Monster High - First Horror Dreams escrita por MichieOliveira


Capítulo 3
O Fantasma da Família Tepes




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Spectra segurou suas malas e deu um passo para fora do trem lotado. Usava um gracioso vestido de seda e gola preta rendada. A saia plissada era longa e estampada com bordados roxos. Estava ali para investigar e, como tal, deveria se vestir adequadamente para se misturar entre as pessoas. Ela era jovem demais, mas já se considerava uma jornalista de assuntos fantásticos. Os mistérios que passavam de boca em boca, acabando distorcidos, eram seus assuntos favoritos.

Um vulto esbranquiçado passou veloz ao seu lado mesmo sem haver espaço entre ela e as pessoas que chegavam e partiam na estação de trem. Spectra sentiu um calafrio e tentou não olhar, mas a pessoa translúcida de cartola voltou atrás e parou na sua frente. Seu nariz sangrava um curioso líquido semitransparente e vermelho:

-Perdão, senhorita, mas poderia me informar que horas são? Acredito que o meu relógio esteja atrasado.

Spectra retirou o seu relógio de bolso e observou.

-Seis e meia da tarde, senhor.

-Oras! Está realmente atrasado. Parece que perdi meu trem. Terei que voltar ao guichê e comprar um novo bilhete e…

Spectra tentou tocar o braço do homem a sua frente, mas seus dedos finos simplesmente traspassaram o corpo dele. O homem a olhou com espanto e curiosidade, como se fosse Spectra a pessoa capaz de atravessar corpos. Ele recuou alguns passos para trás, mas não bateu em ninguém. Simplesmente passou através de uma pessoa.

-Eu temo em dizer! Mas seu relógio parou para sempre! - Spectra foi atrás dele.

-Posso dar corda, senhorita! Não se incomode com isso! - o fantasma deu as costas atordoado e percebeu a mão de um guarda caindo na sua direção. O braço pesado ficou dentro do corpo etéreo do espírito, exatamente onde estaria o seu coração.

- O que está havendo? - ele balbuciou e viu a mão sair com facilidade de dentro do seu corpo.

Spectra sorriu para confortá-lo, embora ela soubesse que isso não era fácil.

- Seu tempo acabou.

-Acabou? O que quer dizer?

-Você morreu, amigo.

Um amontoado de pessoas formando um círculo denunciou a presença do corpo recém-desfalecido. O fantasma e sua nova amiga caminharam até lá.

-Mas este sou eu…- ele lamentou.

-Sinto muito.

-Eu preciso voltar. - o fantasma, determinado, deitou-se no chão e tentou encaixar seu espírito exatamente na posição do seu corpo. Ficou assim, abobado, alguns minutos.

Spectra estava acostumada a ver situações como aquelas e a dar conselhos a pessoas que acabaram de ter a visão de um fantasma. Era sempre triste e um tanto quanto difícil no começo, mas com o tempo Spectra agia naturalmente nestes momentos. Ela se lembrou do fantasma do seu furão de estimação, o primeiro fantasma que ela havia visto quando tinha apenas dez anos. Ela o levava em uma gaiola naquele momento, embora soubesse que objetos normais não conseguiriam abrigar um espírito. Seu bichinho estava ali porque realmente gostava dela em vida. Um tecido grosso rodeava a gaiola. Ele servia para que pessoas normais, que não conseguiam ver fantasmas, não achassem que ela levava uma gaiola vazia por aí.

-Há algo que eu possa fazer por você? - Spectra tentou falar baixo para o fantasma, mas uma mulher na multidão se virou, confusa.

-Perdão? Disse algo?

-Não, senhora. Desculpe.

O fantasma engoliu literalmente em seco e tentou tocar os bolsos do seu cadáver sem sucesso.

-Existem duas coisas que vim fazer na Romênia. Uma delas foi comprar um presente para minha filha e a outra é levar uma carta confidencial que o meu irmão deixou comigo...

-Eu...prometo que irei entregar as duas coisas, senhor.

-Perdão? Vai entregar o que? O corpo para a família? – falou desconfiada a mesma mulher que ouviu Spectra antes.

-Ahn...não, não. Com licença. - ela empurrou a mulher que a olhava torto e foi na direção do corpo.

-Atenção, todos! Sou estudante de enfermagem e posso averiguar se este homem tem salvação ou não. – era óbvio que Spectra estava blefando, mas sabia se comportar convincentemente. Estava segurando a gaiola e colocou-a no chão.

A garota se ajoelhou e se inclinou na direção do tórax do cadáver, fingindo ouvir batimentos.

-É uma caixa pequena para minha filha, está neste bolso...- indicou o fantasma. – E a carta está aqui.

Suas mãos ligeiras procuraram pelo presente e a carta nos bolsos do paletó do morto. Ela retirou um embrulho e um envelope e os enfiou com pressa dentro da gaiola coberta por um pano.

Spectra, então, anunciou:

-Infelizmente, não há nada mais a fazer. Ainda não chamaram um médico? Ou acharam mesmo que uma garota de dezesseis anos ia resolver tudo sozinha? – levou uma mão até a testa. – Chamem logo um médico.

Spectra simulou estar atordoada e saiu de fininho do meio da multidão. Olhou para a caixa e para o papel com mais calma e reconheceu o símbolo da família Tepes na cera que fechava a carta. Qualquer pessoa que vivia lendo histórias assombrosas atuais e antigas sabia que esta família era mais do que monstruosa. Spectra apertou o papel entre os seus dedos para se conter. Ela estava a um passo de ceder à curiosidade e descobrir uma história fascinante para investigar.


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