Eu não consegui parar de chorar, mil perguntas sem respostas lotaram minha caixa de entrada da cabeça. Eu nunca quis perder Justin, mais eu sentia que era o que eu estrava fazendo aos poucos, sem perceber, sem me mexer.

Resolvi que para me deprimir mais ou quem sabe, era o que eu queria, melhorar! Eu precisava esquecer um pouco de tudo, pois minha cabeça agora estava fervendo como uma chaleira que fica há quase uma hora no fogo alto. E muito entupida, estragando-a, fazendo que trabalhasse mal. Me joguei no sofá e com raiva eu apertava o botão do controle remoto na setinha para baixo, passando todos os canais e lendo um por um, tentando encontrar um bom filme que tenha começado a pouco tempo. Ainda era quatro e quinze quando finalmente encontrei um filme que me chamasse atenção, Like Crazy era o nome, ele começaria dali quinze minutos, enquanto esperava li a sinopse, achei interessante e continuei esperando. Fui até a geladeira e avia algumas cervejas, não pensei duas vezes antes de pegar para afundar as lagrimas e tentar diminuir a dor, quando me virei vi uns chocolates na bancada e peguei também. Dois componentes que juntos não seria muito saborosos, mas pensei que tudo naquela hora era melhor do que pensar ‘naquele cara’. Voltei ao sofá e me afundei nele, agora só faltavam cinco minutos, mas como toda programação eu sabia que atrasaria um pouco, fui logo comendo e bebendo até começar.

A cerveja ia acabando e eu automaticamente já ia direto pegar outra, aquilo estava me fazendo bem fisicamente, o filme me fez chorar muito e eu pude jogar para fora todo meu sentimento de ira. Era uma historia mais ou menos assim, Anna era estudante e morava nos Estados Unidos, que se apaixonou por Jacob, amor correspondido. Mas o visto de Anna expira e ela não pode ficar morando lá. Eles enfrentam muitas dificuldades com a distancia, mas entre idas e vindas se resolvem. Historinha um pouco parecida comigo, me identifiquei e por certo momento pensei que nossas brigas seriam apenas fachada. Ao longo do filme eu já não estava totalmente sã, a bebida me fez dar gargalhadas do nada e pensar bobeiras, já era difícil ficar em pé, pois os objetos pareciam voar como no universo. O final do filme já não fazia mais sentido para mim, eu já não entendia muito bem o que os atores falavam. Quando de repente o meu telefone toca, olhei na tela e era Justin, deixei tocar e dei uma gargalhada por isso. Depois de alguns minutos deitada no sofá, já não prestando mais atenção no filme pensei no quanto eu poderia falar pra Justin, sem pensar muito, peguei meu celular e disquei os números do telefone de Justin que já haviam sido decorados à tempos e esperei chamar. Tocou umas cinco vezes e Justin entendeu.

Ligação on

_Alô?

_Justin!- eu exclamei

_Oie, porque não atendeu? – ele já não era tão carinhoso como antes

_Pra que ligou?

_Tá tudo bem? Você tá com a voz estranha...

_Não Justin, não está – eu gritei- Minha vida está uma merda – eu balançava a cabeça- Tudo por causa de você, depois que você entrou na minha vida ela acabou- eu chorava, mas não estava ‘normal’

_Que foi? Marina, você tá bem? Calma

_Calma nada, trouxa! – eu estava sendo escandalosa- Vai embora... da minha vida- eu chorava agora soluçando- Tudo acabou ouviu? Não quero mais ver você! Nunca mais...

Ligação off

Justin parecia ter excitado e tentado dizer algumas palavras, mas depois de eu dizer tudo que  precisava, me aliviando eu desliguei, sem dar chances a ele.  Parecia ter tirado um peso dos meus ombros, parecia ter emagrecido ou sei lá eu me sentia mais leve, os meus problemas pareciam ir embora como num toque de mágicas, aquilo me fez sentir bem melhor. Naquele momento eu pensava estar certíssima, pensava ter tomado a melhor atitude possível, mas na verdade, eu não estava sentindo nada praticamente, os sentimentos pareciam estar diferentes.

Uma forte dor de cabeça me atingia, meus olhos pareciam pesados e eu nem sabia o porquê de estar chorando. Já não me lembrava nem mas do que eu acabara de dizer à Justin, eu realmente tinha passado dos limites, bebido de mais como um dependente que não tem mais o que fazer da vida e vai à um bar beber para lamentar a briga com a mulher. Apenas me acomodei no sofá, com a tv ainda ligada e fechei os olhos, com o barulho da tv e por causa da minha forte dor de cabeça, eu acabei dormindo rápido. O filme já tinha acabado, tinha duas horas mais ou menos de duração. Depois disso não me lembro de mais de nada. Apaguei definitivamente.

As vezes para melhor se resolver, o melhor é dar um tempo, é esquecer de tudo e recomeçar.