One More Time In Nárnia escrita por Loren


Capítulo 34
Capítulo 34


Notas iniciais do capítulo

haaai



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Edmundo andava de um lado para o outro no convés com as mãos mexendo-se a todo instante. Ora tocava sua nuca, ora as levava para o queixo e ora as deixava cair ao lado de seu corpo.

–-Deveria ir tomar um banho, majestade.- disse Ripchip em cima de um barril.

–-E por que eu deveria fazer isso?- disse Edmundo ainda andando de um lado para o outro.

–-Porque o senhor ainda está totalmente encharcado.- disse Ripchip mexendo a mão e apontando para as roupas do rei.

Edmundo suspirou. Realmente, queriam que ele fosse se trocar enquanto Cristine poderia estar por fio de vida? Não. Claro que não. Se sentia na obrigação de ficar ali e esperar qualquer noticia que tivessem da menina trancada no quarto com a Rainha Lúcia.

–-Não posso Ripchip. Tenho que ficar aqui. A qualquer momento, podem precisar de ajuda!

–-Majestade, permita-me dizer.- o rei assentiu com a cabeça.- O senhor já fez bastante pulando na água e nadando até a menina para trazê-la de volta ao barco. Mas agora, ela está em boas mãos e tenho certeza que se precisar de algo, eu e Dark iremos ajudar. Mas agora, o senhor deveria trocar-se ou ficara doente, além de que, logo chegaremos a Ilha Ramandu.

Edmundo hesitou por alguns instantes. Fazia sentido tudo o que rato dissera racionalmente, mas pela primeira vez, Edmundo não queria pensar dessa forma. Só sentia a necessidade de esperar e esperar, e o coração pular quando via qualquer marinheiro subindo para o convés e com esperanças de que fosse uma noticia para ele. Sentiu uma mão forte apertar seu ombro e virou a cabeça para ver o rosto de Caspian com um sorriso franco.

–-Escute Ripchip, Edmundo. Ele está certo. Iremos deixar os narnianos lá para continuarmos até o Fim do Mundo e terminar a missão. E talvez eles saibam algo para ajudar Cristine.

Edmundo apertou os lábios e virou a cabeça para olhar a linha do horizonte ao longe. Assentiu com a cabeça sem dizer nada e virou-se para o camarote de Caspian. Abriu a porta e fechou a mesma com um pouco de força. Sentiu algo queimar em seus olhos até a mesma sensação escorrer em linha por sua bochecha direita. Limpou com as costas da mão e se surpreendeu em ver que estava quase a chorar. E eu tenho motivos para isso?, ele pensou. Claro que tinha, sabemos claramente disso caros leitores. Mas ele recusava a procurar mais fundo em sua mente e ter certeza disso. Abanou a cabeça para afastar pensamentos não permitidos e tirou seu cinto com a espada. Por um momento, sorriu ao vê-la em suas mãos. Quanto tempo há desejava? Deixou-a em cima da cama e estranhou a si mesmo. Não podia negar que estava feliz de certa forma. Havia derrotado seu maior medo e com a arma que mais queria segurar algum dia. Mas sabia que não havia feito tudo sozinho. E havia alguma coisa, oh...perdão pelo erro. E havia alguém que ainda era uma barreira para que sua felicidade fosse completa. Espero que ela fique bem, ele pensou enquanto colocava sua camisa molhada em cima da mesa. Pegou uma toalha e a jogou em seus cabelos para seca-los. Se não tivesse pulado na hora que viu o corpo da menina na água, talvez estivessem secos. Mas não pode conter o impulso louco em seu corpo e depois que Lúcia e Dark proferiram o nome dela, ele pulou na água e nadou até a menina que tinha os olhos fechados e a água ao seu redor estava tingida de vermelho. Com cuidado, levou a menina até o barco. Assim que os levantaram para o barco, Lúcia prontificou-se para cuidar da menina. Mas algo na cabeça de Edmundo dizia que não adiantaria somente o elixir de sua irmã. Já quase pronto, terminava de colocar botas secas, apertar o cinto e faltava-lhe apenas colocar uma nova camisa. Assim que passou a cabeça pela gola, alguém bateu na porta.

–-Entre.- ele disse ajeitando as mangas.

Drinian entrou e fez uma reverência.

–-Majestade, já chegamos a Ilha Ramandu. Irá descer conosco?

Edmundo pegou a espada em cima da cama e virou-se para Drinian assentindo com a cabeça sem dizer mais nada.

^.^

Majestades, o lobo, o rato e alguns poucos marinheiros, dois ou três, andaram até a Mesa de Aslam enquanto o resto da tripulação e narnianos ficavam na praia esperando algum marinheiro retornar com a noticia de que ou poderiam ficar ali até que o resto da missão acabasse ou teriam que espremer-se todos no Peregrino e conviver com poucas refeições diárias. A luz agora estava em todo o lugar. Pássaros pulavam de galho em galho cantarolando, a louça reluzia a luz que vinha e os dorminhocos ainda roncavam baixinho, sem se mover e suas respirações normais. A mesa estava recheada de vários tipos de comida que se serve no café da manhã. Croassants, torradas, sucos, cafés, pães, frutas de todos os tipos, uvas, morangos, abacaxis, e tudo o mais que há de bom na primeira refeição do dia. Os marinheiros desejavam sentar-se tranquilamente e deliciar cada alimento daquela mesa com paz e calma. Sem mais nada para preocupar-se. Mas estariam sendo egoístas com uma colega que poderia nunca mais comer algo na vida.

–-E agora? Como fazemos para chamar Ramandu?- perguntou Edmundo rodando com os pés sem sair do lugar.

–-Eu não sei. E se o chamarmos? Talvez ele apareça.- disse Lúcia.

–-E como o faremos? Gritando?- indagou Edmundo sério.

–-Não. Só o chame se realmente estiver precisando.- disse Lúcia com os olhos no céu, talvez procurando pela filha de Ramandu.

Edmundo bufou baixinho. Tinha pressa. Mas fez o que Lúcia pediu. Manteve os olhos abertos e o coração mais aberto ainda. Teve o lábio inferior tremendo enquanto fazia uma prece mentalmente.

–-Olhem!- disse Lúcia apontando para a ponta da mesa ao lado dos dorminhocos.

Edmundo virou-se e sorriu aliviado vendo Ramandu com sua expressão serena e calma parada olhando para os marinheiros e majestades com as mãos uma com a outra e uma sombra de sorriso nos lábios. Todos ajoelharam-se no mesmo instante. O velho andou com os passos lentos enquanto falava.

–-Parabéns narnianos e majestades! Vocês conseguiram!- ele parou no meio da mesa agora e agitou as mãos para cima.- Levantem-se!

Todos se levantaram. O velho deu mais alguns passos.

–-Mas...sabem que só a maldição fora quebrada. O encantamento dos Lordes ainda permanece.

–-Senhor...- disse Caspian andando alguns passos a frente e fazendo uma rápida reverência.- Continuaremos nossa jornada, mas o barco está cheio e temo que não aguente muito até o Fim do Mundo.- ele parou esperando alguma reação do velho, que só assentiu com a cabeça.- Gostaria de saber, se permitiria que os narnianos ficassem em sua ilha, quando voltássemos, tentaríamos arrumar o pior do barco para levar todos de volta a casa.

–-E onde estão os narnianos? Por que não os trouxe para cá?- perguntou o velho com um sorriso nos lábios.

–-Gostariamos de ter sua permissão primeiro.

–-A ilha é minha, mas aqui está a Mesa de Aslam. E na Mesa de Aslam, todos são bem vindos.- ele fez uma pausa.- E onde estão os narnianos? Tenho certeza que todos estão com fome.

Todos sorriram aliviados. Caspian virou-se para dar ordens a Drinian e os marinheiros para voltarem à praia e guiarem os narnianos e o resto dos marinheiros para a Mesa de Aslam. O velho já virava-se e voltava para o lugar de onde veio, até que Edmundo o deteu com palavras.

–-Senhor, ainda temos mais um problema.- o velho virou-se e tinha a expressão mais séria agora.

–-Problema majestade? E qual seria?

–-Uma marinheira está ferida. Gravemente eu creio.

O velho passou a mão pela barba e alisou alguns fios, como se estivesse pensando. Por fim, apenas assentiu com a cabeça e passou por Lúcia e Edmundo, seguindo a trilha que levava até a praia.

^.^

–-Edmundo! Pelo amor do bom Aslam! Pare de ficar andando desse jeito! Está me deixando tonta!- disse Lúcia ao irmão que andava em círculos sem perceber.

O rei parou e fitou a menina sentada na borda do barco.

–-Como quer que eu fique calmo Lúcia?- ele disse com a voz baixa e tensa. Ela suspirou.

–-Eu sei que é difícil. Mas não é só você que está sofrendo! E não adianta de nada ficar andando desse jeito.

Edmundo bufou e sentou-se ao lado da irmã. Ele tinha os olhos cravados no chão e ela olhava para o irmão com um sorriso carinhoso e amistoso. Passou um braço pelos ombros do irmão e este suspirou deitando a cabeça no ombro da irmã. Passou mais alguns minutos. Caspian estava na praia, explicando por fim para os narnianos que não havia nada a temer na ilha e logo voltariam para leva-los para casa e por precaução, alguns poucos marinheiros confiáveis que já estiveram ali, ficariam com eles para lhes dar mais confiança de proteção. Dark estava sumido desde que Ramandu entrou no quarto dele e Cristine para ver a menina. Ripchip conversava amigavelmente com Eustáquio. Uma cena que alguns meses atrás, seria impossível de crer que aconteceria algum dia. Até que ouviram passos e viram o velo subindo as escadas. Rapidamente, Lúcia e Edmundo postaram-se na frente do velho que arregalou os olhos com o bruto susto, mas logo tornou a face mais séria.

–-Então? É grave? Ela..vai ficar bem?- perguntou Edmundo afobado.

O velho respirou fundo.

–-Sim. É grave. A menina fora jogada com total brutalidade em uma pedra. Quebrou alguns ossos. Mas essa não é a pior parte. Um dente da serpente entrou em sua coxa e a serpente possuía veneno. E esse veneno, percorre com rapidez no sangue da menina.

–-Veneno?- perguntou Lúcia, o velho assentiu.- Mas...já sei! Posso usar meu elixir!- ela disse retirando o frasquinho do cinto.- Adiantaria, certo? Ela iria sobreviver!- ela disse com um sorriso.

Mas o velho ainda tinha a expressão séria. Ele negou com a cabeça.

–-Como assim? Mas...me disseram uma vez, que isto poderia curar tudo!

O velho tomou com as duas mãos a mão da menina que balançava o frasco.

–-Sim, mas isto foi há 1.300 anos atrás ou mais. As coisas mudam majestade.Se o usasse, ela poderia continuar sua vida. Mas não normalmente. Ela teria sempre que tomar um pouco do elixir na semana e viveria com dor no corpo todos os dias.

Lúcia abaixou o olhar e sentiu uma lágrima beirar no olho direito. O velho soltou a mão da rainha.

–-Mas ainda há uma chance.

Edmundo o olhou esperançoso, Lúcia limpou a lágrima fujona.

–-Qual?

–-Eu poderia dar um dos frutos de fogo dos Vales do Sol que a aquela ave traz para mim. Ela iria sobreviver. Iria curar-se.

–-Então o faça!- pediu Edmundo desesperado.

–-Mas- continuou o velho como se não tivesse ouvido a suplico do rei- ela iria tornar-se uma estrela também. E teria que viver no céu junto a minha filha. E não adiantaria muita coisa. Eu já perguntei a ela e ela recusou.

Lúcia soluçou baixinho enquanto Edmundo a abraçava.

–-Desculpem-me não poder ajudar mais.

Lúcia separou-se do abraço e limpou o rosto fungando e dizendo tropeçando nas palavras.

–-Não se preocupe. O senhor fez o que podia. Obrigada.

O velho assentiu.

–-Resta pouco tempo para ela. Aconselho a aproveitarem os últimos momentos com ela. Mas não se agrupem muito. O que ela não precisa agora é estresse e sufocação.

O rei e a rainha assentiram e o velho retirou-se do barco pela rampa andando de um modo que não teria como chamar de majestosamente.

–-Eu vou falar com ela.- disse Lúcia afastando-se de Edmundo e descendo pelas escadas.

Andou normalmente até o quarto de Cristine e viu o lobo deitado com as cabeças nas patas e os olhos abertos do lado de fora. Lúcia agachou-se e passou a mão com cuidado na cabeça do animal. Este fechou os olhos e suspirou.

–-Dark...eu poderia falar com Cristine?

O lobo sentou-se e assentiu com a cabeça.

–-Desconfio que ela também quer falar com vossa majestade. Irei deixa-las a vontade.- disse ele tentando visivelmente manter a voz firme.

Saiu dali com a cabeça baixa e o rabo inquieto. A rainha suspirou e abriu a porta lentamente. O lugar não estava escuro. Um buraco na parede de madeira do lado esquerdo deixando o ar salgado do mar e um feixe de luz penetrar no quarto. Lúcia sentou-se na beirada da cama e conseguiu ver o rosto da menina. Os cabelos estavam soltos, esparramados no travesseiro e sem brilho. O rosto parecia estar mais magro, a linha dos ossos no maxilar e suas maçãs estavam visivelmente marcados. A pele estava mais branca do que o normal.

–-Cristine?

A menina abriu os olhos e sorriu ao ver a rainha ao seu lado.

–-Oi Lúcia.- disse ela com a voz baixa.

Lúcia sorriu fracamente ao ver o estado da menina. Parecia tão...frágil.

–-Me perdoe Cristine. Me perdoe por não poder ajudar.- disse Lúcia abaixando a cabeça.

–-Do que está falando?

–-O elixir, não vai ajudar...eu...me perdoe.

A menina colocou a sua mão na da rainha e esta sentiu o toque frio dos dedos enroscarem-se nos seus.

–-Não se culpe. Não há porquê. E eu não estou com medo.

–-O quê?- perguntou Lúcia desconcertada.

–-Lembra-se quando meu avô disse que minha hora iria chegar?- Lúca assentiu- Talvez seja essa hora.

Lúcia abaixou os olhos.

–-Iriamos nos separar de qualquer jeito Lúcia. Você sabia disso desde o inicio.

–-Eu sei. Mas...dói do mesmo jeito. E pensar que agora tudo o que você lutou pra conseguir...

–-Não me arrependo de nada. E de qualquer forma, eles estão bem. Eu acho...-disse ela rindo fraco.

Ficaram em um silêncio. Não havia muito o que dizer entre elas. Era um silêncio confortante.

–-Obrigada Lúcia. Por tudo.- Lúcia levantou os olhos.- Por ter sido minha amiga. Por ter estado ao meu lado. Por ter me dado mais esperança. Obrigada.

Lúcia sentiu lágrimas escorrendo e não as limpou. Sentia o sorriso alargar-se. Atirou-se a Cristine e a abraçou pelo pescoço soluçando.

–-Também tenho que te agradecer por ter sido minha amiga.- disse ela sussurrando.

–-Argh...Lúcia...- disse Cristine com um murmúrio de dor.

Lúcia rapidamente desfez o abraço.

–-Desculpe-me.- disse ela limpando o rosto.

–-Só me avise para eu preparar-me na próxima vez.

As duas riram. Mas Lúcia sentiu um nó na garganta com as últimas palavras. “Na próxima vez.” Ironicamente, acho que não haverá próxima vez, ela pensou enquanto sorria fracamente vendo o rosto sem preocupação da menina.

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Notas finais do capítulo

ok..ahm...poucas coisas a dizer. somente desejo um feliz ano novo para todas! muita paz, saúde, sucesso e amor para vocês! :D ok. é só isso...eu acho. espero que tenham gostado >