Passou-se uma semana e eu terminei finalmente de me recuperar, desde agora, podia fazer tudo como antes, mas eu estava no lugar errado, e não posso fazer o que eu fazia antes aqui, não posso ser feliz aqui.  Até hoje minha mãe me deixou sem celular, computador, tv, fiquei praticamente de cama, ela disse que era recomendações médicas, mas eu não ouvi o médico falando isso. Depois de muito insistir e prometer a ela que eu não ligaria pra Justin, ela me devolveu o celular. È claro que eu não cumpri o prometido, eu precisava falar com Justin, esperei todos saírem de casa e fui logo discando os números.

Ligação on

_Alô?- eu ouvi a voz de Justin

_Justin...?- não me contentei e chorei

_Quem...é? Amor...?

_Amor da minha vida, eu não acredito... Que saudade, eu precisava ouvir sua voz – eu ainda chorava desesperada, sem acreditar no que acontecera

_Amor, que saudade, você leu a carta né?- ele perguntou

_Sim li e aquela moça te deu o recado?

_Sim, eu esperei até hoje ansioso pela ligação, você não vai voltar pra cá?-ele perguntou

_Amor... eu não posso ir sem a autorização dos meus pais  e você sabe...

_E quando você fizer 18 anos?

_Aí acho que posso... - me alegrei

_Pode sim, eu já falei com meu advogado e não vai demorar para o seu aniversário...

_Não, não vai...

_Mas amor, eu queria tanto te ver agora, te abraçar, eu preciso tanto de você, eu te amo muito...

_Eu também te amo tanto, você me faz uma falta...

Ligação off depois de bastante tempo matando a saudade

.

.

.

 Semanas se passaram e a cada minuto ficava tudo mais difícil, a saudade não só do Justin, mas de tudo lá no Canadá apertava e cada vez mais eu ficava chateada com meus pais, por não me respeitarem, por não quererem que eu fosse feliz. Eu não entendia isso, mas também não procurava entender. E naqueles dias tediantes, que a saudade parece que doía mais, que eu precisava desabafar e conversar, mas não tinha pra quem. Eu pegava um papel e uma caneta ou mesmo abria uma pagina em branco e teclava no computador, tentando encontrar sentimentos atrás das palavras, procurava tirar tudo de ruim e que me faz mal de dentro do meu coração... Eu apenas escrevia principalmente textos de amor. Foi aí que me floresceu mais um amor, um amor pela escrita. Isso me ajudou bastante, pois quando eu estava sozinha, quietinha precisando de algo, em vez de comer chocolate e me deprimir mais, eu escrevia, e tudo melhorava!

Mas tudo piorou ainda mais, no dia que minha mãe me ouviu falando com Justin.

O telefone tocou e eu atendi normalmente, mas esqueci que ela estava em casa, de repente ela entrou no meu quarto e confirmou a ideia que passava pela sua cabeça, eu realmente conversava com Justin. Ela olhou pra mim e disse pra eu desligar, mas eu fingi que não ouvi então ela pegou o celular da minha mão e simplesmente jogou na parede.

Sim, minha mãe sempre foi muito calma, mas agora, realmente não parecia ser minha mãe de sempre, ela se tornou outra pessoa, tomava atitudes loucas. Ela não era assim sempre comigo, só quando o assunto tinha o Justin no meio. E claro que isso me deixava muito mal, depois de estraçalhar meu celular, ela disse que já tinha me dito outras vezes que eu nunca mais falaria com Justin.

Eu chorei desesperadamente, aliás, isso era uma coisa que se tornou normal pra mim, tudo era motivo de choro, realmente eu me perguntava se eu sofria de depressão. O Justin deve ter ficado preocupado no telefone, eu ainda chorando fui ver a situação do meu celular e realmente estava desesperadora, só que por sorte, o chip ainda estava ali, jogado no chão, mas intáquito.

 E situações como essas agora, aconteciam infelizmente quase sempre. Mas foi neste dia que eu resolvi que teria que tomar uma atitude, eu devia mudar aquilo, deitada na cama antes de dormir, como de rotina eu pensei nos problemas ou até felicidades do dia, ou seja, era hora de pensar na vida. Decidi então que no dia seguinte falaria com meus pais, explicando tudo que aconteceu. Eles não sabiam da carta, nem mesmo do que realmente aconteceu, nas ameaçadas daquela garota, eu digo. Isso poderia piorar tudo, mas também tinha a hipótese de melhorar, e não custava arriscar.

O tempo passa, passa rápido e deixa uma coisa para trás, ela deixa a saudade. Um sentimento terrível que correi nosso coração aos poucos.