Na manhã seguinte, a primeira coisa que pensei ao abrir os olhos -dando adeus ao meu lindo mundo dos sonhos, onde tudo é perfeito- É que precisava ter a tal conversa com meus pais, afinal eu não aguentava mais aquilo, precisava ajeitar tudo e como meus pais me ensinaram, conversando quase tudo se resolve. Depois de alguns minutinhos pensando em que ocasião poderia acontecer à conversa, pois eu precisava me planejar, decidi que acabaria com isso o mais rápido possível e conversaria com eles nesta manha mesmo, mais preciso no café da manhã. A conversa seria a três, ou melhor, a quatro, contando com a carta que desembaralharia toda aquela historia na cabeça de meus pais. Levantei calmamente, afinal, tinha a mania de levantar rápido e ficar tonta depois. Coloquei uma simples roupa de ficar em casa, fui ao banheiro rápido antes que desse a hora de meu pai ir trabalhar, respirei fundo e girei a maçaneta da porta banheiro. Fui em direção a mesa, com a carta no bolso do short jeans.  E tentei puxar assunto

_Bom dia

_Bom dia –eles responderam

_Bom, preciso conversar sério com vocês- falei em códigos

_que foi filha? – minha mãe perguntou

_Vocês sabem o porque que tudo aconteceu, ou melhor, que eu fui atropelada?

_Sim, porque você viu Justin te traindo com a ex-namorada dele-meu pai contou seu ponto de vista

_Na verdade, não foi bem assim- tentei explicar

_Ah filha, sinceramente, não quero falar sobre esse moleque

_Mas eu preciso, eu me sinto mal, vocês não entendem o meu estado, eu preciso esclarecer tudo isso de uma vez, por favor – ameacei chorar

_Tudo bem, fale – minha mãe me deu a chance

_Escondido, eu recebi esta carta de Justin no hospital – tirei a carta do bolso, desdobrei-a lentamente e a coloquei sobre a mesa sem ser interrompida – Até então, eu não sabia o que realmente tinha acontecido. Tudo se esclareceu através dela. Li a carta toda, sem pular uma palavra e eles pareciam prestar atenção e quando acabei, dei minha opinião- Então, eu não vejo motivos pra tudo isso ser mentira, eu confio e acredito em Justin, pelo que vocês viram vocês estão me obrigando afastar do Justin à toa, mas agora acho que tudo foi esclarecido. E então?

_O que você espera que nós falemos?

_Queria que vocês se desculpassem e dissessem que poderíamos voltar para o Canadá

_Nós vamos pensar- meu pai sempre grosso respondeu e saiu dali

Não comi nada e depois da grosseria de meu pai, perdi o resto da minha fome que já não é grande de manhã. Me levantei e fui em direção ao meu quarto pisando forte, eu sempre faço pirraça para que meus pais percebam meus sentimentos, já que nunca fui boa para demonstrar meus sentimentos conversando e filha caçula, vamos combinar que é um tanto mimada. Fechei a porta com força e sentei na minha cama, como sempre acontecem, mil perguntas se passaram pela minha cabeça e já que agora minha melhor forma de respondê-las ou de tentar diminuir a dor do meu coração era escrever textos, foi isso que fiz.  E enquanto escrevia, lembrei que no roteiro da minha cabeça, que havia feito na hora de acordar, eu falaria para meus pais que conversava escondido com Justin, mas pensando melhor, achei melhor não ter contado ainda, pois eles poderiam pegar meu celular novamente ou piorar ainda mais a situação. Apenas rezei e implorei para Deus o dia todo, para que a resposta de meus pais fosse positiva.

Á tarde conversei a sós com minha mãe, já que no café da manhã ela praticamente não disse nada e ela falou como já tinha dito meu pai, que pensaria no assunto.

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Dias que parecia não ter fim, horas que pareciam séculos e minutos que ao invés de parecer um metrô bem rápido, pareciam carroças.