Guardian escrita por KáAndrade
Notas iniciais do capítulo
Primeiro capítulo, espero que gostem :D
Corri, apressada para o metrô. Já eram 19:00 e eu precisava fazer o jantar. Fazer não, pedir. E eu estava exausta! Odeio o trabalho que tenho. Secretária. Existe trabalho mais tedioso do que esse? Talvez só direito. Direito deve ser horrível. Sentei-me no banco, com um pouco de dificuldade pois o metrô estava cheio, e descansei minha cabeça na janela, fechando meus olhos. Lembrei do dia anterior, que tinha visto aquele garoto me olhando. Será que ele estava lá? Abri os olhos lentamente e olhei para todos os lados. E ele estava lá. No mesmo lugar do dia anterior, na mesma posição. E olhava diretamente para mim, sorrindo de lado. Examinei suas feições. As rugas na testa retesada, os olhos negros, negros, negros, as sobrancelhas arqueadas, o sorriso bobo, as maçãs do rosto salientes... tudo nele era bonito. Não, bonito não. Era angelical. Comecei a rir depois de alguns segundos, quando percebi o quão ridículo era ficar reparando em um cara que eu nunca havia conversado na vida. Quando desci do metrô, ele me acompanhou com o olhar. Mais quinze minutos de caminhada e estava exausta!
Decidi por tomar um banho, comer um pedaço de pizza de ontem que estava na geladeira, e ir dormir.
Na manhã seguinte, levantei-me e tomei banho, pois teria um dia longo. Sairia com as minhas amigas para o parque, e ficaríamos de bobeira a tarde toda, pois eu estava de folga.
— Então, é sério que o David quer ficar comigo? — dei uma risadinha.
— Verdade! —Monica sorriu maliciosamente para mim — Está a fim?
— Eu não sei... — virei-me para o lado, e vi o garoto do metrô encostado numa árvore, me olhando e sorrindo. — Esperem aqui, preciso fazer uma coisa — disse eu, e me encaminhei a passos firmes até ele, que ainda sorria. Quando parei em sua frente, ele se desencostou da árvore e cruzou os braços na frente do corpo. — Oi. — de repente, seus olhos se arregalaram de surpresa e ele olhou para trás, procurando por alguém. — Oi... — repeti, e ele se virou para mim lentamente.
— Está falando comigo? — Ainda com a cara surpresa, apontou para si mesmo. Sua voz era linda e aveludada. Gostaria de ouvi-lá todo o dia.
— Claro, com quem mais seria? — disse, rindo.
— Hum... tudo bem — ele recuou um passo, e passou a mão pelo cabelo, nervoso. Sorri com sua reação, mas não soube o motivo.
— Lembra-se de mim? — perguntei, agora eu estava nervosa. — Sempre vejo você me encarando no metrô.
— Você me viu no metrô também? — gritou ele, assustado. Sua reação também me assustou.
— Hey, acalme-se — ri, desconfortável. — Não sou um monstro, ou uma stalker. Só queria te conhecer, já que sempre vejo você por aí.
— Não, não é isso... — respondeu ele — Há quanto tempo você me vê?
— Hum... faz uma semana. — respondi. — Porque está tão assustado?
— Por... nada.
— Qual seu nome? — perguntei, interessada em saber qual o nome daquele que faz meu coração dar um pulo no peito.
— Joey — sussurrou.
— Quer conhecer minhas amigas? — sorri pra ele. — Elas estão ali atrás.
— Não... — tentei pegá-lo pelo braço, mas o que realmente segurei foi ar.
— O que...? — disse eu, confusa.
— Eu preciso ir — apressou-se ele, desaparecendo no parque. Não entendi muito bem o que aconteceu, precisei processar o acontecido em minha mente. Ele era real. Devia ter tirado o braço do caminho quando ia segurá-lo. É, foi isso. Eu não estava louca. Voltei para minhas amigas, e elas estavam nervosas. Batiam freneticamente os pés na grama, e estavam com os braços cruzados.
— O que foi isso? — Lisa perguntou.
— Desculpe. Estava falando com o carinha do metrô. — disse eu. — Quis trazer para conhece-las, mas ele foi embora — dei um muxoxo.
— Não tinha nenhum ‘carinha’ com você, Jenn. — Lisa disse.
— Como não? — disse. — Ah, garotas, não fiquem chateadas por eu não lhes apresentarem. Ele estava com pressa... Para alguma coisa — disse, em um fio de voz.
— Está tirando com a nossa cara? — Monica disse, séria.
— Espere... vocês estão falando a verdade?
— É claro! Não tinha nenhum carinha do metrô lá. Só você, gesticulando feito louca — Lisa disse, e passou o braço no meu. — Que brincadeira de mal gosto, Jenn!
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