigh, e que voltaríamos a ser como éramos no início, quando na verdade eu sabia que tudo já havia se perdido.
Entramos na loja de acessórios primeiro, compramos um colar com pingente de dragão para mim e Hinna ficou hipnotiza por jóia com uma ave exótica que viu. Ficou um bom tempo imóvel a observando e em vez de comprá-la apenas afirmou que aquele pássaro era familiar. Coisas estranhas à parte, fomos a loja de calçados. Um pepetoe nude com laço dourado para Hinna, um scarpin cinza com rendas pretas e prateadas para mim e meias de seda modelo arrastão para ambas. Pagamos e seguimos para o segundo andar, onde as lojas de roupas eram divinas.
Eu escolhi um vestido com babadinhos na púrpura, com um casaquinho de tecido leve e transparente na cor preta. Hinna pegou uma blusa preta bem justa ao corpo, com decote formatado em coração. Uma renda delicada o complementeva por cima da armação tomara que caia, e fechava no pescoço, ela pegou uma luva de seda, um tecido refinado e com um brilho que lembrava roupas de bailes. A ajudei a escolher a peça de baixo e depois de vestir e tirar várias delas, Hinna optou por um short de cintura alta, não era colado ao corpo mas também não lhe era solto. O tom escolhido foi bege, tecido semelhante ao jeans e todo trabalhado no glitter. Compramos um cinto dourado para arrematar o look e casar com o que ela calçaria. Também fomos a uma loja feminina de roupas íntimas e levamos uma langerie para cada. A de Hinna era no tom exato de sua pele, com uma florzinha roza em uma das alças do sutien e outra na lateral de sua calcinha. Optei por uma lilás no mesmo modelo com lacinho branco no lugar da flor. No fim das compras fomos na praça de alimentação para comermos algo. Feito isso seguimos de volta para a casa de Hinna.
Passamos um tempo conversando e brincando com o mordomo na cozinha. O ajudamos a limpar a bagunça e fomos para o quarto. Vi algumas fotos de Hinna.
Seu irmão é tão gato. -- disse sorrindo lançando-lhe a foto do garoto. Ela sorriu e ficou olhando a mesma por segundos.
Ele parece bastante com minha mãe, mas os olhos são do meu pai. -- ela colocou a foto na gaveta. -- Sinto falta dele. É o único que me entende de verdade e não me julgava nunca sabe. Agora eu tenho a Alex, ela é perfeita, mas não é a mesma coisa entende?-- perguntou me olhando através do espelho. Sim, eu entendia perfeitamente. -- Mas e seus pais, eles não se importam de passar tanto tempo longe de casa?
Aquela pergunta me cortou. Olhei para o nada e em seguida me sentei na ponta de sua cama. Hinna se levantou da poltrona de sua penteadeira e colocou-se ao meu lado.
Não precisa dizer se não quiser. -- ela sorriu balançando algumas mechas do meu cabelo. Evitava falar sobre isso, mas com ela eu me abria facilmente.
Eu já não os tenho há muito tempo. É por isso que passo tanto tempo na casa de Lydandre e Leigh. Eles são minha família desde que Leigh e eu começamos a namorar. Lys já era meu amigo antes disso, e os dois viviam brigando por minha causa. Quero dizer, por causa de outras pessoas que diziam que eu queria os dois pra mim, ou que eu namora um e me esfregava no outro. Na época Lys era um garoto imaturo e até entrava na onda das piadinhas, mas nunca tivemos nada como dizem. Do ano posso pra cá Castiel se tornou um grande amigo. Ele dava problemas o tempo todo por causa de uma garota que bagunçou a vida de muita gente. Principalmente a dele, e a minha. Mas foi numa briga com Nathaniel que Lysandre e eu tentamos apartar que se iniciou nossa amizade. Nathaniel era um idiota, melhor amigo de Cast, mas se desentenderam e quase se mataram na saída da escola. Desde então se odeiam como Arthur e Lancelot. -- parei de falar e a garota me olhava insistente, esperando que eu concluísse. -- Castiel me defendeu quando começaram com as piadinhas novamente e um garoto do time de basquete disse que até ele tava se aproveitando da "gostosinha" da escola. Daí ele deu um soco no garoto dizendo pra ele não se atrever a falar de mim outra vez, o idiota falou de novo desafiando Cast e tentou revidar mas apanhou mais ainda. No dia seguinte os pais dele foi na escola e o transferiu, e os pais de Castiel o emanciparam pra não serem chamados novamente. Ninguém abriu a boca pra falar mais nada a meu respeito e aquele inferno acabou. E Leigh e Lysandre pararam de brigar todo o tempo. Cast foi superando o mal que aquela garota o fez, e eu, ainda tento superar. -- com isso encerrei o assunto com olhos úmidos. Tais lembraças eram dolorosas e hoje era um dia de alegria.

Já era quase sete horas da noite e começamos a nos arrumar. Alex nos ajudou com unhas, cabelos e maquiagem. Algumas horas depois estávamos prontas e Kentin chegou com Bella, Ann e Diamantine. Ficamos vendo os simpsons na sala até o Kurt, motorista de Alex, chegar para nos levar. Ao chegarmos no Harvelle, todos os jovens da cidade estavam lá. Principalmente as garotas, que muitas delas eram de fora.
Haha é hoje que eu me acabo. -- disse Ken olhando um grupo de garotas que acabavam de entrar e logo indo em direção a elas.
Que ótimo, ele recebe ordens pra "cuidar das meninas" e nos deixa de lado.-- diz Ann que pela primeira vez não estava com seus games.
Mas ele foi cuidar das meninas. -- Hinna disse em meio aos risos, nos enchendo com a graça.
Devem estar nos olhando da mesma forma que Kentin fez com elas. Isso é estranho. E irônico. -- Diamantine fez uma careta engraçada ao dizer isso. Fiz o mesmo enquanto entravamos no bar. Os olhares dos rapazes não eram tão assustador como o modo que as outras garotas dali nos olhavam. Bella parecia pensar o mesmo quando evitou olha-las e logo sentamos nas cadeiras altas frente ao balcão. Daria para ver os meninos tocando perfeitamente.
A primeira voz a soar no ambiente foi a de Castiel cumprimentando a todos os presentes, logo as luzes se abaixaram, e ouvimos o som da guitarra do ruivo. Então, algumas luzes neon invadiram o lugar e a juntamente com a fumaça de gelo seco, a voz de Lysandre cantando Castle of Glass do Link Park.
As meninas curtiam a música distraidamente, comentando sobre ela ou sobre a voz de Lysandre ou sobre como seria divertido subir ao palco e abraçar um dos garotos só pra ver a cara das gurias que estavam gritando como loucas próximo a eles.
Hinna estava distante, com o olhar perdido entre Lys e Cast.