One More Time In Nárnia escrita por Loren


Capítulo 35
Capítulo 35


Notas iniciais do capítulo

haai



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Edmundo bufou por tanto ter que esperar. Logo seria sua vez. Virou-se e sentou em cima de um barril. Colocou as mãos sobre o joelho e a cabeça baixa. Sentiu uma ânsia de vômito, apesar de só ter a estranha vontade de chorar.

--Edmundo?

Edmundo levantou a cabeça e viu seu tão querido primo Eustáquio, agora, realmente poderia dizer que era querido.

--Oi Eustáquio.-disse sem emoção na voz.

--Como está?

--Não sei..ainda não a vi.

--Estou falando de você.

Edmundo deu de ombros. Sorriu fracamente.

--Vou sobreviver.

Eustáquio o mirou por um instante. Nunca havia visto o primo daquele jeito, nem quando estava em sua casa e o fazia fazer todos os seus trabalhos da casa. Exceto quando mentiu dizendo que sua família tinha sofrido um acidente, por pura bobagem de criança. Parecia que doía. E muito. Pediu mentalmente para Aslam proteger a menina e ajudá-la. Eustáquio tocou no ombro de Edmundo. Não sabia o que dizer em momentos como aquele. Geralmente, só ignorava e saia de fininho para seu quarto e escrever suas reclamações em seu diário. Lúcia saiu para o convés e viu a cena que achou que jamais presenciaria. Deu de ombros para si mesma. Não sei porque ainda me impressiono tanto quando estou aqui em Nárnia, pensou ela sorrindo de lado. Andou e escorou-se na borda ao lado dos dois. Cruzou os braços e olhou para o céu.

--Então?- perguntou Eustáquio, já que Edmundo não dissera nada.

Lúcia suspirou e olhou para o primo e irmão. Deu de ombros.

--Calma como sempre.

--Eu não entendo...- murmurou Eustáquio.

--O que foi Eustáquio?

--Aquele velho- ele viu o olhar de repreensão de Lúcia.- Aquele senhor, o Ramandu pelo o que Ripchip me explicou.

--Sim, o que tem ele?

--É verdade que dizem que ele poderia cura-la, mas a transformaria em uma estrela?

--Sim.

--E por que ela não aceitou? Ela iria sobreviver!

--Não é tão simples assim. Ela teria que ficar no céu e não é lá o lugar dela.- disse ela e olhou automaticamente para o mar.- E ela viveria para sempre até o fim dos tempos e não é isso que ela quer. Tenho certeza que há uma parte dela, que sempre acreditou que quando ela morresse, ela iria encontrar a família dela. E desconfio que se ela provasse desse fruto que Ramandu disse, ela teria que sempre ter de comê-lo para viver.

--Por quê?- perguntou Eustáquio.

Lúcia deu de ombros.

--Não é exatamente um fruto para humanos comerem. Acho que o corpo dela necessitaria desse alimento para o resto da vida.

--Faz sentido.

Edmundo suspirou e levantou-se passando as mãos pelo cabelo.

--Nada é simples!

Nenhum dos outros dois disse alguma coisa a mais.

--Quem mais irá vê-la?- perguntou Eustáquio para Lúcia.

--Acho que Caspian, Rip talvez, Dark e..Ed?- ela chamou.

--Hum?- ele disse sem se virar.

--Vai vê-la também?

Ele virou-se e viu os olhos questionadores de seu primo e os de sua irmã suplicantes quanto sua resposta. Ele apertou os lábios e acenou com a cabeça positivamente sem dizer uma sequer palavra. Estranhamente, elas haviam desaparecido de sua mente.

^.^

 Lúcia correu para o lado de Caspian quando o viu subir a bordo.

--Caspian. Todos os narnianos já foram para a Mesa de Aslam?

--Sim. Acompanhados da filha de Ramandu. Mas ele foi logo depois, porque tinha falar comigo antes.

--E o que ele disse?

--Disse que o Fim do Mundo não está muito longe, mas que teríamos um atraso para partirmos. Sabe do que estava falando?

Lúcia abaixou a cabeça.

--Ele estava falando de Cristine. Ela não vai sobreviver.

Caspian arregalou os olhos e abraçou Lúcia no mesmo instante. Sabia da amizade das duas e imaginou quanto a rainha estava sofrendo.

--Ela não tem muito tempo. Devemos nos despedir corretamente. Eu já falei com ela. Agora, acho que você deveria fazê-lo. Ripchip e Eustáquio o acompanharam.

--E Edmundo e Dark?

--Acho que esses tem assuntos particulares com ela.

Caspian assentiu e soltou o abraço com Lúcia. Desceu as escadas e viu Ripchip e Eustáquio na porta. Não disseram nada. Apenas abriram a porta e entraram, Eustáquio a fechou por último. Caspian estranhou o buraco que havia na parede.

--Fora o marinheiro Rinse majestade. Ele o fez pois aqui é um pouco abafado demais.Espero que não tenha problema.

Caspian negou com a cabeça. A conversa dos quatro, fora rápida. Caspian perguntou se deveria ir atrás dos irmãos da menina e ela negou.

--É melhor deixar que eles continuem com a tia deles. Seria muito perturbador eu nunca ter dado noticias a eles há anos e de repente, um rei aparece para dizer somente que morri.

Caspian concordou com as palavras dela. As crianças realmente não teriam uma boa reação.

--Mas obrigada da mesma forma por tudo o que fizeste e pelo o que iria fazer.

Caspian sorriu e deu um último aperto na mão da menina. Levantou-se da beira da cama e deu espaço para Ripchip subir a cama. O pequeno ratinho colocou a mãozinha na da menina e disse com palavras sinceras.

--Fora um imenso prazer tê-la conhecido senhorita. E lutado ao seu lado uma honra.

--Deixe de drama Rip! E me dê um abraço!- ela disse forçando um sorriso.

O pequeno rato chegou ao lado do rosto da menina e a abraçou pelo pescoço enquanto ela acariciava as costas do rato. O rato se afastou e não chorou, mesmo vendo os olhos da menina molhados.

--Também tenho muito que te agradecer.- ela disse.

--Tu mereceste.

Ela assentiu com a cabeça e ele saiu da cama. Eustáquio estava desconfortável com a situação. Não sabia exatamente o que dizer. Era péssimo em momentos como este. Mas Cristine não se intimidou.

--Lhe peço desculpas por ter pulado com força em suas costas. Espero que não tenha doído muito.

--Ah...já estou melhor. Obrigada.

Ela assentiu com a cabeça e não disseram mais nada. Os três saíram do quarto e subiram para o convés. Quando Edmundo viu os três, levantou-se rapidamente como se seu coração tivesse pulado. O que realmente aconteceu. Antes que desse mais algum passo, sentiu a mão de Lúcia em seu ombro. Virou o rosto e viu o de Lúcia carinhosa.

--Tem que esperar.

--Eu não irei vê-la?

--Irá, mas agora é Dark que tem que vê-la. Seja paciente. Todo momento entre eles, até o silêncio, será importante para os dois.- disse ela enquanto sorria calmamente e via o lobo descer pela escada após falar com Ripchip.

^.^

O lobo suspirou antes de empurrar a porta encostada com o focinho e entrar lentamente pelo quarto fechado. Assim que colocou a última pata para dentro, a porta fechou-se sozinha. Andou com calma até a cama e deitou a cabeça com delicadeza sobre o lençol. Cristine tinha os olhos fechados e parecia, a cada momento, mais pálida do que o normal. Já parecia perder o tom bronzeado. A respiração parecia normal. Mas fazia uma pausa maior do que o recomendado quando ela expirava e inspirava novamente. Os lábios ainda tinham cor. Os cabelos pareciam mortos. Ele viu a mão dela ao lado do corpo e a lambeu, como a fazia para irrita-la às vezes ou acorda-la. A menina encolheu os dedos e abriu os olhos vendo as orelhas peludas.

--Dark! Há quanto tempo está aí?

O lobo apoiou-se com as patas dianteiras na cama para ela vê-lo melhor.

--Não faz muito.

Ela levantou a mão e acariciou o focinho do lobo.

--Eu não havia prometido que não ficaríamos muito tempo separados?- o lobo nada disse e fez uma careta.- Não faça essa cara, eu não prometi que ia ficar bem. Se lembra?

O lobo assentiu. A menina suspirou.

--Dark, eu pensei e veja bem, você não tem por que voltar a Cair Paravel. Não há motivos, ao menos, os que eu sei.- ela parou para tomar fôlego, como se a dor afetasse até para ela falar.- O que quero dizer é, acho que deveria continuar o caminho junto a Ripchip.

Ele a olhou incrédulo.

--Até o País de Aslam, você quer dizer?- ele indagou com a voz baixa e calma.

Ela assentiu com a cabeça.

--Não posso Cristine. Sabe disso!

--Por que não? Por causa de sua descendência? Dark, se eu e até reis e rainhas te respeitaram, tenho certeza que Aslam fará o mesmo.

--Não é tão simples quanto parece.

--Se você querer complicar, não, não será.

Ela remexeu-se buscando uma posição boa.

--O que foi?- ele perguntou.

--Nada. É só que...parece que tem algo espetando-me, mas não é nada na cama. É só a dor.

O lobo ficou quieto e não disse mais nada. A menina bufou.

--Pare de ser tão teimoso Dark! Ripchip estará do seu lado. E não há o que temer de Aslam. Confie em mim.- ela disse sorrindo fracamente.- Se não fizer isso por você, faça por mim.

O lobo assentiu com a cabeça e depois de alguns segundos, deu de ombros.

--Bom, não tenho mais nada aqui e nem em Nárnia. Talvez continuar com Ripchip não seja má ideia.

Ela sorriu.

--Mas...e você?

--Eu? Não acho que eu tenha meios de voltar para Nárnia.- ela disse sem demonstrar emoção.

--Mas...e seus irmãos?

--Irão ficar bem.

--Mas e Aslam?

--O que tem ele?

O lobo suspirou.

--Cristine, por mais que você sonhava uma vida melhor aos seus irmãos, um futuro, sei que você também sonhava encontrar Aslam algum dia. Conhecê-lo. Vê-lo.

Ela suspirou e sorriu em seguida.

--É...acho que...ficará para a próxima.

--Que próxima Cristine? Eu posso ser o estúpido, mas você está sendo ignorante!- o logo quase gritou.

--Por favor, Dark, não grite e não brigue comigo. Não agora.

--Mas você não está triste?- ele disse mais calmo.

--Um pouco.

Dark não quis dizer mais nada. Não fazia mesmo sentido brigar com ela. Não iria resultar em algo produtivo.

--Dark?- ela o chamou.

--Hum?- ele murmurou.

--Obrigada. Por tudo.- ela disse apoiando-se em um cotovelo e puxando o lobo pelo pescoço para um abraço.

O lobo deitou a cabeça no ombro dela. Não iria recusar um abraço. Não naquele momento. A menina afundou as mãos no pelo macio dele. Quando poderia abraça-lo de novo? Ou talvez chocoalhar sua cabeça para irrita-lo? Ela apertou os lábios enquanto pensava que para onde fosse, não iria ter o apoio do lobo, não iria ter as conversas do lobo, não iria ver os olhos misteriosos e profundos do lobo, não poderia ter seu amigo do lado.

--Eu te amo.- ela sussurrou enquanto uma lágrima caia.

O lobo fungou com o nariz enquanto repassava tudo o que havia vivido com ela. Quando ela o havia salvado, quando ela sempre tentava o fazer rir, quando ela corava quando o lobo fazia comentários nada discretos sobre qualquer menino que passava por ela, quando ela cuidava dele quando estava ferido, quando ela era sua amiga todo momento.

--Nada mais será o mesmo sem você Cristine.- ele afastou-se para ver o rosto da menina e ela surpreendeu-se ao ver os olhos dele brilhando. Parecem estrelas em um céu negro, ela pensou.- Eu também te amo, menina ignorante.- ele murmurou a última parte.

--Eu ouvi Dark.

Ela riu enquanto ela o acompanhava baixinho.

--E você foi uma luz em minha vida lobo estúpido.

--Minhas palavras são as mesmas que as suas.- disse ele em um sorriso.-Perdoe-me.

--Pelo o quê?

--Por não ter lhe protegido. Acho que... se tivesse feito algo, você ainda teria chance de conhecer Aslam.

Ela deitou-se rapidamente, o que a fez resmungar de dor.

--Dark- ela bufou.- Pare de se culpar! Está bem? Se algo vai acontecer, não é culpa de ninguém. É o destino. Só isso.

--Mas não é justo.

--Ninguém disse que seria fácil. E eu e você sabemos bem disso.

Ficaram em silêncio pelo resto do tempo. Não havia muito o quê discutir ou falar. Em poucas palavras e muito silêncio, conseguiram da mesma forma, despedir-se de um jeito que nenhum nem um nem outro esqueceriam.

^.^

A menina olhava para o teto cansada de ter que esperar para fechar os olhos para sempre. Mas ainda restava mais uma pessoa com quem conversar. Enquanto esta não chegava, ela pensava na conversa que tivera com o lobo. Sorriu de canto. Ela não mentiu para ele, certo? Ela somente omitiu algumas partes como fizera durante muito tempo. Lobo estúpido. Ela pensou. Sim. Lobo estúpido. Mas o meu lobo estúpido, pensou finalmente enquanto deixava mais uma lágrima escorrer e lembrava-se daquele dia de verão na floresta.

^.^

Flashback

Porcaria de pedra, Cristine pensou enquanto se levantava do tombo que tivera segundos atrás. Havia acordado poucos minutos antes do almoço, mas isso não a fizera parar para almoçar. Continuava a procurar loucamente pelo lobo. Haviam combinado dele ser o vigia no último turno e acorda-la assim que o sol acordasse. Mas ele não o havia feito. Havia sumido. E parecia que não iria voltar tão cedo. Ela seguiu as pegadas que ainda haviam na terra fofa e molhada por conta da chuva passada. Correu mais do que andou. Queria alcançar o lobo há tempo. Iria fazer seus ouvidos doerem de tanto que iria falar. Já havia se passado três semanas desde o incidente com o anão, o lobisomem e a bruxa horrorosa. Parou de correr e encostou-se de costas em uma árvore para descansar. Arfava. O suor escorria pelo rosto. Fechou os olhos por um momento e logo os abriu após ouvir um ruído. Vinha de sua direita mais próxima. Tirou a espada da bainha e andou com passos lentos até o barulho que não parava. Mas acelerou os passos quando ouviu um uivo.

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Notas finais do capítulo

espero que tenham gostado >< ando sem inspiração ultimamente : /