The Place Where Nobody Comes escrita por ArianaGirl5


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Recebemos uma review awn surtei ♥



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  Cheguei ao lago. Sentei-me cansada em um banquinho na margem. Eu olhava meu reflexo refletindo nas águas do lago. Chorei. Chorei muito tampando meus olhos com o punho do moletom, que agora me servia de toalha para enxugar o rosto. Eu queria minha mãe ali. Foi quando ouvi uma voz vinda do meu lado direito.

    - Problemas em casa também?

  Tirei minhas mãos do rosto e olhei para aquele menino do meu lado: Era bem alto, com o cabelo castanho meio bagunçado e, não sei direito, pois estava muito escuro, parecia que tinha olhos castanhos bem claros. Ele definitivamente tinha os olhos e o sorriso mais gentis e lindos desse mundo.

  - O que aconteceu?

  - Não sei se posso te falar... É difícil de explicar. – ele se sentou ao meu lado, e sorriu.

   - Eu tenho bastante tempo.

  - Meu nome é Jessica. Mas prefiro que me chamem de Jessie. – Eu estendi minha mão e ele a apertou forte, sorrindo sempre.

  - Eu sou o Nicholas. Mas me chame de Nick, por favor.

  Quando finalmente sorri de volta, ele me olhou como uma criança querendo ouvir um conto de fadas.

  - O que aconteceu pra você vir aqui aonde ninguém vem?

  Dali pra frente contei tudo. Não sei porque, mas senti que podia confiar nele. Minha infância, esperando meu pai, minha adolescência, a morte de minha mãe e agora meu pior pesadelo, Kathy. Depois de horas, que pareceram minutos, finalmente eu perguntei ao Nick o que o levava ali “aonde ninguém vem”.

  - Meu pai. Ele bebe muito e sempre bate na minha mãe. Por isso vim pra cá. Aqui ele não pode me atingir. Eu já pensei em denunciar os maus tratos, mas minha mãe me pede que não faça isso. Apesar de tudo, ela ainda o ama. Mas eu não amo mais meu pai.

  - Sério? Eu achava mesmo que não amava meu pai, e que não queria que ele voltasse com minha mãe. Mas depois que eu vi a Kathy, eu imaginei meu pai aqui com ela sempre, sem pensar na minha mãe. Talvez, meu sonho fosse que meu pai simplesmente voltasse para a minha mãe, e eu tivesse uma família normal. Talvez, se Kathy tivesse falado aquilo comigo, e não fosse minha madrasta, eu responderia a altura e não fugiria desse jeito. Enfim, a verdade é que eu mesmo achando que odiava meu pai, no fundo só queria ter uma família de novo.

  Nick só sorriu por uns segundos e depois soltou uma risada, logo depois falou:

  - “Talvez, se ela tivesse falado aquilo comigo, e não fosse minha madrasta, eu responderia a altura”. – Ele me imitou, rindo. – Durona você.

  - Engraçadinho... – Eu disse, rindo também.

  Depois de horas conversando com o Nick, um carro buzinou atrás de nós. Do carro saiu meu pai.

  - O que você está fazendo aqui, há essa hora, e justamente com esse menino?

  Quando ouvi meu pai falar aquilo, fiquei muito triste pelo Nick, não sabia que ele era tão excluído daquela sociedade. Olhei pra ele naquele momento. Ele olhou meu pai, apenas se virou, pegou uma pedrinha, e a jogou na água, fazendo ela quicar e afundar logo depois.

  -Tchau, Jessie, a gente se vê qualquer hora. – Ele disse sem olhar pra mim. Queria ficar ali perto dele, conversar mais, ele me entendia.

  Meu pai me pegou pelo ombro e me acompanhou até o carro. Fiquei olhando pro Nick, eu tinha a impressão de que ele estava chorando naquele momento. Fechei a porta do carro com força. Meu pai entrou em seguida, virou a chave, ligou o carro e foi embora. Ainda fiquei olhando pela janela, vendo o Nick daquele jeito lá, sozinho. Não gostei nada do que meu pai falou pra ele, justo quem me ajudou tanto naquela hora. Eu não acredito que meu pai falou aquilo.

  - O que você estava fazendo com aquele garoto? – Meu pai disse algum tempo depois, sem olhar pra mim;

  - Eu estava conversando com ele, só isso.

  - Ele não é boa companhia pra você.

  - E por que não? – Nessa hora, eu me segurei pra não gritar com ele, o olhando diretamente.

  - Por que, - Ele disse com calma, ainda sem olhar pra mim – Ele é filho de uma ex- viciada em drogas e de um alcoólatra. – Nessa hora chegamos à frente da casa.

  - Quer dizer, igual minha... Mãe? – Como ele ficou sem reação nenhuma, segui com a palavra, com um pouquinho de lágrimas no rosto. – Quer saber de uma coisa, “pai”? Eu não ligo de quem ele é filho, eu gostei de conversar com ele. Eu não tenho nenhum preconceito com nenhuma pessoa assim. Pode ser ruim pra SUA imagem, mas ao contrário de você e da sua esposa esnobe, eu não julgo um livro pela capa.

  - Filha, eu...

  - Filha? Eu não devo ser sua filha mesmo. Eu nunca poderia fazer tanto mal as pessoas como você faz. Eu tenho vergonha de você.

  Sai correndo, subi as escadas, me tranquei no meu quarto e quase chorei. Não chorei outra vez, mas eu sabia que talvez nunca me acostumaria a essa casa. Eu já estava acostumada a chorar por qualquer coisa. Mas, apesar de tudo, eu já tinha conhecido alguém que me entendia.

  Como puderam julgá-lo por seus pais? O que importa alguém ser filho de um alcoólatra? Eu era. E decidi que não me importaria com o que minha “madrasta” dizia, ou o que meu pai achava ruim pra imagem dele. Eu era assim, ele gostando ou não.

  Era hora de superar isso. Não deixaria que eles fizessem isso comigo. Minha mãe me ensinou a ser forte, e era isso que eu ia ser. Colocando isso na minha cabeça, eu finalmente dormi. Adormeci assim mesmo, de calça e moletom. Apesar de tudo dormi bem, como não dormia a semanas, desde que minha mãe morreu. E nem preciso dizer que sonhei com ela... E com Nick.


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Notas finais do capítulo

:)



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