Alguns dias tinham se passado, eu ainda não tinha me acostumado sempre sozinha naquele apartamento grande relembrando sempre a cena do roubo, aquilo tinha me deixado com muito medo, mas são lembranças que infelizmente ficarão para o resto da vida. Para tentar me ajudar um pouco, eu mesma mudei vários objetos e detalhes do apartamento, dando mais vida á eles, mais cor.

Eu arrumava meu quarto agora, os últimos detalhes, abri o guarda-roupas, rolei os olhos observando tudo nele e no alto, para cima da minha cabeça tinha uma caixa preta com poá branco. Não me lembrei direito o que tinha lá e aproveitando que estava arrumando a bagunça, subi na cama e peguei-a com dificuldade por estar pesada. Joguei-a na cama e sentei ao lado da mesma, abri a tampa e me deparei bem por cima à foto sem duvida mais linda de todas, a primeira foto minha e de Justin, depois daquele meu primeiro show. Sorri observando-a. Na foto eu parecia uma boba, estava explicito que meus olhos brilhavam e na hora do clique o sorriso saiu nem um pouco forçado. O fundo ficou feio e a foto sem muita qualidade, mas isso mal importava, foi um dos únicos registros para marcar o dia mais lindo da minha vida que eu nunca me esqueceria, nem mesmo dos inofensivos detalhes, como os acessórios que naquele dia eu usara que se tornaram agora amuletos da sorte, decorei todo nosso dialogo como naquela parte da declaração do garoto para mocinha no seu filme de romance favorito, até a cor da poltrona que sentei não me esqueci, marrom café um pouco desbotada. Eu ria lembrando tudo e balançando a cabeça demonstrando que agora estava tudo errado.

Continuei revirando a caixa e encontrei revistas, pôsters, figurinhas, cadernos todos contendo uma foto de Justin estampado e ia me lembrando da historia de cada um, um amigo que me deu o pôster que veio numa outra revista e que não gostava do Justin, uma revista ganhada da tia ou da irmã que viu na banca e lembrou de mim, figurinhas compradas escondida da mãe com o dinheiro do lanche da escola, outras coisas compradas por mim mesma só por serem do meu ídolo. E lá no fundo da caixa tinha a copia do ingresso daquele show. E com os objetos vinham todas as lembranças. As duras e horríveis palavras ouvidas por pessoas que só sabiam criticar a vida do seu ídolo e até mesmo dos amigos que só depois de tempos entenderam que meu amor pelo Justin era grande e que mesmo eles fazendo piadinhas eu continuaria o defendendo e amando e depois de compreenderem isso, só sabiam repetir frases como never say never, me contar de alguma noticia dele que sem querer viu na tv e lembrou de mim, as revelações... Que já viu uma parte do filme dele ou que tem musicas dele no celular, amigos muitos que há anos eu não via, que ficaram no Brasil e só sobraram as lembranças. Eu tinha saudade do Brasil, mas minha vida já havia sido estabelecida ali. Depois de muito relembrar dos bons momentos e perceber que agora nada estava bem, brigas contínuas com Justin e um estranho sentimento no coração pedindo para que viesse paz e tudo ficasse bem.

Depois de tudo fazer, já era o começo da tarde, a ligação.

Já no meio da ligação on
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_Mas Justin, você disse que viria logo pra cá- lamentei um pouco nervosa

_Mas eu não vou aí para gente brigar mais ainda, porque a gente só briga? Não vou aí com esse clima- ele também se estressou

_Que inferno! – gritei- Você sabe que só tá assim por causa da distancia, se você vir vamos dar um pause nessas briguinhas idiotas e...

_Mais nada Marina, não é por causa da distancia coisa nenhuma, você que começou a implicar com tudo agora, aí você já tá gritando... Não acredito!

_Tenho motivos não é, você longe de mim sempre é grosso comigo, não me dá atenção direito

_Isso se chama insegurança, você não confia em mim, acha que porque eu to longe estou te traindo, sei lá o que passa na sua cabeça, garota

_Justin, não fala assim comigo, para...

_De que jeito? Gritar comigo e dar escândalo você pode não é?

_Hey, fala porque você tá assim comigo por favor? Vai lá, me diga, fez alguma coisa errada?

_Marinaaaa nossa! – ele gritou muito alto desta vez

_Não grita comigo! – eu exclamei mais alto ainda

_Porra, você não entende nada! Para de desconfiança, eu estou aqui pelo trabalho, você não entende! Eu te amo garota – ele disse um pouco grosso ainda- Para de brigar. Tchau

Ligação off

Não deu tempo nem deu me despedir, eu só conseguia chorar agora, será que a errada nessa historia realmente era eu? Justin sempre fora mais calmo, mas hoje ele tinha estressado muito, gritou comigo de uma forma que eu nunca tinha visto ele. Mas no final disse que me amava, talvez tenha razão... Será que era eu que tinha interpretado tudo errado? Era eu o problema?

“…Se eu pudesse abrir a cabeça, colocar tudo pra fora, arrumar direitinho como quem arruma uma gaveta…” – Autor desconhecido