Monster High - First Horror Dreams escrita por MichieOliveira


Capítulo 4
O Fantasma da Família Vondergeist




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Draculaura foi para a cozinha do Castelo de Bran. Havia mais de um dia que Lala estava em segurança em seu castelo depois dos acontecimentos no moinho. Seu pai não estava em casa e os criados a informaram que ele logo seria nomeado Conde Drácula. Ele era um homem muito atarefado no momento e estava longe da sua vontade perturbá-lo. Na verdade, ela achava que era muito mais nobre pensar assim do que contar tudo e receber um castigo por toda a eternidade.

Uma grande janela na cozinha exibia a melhor vista do castelo em direção ao moinho. Dentro do seu coração, ela torcia por ver alguma revoada de morcegos a procurando. Enquanto isso não acontecia, ela passava seu tempo com a cozinheira da família.

–Fazendo asas de morcego na massa de pão? – Alina, a cozinheira, riu da garota distraída.

–Sim! Vão ficar ainda mais crocantes do que o pão comum! - sorriu inocentemente a garota. – É porque são mais fininhas e vão assar melhor no forno.

Alina sorriu de volta:

–...pelo visto, vão sim.

Uma chuva fina começou a cair do lado de fora. Draculaura levantou-se e olhou através da janela. Já havia uma névoa entre as terras do castelo e do moinho e ela não conseguia olhar mais nada. Sua respiração pesou e ela colocou a cabeça para o lado de fora completamente, molhando seu rosto em uma tentativa boba de ver alguma coisa. Ela lembrou que naquela época do ano as chuvas eram constantes e logo as terras entre o moinho e o castelo estariam alagadas. Era comum ficar presa no castelo até o verão.

–Mas o que você está fazendo? Quer destruir toda a maquiagem que demorou horas para colocar hoje de manhã? – Alina a olhou.

Draculaura sorriu e saiu da janela. Era um sorriso sem esperanças.

–Você parece triste, Lala. Por que não me conta o que aconteceu nesta noite que dormiu fora de casa?

–Nunca acontece nada demais no moinho abandonado, Alina. – ela voltou a fazer asas de morcego na massa de pão.

–Nunca desde que os donos sumiram para sempre.

–Sim, exatamente. Por isso eu passei a noite no moinho...já era tarde quando me dei conta da hora. Não podia voltar porque...você sabe, criaturas estranhas andam por aí na escuridão. Animais selvagens. Assassinos dos donos do moinho. Vultos dos donos do moinho.

No momento em que Draculaura mencionou os vultos, uma sombra gigante passou pela janela da cozinha e o vidro embaçado não permitiu que Alina observasse quem estava ali.

–Vultos? -disse a empregada, tomando um susto passageiro. Tentou se lembrar se estavam esperando alguém àquela hora. Provavelmente, era algum animal fugindo da chuva.

–Sim...É o que dizem por aí...- Ela levou as mãos para o alto e simulou um fantasma. Lala não havia visto a sombra passando do lado de fora do castelo.

A sombra passara novamente para o outro lado.

–São só lendas. – Alina levantou-se para olhar pela janela. Foi quando ouviu alguém tentando abrir a janela fechada da dispensa. – Está ouvindo alguma coisa?

–Chuva?

–Não. Escute.

A pessoa que tentara abrir a janela agora começava a esmurrá-la e logo quebraria o vidro. Começou a trovejar e um raio caiu ao lado da enorme janela da cozinha, cegando momentaneamente as duas. O barulho na janela da dispensa aumentou. Uma lamúria se fez ouvir rapidamente. Alina pegou uma vela sobre a mesa da cozinha e foi em direção a porta. A dispensa era sempre escura para servir também como adega para os vinhos da família.

Dentro da dispensa, Alina sentiu o pêlo de algum animal roçar no seu calcanhar e correr. Malditos ratos que insistiam em fazer um banquete ali! Algum dia, ela prometeu a si própria, faria um assado com todos eles na maior fornalha do castelo. As garras do animal riscavam o chão agora. Após alguns passos, ela chegou à janela completamente fechada. Não havia vultos do lado de fora.

Com um suspiro pesado, a criada resolveu voltar para a cozinha.

Um vento gelado passou por ela assim que deu às costas. Um riso abafado de uma voz muita aguda se fez ouvir.

A chama da vela oscilou e apagou. Alina olhou para trás. Não valia a pena andar mais pela dispensa no escuro. De repente, patas geladas tocaram seu pé novamente. A criada mexeu freneticamente o pé para espantar o animal, mas pareceu ineficaz. Ela sentiu pêlos molhados enroscarem na sua perna. Os bigodes compridos do bicho e sua respiração barulhenta lhe deram calafrios. Com o rosto contorcido de nojo, Alina foi tirar com suas próprias mãos aquele roedor imundo. Porém, ao tocar sua perna, tudo o que ela sentiu foi o gélido ar que percorrera suas costas minutos atrás. O vento cortou a palma da sua mão. Aquela criatura era feita do sopro gelado que serpenteia entre os mortos de um cemitério.

–Alina? – a criada ouviu uma voz abafada do outro lado da pesada porta de madeira da dispensa. Era Draculaura.

O riso agudo e comedido se fez ouvir novamente. Alina correu instintivamente para a porta da dispensa.

–Draculaura? – ela abriu a porta de rompante.

Na sua frente, uma garota esguia de profundos olhos cor de violeta sorria misteriosamente. Era ela a dona da voz fantasmagórica que ria insolentemente pelas paredes da dispensa. A garota se abaixou em direção a uma gaiola coberta com um pano e abriu a portinhola para o vento gelado passar para dentro de suas grades.

Draculaura tocou o ombro de Alina. A menina parecia alheia a tudo o que havia acontecido. Estava, como sempre fora, infantilmente animada:

–Está tudo bem, Alina? Esta é a senhorita Spectra Vondergeist. Ela estava procurando uma estalagem por aqui, mas achou apenas nosso castelo nesta chuva.

–É um prazer conhecê-la, Alina. – Spectra sorriu, mas Alina a encarava com desconfiança. – Queira desculpar o incômodo. – ela olhou de lado para a gaiola.

–Venha, Spectra. Temos vários quartos de hóspedes aqui. – Lala levou a garota pela mão. – Ah! Você pode trazer as malas dela, Alina?

As duas meninas partiram na frente. A atordoada cozinheira pegou as duas malas da estranha. Não conseguia parar de pensar que ela guardava algo morto naquela gaiola. Alina percebeu que ainda havia uma bolsa menor sobre a mesa. Ao tentar pegar toda a bagagem de uma vez só. A bolsa menor caiu no chão e se abriu, revelando várias páginas de jornal velho. Alina leu um indiscreto título em letras góticas:

“A tragédia Vondergeist - Filha é condenada a forca pela morte de toda a família”






A noite chegou rápido ao Castelo de Bran. Spectra já estava acomodada em uma cama de carvalho aconchegante com vários entalhes de animais selvagens mostrando seus dentes pontiagudos. A família Tepes tinha um gosto macabro para os móveis. Isso ajudaria sua veia investigativa a entrar no clima da Romênia. O sono estava demorando a chegar, então ela decidiu ir até a escrivaninha e começar suas anotações.

O furão fantasma que vivia na sua gaiola saltou para o seu colo.

–Você parece horrível depois desta chuva, Rhuen. – constatou Spectra. – Pelo visto andou tentando roubar comida dos vivos de novo, não é? Tsc tsc tsc...- ela balançou a cabeça. – Alguns hábitos nunca se perdem.

–Tem razão, mocinha...- uma voz sibilante sussurrava. Uma mão translúcida pareceu tocar o ombro de Spectra.- Como o hábito de ir sempre tarde para a cama e acordar péssima no dia seguinte.

–Mãe? – ela suspirou, cruzando os braços. –Por que você veio?

–Estou cuidando de você. – a mulher fantasma com cabelos roxos se colocou na frente dela, atravessando a escrivaninha. Seus dedos fantasmagóricos tocaram o rosto da menina. As unhas da mãe entraram nas bochechas de Spectra. – Você é só uma criança.

–Oh, mãe...- uma lágrima emocionada escorreu dos seus olhos. – Eu sei me cuidar, certo? Já tenho dezesseis anos...

–Dezesseis? Parece que foi ontem que tinha dez. – a fantasma flutuou. – Não quero que morra também, Spectra. Você não deve ter o meu destino.

–Você acredita que não fui eu que a matei, mãe?

–Que mãe não acreditaria?

O fantasma da senhora Vondergeist guiou a filha de volta para a cama e entrou em seus sonhos para criar momentos felizes na trágica vida de Spectra.


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Notas finais do capítulo

O que vocês acham que vai acontecer? =x Mistérios! Mistérios! Prometo revelar mais no próximo capítulo =D



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