Eu precisei assimilar o que tinha acontecido naquele primeiro mês. Tudo tão intenso. Eu tinha me mudado. Eu agora era Isabel e estava amando Edward Cullen. Ainda me sobressaltava quando lembrava que a três semanas atrás Lily tinha me chamado de Bella na frente de todos e Edward muito sem graça explicou com Alice que aquilo era italiano e que Lily sabia um pouco pois moramos um tempo na Itália com a suposta mãe dela para sua recuperação. Acho que todos acreditaram e eu depois daquele dia percebi também que o segredo estava sempre por um fio.

Um fio muito fino e que eu não conhecia nada da vida de Isabel. Seus amantes, sua família ou amigos. Não fui mais na empresa depois daquele episódio e Edward também não me chamou.   E mesmo que chamasse eu não iria me expor mais daquele jeito. Emmett trabalhava lá. Ele e Rose só vinham aqui na casa quando eu e Lily estávamos fora por ordem de Esme e isso me deixava mal.

Eu amava Esme e como iria um dia explicar aquela doce mulher que a enganei. Que eu nunca fui Isabel e só fiz isso porque o filho maluco dela me achou numa lanchonete e que eu estava a beira da falência com Lily nos braços? Ela iria ficar do lado de Edward com certeza e isso me deixava ainda mais triste... os Cullens já tinham meu coração tomado por eles.

- No que está pensando? – Olhei para Edward, já era tarde e eu ainda estava acordada.

- Em nada. – disse fechando o livro que não estava obviamente lendo.

- Bella ainda preocupada? – Como ele sabia?

- Edward eu acho que um dia alguém vai descobrir e eu vou me dar muito mal. E...

- Bella.

- Deixa eu terminar. – ele assentiu – E se um dia acontecer isso eu não ligo de ir para cadeia. Eu só quero que me prometa cuidar de Lily, prometa que vai ajudar a ela.

Ele me olhou no fundo dos olhos. E eu estava perdidamente apaixonada e desviei o olhar.

- Não vai acontecer nada. Não vou permitir.

- Não prometa o impossível. – disse firme.

- Bella...

- Preciso dormir.

- Amanhã vou viajar... fechar alguns contratos.. – olhei para ele agora .

- Quando volta?

- Daqui a dois dias. No máximo, se tudo der certo nem isso.

- Amanhã tenho prova e nem estudei direito. Preciso mesmo dormir.

Era mentira, as provas já tinham acabado. E mais um dia se passou numa rotina mortal onde meu medo por tudo e todos que se aproximavam de mim era quase palpável. Havia uma tensão agora que não conseguia disfarçar e mesmo mantendo a pose eu me afastava porque não queria que Esme se preocupasse mais do que deveria. E também  sem Edward ali eu estava vulnerável... e me senti mais e mais solitária. Olhei para a cama vazia e meu coração apertou. Onde será que ele está dormindo agora ou com quem? Existia alguém não? Amantes ocasionais... sem compromisso.

- Bella como é Edward na cama?

Meu Deus que pergunta é essa? Olhei para Jéssica abismada.

- Não se faça de rogada! Olhe Ângela ela até corou!

Jéssica ria descontroladamente e fiquei ainda mais sem graça. Como era Edward na cama? E eu lá sabia disso!

- Isso é pessoal Jess e ela parece não querer dividir. – disse a única pessoa sensata da mesa.

- Estamos aqui matando o tempo! Vamos falar besteiras. Olha o meu namorado tem um pênis pequeno... e é horrível!

Ângela e eu congelamos.

- Como é o do seu Ang?

- Satisfatório! – ela disse com orgulho. Satisfatório era eufemismo para quê? Grande e imenso?

- Bella sua vez! – disse ela animada.

Porra que menina curiosa.

- Edward é... –nunca conversei na da disso com ninguém. Só tinha Jake... e ele era homem! – Edward é...

- Ele tem cara de ser foda na cama! Bella ele deve te virar de cabeça para baixo!

E eu ri. Um riso quase histérico. Dormíamos na mesma cama e não acontecia nada! Ele nem olhava para mim direito.

- Bella! Amiga é verdade! Deve ser a melhor comida entre as três aqui!

Ou a menos comida... ou a nunca comida! E recomecei meu riso quase histérico. Mais controlado dessa vez.

- Meninas... temos prova de Arte Medieval... vamos para a biblioteca estudar.

Sugeriu Ang e naquela hora eu me toquei. Ela não me comia como elas estavam dizendo então era para quem que ele corria quando precisava transar?

- Preciso ir no banheiro. Encontro vocês lá.

E corri para o banheiro mais perto e chorei. Nem sei direito por que. Saudade? Não ter ele aqui? Não ser dele? Não ter esperanças de ser dele? Desabei no chão e chorei mais porque minha pequena chave dourada não me queria como eu o queria. Meu celular tocou freneticamente. Levantei e vi no visor.

- Bella estamos na lanchonete...

- Eu vou para casa. Não estou passando bem. – disse para Ang.

- Bella está sentindo o quê? Em que banheiro está?

Nessa hora ouvi vozes e o telefone ficou mudo. Meu Deus elas deveriam estar com o resto do grupo. Lanchonete era sinal de galera e eu não estava afim. Recoloquei meu celular na bolsa e respirei fundo. Meu carro estava em algum lugar do outro lado do campus.

Fui andando lentamente pelas vagas e pensando na forma mais rápida de sair disso tudo. De um dia superar Edward Cullen e nosso casamento furado.

- O que está sentindo? – Meu coração disparou. Não tive coragem de olhar para trás. Era ele. – Bella o que está sentindo? – Sua voz preocupada me fazia querer chorar mais porque eu sabia que não era a preocupação que meu coração exigia. Eu o queria mais que tudo naquela hora... sentir seus beijos... ser amada e desejada.

- Estou bem. – disse com dificuldade.

E foi para minha frente já que não em virei. E levantou meu rosto. Me abraçou. Meu Deus eu senti falta do cheiro dele.

- Bella o que foi?

Você. Isso é que o foi. Você.

- Nada... meus pais... só isso.

- Alguma data em especial?

Não. É uma mentira para você não desconfiar que te amo.

- Não... só lembranças...

- Vem, vou te levar para casa e depois conversamos melhor. E ele foi me levando para seu carro e olhei para o meu.

- Amanhã você pega. Eu te trago e depois você volta com ele sim?

- Tudo bem.

E fui calada já vendo a cidade se iluminar e sol se por. Era bom estar com ele, mas era ruim ao mesmo tempo. Doce e amargo. Meu e tão distante disso. Chegamos e ele estacionou bem perto de uma vaga que dava para uma pequena porta. Não reparava muito na casa dos Cullens. Na verdade eu nunca tinha andando mais que o necessário pela casa.

A porta dava para a cozinha e subimos por um outro lado. Não vimos ninguém e percebi que ele tinha feito isso de propósito para que eu não tivesse que dar satisfação da minha cara vermelha do choro.

Seus cuidados e sua gentileza machucavam um pouco mais se possível meu coração, mas me recompus e fui tomar banho e nessa hora eu percebi uma coisa. Na tranqüilidade do banheiro eu me olhei no grande espelho e percebi que um dia eu teria que perder a virgindade. Um dia eu seria a mulher de alguém e um dia eu me casaria e teria filhos. Um dia Edward Cullen seria passado. Mas hoje era meu presente e eu o queria. Eu ia entregar a minha virgindade a ele. Eu o amava. E queria pelo menos isso dele. Uma noite. Seria pedir demais? Eu conseguiria pedir isso? Sai do banheiro de toalha mesmo, ele me olhou espantado eu nunca tinha feito isso antes.

- Quero conversar com você. É algo importante para mim.