Marley P.O.V

Após a notícia da chegada do meu pai, comecei a me sentir confusa e só o que eu pensava era em como reagir quando o visse. Durante o dia de aula, fugir desse encontro seria fácil, mas na hora do ensaio não sabia como conseguiria evitar me jogar nos braços dele e chorar.

Eu estava andando pelos corredores da escola completamente alheia ao que acontecia ao meu redor, tudo no que eu conseguia pensar era que meu pai estava ali tão perto de mim e eu não poderia correr para seus braços, porque nessa época ele ainda não é meu pai. Ele é somente Finn Hudson, um adolescente recém formado.

Tudo que eu queria era vê-lo mesmo que de longe e torcia para que pudesse ouvi-lo cantar, coisa que depois da partida da minha mãe se tornou rara.

Enquanto eu pensava nisso, nem vi que vinha alguém também distraído pelo corredor e acabamos nos trombando. Meus livros caíram no chão e eu me abaixei xingando baixo para apanhá-los.

— Desculpa, eu estava distraído e não... – eu conhecia muito bem aquela voz. Rapidamente levanto minha cabeça e constato que o dono daquela voz era meu pai, que se abaixava para me ajudar a recolher meus pertences.

Eu realmente devia estar com uma cara muito estranha, pois a primeira coisa que papai me pergunta quando olha pra mim e se eu estou bem.

— Eu te machuquei de alguma forma? Droga você não vai vomitar né? – perguntava ele preocupado, me ajudando a levantar.

— Na...na...não...e...eu...to...be...bem, eu só preciso ir agora. – gaguejei pegando o resto de minhas coisas do chão apressadamente e praticamente correndo para o banheiro feminino

Finn P.O.V

Eu havia acabado de chegar à escola para o meu primeiro dia como diretor do Club do Coral e estava me sentindo... Estranho. Sempre que eu andava pelos corredores passava um filme sobre tudo o que eu tinha vivido e, principalmente, sobre o que eu havia aprendido aqui, especialmente com a minha estrela...

Tudo aqui me lembra ela, seu sorriso, seus abraços, seus beijos... E então eu sentia vergonha, de ter largado ela e tudo mais para ir ao exercito e agora, aqui estou, perdido, tentando ser um homem melhor, do qual ela possa se orgulhar.

Enquanto pensava em tudo isso, acabei esbarrando em alguém. A garota era rápida e antes que eu pudesse me desculpar, ela já estava abaixada pegando as coisas caídas. O mínimo que eu poderia fazer era me desculpar e ajuda-la, o que eu fiz.

— Desculpa eu estava distraído e não... – a garota levanta o rosto e me encara com cara de quem havia visto um fantasma, me deixando em pânico. Droga Finn, no seu primeiro como diretor do coral você machuca uma aluna? Ótimo, você não foi bem no exercito e pelo visto também não vai se dar bem aqui não é? - Tá tudo bem? Eu te machuquei de alguma forma? Droga você não vai vomitar né?

A menina começa a gaguejar enquanto pegava seus pertences no chão do corredor e saia correndo de mim. Garota estranha! Será que ela era gaga? Mas esse jeito dela me lembrou alguém... Só não consigo lembrar quem?

Algo em mim me dava a sensação de conhecê-la, mesmo sem saber seu nome ou nunca tê-la visto na frente. Ok, eu fiquei oficialmente maluco.

Marley P.O.V

Eu passei o resto do dia pensando no meu “encontro”, se é que poderia chamar aquilo de encontro, com meu pai. Eu só queria abraça-lo e ouvi-lo dizer que tudo ficaria bem e me chamar de estrelinha, mas infelizmente eu não poderia, porque ele não faz a mínima ideia de que sou filha dele.

Logo já era a hora do Clube Glee, e eu mesmo temendo meu inevitável encontro com meu pai, fui em direção à sala do coral, que para minha sorte estava vazia.

Eu peguei meu celular na bolsa e enviei uma mensagem para Jake, pedindo que ele venha o mais rápido possível para cá, evitando o risco de ficar sozinha com meu pai novamente. Mas para meu azar, meu pai entrou organizando algumas partituras.

— Hei você é do clube do coral? – ele parecia feliz por me ver ali, dando um largo sorriso.

— Hum... Sou sim – respondi com um sorriso meio forçado.

— Prazer, meu nome é Finn – ele diz esticando a mão pra mim com aquele sorriso bobo que, de acordo com todos que conheciam meu pai e a mim, eu havia herdado dele.

— Marley – respondo, provavelmente dando o mesmo sorriso.

— Marley? Que nem o cachorro do filme? – ok, eu estou acostumada a ouvir essa piada, mas não do meu próprio pai, vulgo quem escolheu meu nome.

— Na verdade não. Meu pai quem escolheu meu nome, porque ele era muito fã do Bob Marley, e minha mãe adorava grandes cantores, então deixou que ele colocasse esse nome em mim. – expliquei dando de ombros e ele riu.

— Serio? Quero conhecer seu pai um dia, ele parece ser um cara inteligente. – disse meu pai arrumando as partituras no piano - E eu também sou muito fã do Bob Marley, apesar de quase ninguém saber disso.

— Eu aprendi a gostar dele porque meu pai sempre escutava enquanto me levava pra escola. Escondido da minha mãe, claro, porque ela achava que algumas letras não eram muito apropriadas pra minha idade – comecei a contar lembrando das briguinhas idiotas deles sobre isso, especialmente quando eu comecei a cantarolar uma música dele aos três anos de idade.

— Você me lembra alguém... – disse papai me encarando - Esse sorriso, o seu jeito de falar... Você é muito familiar pra mim, mas eu sei que nunca te vi até hoje mais cedo. Você por acaso é parente de alguém que se formou aqui ano passado?

— E... – você? Enquanto eu formulava a resposta, Jake entra com tio Sam na sala, e o loiro percebendo minha cara começa a puxar assunto com papai.

— Hei Brow!

— E ai mano. – os dois se cumprimentam e logo estão entretidos em algum assunto, o que parece ter sido suficiente para distrair a curiosidade de papai por hora.