The Place Where Nobody Comes escrita por ArianaGirl5


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

:)



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Acordei com batidas fracas na porta. Ouvi a voz abafada do meu pai por trás da porta.

  - Filha, hoje você vai á escola. Se arrume e desça em dez minutos, ok?

  Apesar de estar com raiva, vesti uma regata listrada, uma calça, um tênis preto. Penteei meu cabelo, apesar da dificuldade por ele ser muito grande. Coloquei meus brincos, meus anéis e minhas pulseiras, peguei meus cadernos de minha antiga escola, coloquei na minha mochila, e desci.

  - Oi!

  - Oi... – Não sabia quem era esse menininho na cozinha.

  - Você não me conheceu ontem. Meu nome é Dylan. Sou seu irmão! – ele me abraçou forte, e senti um carinho que nunca tinha sentido desde que tinha chegado. Fiquei feliz, por que senti que tinha com quem contar no meio de todo esse cenário de ódio.

  Sentei-me perto dele.

  -Então você é meu irmãozinho? Quantos anos você tem? – Sorri pra ele quando ele sorriu pra mim.

  - Tenho dez.– Dylan era muito bonitinho. Tinha o cabelo bem preto e os olhos verdes, bem parecidos com os do “nosso” pai. Na verdade, minha mãe sempre disse que eu me parecia com meu pai. E parece que Dylan também.

  - E você quantos anos tem? Está no ensino médio?  Tem namorado? Por que você é bem bonita sabia? – Nessa hora dei uma risada baixinha. Meu pai acabara de entrar na cozinha com Kathy. Eu pensei que Dylan era filho de Kathy e que era o amorzinho da mamãe. Acertei metade, errei a segunda parte.

  - Dylan, meu filho!Que horror você está, todo desarrumado! Que tênis sujo! Suba e troque esse tênis, vou mandar a empregada lavar seu tênis imundo! Se bem que, vamos acabar com isso tudo, não é? Nós temos do bom e do melhor. – Kathy pegou o tênis com nojo e jogou em uma lixeira. Já tinha percebido quem era ela, e qual era a intenção dela com meu pai.

  -Mas, mãe, eu gostava muito daquele tênis!

  - Não me importa! Hoje à tarde, você vai comprar um novo com ela. – Kathy apontou pra mim com desprezo. – Sabe dirigir, não é querida?

  - Sei. – Balancei a cabeça em sinal de aprovação.

  - Pois bem, hoje à tarde, Dylan.

  Dylan baixou a cabeça e balançou-a devagar.

  - Agora, vocês dois, pra escola!

  Dylan pegou em minha mão e foi me guiando pela porta e chegando lá fora, foi me explicando o caminho para a escola.

  - A gente só desce esse morro e segue pela portaria, sai do condomínio, entra na rua que fica a direita da frente da entrada do condomínio e chega à escola, entendeu?

  - Mais ou menos... – Ri do jeito que ele falava rápido se gaguejar nenhuma vez.

  - Então vamos?

  - Vamos!

  Enquanto andávamos, eu perguntava da vida de Dylan. Cheguei a um estado da conversa que eu não pude escapar. Eu tinha que perguntar.

  -Você não fica triste com o jeito que sua mãe fala com você não? Eu ficaria com raiva.

  - Na verdade eu fico, mas sabe como é né? A gente acostuma.

  - Entendo... – Depois de um tempo de silêncio, ele me fez uma pergunta.

  - Como era sua mãe?

  - Minha mãe? Ela era a melhor mãe do mundo inteiro. A gente se divertia, conversava bastante e tomava sorvete toda sexta na sorveteria que ficava perto da nossa casa. Ela me fazia... Feliz. – Chorei um pouco, mas me virei e sorri, limpando as lágrimas.

  - Já conhece alguém aqui? – Percebi que ele quis mudar de assunto.

  - Já. O nome dele é Nick. – Sorri, lembrando de nossa conversa no lago.

  - Nick?

  - Sei que vai falar que ele é ruim pra imagem da nossa família, que é filho de drogados...

  - Não, eu não ia dizer nada. Só ia dizer que ele é muito “descolado”. – Ele pareceu meio incomodado com a palavra “descolado”. Não parecia do vocabulário dele.

  - Descolado?

  Rimos muito. Eu andava agora abraçada com ele. Meu irmãozinho. Eu sempre sonhei com isso, em ter um irmão. Eu nunca tive, é claro. E agora tinha um menino ali, que me amava mesmo sem me conhecer. E eu já o amava, sem o conhecer. Dylan se transformou em meu melhor amigo, em meu irmão, mesmo sem termos o mesmo sangue. E tudo isso em apenas vinte minutos de caminhada até a escola

  Desse em momento em diante, conversamos bastante e rimos das caras e das coisas engraçadas que cada um dizia. Eu sabia agora que ele gostava de uma menina chamada Victoria e que seu melhor amigo, Colin, que também gostava dela, pôs o rato de estimação da turma na cabeça dele, bem quando Dylan conversava com Victoria. Eu ri muito do jeito que ele contava e dos gestos que fazia.

  - Chegamos.

  Parei em frente à escola. Era gigante, com as cores vermelha e amarela como cores da escola. Entravam milhares de pessoas nela. Dylan me puxou e fomos entrando.

  - Aonde vamos?

  - Temos que falar com a Sra. Rosalinda, a diretora. Vou deixar você por sua conta depois, tudo bem?

  - Só me mostra a diretoria que eu me viro sozinha depois.

  - Tá bom, é bem ali, no final do corredor.

  - Valeu.

  - Tchau, Jessie!

  - Tchau, Dylan.

  Vi Dylan se encontrando com os amigos na sala. Ele se virou pra acenar pra mim. Acenei de volta, e me dirigi para a diretoria. Bati na porta e uma voz lá de dentro disse com serenidade para entrar.

  - Com licença. – Disse entrando devagar.

  - Você deve ser Jessie. Estava esperando você chegar. Seu pai ligou ontem. Teremos prazer em inseri-la em nosso colégio. – Ela impunha respeito, sabia que era a Sra. Rosalinda. – Venha comigo, vou mostrá-la onde será sua sala.

  Subimos escadas de mármore com corrimões de pedra. A escola parecia bem antiga. Chegamos á sala 12B, depois de passar na biblioteca para pegar os livros didáticos. A diretora deu batidinhas na porta com os dedos, suavemente. Uma professora bem jovem abriu a porta.

  - Turma, essa é Jessica, nova na escola. Ela vai estudar na nossa sala.

  Meninas começaram a comentar minha roupa e meu cabelo e os meninos me chamavam de gatinha e assobiavam para mim. Procurava onde me sentar.

  - Jessie!

  - Ih, olha só, o Nick conhece a novata bonitinha... – Era o que os meninos diziam enquanto eu ia ao encontro de Nick, no fundo da sala. Mas eu não ligava, eu já estava feliz de alguém que eu conheço ser da minha sala, ainda mais o Nick, de quem eu gostei tanto.

  - Oi, - eu disse enquanto me sentava na carteira ao lado dele – ainda bem que você está aqui, eu não saberia o que fazer sozinha com esse monte de gente.

  O Nick deu um sorriso do tipo “também estou feliz por você estar aqui”. Logo depois, uma menina loira com os olhos lotados de maquiagem preta, e com uma blusa do Slipknot bateu o cotovelo no Nick, ele logo entendeu o que ela queria dizer.

  -Jessie, essa aqui é a Max. Ela é minha amiga há muito tempo.

  - Max? – “Como uma menina poderia chamar Max?”, eu pensei. – Quer dizer, me desculpe por ter perguntado.

  - Tudo bem, todo mundo me pergunta isso quando me conhece. Quando eu nasci minha mãe resolveu me colocar o nome de Marina. É muito estranho, eu sei, e não combina nada comigo, afinal esse nome não tem nada a ver para uma garota roqueira, com os olhos cheios de lápis preto, não é? Então alguém inventou o apelido de Max, e apesar de ser nome de menino, eu gostei muito e agora todo mundo me chama de Max mesmo.

  Rimos bastante disso. E, no final do dia, eu, o Nick e a Max éramos como melhores amigos. Eles me entendiam como ninguém, e, pela primeira vez, eu me senti feliz por estar ali. Finalmente eu senti que podia me encaixar.  Talvez as coisas estivessem começando a melhorar.

  - Qual sua banda favorita?

  - Sei lá, Maroon5, ou 30 seconds to Mars, ou quem sabe Paramore.

  - Adoro todas essas, principalmente Paramore. – Nick dizia com um sorriso. Incrível como tínhamos o mesmo gosto pra tudo.

  - Gosto de todas, mas prefiro AC/DC, Slipknot e Metallica... – A Max dizia.

  Os dias foram passando. A gente ficava horas conversando por webcam, falando coisas como essas. Eu ficava trancada no quarto o dia inteiro conversando com os dois, e nem me importava com o mundo lá fora. Ás vezes, eu ia com o Dylan passear pelo condomínio, afinal, não era só eu que sofria dentro daquela casa.

  Eu ignorava Kathy o máximo que podia. E quando ela vinha brigar comigo, eu respondia na cara dela mesmo. E todo dia eu ligava pra Max pra desabafar sobre o inferno que eu tinha que chamar de casa. Ela se tornou minha melhor amiga com pouco tempo. Graças a Deus eu tinha ela e o Nick, o que amenizava muito meu sofrimento em relação a tudo isso.

  Um dia estava assistindo um filme com o Dylan na sala e Kathy veio fazer uma ceninha pra cima de mim. Respondi na lata mesmo. Mas na hora meu pai chegou e me pôs de castigo. Tudo por culpa da Kathy. Argh.

  - Ela é louca! Está fazendo isso só para colocar meu pai contra mim!  Que infantil fazer isso comigo! Eu não estava fazendo nada com ela, estava quieta vendo filme com o meu irmão! Ah, Max que ódio, que ódio! Odeio ela! E pior, ela me odeia mais do que tudo, e meu pai ainda por cima acredita nas mentiras dela! Ah, Max que ódio, que ódio, que ódio dela! Não posso acreditar!

  - Calma amiga, as coisas são assim mesmo! Com o tempo você se acostuma, e daqui a pouco, ela vai gostar de você, vai ver. E além do mais, não liga pra essa gentinha, não, afinal, você não fez nada contra eles, e não tem nenhuma culpa por nada disso, viu?

  - Nossa, valeu Max. Quem diria que uma garota roqueira seria uma ótima conselheira...

  - Nós roqueiras também temos sentimentos, ué...

  Ainda bem que eu tinha amigos, já tinha mais de duas semanas que eu estava lá, e as coisas não tinham melhorado nem um pouquinho. Max com seu jeito me fez rir, coisa que era difícil nesse momento que eu estava passando. Mas aí ela me disse uma coisa que me deixou super animada.

  -E então, mudando esse assunto de ódio, quer ir comigo e com uma turma lá do colégio pra praia?

  - Nossa, não sabia que aqui tinha praia...

  - Tá por fora hein? Todo mundo vai à praia por aqui...

  - Sério? Nossa, então preciso ir. Que dia vocês vão?

  - No sábado à tarde, pode vir aqui em casa...

  - Vou ir, não importa o que a louca da Kathy diga, eu vou com vocês.

  - E não vai precisar de dinheiro pra ir?

  -Não esquenta, eu tenho um pouquinho comigo, dá pro gasto.

  - Tá bom, até amanhã na escola, tá? Beijo, amiga.

  - Tá legal, beijo.

  A primeira impressão que você tinha da Max era de que ela era uma roqueira sem sentimentos e fechada em si própria. Mas ela era totalmente o contrário. Era amiga de todos, sorria toda hora e era extremamente carinhosa com todo mundo. Eu adorava isso nela. Ela era maravilhosa. Agora tudo aquilo não parecia tão ruim. Eu tinha amigos que eram ótimos, um irmão que eu sempre quis, e uma casa legal. O jeito é sempre pensar positivo. E era isso que eu ia fazer.

  Quando eu desci pra jantar, vi o meu pesadelo na cozinha, ela bebia um copo de suco de laranja, com uma roupa de caminhada. Resolvi zoar um pouquinho, - má idéia – só pra variar.

  - Foi caminhar?

  - Fui. Alguém aqui tem vida. – Óbvio que a bruxa loira se referia a mim.

  - Olha, me diz que mal eu fiz pra você?

  - Que mal? Você existe! Isso já é horrível! Pensa que vai tomar o meu lugar nessa casa? Eu mando aqui! Você é ridícula, pensa que é melhor que todos, mas é apenas uma idioa.

  - Não ligo se você manda ou não sua bruxa!

  - Você pensa que pode vir aqui, mudar tudo, gastar o dinheiro do seu pai sem mais nem menos? Colocar meu filho contra mim? Você não vai mandar aqui, EU MANDO AQUI!

  Cansada de toda aquela ferveção, eu apenas apanhei um copo d’ água, dei as costas à louca nas minhas costas, lancei um sorriso maroto, e simplesmente saí. Tudo que eu menos queria era arranjar briga com a doida da Kathy.  Mas, se tudo depender dela, um dia nós saímos no tapa. Mas é claro que eu ganharia fácil, fácil. Se bem que deixar aquelas bochechas mais vermelhas ainda com um tapa não seria má ideia. Meu Deus, olha o que eu estou pensando.


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