Meses depois.

Se tornara comum as visitas no horário de almoço. Cris levava seu almoço até o escritório de Lívia, e elas comiam juntas. Mas hoje Lívia não parecia nada bem. Por todo o dia, andara pra baixo. Quando chegara na porta do escritório, não pode deixar de ouvir:

– Eu não aguento mais isso.

– Não sei porque você reclama tanto.

– Eu? Eu reclamo?

– Sim, você reclama! Eu faço tudo que você quer!

– Tudo que eu quero? Lívia, eu só quero que você dedique um pouco do seu tempo a mim. Você trabalha aqui o dia todo, e o horário do almoço é todo dessa menina. E só fala dessa menina!

– Cris. O nome dela é Cris. E não se atreva a chamá-la assim. Ela tem nome!

– Lívia... Eu te amo. Mas parece que você ama mais essa Cris, do que a mim.

– Por Deus, ela é minha melhor amiga. Amiga de infância.
 

–  Então admita que não tem outros sentimentos por ela?

 

– Por favor, sai daqui. - Disse, finalmente, rompendo o silêncio em que haviam entrado. Irritada com as acusações da outra, concluíra de forma fria: - Eu preciso ficar sozinha.

Um silêncio aterrou no local, e Cris escondida pôde observar uma jovem e bela garota saindo da sala de Lívia. Nunca a havia visto antes, portanto tinha certeza que ela não trabalhava no Banco. Quem seria? A garota estaria com ciúmes dela com Cris? E como poderia falar assim com Lívia? Seria o que estava pensando? Por todo esse tempo, teria Lívia lhe escondido algo tão sério sobre a sua vida??

Confusa e, estranhamente magoada, a jovem decidira almoçar com os outros funcionários do banco, dentro da cantina comunitária. Assim, Lívia a esperara por todo o dia, em vão.