One More Time In Nárnia escrita por Loren


Capítulo 33
Capítulo 33


Notas iniciais do capítulo

haai!



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–-Edmundo...-uma voz baixinha cantarolou.

Edmundo virou-se com cuidado e a viu em sua frente. Mesmo que fosse só névoa, sua face ainda parecia lisa e delicada, os cabelos pareciam reais com os leves movimentos como se estivessem ao vento e sua voz encantadoramente... falsa. O ar pareceu mudar e ficar mais denso, o tempo parecia mais lento mas as palavras da Feiticeira fluíram com facilidade.

–-O que está tentando provar? Que você é um homem?- ela disse com um pouco de desdém na voz.

Ele apertou os lábios e levantou um pouco o queixo. Talvez fosse isso mesmo que ele estivesse tentando. Queria somente ser respeitado e admirado. Mas sua ambição não estava a frente de querer desfazer o mal que havia causado. Só queria acabar com aquilo. Mas tinha a esperança de que fosse recompensado como queria no final. Mas será que ele só queria essa ambição, ou realmente ajudar? Incrível como ela conseguia desnortea-lo.

Eustáquio usava a espada sem talento ou modo certo, contanto que se defendesse do que quer que seja que fosse aquilo. Mas o que realmente era aquilo? Ele batia desesperadamente em algo que não possuía corpo ou que fosse realmente matéria, mas conseguia o prender facilmente.

Os marinheiros puxavam as cordas com força e os olhos presos na serpente que parecia cair a qualquer momento, mas resistindo bravamente. Os gritos que se ouvia ao redor dele, não pareciam leves sussurros sem importância.

–-Eu posso fazê-lo um homem.- ela disse persuasiva.

Fora de sua atmosfera, tudo era muito rápido para os marinheiros, muito perigoso e muito perturbador. Lúcia gritou perto do timão.

–-Edmundo! Edmundo! O que ele acha que está fazendo? O que está havendo com ele?

Cristine assistia tudo com a expressão perturbada, mas o corpo calmo. Engoliu em seco e murmurou.

–-Está enfeitiçado.

–-O quê?- perguntou o lobo confuso.

–-O rei Edmundo.- ela disse apontando com o dedo indicador da mão direita.- Consegue ver aquela fumaça verde?

O lobo virou o rosto e apertou os olhos para tentar ver, e conseguiu ver uma pequena e quase imperceptível nuvem verde na frente do rei.

–-Mas por que ele ficaria tão encantado com...uma nuvem?

–-Não é uma nuvem qualquer.-o lobo olhou para a menina e viu o rosto da menina sério.- Não é mesmo.- ela disse antes de desviar o olhar e sair andando para perto da borda onde a serpente estava do lado de fora do barco.

O lobo correu e mordeu a barra da camisa parando a menina. Ela virou-se apertando as mãos com força no arpão e demonstrando irritação na voz.

–-O que houve?

–-O que você pensa que irá fazer?

–-Não é somente a vossa majestade que pode cometer loucuras.- ela disse rindo, mas parou vendo a expressão do lobo.- Dark, não tente me deter. Ou eu irei te jogar na água ou te prender em um barril novamente, você escolhe.- ela disse com um sorriso maroto.

O lobo engoliu em seco e fez uma careta murmurando algum palavrão. A menina revirou os olhos e acariciou a cabeça do lobo.

–-Vou ficar bem.

–-Promete?- ele perguntou em um fio de voz. Ela sorriu fracamente.

–-Não.

^.^

Ela virou-se e suspirou. Levantou o arpão com a mão direita e sentiu o braço fraquejar, por conta do peso da grande arma em sua pequena mão. Com força e um pouco insegura ainda, ela jogou o arpão e por falta de sorte ou má mira, não atingira onde ela queria. Mas ao menos, não estava no centro do corpo do animal, sendo que estava do lado direito. Ela virou-se e pegou a corda antes que esta escapasse do convés e puxou com força, provocando uma dor mínima na serpente que parecia anestesiada por conta da mesma. Ela subira na borda, firmando os pés e rezando para não perder o equilíbrio e pôr tudo a perder. Segurou a corda mais forte e virou-se para o lobo e dirigiu-lhe um sorriso encorajador. O lobo somente assentiu a cabeça, mandando-se mentalmente firmar os pés no chão de madeira quase quebrado para não falar alguma frase melancólica demais e fazer a menina chorar. Quando mostrava um lado sentimental, muito raro, a menina chorava. E aquele não seria um momento correto para chorar. Ela molhou os lábios e respirou fundo, mas antes que se preparasse, foi puxada com força para frente. A serpente devia ter sentido alguma dor ou outro arpão lhe fora jogado, foi para trás, puxando a menina que tentava manter as mãos firmes enquanto sentia o vento forte bater em sua face e jogando os cabelos para trás. A menina então, fez o que tinha em mente. Como em um balanço, empurrou suas pernas para frente tomando impulso e assim fez meia volta até seu corpo bater-se contra as costas da serpente. Desesperada, ela tentou agarrar-se a pele do animal, o que não fora muito difícil. Já que as costas deste, tinha bastantes rugas, ossos que pareciam brotar a qualquer momento e buracos que havia para sua pele respirar. Arfando, ela colocou os pés em cima de algum osso e começou a escalar o animal. Ás vezes, por descuido ou sem outra opção, colocava a mão nos estranhos buracos respiratórios e trancava a respiração por causa do cheiro forte.

Devia ter amarrado a corda em minha cintura, ela pensou quando percebeu que qualquer descuido poderia fazê-la cair e sua queda seria direto na água. Afastou os pensamentos que a assustaram e tentou prestar a atenção em onde colocar seu pé quando subisse.

–-Edmundo!- ela ouviu um grito.

Não soube dizer quem era, mas percebeu um ligeiro movimento da serpente. Céus! Ela vai atacar, ela raciocinou percebendo os movimentos da serpente indo para frente e voltando freneticamente. Rapidamente, segurou-se firme um osso quase descoberto e tirou sua espada da bainha, em seguida a fincando com força em uma parte pequena e lisa. Tivera efeito. Um pouco de incomodo da serpente, que agitou-se tentando tirar aquela dor, para a menina, fora intenso. Tivera que segurar-se com força no cabo da bainha e juntou seu corpo junto com o da serpente. Assim que esta parara, a menina tirou a espada e continuou a subir, desta vez usando a espada como apoio e atrasando os movimentos do animal. Passou-se alguns minutos mais até ela conseguir chegar ao topo da cabeça. Viu o pequeno rei em frente a nuvem sem dizer nada, mas com os olhos e o corpo tenso.

–-Majestade! Majestade! Droga..- ela murmurou.- Edmundo! Edmundo, acorde!

Mas ele ficou assim o tempo inteiro?, ela pensou. O que para ela foram minutos ou até horas, para ele pareciam segundos lentos. Ela sentiu a cabeça abaixo de seus pés mover-se e ela ajoelhou-se sem saber o que fazer. A serpente parecia mais certa do que fazia agora, menos sonsa da dor e agora, sem se intimidar pelos arpões que agora não a comandavam mais. Antes que a serpente fizesse qualquer outro movimento, Cristine puxou uma das antenas da serpente e esta sentiu uma dor muito mais forte do que as outras. Obviamente, as antenas eram partes sensíveis do animal e balançava a cabeça com força agora, percebendo algum intruso em si. Ela sentiu a antena escorregar de sua mão e sentir seu corpo no ar até suas costas baterem contra algo extramente duro e lhe causando dores fatais. Havia sido jogada para uma das pedras. Não sentia os ossos, não sentia o sangue, não sentia a carne. Só sentia a cabeça rodando e dando-lhe pontadas fortes a cada piscar dos olhos.

^.^

–-Cristine!- gritou Lúcia.

Viu a menina batendo na pedra e imaginou a dor que a menina possuía naquele momento. Procurou ao redor.

–-Dark? Onde...

Achou o lobo com as patas sobre a borda imóvel. Correu para o lado dele e viu os olhos do mesmo brilhando.

–-Dark?- ela perguntou cautelosa.

Ele não a olhou. Apenas saiu dali e fora ajudar mais algum fauno com alguma corda. Esta de fato não é uma boa visão para ele, ela pensou virando-se para Cristine que tinha os olhos quase fechados. O que vem a seguir, é um pouco assustador. Imagine uma dor. Sim. Uma dor. Mas uma grande e dolorosa dor. Uma dor que parece que nunca irá acabar e a qualquer momento, você parece prestes a cair de tanto que ela perfura seu interior. Dói, certo? Fora exatamente essa dor, ou talvez pior, que Cristine sentiu quando a serpente fora em sua direção com a boca e as presas prontas para seu indefeso ser. Cristine encolheu-se na pedra e felizmente, a serpente não conseguiu pegá-la. Mas um de seus dentes, conseguiu penetrar na calça da menina acompanhado do grito dela. Sentiu o dente aprofundar-se cada vez mais e pode jurar que parecia ultrapassar sua coxa inteira, sentiu algo queimar-se ali e seu grito aumentar. Até que a serpente foi para trás para tomar impulso novamente. Mas uma luz azul ao longe, distraiu sua atenção.

^.^

–-Eu faço de você um homem. Faço de você meu rei.- ela disse tentadora.

Quanto tempo havia se passado? Não importava. Seus ouvidos zuniam a outros barulhos a não ser pela suave voz da Feiticeira Branca. Algo brotou em si...ambição? Desejo? Só sabia, que era a coisa mais deliciosa e mais perigosa que já senti e vi, ele comentou uma vez com os irmãos. Neste momento, certa menina fincava com força uma espada na pele grossa da serpente. O animal fora para trás recuando seu ataque, puxando cordas e três marinheiros para água, movendo a água com seus movimentos e o barco sofrendo as consequências.

–-É só pegar a minha mão.- ela disse estendendo a mão.

Um desesperado menino ainda brigava inutilmente contra algo que não era ao todo visível. Como derrotaria seu suposto inimigo e pousar a espada na mesa? Uma menina fora jogada ao longe em uma pedra.

–-É só pegar...- ela disse calma e lenta.

Um grito. Um grito irrompeu a atmosfera densa e ele pode ouvir. Um grito familiar e sufocado. Cristine, sua mente sussurrou. Ele arregalou os olhos e mirou a Feiticeira, tomando uma expressão brava com si mesmo por quase ter acreditado na bruxa outra vez.

Não adianta. Devo colocar a espada na mesa, é o único jeito!, Eustáquio pensou enquanto tentava passar por aquela barreira. Não se lembra como, mas quando havia tropeçado em algo e aberto os olhos, a espada estava pousada junto com as outras, brilhando intensamente e tremendo loucamente. Eustáquio andou para trás, assim como a névoa que se dissipou. Um feixe de luz saiu do meio das espadas indo diretamente para o céu fazendo a mesa tremer e o menino quase cair para trás com o susto.

A espada de Edmundo brilhou como as que estavam há alguns quilômetros de distância. Edmundo recobrou rapidamente a mente sobre tudo ao seu redor. A Feiticeira olhou para a espada apreensiva e parecia, atrevo-me a dizer novamente, com um pouco de medo.

–-Agora Edmundo!- ele ouviu alguém dizer.

Ele virou-se e viu a serpente em frente a uma pedra, muito entretida com sua presa. Não teve tempo para ver quem era, apenas segurou-se com força na corda e mexeu a espada para que a luz chamasse a atenção. A serpente virou-se e se deliciou vendo sua presa favorita totalmente indefesa.

–-Estou aqui!- Edmundo gritou.

–-Edmundo...pare de tentar...- a Feiticeira começou a falar, mas fora interrompida.

–-Nunca mais vou acreditar em você sua bruxa! Nunca mais!– ele grunhiu para si mesmo, mas ela ouvira, sentindo uma raiva crescer.

A serpente chegou mais perto até que jogou-se com tudo e a boca pronta para mastigar. A Feiticeira sorriu vitoriosa, percebendo que Edmundo não teria chance. Mas este agachou-se e cravou a espada no céu da boca do animal causando gritos por parte dele. A luz da espada pareceu brilhar mais e ter percorrido pelo corpo do animal e soltado raios da mesma cor da lâmina, mas inofensivos.

–-Não!- gritara a Feiticeira, percebendo que de alguma forma, havia perdido.

^.^

Ele retirou a espada, raios ainda trespassavam pelo céu, a serpente tremeu e logo após, caiu, com o corpo afundando aos poucos sendo levado junto com os arpões e ao chegar ao chão, desparecera. Como fumaça. Não havia sinal da Feiticeira. Sumira. Como fumaça. Um buraco abriu-se acima e a luz entrou. Da própia água, o verde sumia e fumaça da mesma saia aos poucos.

–-O feitiço...está sumindo.- disse Lúcia olhando ao redor.- Edmundo!- disse ela chamando o irmão que descia pelas cordas.- Caspian!- ela chamou o rei que estava jogado perto de um pedaço de madeira.- Olhem!

Os dois deram então a devida atenção ao lugar e deixaram um sorriso dançar nos lábios ao ver a luz quase dominando o local. As pedras pareciam cair, mas não se ouvia barulhos. Elas somente sumiam aos poucos. Como fumaça. Dando lugar então a luz. Chegava até doer os olhos tendo aquela visão, depois de algumas horas de tormento no escuro.

A luz das espadas, ainda saia com força da Ilha de Ramandu. Passando pelas árvores, até chegar ao céu. Ou além. A luz cessou após algum tempo, mas os Lordes ainda estavam dormindo.

O escuro, já havia sumido. Agora, podiam ver alguns botes navegando suavemente através das nuvens.

–-Narnianos! Narnianos!- gritou Caspian, para chamar-lhes a atenção.

Os marinheiros batiam palmas para todos e a si mesmos. Todos estavam na borda em que podia se ver os narnianos e esperando sua chegada. O marinheiro, Rinse e sua filha, Gael, passaram por entre os marinheiros para chegar mais a frente. Lúcia viu a menininha com olhos brilhando e nervosa nas mãos. Passou pelos reis e chegou ao lado da menininha, abraçando-a pelo lado, dando algum conforto, até achar sua mãe.

–-Mamãe!- a menininha gritou.

Em um dos primeiros botes, conseguiu ver a silhueta da senhora e assim que a nuvem cessou, podiam ter a clara visão dos narnianos.

–-Elaine!- o marinheiro confirmou.

A menininha, irracionalmente e feliz demais para pensar, pulou na água e nadou até sua mãe. O marinheiro fez o mesmo. Talvez para ir junto com a filha e protegê-la, mas não podia negar que a felicidade também o dominava. Lúcia sentiu olhos pesarem por conta de grossas lágrimas e sentiu o abraço confortante de Edmundo. Foi o único momento em que não queria estar em Nárnia. Sentia falta da família inteira, disse Lúcia para Edmundo uma vez. O marinheiro e a menininha chegaram até o bote, sendo recebidos com abraços, beijos e choros pela parte de todos.

–-Esvaziem o convés! Tragam todos a bordo!- gritou Caspian para os marinheiros.

Todos começaram a arrumar-se e jogar barris ou materiais sem muita importância a água. Caspian aproximou-se dos outros. Levantou uma mão no ombro de Lúcia dando-lhe conforto também.

–-Conseguimos.- murmurou Lúcia.- Eu sabia.- disse ela com um sorriso como o de quando chegou.

–-Mas não fomos só nós.- disse Edmundo sorrindo.

–-Está falando do..- Caspian fora interompido.

–-Ei! Pessoal, eu estou aqui na água!- ouviram do outro lado do barco.- Lúcia! Lúcia!

A menina andou para o outro lado do barco e viu seu primo, tentando deixar ao menos a cabeça fora da água enquanto mexia os pés e os braços tentando não afundar.

–-Eustáquio!- disse Lúcia, e depois Caspian e Edmundo chegando.

–-Eu voltei a ser menino!- ele disse com um sorriso imenso.- Eu sou um menino!

Todos riram.

–-Eustáquio! Suas asas foram aparadas!- disse Ripchip rindo e logo em seguida pulando.

Muito contentes, Ripchip começara a cantar sua antiga música. Até que parou na parte onde dizia algo da água doce ou onde o mar e o céu se juntam, em sua boca entrou a água e ele sentiu um gosto doce. Provou um pouco mais.

–-É doce. É doce mesmo!- ele disse vendo Eustáquio bebendo para ver.

Todos riram, mas foram interrompidos por algum movimento frenético entre os marinheiros. Duvidaram que talvez pudesse ser os narnianos, mas os botes ainda estavam para chegar, até que o lobo apareceu a frente dos reis e rainha.

–-Majestades!- ele disse fazendo uma reverência extremamente rápida.- Perdoe-me chegar assim, mas algum de vocês talvez vira Cristine?!

A garganta de Lúcia se fechara. Não via a menina desde.... Edmundo molhou os lábios tenso relembrando do grito da menina. Caspian negou com a cabeça para o logo.

–-Olhem!- gritou Ripchip.

O lobo juntou-se a borda e suas majestades também, vendo ao longe, algo flutuar pela água. Grande demais para um peixe e também para uma ave. Flutuava com facilidade e não fazia movimento a não ser de um farfalhar no peito constante. Edmundo não se atreveu a dizer o nome, tinha medo que fosse quem ele pensava ser.

–-Cristine!- o lobo e sua irmã falaram no mesmo instante, destruindo suas esperanças.

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Notas finais do capítulo

aháá! consegui terminar a batalha! o/ MAAAAS! não significa que a história terminou! pelo contrário! ainda vai ter o fim do própio filme e pretendo colocar uns....bônus na história. >