- Eu te amo Bella. – ele repetiu porque eu deveria estar com uma cara muito estranha... de quem não entendeu.

- Edward...

- Olha deixa eu dizer uma coisa. Eu não sei amar. Eu não faço a mínima como deve ser um relacionamento... o que você espera de mim ou o que eu devo fazer... – ele parecia tão frágil. Tão inseguro. Um terreno desconhecido para o determinado e misterioso Edward Cullen. – Eu sempre me foquei em outras coisas. .. isso me pareceu tão... improvável?

- Você amou Isabel?

- NÃO! – Ele disse e me assustei. Ele mexeu nervosamente nos cabelos. Era hora da verdade não? – Eu sou um monstro. Eu a usei. Eu... – sua impagável insegurança. -  Eu me aproveitei dela Bella... da sua instabilidade...

- Eu já imaginava isso. – disse sem expressão. Lembrei da conversa com Jacob. Monstro? O que tinha mais nessa história? – Eu quero tudo. A história toda ou nada Edward. Estou cansada de meia verdades... mistérios e segredos. O próximo que se aproximar de mim pensando que sou Isabel e me agarrar eu juro que conto tudo! EU CONTO TUDO!

E vi naquela hora que eu estava no meu limite. Da minha sanidade... do meu controle... das minhas forças...

- Esme é filha de Isadora Eleonor Brandon. Esme é filha de um casamento infeliz com o marido Paul Brandon. O casamento durou exatos cinco anos. Ele faleceu num acidente de carro. Ela nunca conheceu o pai, ela tinha somente um ano e meio quando aconteceu. Eleonor era apaixonada por meu avô. Eleazer Cullen. Só que ele casou com Elizabeth Brandon. Irmã de Paul. E dessa união nasceu Carlisle.

Muita informação. Muita coisa.

- A mãe de Esme...  a tal Eleonor... era apaixonada por seu avô? Só que ele... casou Elizabeth em vez dela? 

- Isso.

- Edward o que isso tem haver com a empresa de Isabel?

- Eleonor nunca se conformou com isso. Ela destruiu meu avô Bella, ela tirou cada centavo dele com o poder herdado de Paul. Ela destruiu Elizabeth e Eleazer por puro ódio. Esme estudava no exterior enquanto ela fazia do império Cullen algo ainda maior só para meus avós verem o que eles tinham e perderam. Ela foi implacável com eles. Carlisle não teve nada e por isso eles só tiveram um filho, não queriam colocar mais crianças quase na miséria em que eles viviam. Bom, os anos se passaram e Carlisle conseguiu uma bolsa numa faculdade, Harvord, - ele disse com orgulho. Ele tinha orgulho de pai. – Foi lá que EME conheceu Esme e se apaixonaram. Minha mãe Bella precisou lutar com todas as forças contra Eleonor para ficar com ele. Até tentar matar Carlisle ela tentou.

Eleonor era mesmo maluca. Matar ele? Meu Deus!

- Bom, ela deserdou Esme. Carlisle também não tinha muita coisa e eles casaram  se formaram com a ajuda de meus avós. E depois de formados veio Emmett. Dois anos depois eu nasci e por último veio Alice. Eles ainda moravam com meus avós quando eu nasci.

- Eleonor não ligou mais para Esme?

- Não, ela adotou Isabel uns anos depois e foi como se ela nunca tivesse uma filha anteriormente. Imagina como Esme ficou quando soube da adoção? Ela chorou por dias Bella, quase entrou em depressão. Ela já tinha perdido o pai e depois a mãe vira as costas assim... meu pai perdoou, mas eu seria incapaz de tal coisa.

- Edward...a empresa...

- É minha Bella. É a empresa que te falei.

Porra isso era muita coisa. Me servi de um copo de água que estava na mesa e não me lembro quem o pôs ali. Ele esperou eu me recuperar. A história de Isabel estava ligada a de Edward... mais do que um dia eu poderia imaginar.

- Edward  como Esme reagiu ao seu casamento?

Ele abaixou a cabeça.

- Ela imagina porque eu casei Bella. Ela só não tem certeza. Ela... minha mãe teve pena de Isabel. Ela estava tão destruída com a tragédia que Esme só pode dar graças a Deus que ela estava perto para segurar a barra.

- Segurar a barra? Quer dizer que Esme ajudou Isabel?

- E muito Bella... ela considerava Isabel sua irmã mais nova... uma vítima de Eleonor.

Informação demais. Balancei a cabeça.

- Sabe o que mais odeio em Eleonor... o fato dela não ligar... não se importar...

Ele agora toinha raiva nos olhos. Ódio até.

- Uma noite Emmett estava muito doente. Emmett precisava de um remédio muito caro e não tínhamos como fornecer. Meu pai rodou de carro a cidade toda procurando o remédios mais barato e não achou. Esme foi até a casa dela e pediu duzentos dólares Bella. O que era isso para ela? Ela... ela tinha tem dimensão do que é negar algo que você tem de sobra?

Mágoa... era mágoa profunda. Eleonor era um monstro... negar algo a uma criança doente...

- Conseguimos o remédio com um médico que Carlisle quase implorou no hospital Bella. Depois desse dia ele jurou que iria dar aos filhos algo mais digno e começamos a luta pela nossa fortuna. Não foi fácil. Então eu resolvi me vingar. Me vingar dela. Por anos estudei a vida e tudo que a rodeava, mas quando Isabel tinha idade para se apaixonar entrou James e eles eram um casal inseparável. Eles tinham tudo: dinheiro, amor e Nicolas. Eu comecei a estudar outros meios de adquirir a empresa, mas Eleonor era implacável... ela fez tudo de um jeito que não daria para ter mais que vinte por cento de qualquer ação e mesmo assim seria mais que muito ali tinham. Quando aconteceu a tragédia eu me aproximei, me fiz de amigo e Eleonor surtou. Colocou a culpa da morte de Nicolas em Isabel, ela era uma pessoa destruída Bella, não precisava de mais isso e ela fez a clausula para garantir mais herdeiros porque Isabel não queria mais saber de ninguém. Ela se fechou para o mundo.

Um silencio. Um tempo para absorver as informações. A comida chegou e não tive fome. Nem senti vontade de comer o lindo prato de algo que parecia ser macarrão, mas poderia ser outra coisa.

- Rose... onde ela entra nisso?

- Rose e Isabel se conheciam Bella. Quando Isabel engravidou ela engravidou também. Rose perdeu e ela continuou com a gravidez. Rose se afastou para não ver Nicolas e imaginar o filho dela e de um namorado. Ela decobriu que não podia mais engravidar quando tentou com Emmett e foi exatamente na mesma época que Isabel perdeu Nicolas. Ela jogou a culpa pela perda do filho em Isabel. Numa noite de bebedeira em Roma, Isabel transou com Emmett. Ele já era casado e ela... ela deveria estar tão bêbada que nem deveria se lembrar. Isabel passou pelo menos um mês fazendo mais merda do que uma pessoa em toda a sua vida. Eu corria atrás dela pelo mundo e me casei com ela assim que surgiu a oportunidade...eu me aproveitei dela, das coisas que ela tinha passado... de tudo. Eu sou um monstro Bella.

Mais um gole da água e aquilo me deu um enjôo sobrenatural. Olhei para os lados esperando a próxima bomba. Só que olhei de relance para ele. Uma criança frágil e perdida. Ele sofreu e tentou revidar o sofrimento.

- Eu te amo. – ele disse derrotado. – E não sei como fazer isso dar certo... Bella eu queria nunca ter metido você nisso e ter te magoado como eu te magoei... olhar os seus olhos e não ver o brilho de felicidade é algo insuportável...- ele agora estava quase chorando. Minha criança frágil. – Eu... se Rose souber te manda para cadeia na hora. Ela não vai ter pena de nada... não vai querer se você é ou não Isabel... e tenho medo de que algo te aconteça...Bella eu não sei mais o que fazer... só não quero te perder... sem você fica difícil respirar... eu fui para Londres e tive a pior semana da minha vida... me contorcendo de dor sem nada físico. E falar que te amo chega s ser quase libertador. Um alívio... Bella me perdoa... eu te amo e não quero te perder.

Eu precisava de ar. Eu precisava sair ou correr. Me levantei. Olhei seus olhos desesperados por uma resposta que eu não podia dar. Era muita coisa.        Era uma história muito complexa e enredada de vidas sofridas e sai do restaurante deixando Edward para trás. Chamei um táxi e fui para casa. Cheguei e dei graças a Deus que não vi ninguém. Fechei a porta do nosso quarto e vi ali outro buquê de flores. Rosas brancas e vermelhas num buquê caro e bem feito. Me aproximei e peguei o cartão. Precisei sentar depois que eu li.

“ Há uma parte feia, obscena e bestial, e há uma parte pura e santa e espiritual: tudo junto sou eu. E penso que agora compreendes o que sinto por ti. Não vais mais brigar comigo, vais, querida? Estou cansado hoje caríssima, e gostaria de dormir em teus braços, não fazer nada,mas somente dormir, dormir em teus braços. Tu me amas, não é verdade? Agora vai acalentar-me no teu peito e abrigar-me e talvez ter pena de mim por meus pecados e loucuras e guiar-me como uma criança.

Naquele peito amigo estar eu queria.. Onde ia ficar a salvo da ventania.”

Eu conhecia o trecho, era uma carta de James Joyce a Nora Barnacle. Uma linda carta de amor em que ele confessava que não poderia mais viver sem ela. Edward não poderia mais viver sem mim? Era isso não?